The cheating game escrita por Corujinha


Capítulo 4
Segunda-feira de boas-vindas


Notas iniciais do capítulo

Pra recompensar a demora, aqui está um capítulo gordinho (grandinho). Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/689411/chapter/4

—FLORENCE!–grito.

       Não isso não vai acabar assim. Já perdi a Ash, eu não posso nem vou perder a Flore.

13 horas antes...

—Valerie! Se arrume eles podem chegar a qualquer momento! –grita a minha mãe.

—Mais cinco minutos, mãe. –peço sonolenta.

      Minha mãe abre a porta do meu quarto com uma força que só pode ter vindo do além. Ela puxa o meu cobertor. Ui, que friozinho.

—Tudo bem. –digo me erguendo da minha cama. –Já levantei.

—Acho bom. –resmunga saindo do meu quarto.

      Olho pro meu guarda-roupa. Pego uma camiseta e uma calça. Coloco minha roupa ainda sonolenta, depois paro para me encarar no espelho. Eu estou parecendo um zumbi. Penteio os meus cabelos.

—VALERIE ELES CHEGARAM! –grita minha mãe.

—Já vou descer! –grito em resposta.

       Desço as escadas correndo. Abro a porta de entrada. E me deparo com os olhos verdes e cabelos castanhos de Charlotte.

—Oi, Val! Nós vamos ser irmãs! –diz rindo.

—Legal. –comemoro falsamente.

—Olá, Val. –diz Will tirando malas e mais malas do carro.

—E aí, Will? –pergunto.

—Mau humor matinal? –questiona Will.

—Viu, filha! Dá pra perceber de longe a sua aura destrutiva. –ironiza a minha mãe. Valeu, mãe.

—Me mostra o meu novo quarto, nova irmã. –pede Charlie.

—Tudo bem. –digo sem animação.

      Subo as escadas com Charlotte atrás de mim com um monte de malas nas mãos. Eu tinha que me oferecer pra ajudar? Ops.

—Charlie, quer ajuda?

—Adoraria. –confessa. –Curti o apelido. –diz me dando duas malas, acabamos de subir a escada que parecia muito mais comprida do que era antes.

      Caminhamos até o quarto com aquele maldito peso nas mãos.

—Pronto este é o seu quarto. –disse abrindo a porta do quarto, e dando de cara com a tintura lilás e os móveis todos brancos.

—A-M-E-I! –grita Charlotte dando pulinhos de alegria. Essa menina só pode ter problema.

      Depois ela me abraça. E continua pulando, no ritmo pipoca próprio dela. Da onde essa menina tira tanta animação logo essa hora da manhã?

—Que show. Vou me arrumar pra escola, tá? Se precisar de mim é só gritar. –informo.

—Tá. –ela diz. E continua dando pulinhos pelo quarto.

      Vou pro meu quarto e passo um pouco de maquiagem para esconder as terríveis olheiras debaixo dos meus olhos. Chorar é terrível. Como eu odeio chorar. Odeio. A morte de Ashley é muito recente acho que ainda não me recuperei totalmente. O irmão dela virou o alvo de comentários novo dessa cidade, em cidade pequena tudo é pequeno menos a língua do povo. Agora ele é conhecido como o “bêbado de luto”. Tanta corrupção e gangues nessa cidade pra eles pararem pra fofocar sobre quem está sofrendo. Não consigo entender, vai além da minha racionalidade. Além de tudo o que eu acredito.

      Meu celular vibra no meu bolso. Alguém me enviou uma mensagem. É a Daisy.

“Onde você tá?” ela pergunta.

“Casa, dia das boas-vindas da Charlotte” respondo e coloco um emoticon representando a minha animação.

“Ela já está aí? Que bom!” comenta.

“Bom porque não é você que vai ter que aguentar ela”. Digito.

“Vish, parece que tem alguém de mau humor.” Responde.

      Pego minha mochila e caminho até a minha moto. Como eu odeio Segunda-feira. Péssimo dia. Coloco o meu capacete, que por sinal é uma coisa muito estranha. Subo na moto, acelero e me direciono até a escola.

       Ao chegar lá estaciono minha moto na frente da escola e Brooke e Daisy correm pra me contar as novidades.

—O casal perfeito brigou na frente de todos! –comenta Brooke animada.

—Casal perfeito? –pergunto confusa.

—Candiam. Parece que a Candice teve um ataque de ciúmes. E segura essa. Fala Daisy. –pede Brooke.

—Savanah me contou que Ellie disse pra ela que a Johanna ouviu a Candice falar que o Liam só está com ela pra disfarçar o que sente por outra pessoa porque ele não acha que é correspondido.

—E? –pergunto.

—E que essa pessoa possivelmente é você! –exclama Brooke empolgada.

—Hã?

—Você ouviu bem! –acusa Daisy. –Todo mundo vê o jeito que ele te olha!

—Fala sério, gente vocês estão viajando! –falo revirando os olhos.

       Antes que Daisy e Brooke possam rebater o sinal toca o que nos faz acordar para a vida e correr para a aula de espanhol.

                                                                       *

—É verdade, Val. Daisy e Brooke estão certas. Ele te olha de um jeito fofo. –informa Henry e Daisy e Brooke me lançam olhares vitoriosos.

—Pelo amor de Deus! –dou um grito e todos no pátio me olham, o que me faz me afundar na minha cadeira com vergonha.

—Do que vocês estão falando? –pergunta Paul se sentando do lado de Henry.

—Valiam. –informa Daisy.

—Mais uma vez? –questiona Paul.

—Vamos insistir até eles cederem. –avisa Henry.

—Meninos vocês me lembraram de algo magnífico! –diz Brooke e eu a encaro.

—Você, lembrando alguma coisa? –questiono levantando uma sobrancelha.

—Não entendi, eu tenho uma ótima memória. –informa Brooke o que faz eu e Daisy soltarmos risadas.

—Você me deixou plantada na sorveteria seis vezes. –falo e Henry me olha surpreso.

—Nem foram tantas, exagerada. –rebate Brooke.

—Foram. –afirma Daisy. –Ela ainda só contou seis, acredite a Val está sendo boazinha.

—Isso é verdade? –pergunta Paul preocupado.

—Não. –nega Brooke.

—Sim. –Daisy e eu confirmamos.

      O sinal soa de novo avisando que nós temos que voltar pra nossas salas.

                                                                       *

      Finalmente as aulas terminaram. Antes que possa subir na minha moto alguém toca no meu braço. Olho para trás e meus olhos se encontram com os olhos castanhos intensos dele.

—O que você quer? –perguntei.

—Quero me desculpar por ter sido um idiota naquele dia. –pede Peter Gillies, o irmão do Ashley.

—E vai acompanhar essas palavras com o pedido de eu te ajudar a descobrir o que aconteceu com a sua irmã.

—Então, você sabe de alguma coisa. Dá pra ver no seu olhar que você sabe de alguma coisa. E você se sente culpada por isso. –ele fala.

—Solta o meu braço antes que algo terrível aconteça com você. –ameaço.

—Vai me chutar de novo? –pergunta rindo.

—Solta o braço dela. –pede Henry, num tom ameaçador, mas que não ameaçou ninguém pela altura dele.

—Solta o braço de Val. –pede Paul cruzando os braços. Se eu não estivesse numa situação estranha eu riria da cara dele.

—Agora. –Liam completa ameaçadoramente.

—E se eu não quiser? –pergunta Peter gargalhando

—Quem disse que você tem escolha? –zombo rindo também.

      Com a minha mão livre pego o meu capacete e acerto com toda a minha força na cabeça dele. Ele cambaleia para trás desnorteado, e solta o meu braço e dirige a mão até um machucado deixado por mim na sua testa, está sangrando.

     Liam começa rir, Paul fica perplexo e Henry escancara a boca, surpreso.

—Tchau, gente. –digo e subo na minha moto rapidamente.

                                                                       *

—Eu não acredito que você fez isso com aquele gato! —vejo a mensagem de Brooke no nosso grupo do whatsapp.

—Ah Brooke ele tava machucando ela, ela tá mais que certa.—Daisy rebatia.

—Tava? Minha fonte não me contou isso.

—Ele ainda acha que eu sei de alguma coisa a mais sobre a morte da Ashley. —digito e envio.

     Ouço Charlie cantarolar pela casa. Alguém bate na porta do meu quarto.

—Pode entrar. –permito.

—Eu vou à rua, nova irmã, quer alguma coisa?

—Não, valeu. –falo e ela sai do quarto.

      Meu celular começa a tocar, uma ligação? Atendo.

—Fala, Flore. —digo descontraidamente.

—Valerie... Quanto tempo... —Não é a Flore. Eu conheço essa voz. —Lembra-se de mim? Possivelmente não, né? Sempre foi tão ocupada... Não deve ter nem prestado atenção na minha presença.

—O que aconteceu com a Flore?—pergunto preocupada.

—Nada demais, ainda. —ela responde entediada.

      Ligo meu computador e continuo falando até eu conseguir rastrear o telefone.

—Tchau, pessoa desconhecida.

      Saio correndo de casa, ligo pra polícia, passo a localização de onde a Flore está, subo na minha moto e vou.

—FLORENCE! –grito ao chegar à casa abandonada.

       Não isso não vai acabar assim. Já perdi a Ash, eu não posso nem vou perder a Flore. Ouço um grito. Florence.

       Sem pensar duas vezes e nem raciocinar entro na casa e vejo Flore amarrada numa cadeira, sua perna coberta de sangue. Ela usou um silenciador pra atirar sem fazer barulho, maldita. A culpada, saí correndo até o quintal da casa, sigo-a quase a alcançando. Ela escala um portão de grades com facilidade. Eu não consigo fazer isso, ela finalmente me olha. Seu rosto está quase completamente coberto, só dá pra ver seus olhos, são meio asiáticos. Ela ergue a arma e tenta atirar em mim. Atiro-me no chão. Ela erra todas as tentativas. Finalmente ela foge, me deixando para trás.

      Os policiais chegaram posso ouvir as sirenes. Florence está salva.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostaram?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The cheating game" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.