—Dá pra falar logo o que eu estou fazendo aqui, pestes? –pergunta Henry.

—Peste é sua vó. –rebate Jack.

—Dá pra pararem com isso? Tem alguém tentando ficar de luto aqui. –informa Flore, irritada. Acredite ver a Flore irritada é algo assustador.

—Liam, conta pra ele, por favor? –peço.

—Não. –fala sonolento.

—Ah que saco vocês também, hein! –reclama Jack. –Henry você está aqui porque te consideramos muito bonzinho. Você vai falar pra gente quando estivermos indo longe demais.

—Como assim longe demais? –pergunta Henry, confuso.

—Saudades da Ashley. –resmunga Jack.

—Dá pra não tocar nesse assunto ainda? –pede Florence.

—Calem a boca, estou tentando dormir! –grita Liam.

—Henry, no sexto ano nós fundamos a Corporação dos Trapaceiros. Nós nos vingamos de pessoas. Você não pode falar pra ninguém. E você diz quando estamos indo longe demais. –informo como se estivesse explicando a uma criança seis anos.

—E se eu não quiser? –pergunta.

—Esse é o lado bom da coisa, você não tem muita escolha. –avisa Liam, do outro lado do porão, deitado num sofá velho.

—É só ser bom pra todo mundo. –falo. –Avise quando estivermos indo longe demais.

—Por que vocês não fazem isso? –pergunta.

—Porque nós não temos noção que estamos indo longe demais. –avisa Liam.

—Fala sério! –reclama Henry.

—Nem é tão difícil, criatura! –fala Jack

—E aí, Henry, aceita o cargo? –pergunto

—Por favor. –implora Flore.

—Tá bom. –ele diz. E eu e Flore comemoramos com um “toca aqui”.

—Ei! –reclama Jack. –Fiquei com ciúme. –brinca. Eu também comemoro com um “toca aqui” com ela.

—Agora, já que nos resolvemos, precisamos conversar. –ao som das últimas palavras Liam, fez um movimento brusco pra tentar se levantar rápido do sofá, e caiu no chão todo espalhado. E é claro que eu morro de rir da cara dele, pra isso que serve os amigos.

—Do que vocês estão rindo? –pergunta. –Humpf, não aconteceu nada.

—Claro que não. –digo ainda rindo.

—Foi tudo estritamente calculado.

—Fazer um machucado nas costas foi calculado? –pergunta Jack, irônica.

—Vamos voltar ao assunto? –pede Liam.

—Acho que deveríamos. –confesso.

—O que está acontecendo de importante? Mafiosos? Ladrões? Assassinos? Ladrões assassinos mafiosos? –pergunta Henry, se sentando em volta da mesa como todos nós, no lugar onde a Ash deveria se sentar.

—Henry, nós não arranjamos confusões com mafiosos. –digo.

—Nem com ladrões. –completa Flore.

—Muito menos assassinos. –informa Jack.

—Mas poderíamos. –reflete Liam.

—Só você, gosto da minha cabeça no lugar que ela está. –informo.

—Seria legal! Imagina todo mundo correndo no meio de uma floresta...

—Não imaginem. –peço.

—Só você que acha isso legal. –informa Jack.

—Realmente, só você. –reflete Flore.

—Voltando ao assunto... O irmão da Ashley acha que eu sei de algo.

—A Ashley tem um irmão? –pergunta Liam.

—Tinha. –corrige Florence.

—Ainda não me acostumei com isso. –diz e dá um suspiro.

—O irmão dela é Peter Gillies. Ele estava no enterro, criatura. –fala Jack.

—Ele não era importante até agora, por que eu saberia quem é ele? –pergunta Liam.

—Desculpe a grosseria, mas o que nós temos a ver com isso? –pergunta Henry.

—Aqui é uma irmandade. –informa Liam, já começando a se estressar. –Nós ajudamos uns aos outros.

—E se ele me descobrir, ele descobre todos nós. –aviso com um sorriso.

—Agora eu estou começando a entender. –fala Henry. Aleluia.

—Já tenho uma ideia de como vou fazer para me livrar disso. –falo.

—Então pra quê diabos você convocou essa reunião? –pergunta Liam, gesticulando.

—Pra falar com Henry e falar que se a minha ideia falhar, todos nós estamos ferrados.

—Ótimo. –comentou Henry.

—Vamos recitar o Código. –falo e Henry fica confuso. Parece que ele vai dar muito trabalho.