Uma pessoinha de cabelos negros e da metade do meu tamanho apareceu na porta, esse é Phill, o irmão mais novo de Florence.

—FLORENCE, VOCÊ TEM VISITA! –ele berrou. –QUER QUE EU DIGA QUE VOCÊ NÃO ESTÁ EM CASA?

      Florence podia não estar no meu campo de visão naquele momento, mas tenho certeza que ela revirou os olhos com a pergunta de seu irmão.

      Confesso que tive que segurar o meu riso.

—FALA QUE EU JÁ VOU! –Flore berra em resposta de algum lugar da casa, provavelmente de seu quarto, ou do “covil".

—TÁ! –ele a responde e foca em mim. –Ela disse que já vem. –ele me informa o óbvio. Não pude deixar de sorrir com aquilo enquanto eu o olhava.

      Ouço o som de passos apressados em nossa direção. E um barulho metálico.

—Tchau, amiga da minha irmã.

—Tchau, pequeno Phill.

      Florence aparece sorridente na porta apoiando em sua muleta com a coxa enfaixada, vestindo seu típico short jeans e uma camiseta florida com seu velho all star azul desbotado e o cabelo preso num coque malfeito. Ela estava usando seus óculos, faz muito tempo que eu não a vejo com eles, desde que ela comprou as lentes, eu acho, e isso faz o que, um ano?

—Oi. –seu semblante alegre se transforma completamente. –Ah é você.

—Não está brava ainda com a nossa briga, né?

—HAHAHAH! –ela forçou uma risada. –Claro que não, era só isso? Então eu vou indo. Beijo, tchau. –ela disse rapidamente a fechou a porta.

—FLORENCE! –eu grito revoltada por ela ter praticamente me expulsado de sua casa.

        Ela abre a porta novamente e me fita com seus olhos castanhos ameaçadores como se eu fosse um vendedor irritante que não sabe receber um não.

—Tá bom. Entra. –ela convida sem nenhuma animação.

—Obrigada.

      CONSEGUI! Passo um: Entrar na casa da Flore, feito com sucesso. É isso, aí, Valerie!

      Entramos em sua sala, e Flore se jogou num sofá, eu fiquei em pé mesmo, caso eu precise fugir correndo de um ataque de raiva da minha querida amiga “Loki”.

—Olhe, eu continuo achando burrice você ter chamado Brian O’Connor, não vou mudar minha opinião. Você os expôs ao perigo que é as nossas vidas.

—Eles concordaram com tudo, eu não escondi nada. Ok, cada um tem sua opinião. Eu respeito a sua, respeite a minha. Não vou brigar com você. –abro um sorriso, ela não o retorna. Oh céus, isso não vai ser bom.

—AH, VOCÊ VAI BRIGAR COMIGO SIM! Valerie você não pode fazer o que bem entende sem o apoio dos outros membros! Deveria ser uma escolha do grupo, não sua.

—Eu digo o mesmo. O grupo quis Brian O’Connor, Flore. Eles que sugeriram os dois para entrar na Corporação.–após acabar a minha afirmação, Florence bate o seu pé (da perna intacta) no chão, várias vezes, o que quer dizer que ela está ficando não só irritada, mas sim furiosa.- Pense como uma Trapaceira. –eu peço.

      Ela me olha confusa com seus braços cruzados e sua boca meio aberta como se ela não cresse no que acabou de ouvir.

—O que fazemos para conseguir o que queremos?

—Tudo. –ela me respondeu. –Bom, tudo o que a lei deixa, e que nossa ética e consciência nos permite.

—Isso quer dizer que se nos aliarmos a uma pessoa que não queremos nos aliar, mas que se voluntaria a lutar por nós, é o que?

—Racional não emocional. É benefício. Para todos os lados. –ela diz insatisfeita, a voz tão sem emoção como a de um robô. –Mas Valerie, você está falando do Brian O’Connor. Você sabe como eles são atrapalhados. E Brian não tem o melhor histórico de obediência no mundo.

—Eu vejo potencial neles. –ela me olha contrariada. E depois se vira olhando para a o outro lado da sala que não me inclui. –Eles são leais a quem amam, eles dariam um bom reforço aos nossos planos. Precisa confiar em mim. –ela solta um suspiro.

—Se eles fizerem um de nós acabar morto, eu juro que sou a primeira a dar um tiro nos dois. –ela promete e volta a olhar pra mim. Eu sorrio.

      Passo dois: Fazer ela te entender, feito! Isso está indo melhor do que eu pensei.

—Então, estamos bem?

—Sim, estamos. –ela revela e dá um longo suspiro.- Desculpa Val.

—Desculpa Flore.

      Passo três: Fazer as pazes, completo. O plano foi um sucesso absoluto.

      Florence levanta com dificuldade do sofá, mas seria pior se eu tentasse ajudar ela, tenho certeza que a mesma brigaria comigo se eu o fizesse. Ela vem cambaleante me abraçar e eu correspondo.

—Não podemos mais brigar. Precisamos de todos nós unidos. –eu falo me soltando dos braços calorosos da minha Sprouse preferida.

—Eu sei, Valerie, eu sei. –ela me responde e sorri.

—Ah, precisamos abrir os seus arquivos, lembra?

—Claro. Vou mandar mensagem para todos. E você se esqueceu de nomeá-los. -ela informa retirando seu celular de seu bolso de trás.

—IH JESUS! –ela riu da minha reação. –Quer me ajudar a escolher um nome?

—Um nome? Eles podem ser grudados, mas ainda são cidadãos com identidades separadas, sabe?

—Então, já que eles são tão grudados pensei em dar um nome só.

—Tradução: Você está com preguiça de pensar em dois nomes.

—Correto.

      Ela riu. Era bom ter uma das minha melhores amigas de bem comigo de novo.

—Já mandei pra todo mundo.

—Lembrou da Jack? Ela não tem WhatsApp.

—Como eu esqueceria a Jack?

—É verdade. Jack é a Jack.

      Depois de uns quinze segundos o celular da Flore toca. Sinto o meu corpo se encher de nervosismo. Seria Karma? Eu estava ficando paranoica. Florence pareceu ter percebido isso e abriu logo para ver o que era a notificação. Essa resposta era muito rápida para ter vindo dos membros. Foi tão automático.

—Eles estão vindo. Oi apateónes érchontai*.