The cheating game escrita por Corujinha


Capítulo 15
Tietê


Notas iniciais do capítulo

NÃO ME ATAQUEM, PLEASE! Eu demorei séculos. Desculpa. Estive passando por uns probleminhas e também provas e tals... Desculpa. Então aqui está um novo capítulo pra vocês, e o próximo já está em andamento.



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      E eles vieram. Não tão rápido como responderam a mensagem, mas seria meio impossível chegar naquele mísero intervalo de tempo. Dã, ninguém aqui é o Flash ou o Mercúrio. Bom, eu acho que não, pelo o que eu saiba, nenhum deles é um x-men ou sofreu por uma explosão de um acelerador de partículas da S.T.A.R. Labs. Preciso parar de ver tanta coisa de super-herói.

—Então, o que vocês querem? –pergunta Henry, assim que os últimos, Liam e Jack, chegam a nossa reunião no quarto da Florence.

—Abrir o histórico da Florence. –respondo calmamente enquanto analiso a decoração da escrivaninha perfeitamente organizada da dona do quarto, Henry me observa fazendo isso, afinal, eu estou bem do lado dele.

—Sem ofensa, mas eu não estou interessado na ficha criminal da Flore. –confessa Connor.

—Não é esse tipo de histórico. E eu sou ficha limpa. –corrige Flore entrando no quarto pela porta branca decorada com triângulos, na parte de cima e de baixo, que ela mesa fez com fita adesiva preta, já que ela tinha acabado de ir atender a porta com Liam e Jack que já estavam aqui.

—E aquela vez que você... –recordo indo para perto do guarda-roupa, já que ali seria um local estratégico para eu não precisar me mover muito, meu corpo dói.

—Ok, tirando aquilo eu estou completamente dentro da lei. –Florence corta a minha fala ao meio, tentando se explicar.

—Que vez? Você fez o quê? –indaga Jack enquanto senta na cama com Liam ao seu lado esquerdo já acomodado. Surpreendo-me com o fato dela não se lembrar desse acontecimento histórico.

—Taquei ovos no carro do ex da Valerie e destruí a caixa de correio da casa dele. –conta Flore, Jack move a boca em uma espécie de “Ah” silencioso, o que me faz ter certeza de que ela se lembrou.

—Eu falei para você deixar aquilo de lado, mas não... –começo a dizer até ser interrompida novamente, já estou parada de costas para o “local estratégico”, não me apoiando ainda.

—Ele mereceu. E eu faria de novo. E se a mãe dele não estivesse em casa eu teria te vingado direito sem ser presa antes.

—Estou me sentindo por fora. –revela Peter, que está apoiado na cômoda com um semblante cansado.

—Por mim você podia ficar por fora de tudo. –zomba Henry, sentado na cadeira em frente a mesa de trabalho da proprietária daquele quarto.

—Aquele cara era um babaca. Aquele soco foi merecido... –diz Liam enquanto olhava para as próprias mãos, talvez lembrando a sensação da pele do rosto do meu ex contra o seu punho.

—Você deu um soco nele? –questiona Connor, Brian está do seu lado, na frente da janela, olhando para o teto, provavelmente apreciando o ventilador que têm como decoração faixas feitas de fita adesiva lilás.

—Valerie é uma das minhas melhores amigas, ninguém que mexe com uma pessoa próxima a mim sai impune. –ele completa. Liam é um ótimo amigo, praticamente um irmão para mim. Sorrio involuntariamente lembrando o tanto que eles me apoiaram naquela época, e me apoiam até hoje.

—Que fofo. –fala Brian, concentrando seus olhos castanhos de volta para nós.

—Nossa. Agora eu me senti muito imprestável, eu não fiz nada disso. –anuncia Jack colocando a mão perto de seu couro cabeludo perfeitamente liso, em um sinal de como quem diz “Meu Deus”.

—Você é imprestável. –debocha Liam com um sorriso besta estampado em seu rosto.

—Não comecem. –peço enquanto finalmente encosto as minhas costas no guarda-roupa. Estou toda dolorida.

—AH É, É! –Jack se exalta com Liam, de mentira, rindo. Ela levou na zoeira, obrigada Senhor Deus.

—Calem a boca. –exige Peter, massageando suas têmporas numa expressão de dor. Presumo que ele estava de ressaca, ou exausto dos ocorridos. Talvez os dois.

—TU NÃO ME MANDAS FILHOTE. –parece que agora ela não levou na zoeira dessa vez. Felicidade de pobre dura pouco, assim como a paciência de todos nesse cômodo com o Vingador.

—De novo não. –desaprova Brian, o que fazia parecer que ele queria que eles não brigassem, mas todos nós sabemos que ele quer ver o circo pegar fogo.

—GENTE, OLHA. –grito, e logo depois lembro a situação de Peter, sinto pena dele por ter que aguentar níveis de decibéis mais altos que a normalidade nesse estado.

—Prestem atenção na Garota-Fogo. –solicita Henry. Garota-fogo? Sério, Henry?

—Achei ofensivo, gostei. –Jack fala sorrindo, e Henry parece se sentir orgulhoso pelo apelido criado.

—Que bullying. –critica Flore, que como eu está, agora, apoiada no guarda-roupa.

—Por que adolescentes, Deus, por quê? –reclama Peter, gesticulando de uma forma dramática.

—Cala a boca aí, tentativa falha de bad boy. –implica Henry. Todos aqui detestam Peter.

—Do que você me chamou? –ele pergunta ficando irritado. Ai, não. O primogênito dos Gillies, não mais apoiado na mobília, começa a encarar ferozmente o novo Mediador.

—Você me ouviu. –rebate o filho único de Marcie Underwood.

      O clima de repente fica tão tenso que até me desgrudo do móvel e já me preparo para apartar uma briga, caso as coisas pesem ainda mais. Nunca desconfiei que Henry o tiraria do sério com suas brincadeiras, acho que isso aconteceu devido à extenuação do Vingador, ele está tão esgotado que nem consegue controlar a sua própria barreira interna que segura suas emoções. O silêncio presente entre nós é completamente constrangedor e sombrio. Peter dá um longo suspiro, parecendo se controlar, e eu fico aliviada.

—Gente, eu pensei numa coisa genial. –comenta Brian, quebrando o silêncio e ganhando a nossa completa atenção, todos o olhavam. Encosto novamente no guarda roupa de madeira.

—Diz Brian. –instiga Connor, também concentrado no que o amigo ia dizer.

—O que é vermelho e cheira tinta azul? –esperamos ele continuar. –Tinta vermelha! –Jack e Liam começaram a rir descontroladamente, Connor deu uma pequena risada contida e sorriu para Brian como quem diz “Não acredito que você fez isso” e Henry continuou do mesmo jeito de antes.

      Bato a mão na minha cabeça tão forte que acabo batendo com o meu crânio na mobília, elevo a minha mão ao lugar machucado. Ai, aquilo doeu. Espero Flore me zoar, mas mesmo ela estando do meu lado acabou não vendo, ela está ocupada sentindo vergonha alheia da piada e olhando para Jack e Liam incrédula. Olho ao redor para ver se ninguém tinha visto, nesse momento percebo Peter tentando segurar uma gargalhada enquanto olha para mim, então ele falha de vez e começa a rir mais que todo mundo do quarto. Reviro os olhos e rio um pouco da situação com Peter, depois que ele finalmente se controla, sorri para mim.

       É tão genuíno. Sei que é verdadeiro porque ele sorri também com os olhos, o semblante todo dele muda quando ele se alegra.

—Péssima hora para as suas piadas ruins. –queixa-se Henry, irritado.

—Quem disse que eu quero dizer na hora certa? –Brian rebate com um sorriso sarcástico.

       Flore se desloca rapidamente do meu lado para perto de Brian O’Connor, mesmo estando com uma muleta ela consegue ser ágil, e dá um tapa com a mão desocupada na nuca de Brian.

—Ai. Por que você fez isso? –ele indaga, indignado.

—Fale você. Por que você acha que eu fiz isso? –ela questiona.

—Porque você não vai muito com a minha cara? –caçoou Brian, sarcástico.

—Gente, pelo amor de Deus. Controlem-se. –é incrível o fato de até Liam estar querendo se concentrar no que a gente deveria focar, mas não é como se alguém mais estivesse ligando.

—Então, treinamento básico? –Jack entra na conversa.

—Yep. –respondo simplesmente, eles, os novos integrantes, precisam pelo menos entender o básico.

     O treinamento é simples, você treina os seus reflexos com Jack e Liam, sua capacidade de decifrar enigmas e pensar rápido numa solução com Florence, e comigo eu ensino o básico sobre como fazer as pessoas fazerem o que você quer. Eu deveria colocar isso em prática agora para eles me ouvirem, mas eu acho errado controlar os meus amigos para fazerem o que eu quero, como por exemplo, me ouvir. E isso não daria certo, eles sabem todos os meus truques, e os ignorariam.

—Não temos tempo. –avisa Flore, voltando a focar no que deveria.

—Eu sei. –digo.

—Precisamos de um plano. –Flore me cobra.

—Sabe, seria bem bom se a gente tivesse um. –Liam insiste na ideia de Florence.

—Eu sei. –repito, perdendo um pouco da paciência que me resta.

—Então por que não vejo ninguém fazendo nada? –Jack faz a minha paciência desmoronar de vez.

—Estou tentando! –me revolto.

—Eu sei, mas Val, temos uma arma apontada para as nossas cabeças. –Henry concorda com os outros.

—Precisamos correr. –Connor completa o que todos naquele cômodo pensavam.

—Eu preciso de tempo! –grito.

      Eles olham para mim. Entendo o lado deles, entendo o raciocínio, mas todo mundo acha que eu sou o quê? Não consigo planejar de uma forma que não tenha risco de morte, e se ocorrer morte, a culpa vai ser minha. Isso que eles não entendem. Estamos lidando com uma assassina, não com um velho plano de vingança que eu desenvolvo no final de semana. Eu até tive ideias, mas nenhuma acaba de um jeito preciso, nenhuma eu posso controlar completamente. Mas eles querem assim, então vai ser assim.

—Tudo bem, vocês querem uma solução não calculada e sem precisão? Então é isso que vão ter. Jack mande uma mensagem pra todos os seus contatos, principalmente asiáticas, Florence ligue para um decorador e alugue um espaço com um local que dê para olhar a festa por cima, o resto ajuda a arrumar quando tudo estiver combinado. Vamos vigiar tudo. Karma não vai perder essa oportunidade de nos caçar, precisamos estar atentos a qualquer sinal.

—Acho válido, mas com que dinheiro nós faríamos isso? –Brian pergunta. Verdade. Eu disse que não era um plano preciso.

—Eu pago, só para isso que eu sirvo mesmo. –oferece Peter.

—Sim, você é inútil, só serve para ser financiador. –afirma Henry com um sorriso, vejo Peter mudar de postura de novo.

—Releve. –peço para Peter, que me olha imediatamente e volta a sua posição anterior. Pelo menos alguém me ouve nesse lugar.

—Gente, temos que celebrar uma ocasião, se não vai tudo parecer um plano. Se ela conhece vocês, ela sabe que não são de dar festas no meio do nada. –informa Connor.

—É verdade, não tem nada vindo por aí. Só o meu aniversário, mas ele está longe, tipo, quase um mês.  –Henry diz o seu ponto de vista. Ele esqueceu...

—Idiota. –Brian o xinga, o que é inesperado.

—Do que você me chamou? Repete!

—Te chamei de idiota. O aniversário da Valerie está muito perto, Henry.

—É verdade. –reflete Flore, com uma mão no queixo, numa expressão pensativa.

—Espera como você sabe isso? –Liam pergunta completamente confuso.

—É, Brian, como você sabe disso? –Jack aparenta estar no mesmo estado que Liam, enquanto coloca as pernas em cima do mesmo para se deitar na cama de Flore.

—Você a conhece direito há muito pouco tempo. –Connor concorda com a morena e o jogador do time de basquete.

—Eu sempre gravo o aniversário das pessoas com quem eu me importo. –explica Brian.

—Que fofo. –o elogio.

—Ah, é então qual é o dia do meu aniversário? –questiona Henry, com uma sobrancelha arqueada.

—Eu não me importo com você. Não vou perder meu precioso tempo gravando o seu aniversário.

—Nossa. –Jack se surpreende.

—Vamos mudar de assunto? –solicita Liam, com um sorriso forçado.

—Seria ótimo. –admito, antes que Henry continue a discussão com Brian.

—Então, Florence, não precisa arranjar um lugar, podemos fazer na minha casa. –anuncia Peter.

—Daria certo. Bem lembrado, Peter. –reconheço.

—Lá tem lugar para vigiar todo mundo? –Flore indaga.

—Minha casa é cheia de câmeras, meu pai é paranoico com seu dinheiro. Eu posso fazer com que vocês as vigiem pelo celular. –garante o Vingador.

—Mas a sua casa é enorme. Vocês têm câmeras em todos os quartos? –Liam entra na conversa possivelmente achando aquilo estranho, e é.

—Não, só nos corredores, mas aí eu tranco os quartos para Karma não poder se esconder de nós.

—Ótimo. –confirmou Jack, mesmo eu tendo toda a certeza que ela odiou a ideia. Não sei se é porque ela não gosta dele, ou se é muito doloroso entrar na casa da Ash. Tudo é muito recente.

—Okay, então, temos um plano, pequenos traiçoeiros, e agora precisamos abrir o arquivo. –chego ao ponto em que eu queria chegar, finalmente.

—E por falar em arquivo, onde você o guardou, não vejo em lugar nenhum. –anunciou Henry.

—Ela não colocaria em um lugar óbvio. –asseguro. –Aproximem-se.

       Todos obedecem ao meu comando e de repente o Mediador se joga no chão e começa a procurar debaixo da cama da nossa querida “Loki”.

—Vale ressaltar que a Valerie acabou de dizer que não está em lugar ÓBVIO, Henry. –reforça Peter arregalando os olhos com os braços cruzados.

—Sr. Underwood pra você, filhote que caiu do ninho. –corrige Henry, com só a cabeça aparecendo por cima do móvel, com o cabelo castanho todo bagunçado.

—Você me chamou do quê? –ele pergunta sorrindo, dessa vez ele não se irritou.

—Filhote que caiu do ninho? Bem inovador, na verdade. –aprova Liam e Jack assente.

—Eu sou um gênio, eu sei. –Henry levanta orgulhoso de si mesmo.

     Quando menos espero, ouço um estrondo vindo do canto do quarto, cacos coloridos jaziam no chão, e Brian estava do lado. Como ele foi parar lá tão rápido? Ele estava aqui há uns quinze segundos atrás. Eu me virei durante um minuto e alguém já destruiu algo, impressionante.

—BRIAN! –Flore o repreende.

—Ah, me agradeça, era um vaso horrível mesmo. –ele se defende.

—Eu vou... –ele não a deixa completar a ameaça.

—Ninguém pode provar que fui eu. Alguém gravou? Não. Então eu estou limpo como água. –ele continua tentando se inocentar.

—Só se for do Tietê. –avalia Connor. Estamos perdendo o foco de novo. Triste, mas verdade.

—E o que seria isso? –Liam pergunta.

—Um rio sujo que passa no Brasil. –Connor explica como se isso fosse a coisa mais básica possível.

—Gente, foco, histórico, alguém lembra? –tento fazê-los voltar à realidade.

—Sim, sim. Sigam-me. –pede Florence abrindo a porta do guarda-roupa.

—Olha ao menos que você tenha a entrada pra Nárnia, abrir a porta do guarda-roupa não vai ajudar muito não. –zoa Henry.

—Ela pode guardar ali dentro, animal. –desvendou Brian, zoando Henry de volta.

—Eu não tinha pensado nisso. –o Mediador admite.

—Percebi. –Peter revela.

—Ele tá certo, Brian. Meio que eu tenho a porta pra Nárnia sim. –Flore os confunde ainda mais.

—Ok, ok. Desde onde passamos de plano para capturar assassina a malucos que precisam de hospício? –zomba Brian.

—Você que precisa de um hospício. –Connor o contradisse. ESTAMOS PERDENDO O FOCO.

—Muito obrigado, Connor, por sempre manter a minha autoestima elevada.

—De nada, Brian.

—GENTE! -grito

—Flore, abre logo essa maldita passagem secreta pra todo mundo calar a boca. –pede Jack.

—Tá...

      Percebo que poderia ser mau para o estado da perna da Flore caso ela ficasse se movendo muito. Então, eu mesma desvio as roupas dentro dali para o lado e tiro o fundo falso de madeira. Entro e encontro tudo do mesmo jeito da última vez que eu vim aqui, tudo organizado e perfeitamente decorado. Corri para sentar no puff, aquele lugar é muito confortável. Assim que todos entram e apreciam, vejo Liam fechar a porta, já que ele foi o último a entrar.

 -Uau. –diz Henry.

—Bem vindos ao covil. –Florence fala esticando um braço num movimento teatral.


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Notas finais do capítulo

COMENTEM!! Bjs.



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