The cheating game escrita por Corujinha


Capítulo 13
Sendo estúpida como sempre


Notas iniciais do capítulo

VOU VIAJAR GENTEEEEEEEEEEEEEEEEEE! Estou feliz. Saboreiem o novo capítulo. A estupidez da Val vai te surpreender. Sem mais delongas, aqui está o cap!



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—Obrigada, Sr. Martins.

—Pare de me chamar de senhor, fica parecendo que eu sou velho. Me chame de Edgar. –disse Sr. Mar... Edgar.

      Olho para cada detalhe da sala de estar deles de novo. Toda a decoração meio retrô é tão interessante. Acho que anos 80 é o tema. Ou 70, ou até mesmo 90. Não soube identificar, afinal, nasci no final da década de 90.

—De nada, Valerie. Não fizemos nada que você não faria pela gente. Não é, Ivan? –Ivan concordou com a afirmação de seu irmão com um simples aceno de cabeça. -Bom, se precisar de ajuda sabe a quem ligar. –ele completou sorrindo.

—Eu realmente não sei expressar a minha gratidão, Edgar. –disse para o homem de cabelos lisos e olhos castanhos, sentado a minha frente.

—Não precisa. –ele me respondeu. Ivan continuou fazendo expressões faciais para dar suas respostas.

—Minha mãe me mandou convidá-los para um jantar. Vocês virão? –pergunto e olho para os dois loiros.

—Claro. –Edgar respondeu, e Ivan assentiu o que fez o boné em sua cabeça balançar e seus óculos quase caírem. Não pude conter um sorriso.

—Preciso ir. –digo me levantando do sofá confortável dos Martins, dou alguns passos em direção à porta que dá para a minha rua. Minha ex rua.

—Até mais, Valerie. –quando Edgar fala isso eu já estou abrindo a porta.

—Até mais, Edgar. Tchau, Ivan. –me despeço saindo a fechando a porta.

      Matei aula de novo, não me culpe, minha casa acabou de pegar fogo. Junto com os meus materiais escolares. Olho para a minha casa, ela estava de dar dó. As memórias de tudo o que ocorreu ontem começaram a ser repassadas em minha mente.

     A raiva parecia ferver dentro de mim.

     Me ergui aos poucos, dei uma leve olhada para Peter, ele parecia perceber o que estava passando na minha cabeça aquela hora. E acredite, não eram coisas boas.

     Limpei minhas lágrimas, eu não ia chorar mais. Cansei de ficar sentada sem reação e esperar as coisas me atingirem.

     Olho para frente e dou o primeiro passo. Caminho até perto da calçada da minha casa. Olho para o chão. Uma mensagem escrita em vermelho, talvez sangue, talvez tinta mesmo.

     “HAHAHAHA.”

     Se eu estava fervendo antes vocês não vão querer saber como eu estou agora.

     Karma riu de mim? Que teve a melhor amiga morta. Que teve os amigos sendo atacados. Que acabou de ter a sua casa em chamas.

     Eu sou motivo de piada?

     O caminhão de bombeiros nesse momento estava me pedindo para eu me afastar.

    E foi aí que fiz a coisa mais imbecil da minha vida:

    Eu corri pra dentro da casa em chamas.

    Precisava recuperar algo.

    Se você reclama da temperatura normalmente é porque nunca entrou numa casa pegando fogo.

    É MUITO QUENTE.

    As chamas escalavam paredes, destruíam porta retratos com fotos fofas e algumas até ridículas. Aquele lugar ia cair em poucos minutos. Corri para o quarto da minha mãe, que eu agradecia por ficar no térreo. Vasculhei sua penteadeira em meio das chamas. Eu estava ficando sem ar. Finalmente, achei. Peguei o objeto. Fiquei o observando, em uma espécie de transe. Algo tocou o meu ombro. Uma mão.

     Quando me virei me deparei com alguém atrás de mim.

     Peter.

—CORRE!

     Essa foi a única coisa que ele disse. E eu o atendi. Porque nós dois corremos. E muito.

     Quando saímos da casa, percebi um bombeiro se levantando. Parecia desnorteado o pobre homem. Os bombeiros nos deram olhares nada convidativos.

     Nos distanciamos dali como os bombeiros pediram não muito gentilmente, se quer a minha opinião, à nós.

     Olhei para Peter tão acabado quanto eu.

—Você derrubou um bombeiro pra entrar num incêndio? –indaguei.

—Eu derrubei um bombeiro pra entrar num incêndio para salvar você.

—Por quê?

—Não sou do tipo de pessoa que senta e vê pessoas morrerem sem fazer algo. E que colar é esse afinal?

—Não é nada.

—VAL?

—O que foi, Henry? O que você está fazendo aqui?

—Sua mãe disse que você estaria aqui.

—Ah sim. Faz sentido.

—Tá tudo bem?

—Claro. A minha casa só pegou fogo, nada demais.

—Ei, não precisa esculachar. –ele se fingiu de ofendido. -Trouxe sua moto.

—Arranhou ela?

—Não.

—Ainda bem, me sentiria mal se te matasse por isso.

—Esclarecedor.

      Montei em minha moto e informei Henry:

—Vou pra casa da minha vó.

—Ok, estou indo pra casa mesmo.

—Tchau, Henry.

      Ele acenou em resposta e eu parti.

—Como você tá, garota? –perguntou o meu avô assim que eu cheguei.

—Oi vô.

—Valerie, estávamos te esperando. –minha mãe disse chegando à sala ao escutar minha voz.

—Você sumiu. –comentou Charlie.

—Passei a noite em claro fazendo check up no hospital e depois fui liberada. Não sofri nada mesmo.

—Você precisa descansar Valerie. – minha vó surgiu da cozinha.

—Não estou cansada.

—Não é isso que sua olheira está dizendo. –Charlotte informou. -Aarin foi pra escola hoje.

—Ela não teve uns problemas pra resolver?

—Acho que ela resolveu.

—Que bom. E aquela outra?

—Nina?

—Sim.

—Ela vai ficar lá, eu acho.

     Meu celular vibra. Mensagem da Daisy no grupo.

“Precisamos nos encontrar.”

“A gente se vê na escola todo dia.”

“Você sabe que não é suficiente.”

     Brooke viu que estávamos no grupo e mandou:

“Tá tudo bem, Val?”

“Tô bem”

“Qualquer coisa me liga” Brooke mandou.

“Pra mim também”

“Ok, meninas.” Eu digito e envio. Visualizado.

     É engraçado quantas vezes você tem que ouvir essa pergunta. Você está bem? Você pode estar morrendo por dentro, mas sempre diz que sim, porque você sabe que na maioria das vezes a pessoa só está perguntando por perguntar e não porque ela se importa pelo que você está passando. Na verdade, uma grande parte do tempo quem te pergunta isso é quem quer te ver no chão, esmigalhada pelo peso que tem que carregar todos os dias, o peso dos nossos deveres. Daisy e Brooke e a Corporação se importam, mas eu não quero que eles se preocupem comigo, não quero que ninguém se preocupe comigo. Quero cuidar de mim mesma, não sou alguém que sempre tem que ser protegida do mundo. Eu faço minhas escolhas, traço meus caminhos e encaro as consequências por isso. Não preciso que ninguém fique vinte e quatro horas em cima de mim me dizendo o que deveria fazer como seu fosse um fantoche em um jogo. Eu sei o que eu devo fazer.

—Valerie, querida, precisamos conversar.

—Não é um bom momento.

—Nunca é um bom momento.

—Mãe, você não sabe da metade das coisas que eu estou passando.

—Então me conte.

—Não é simples assim.

—Filha, sua amiga foi morta, quase duas de outras amigas suas foram também, temos a nossa casa em chamas com um “Hahaha” na frente, e você pensa que eu não sei dos seus encontros com seus amigos no nosso porão? No que vocês se meterem, Valerie?

—É esse o problema, mãe. Nem eu sei no que eu me meti.

     Não vi saída a não ser contar tudo o que eu sei e pelo que passei para a minha mãe. Tudo. Desde o inicio da Corporação até o incêndio.

—Não conte pra sua vó, ambas sabemos que ela não reagiria muito bem a isso. Quem faria algo assim? Precisamos avisar a polícia, Valerie.

—Não, não podemos. Eles são corruptos. Quase todos naquela delegacia são. E o Karma já deve ter percebido isso, e pagado eles para ficarem de bico calado sobre tudo. A investigação sobre a morte da Ash não progrediu, eles encerram ela por que não tinham provas o suficiente para continuar o caso.

—E eu bem sei disso, mas não é bom ficar se remoendo em segredos que machucam você.

—E ainda tem o fato que eu estou brigada com a Flore.

—Converse com ela. Tenho certeza que vão se resolver. –ela disse com um sorriso, acho que ela percebeu que eu continuava apreensiva sobre isso. -Vocês já brigaram antes e se acertaram. Dessa vez não vai ser diferente.

—Eu espero. –confesso.

—Eu te levo até lá.

      A viagem até a casa de Florence foi silenciosa e tranquila, nada mais pairava de estranho entre a minha e eu. Estávamos resolvidas.

—Pronto.

—Valeu, mãe.

      Fiquei encarando a frente da casa de Florence por um bom tempo. O que eu diria a ela? Desculpas, é claro. Mas como eu diria isso?

      Abri o portão de ferro que dava para um pequeno canteiro com flores e plantas e caminhei até a porta principal da casa bege. Bati na porta e esperei.


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Notas finais do capítulo

Acham que essa história está acabando? Amiga, ainda está muito longe de acabar isso aqui. COMENTEM! Daqui a pouco a treta de verdade começa. MUAHAHAHAH.



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