[POV Jacob]

  Ela simplesmente sentou na minha barriga, e curvou todo o seu corpo esbelto sobre mim, quase deitando completamente, segurando meus braços firmemente acima de minha cabeça. Eu tive plena consciência da minha cara de bobo, a boca entre aberta os olhos arregalados. Por mais que o momento não permitisse, será que ela tinha consciência do quanto aquilo era perigoso e arriscado? Ela sabia o quanto era sexy? Certo, certo, o momento não permitia, nem eu, nem ela nem ninguém. Expressamente proibido. Aquele corpo, seu rosto lindo perto demais do meu, proibido. Sua respiração ofegante como a minha, os olhos doces de chocolate, sua pele macia e quente, proibidos. Era perfeita, ela não tinha defeitos, e eu tentava entender alguma coisa, ver sentido, procurar alguma coisa que me desse forças para ir embora, mas eu não encontraria nada nela, não em toda aquela perfeição angelical que lhe pertencia.

         - Você só vai piorar as coisas se você for embora. Então trate de me escutar Jacob Black, só existe uma razão para que você saia de perto de mim, uma única desculpa, uma única coisa que não depende de mim. O destino é quem vai tomar conta dessa parte. - Eu odiava esconder a verdade dela, eu odiava pensar que se eu chegasse para ela um dia, e mentisse dizendo que tinha tido um imprinting com alguém no Japão, ela simplesmente me desejaria sorte e deixaria que eu partisse facilmente. - Você não é meu, não me pertence, eu não posso mandar ou desmandar em você. Mas a verdade é que eu também não posso ficar sem você por perto, sem meu melhor amigo, meu irmão, meu tudo. – tudo mesmo? Eu acho que não... - Eu não me importo que você me machuque as vezes, quebre meu braço se quiser, me ofenda, me chame por todos os nomes horríveis que você conhece, diga que me odeia. – Jamais te machucarei de novo. Você é perfeita, linda, amável, você é a minha vida, eu te amo! - Mas não me deixe aqui sozinha.

         - Você nunca vai estar sozinha. – eu disse forçando minha boca a se fechar naquele ‘o’ espantado. Nunca vai estar sozinha, por mais que eu vá embora, jamais ficarei longe. Não do amor da minha vida, nem que eu a olhe só de longe.

         - Talvez eu prefira a solidão, não há nada de errado em ficar sozinha, mas eu não gosto quando alguém me tira esse direito, sem ao menos me oferecer em troca verdadeira companhia.

         - Talvez você encontre alguém que lhe ofereça isso melhor do que eu, alguém que lhe dê um tipo de companhia melhor do que um simples trabalho de babá. – eu não queria ter jogado as coisas desse jeito, mas ela precisava entender o que eu dizia, talvez ela encontrasse o meu desejo tentando escapar pelas palavras. Eu ainda acreditava que não existia melhor companhia para Nessie alem de mim.

         - Mas é só você que eu quero. – ela respondeu. Eu me permiti pensar no duplo sentido que sua resposta tinha, estreitando os olhos para ela. O que atrapalhou um pouco a linha do meu raciocínio. Ou melhor, atrapalhou muito. Tanto que em um ultimo momento eu consegui interromper um impulso do qual eu talvez me arrependesse pelo resto da vida, ou me arrependesse de ter perdido o que poderia ser minha única oportunidade. Eu já não conseguia sobreviver sem ela só assim, por estar perto, não sei como ficaria depois que eu provasse dela. Eu definitivamente não teria forças para sobreviver.

         Eu nunca mais ia pensar nisso. Beijá-la seria um erro irreparável, ainda que fosse minha maior vontade. Eu jamais me permitiria pensar nisso de novo, Edward não veria em minha mente, nem contaria para Bella, que por sua vez jamais comentaria com Renesmee. Ela ficou em pé num único salto, gracioso como sempre.

         - Na verdade... Não mando em você. Pode ir embora se quiser. – ela disse rápido demais, se virando e saindo pela janela antes que eu pudesse ter certeza de que o que eu vira em seu rosto eram lágrimas e dor, antes mesmo de eu pensar em segui-la.