Carmenny Edmond

Bato na porta. Nada. Bato de novo, nada. Até que eu chuto a porta. Aí sim. Agressividade é tudo.

—Meu nome é Carmenny Edmond e alguém quer falar comigo.-falo como se fosse óbvio.

—Ah, a garota agressiva. Soube que você derrubou uma colega sua. Eu não vou fazer perguntas porque só estou aqui pelo dinheiro... Então você vai para a detenção por uma semana.

Normal. Eu e detenção somos melhores amigas desde que aprendi a dar rasteiras, tapas, chutes, socos e tals.

—E quando eu começo?

—Amanhã. Eu gostei de você. Sempre quis dar um golpe naquela lá. Obrigada.- sorrio.

Estou começando a gostar dela.

—Então porque me deu detenção?

—Obrigação minha. Agora saia.-ela fala e eu fico com cara de ''Ui. Ela tá bravinha''.

Saio da diretoria e fico desorientada. Olho para os lados e me lembro de que tenho que ir para a piscina. Saco.

Caminho tranquila até um cílios entrar em meu olho.

—Cacete.-sussurro/grito enquanto fico parecendo uma minhoca mal matada tentando tirar o negocinho.

Quando finalmente consigo tirar o cílios do olho, pisco várias vezes até conseguir enxergar novamente. Fico parecendo uma bêbada caminhando para a piscina.

—Olha ali. A senhorita TPM.-uma vadia apontou para mim. Só não xinguei ela porque estava em estado crítico.

—Estão te chamando de senhorita TPM agora.-Isabelle de materializa ao meu lado.

—Elas que se fodam. Quero ver elas sobreviverem quando eu realmente estiver de TPM.

Escuto risadas atrás de mim. Ignoro. Se quiserem rir, que riam.

—Alunos. A aula acabará mais cedo hoje. Podem se vestir e ir embora.-o professor fala.

Pego minhas roupas, vou até os vestiários e percebo que não estou no vestiário feminino. Foda-se. Visto as roupas de baixo e alguém abre a porta, que eu tinha que ficar empurrando com a perna porque não fecha, ou seja, quase quebro minha perna.

—Ai caralho! Tu quase quebrou minha perna. Te orienta.-grito abraçando minha perna. Escuto uma, não, várias risadinhas. Quando vejo tem uma plateia na porta.-Estão olhando o que?

—Você sabia que esse é o vestiário masculino?-Adams fala olhando para baixo, porque eu sou baixinha. Quer dizer, ele que é alto pra caramba.

—Óbvio. Não é à toa que colocaram aquela plaquinha ali na porta, não é? Com licença.

Eles continuam ali. Dou um chute na porta, fazendo com que Daniel murmurasse um ''Ai'' e mais risadinhas.

Termino de me vestir e saio da coisinha que me esqueci o nome... Esquece. Saí do vestiário e fui em direção ao portão da escola.

—Hei, Edmond.-alguém me chama atrás. Reviro os olhos.

Continuo andando, não sou obrigada.

Quando vejo, alguém me agarra no braço. Senhor Daniel.

—Vai continuar me perseguindo, Adams?-pergunto puxando meu braço de volta.

—Minha casa também é pra lá.

—Hum...

—Sabe, quando você chutou a porta ela bateu na minha cara. E doeu.

—Não estou nem aí. Você não devia ficar invadindo vestiários.

—Na verdade foi você que invadiu o vestiário masculino.

Murmurei um ''Éé''.

—Você sabia que vamos ter que acampar? Mês que vem... Acho.-ele fala, olhando para cima.

—Você está sabendo de muitas coisas.

—Tenho um amigo que estuda aqui. E você, tem alguma amiga?

—Não. Nunca tive. Odeio esse negócio de ''amizade eterna'' e tals. Uma merda.

—Como você pode odiar se nunca teve nada do tipo?

—Só observando. Durante dezesseis anos de observação se aprende muita coisa.

—Inclusive dar rasteiras? Porque isso você observou muito bem.-eu rio. Meu deus, eu ri.-Olha só. Fiz ela rir.

—Cale-se. Eu posso dar uma rasteira em você agora mesmo.

—Foi mal.-ele fala, levantando as mãos como estivesse se rendendo.

—Ali é minha casa.-falo, direcionando a cabeça para a casa de minha tia.

—Tá. Até mais, Edmond.

Não respondo. Não sou dessas.

Vou correndo até a porta e quase caio na escadinha. Sério. Eu tropecei no tapetinho lá e quase tive uma fratura cerebral. Fez até um barulho.

—Meu deus! Você tá bem?-minha tia fala, correndo até mim e me levantando.

—Não, tia. Acho que bebi café de mais.

—Se tivesse bebido café, não estava aérea. Burra.-ela fala e eu faço uma cara de ''Nossa, que ofensa hein''.

—Vamos ter visita hoje. Tome um banho e se vista. Aliás, porque saiu da escola mais cedo e quem era aquele garoto?

—Aquele era um... Garoto. Que morava para cá também e eu vim mais cedo porque liberaram. Apenas. Agora se me der licença, vou tomar meu banho.-falo, subindo as escadas.

Odeio visitas. Tenho que ser ''educada'' com elas.