— Não me diga que Loke veio mesmo para ficar? – Jude Heartfilia perguntava para sua filha, Lucy, espantado com a notícia. – Ele veio me ver noite passada, mas eu pensava que ele apenas estava de passagem...

 - Pelo visto a estadia dela aqui vai ser mais longa do que esperávamos. – Lucy disse sorrindo para o pai. Jude já estava muito melhor. Conseguia se sentar normalmente e conversar bem. As enfermeiras disseram para a loira que ele já não toma quantidades absurdas de remédios para dor, apenas de noite, e que de dia fica conversando com todos que passavam por ali.

 Já era de manhã quando ela foi vê-lo, para contar-lhe as notícias sobre Loke. O seu amigo de infância decidira ficar alguns tempos ali no castelo, já que tinha “assuntos para tratar” em Magnolia, e preferiu ficar perto de Lucy do que em outra pousada qualquer.

 Ela gostava de ter  amigo por perto. A lembrava de sua infância e Loke era realmente uma ótima companhia. Tinha assuntos de todos os tipos, desde experiências que ele viveu em suas viagens á histórias absurdas que ele ouviu de mochileiros em bares de esquina.

 - Está gostando de ter ele por perto? – Jude perguntou olhando para a menina, que sorriu levemente.

 - Loke é um ótimo amigo, e crescemos juntos, praticamente. Ele aqui me faz me sentir mais em casa ainda.

 - Então se acostumou facilmente com o castelo... – Jude comentou baixinho.

 - Sim, papai. Por que fala desse jeito? – Ela perguntou curiosa.

 - Igneel veio conversar comigo hoje. Ele insistiu para que, mesmo quando eu melhorasse, que ficasse aqui por mais uns tempos. Com você ajudando e traduzindo os livros, e também por conta de seu dom... Ele tem medo de que alguma coisa possa acontecer conosco novamente.

 - Ah. – Lucy suspirou. – Eu já previa isso.

 - Mas e você? –Jude perguntou colocando sua mão em cima da mão de sua filha e a apertando. – Quer ficar aqui?

 Lucy pensou um pouco. Realmente ficar ali no castelo estava sendo muito bom para ela, fizera amigos e estava aprendendo mais sobre espadas e luta do que jamais aprenderia. Ali, apenas a biblioteca estava ficando um pouco pequena para ela, já que está lendo muitos livros de lá, e decorando o título dos que ainda quer ler. Se lembrou de Erza, de Juvia e Gray, de Lisanna e Mirajane, até mesmo Laxus. E Natsu. Não, definitivamente seria muita dor para ela ir embora agora e deixa-lo ali. Não sabia qual era o motivo de ele estar estranho, mas achava que tinha alguma coisa a ver com Loke.

 - Quero. – Lucy disse sem hesitar em nenhum momento. – Quer dizer... Eu... Ah... Com tudo o que está acontecendo... Acho que posso ser muito útil para o reino se eu ficar aqui.

 Jude arqueou uma sobrancelha, desconfiado com a atitude repentina de sua filha.

 - Certeza mesmo que é apenas por conta disso? – Ele perguntou sorrindo para a garota. – Certeza que não existe outra coisa... Ou alguém?

 Lucy ficara muito vermelha com a dedução de seu pai.

 - N-Não, pai! De onde você tirou essa ideia?

 - Talvez dessas suas bochechas vermelhas. Você conseguiu se denunciar, minha filha. – Jude riu alto. – Agora, fale o nome dele para que eu não tenha um ataque cardíaco assim que você aparecer de braços dados com ele do nada no futuro.

 Lucy quis cavar um buraco e se esconder ali. Estava com muita vergonha. Mas... Jude era seu pai, até poderia ajuda-lo com algumas perguntas que tinha.

 - Pai! Sabe que isso não se conta para os pais, não é? – Ela disse cruzando os braços, fingindo estar nervosa com o homem pelo seu “intrometimento” em sua vida amorosa. Ela encarou ele pelo canto do olho, e viu que ele sorria suavemente para ela. Ele sabia que ela estava apaixonada, talvez até tinha mais certeza do que ela. Lucy não resistiu. – Natsu Dragneel.

 - O príncipe Natsu?! – Ele perguntou estupefato. Foi tão surpreendente para o homem que ele acabou alterando um pouco sua voz. – Ah... Eh... Quer dizer...

 - Pai! Não diga tão alto! Quer que o próprio rei saiba?! – Lucy disse brava, colocando suas mãos na cintura. – Ele é o príncipe e eu não sei se Igneel queria que eu me casasse com ele. Não com o risco que eu sou.

 - Risco?

 - Não percebeu ainda, pai? Eu tenho um “dom” que apenas atrai coisas ruins. Eu sempre vejo coisas ruins e coisas horríveis aconteceram com pessoas próximas a mim. – Ela disse triste. – Veja bem... Eu vi o passado horrível de Gray, vi a tristeza de Juvia, o senhor morrendo e também o que poderia ser os assassinos. Ainda não sei porque nem quem são, mas sei que os vi. E ainda teve o ataque... Gray ficou machucado, Natsu e Erza também, e o senhor...

 - Lucy, se acalme. – Ele disse sorrindo para a moça. – Se vocês se gostam... O que eu posso fazer, não é mesmo?

 - Eu não sei o que o Natsu pensa sobre mim. – Lucy disse fazendo um bico e cruzando seus braços. Jude riu com isso.

 - Como uma mulher tão linda assim pode dizer tal besteira? Eu sou um pai ciumento, mas tenho que encarar o fato de que minha filha é a mais linda de Fiore! – Ele disse sorrindo, e arrancando uma risada de sua filha.

 - Só você mesmo, pai... – Ela suspirou sorridente e se levantou.  – Mas seja o que for, espero que seja um amor passageiro. – Ela deu um beijo na testa do homem. – Tenho que ir. Erza disse que quer que eu treine com ela. Tenho que saber me defender, afinal. Até mais tarde, papai! – Lucy disse saindo da enfermaria.

 - Passageiro, hein? – Jude disse sozinho. – Lucy vai aprender que nenhum amor é passageiro. Todos eles ficam, de alguma forma, no coração daqueles que passou.

 E dizendo isso, negou com a cabeça os pensamentos de Lucy e voltou a ler um de seus livros, que estava o esperando ansiosamente no criado mudo ao lado da cama em que estava deitado para ser lido até a última página.

 Mas nenhum dos dois esperava que Lisanna Strauss estivesse escutando toda a conversa deles acidentalmente do outro lado da enfermaria, enquanto procurava por mais esparadrapos para Elfman, seu irmão, que se machucou em um dos treinos.

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 - Boa, Lucy! – Erza disse animada quando viu o progresso da loira ao lutar com espadas. A loira fez com perfeição o circuito que Erza montou, e, por se tratar da ruiva, já poderia se dizer que era, no mínimo, complicado de se realizar. – Vamos descansar!

 Nisso as duas se sentaram no piso de madeira, bem no centro da Sala de Treinamento, suadas e arfando muito. Ambas usavam vestidos leves, que lhes dão mais mobilidade do que os pesados e elegantes trajes que o castelo tinha. Erza pendera suas longas madeixas vermelhas em um rabo de cavalo, presos por uma fita de cetim azul, combinando com o vestido, e Lucy fez uma longa trança, que descia sensualmente por suas costas.

 - Você fez um bom trabalho hoje. – Erza disse sorrindo para a loira.

 - Obrigada, Erza. – Lucy agradeceu sorrindo. – Em meio de todo o caos, preciso saber me defender. Nem sempre terei os guardas ou o castelo perto de mim.

 - Mas terá o Natsu. – Erza falou como se não fosse nada, enquanto acariciava seus cabelos.

 - O que? – Lucy perguntou ficando vermelha. – O que quer dizer com isso?

 Erza olhou Lucy de canto de olho. Sabia muito bem o que dissera, e também tinha ciência de que Lucy entendera onde ela queria chegar. Porém, decidiu não prolongar muito. Queria apenas ar um toque na loira.

 - Ora, ele é o príncipe. Sempre irá nos proteger. – Ela disse se levantando. - Por isso que ele vem treinar aqui agora.

 Lucy começou a tremer.

 - Ele vem pra cá agora? – Lucy perguntou se levantando rapidamente também. – Ah... Erza... Eu tenho que... Ir na biblioteca e... Ver se Levy está lá! – Lucy disse tentando arrumar uma desculpa. Quando começou a andar ruma á grande porta de madeira, foi parada pelas vozes de Erza.

 - Lucy, nem se atreva a pisar do lado de fora desta sala sem a minha permissão. E eu sei que Levy está viajando agora e só volta de noite.

 Lucy engoliu em seco e se voltou para onde estava, ou seja, ao lado de Erza, que já lhe entregara uma espada mais pesada que a outra.

 - Tente com essa dessa vez. – Erza disse também pegando uma espada. – Me ataque e eu bloquearei seus golpes. Tente me acertar com as costas da espada.

 E assim, Lucy começou mais uma parte de seu treino intensivo com Erza. Tentava golpear a ruiva com toda a força e concentração que podia ter, mas era praticamente impossível. Erza desviava e bloqueava como se a espada de Lucy fosse uma mosca. A loira estava tão absorta em como atacar direito, que mal ouviu a porta da sala de treinamento se abrir, revelando certo rapaz de cabelos de cerejeira.

 - Erza! Lucy! – Ele chamou as duas e elas perceberam que ele havia chegado. Lucy tentou seu máximo para não ficar vermelha, nem falar palavras sem conexão alguma. – Vejo que estão treinando. – Ele disse olhando fixamente para Lucy. Era bem difícil um homem como Natsu não olhar para Lucy que, mesmo com todos aqueles vestido rodados e compridos era linda, com aquele vestido leve e que, por conta do suor, grudava no corpo. – Está se saindo bem, Lucy?

 A moça concordou, corando um pouco suas bochechas.

 - Veio treinar? – Ela perguntou para ele, com um pouco de vergonha.

 - Sim. Mas prometo não atrapalhar vocês.

 - Mas, Natsu... Você costumava treinar com Gray... Que eu saiba ele ainda não pode lutar tão bem quanto antes. Seus machucados estão se curando. – Erza disse cruzando os braços.

 - Mas não estou inválido, Erza. – As duas ouviram uma voz atrás de um Natsu sorridente, e um Gray resmungão apareceu atrás do rapaz. Usava roupas leves, como Natsu, e sua camisa azul clara estava desabotoada até seu peito.

 - Gray? – As duas se espantaram.

 - O que está fazendo aqui? – Lucy perguntou para ele.

 - Infelizmente não vim treinar com esse idiota hoje, moças. – O jovem de cabelos negros apontou para Natsu. – Mas vim vê-lo treinar. Estava com muito tédio no meu quarto, então meu pai e a enfermeira me permitiu que saísse de lá um pouco... Não que eles já não tenham tentado me parar nem nada do tipo... Mas prometi não fazer nada muito perigoso para mim.

 - Por que será que não estou acreditando em uma palavra que você diz? – Erza perguntou com um sorriso maroto no rosto. Quando as duas estavam conversando com Gray, uma pequena movimentação na porta fez com que elas parassem e olhassem quem estava chegando, até que uma moça parou entre Natsu e Gray, com um pouco de vergonha.

 - Juvia?! – Lucy exclamou. A azulada também usava roupas leves, mas não parecia estar preparada para treinar, e sim para acabar um pouco com o calor que estava naquele dia.

 - Olá. – Ela disse sorrindo.

 - O que está fazendo aqui? Nunca te vi treinar... – Erza disse caminhando até a azulada.

 - Gray poderia vir aqui andando normalmente com uma condição... – Juvia disse cruzando os braços, séria.

 - Que ela tinha que vir também. – Gray bufou, igual uma criancinha birrenta. – Meu pai acha que só porque nosso... Casamento, é amanhã, ee acha que devemos ficar mais próximos.

 - Acho que entendi... – Lucy disse achando graça de toda a situação.

 - Então... Com quem vai treinar? – Lucy perguntou para Natsu.

 - Com ele... – Natsu apontou para o outro lado da porta, onde Laxus Dreyar estava escorado na mesma. Assim que todos perceberam sua presença, ele caminhou até onde todos estavam. Lucy se lembrou dele. Não pensava que iria o achar naquele castelo, mas finalmente o encontrara.

 - Laxus Dreyar. – Ela o chamou.

 - Como vai, Srta. Heartfilia? Vejo que já melhorou completamente. – Ele disse apenas e curvou levemente sua cabeça.

 - Sim. Nunca lhe agradeci por ter salvado minha vida... Muito obrigada a você e á Mira. – Ela disse com os olhos brilhando. Ele sorriu de canto e voltou sua atenção para Natsu.

 - Ei, cabeça de fogo, eu tive uma ideia. – O loiro disse com um olhar maligno para todos. Lucy percebeu que o que quer que fosse, não daria certo.

 - Que ideia?

 - Um torneio. Quem ganhar ganha uma arma nova dos perdedores.

 Lucy engoliu em seco. Como ela poderia participar de um torneio de luta, sendo que ela não sabia lutar?

 - Está falando isso apenas porque não posso lutar e terei que pagar pra vocês, não é mesmo? – Gray resmungou.

 - Idiota... – Laxus suspirou. – Apenas podemos substituir você. Talvez a sua noivinha pode, não pode? – Ele olhou para Juvia, que mantinha um olhar frio para todos.

 Ela suspirou pesadamente.

 - Ah, todos aqui sabemos que você sabe empunhar uma espada. Não sei como nem quem te ensinou, mas você sabe. Deixe que vejamos o quão boa você é. – Laxus provocou a azulada, que suspirou novamente.

 - Não vou entrar nesses jogos sem sentido. – Ela comentou entrando na Sala de treinamento e se sentando em um dos bancos afastados, encostados na parede. Laxus olhou para Gray.

 - Pelo visto você vai ter trabalho com ela. – O loiro disse gargalhando. Gray revirou os olhos. O loiro viu que um criado estava passando, foi até ele e sussurrou alguma coisa em seus ouvidos.

 - O que fez desta vez, Laxus? – Erza perguntou.

 - Pedi para chamarem Freed, Eva e Bickslow. Para as coisas ficarem mais interessantes... – Ele disse entrando na Sala de Treinamento com um sorriso maldoso no rosto.

 O restante entrou também. Lucy se sentou ao lado de Juvia, e Gray decidiu se sentar no chão junto com Erza e Natsu. Laxus ficou do outro lado da sala, escolhendo uma espada “decente”, segundo ele, em meio ao grande arsenal que o castelo tinha.

 - O rei comprou espadas novas... São bonitas. – Ele comentou olhando para os diversos tipos de espadas, adagas, katanas e facas que havia ali. Optou por escolher uma espada simples, com o cabo de couro, porém mais pesada e maior que o normal.

 Depois ouviu-se o barulho da porta se abrindo, revelando Eva, Bickslow, Freed e...

 - Loke? – Lucy disse espantada ao ver seu amigo entrar ao lado de Freed, onde os dois tinham uma animada conversa sobre lugares que viajaram.

 - Ora, ora... – Laxus disse caminhando até os quatro. – Vejo que temos mais um desafiante hoje. Loke, não é?

 - Sim. – O loiro disse sorrindo com as mãos para trás. – Estava conversando com Freed e Eva no jardim, e acabe ouvindo que iria ter uma diversão aqui nesta sala e resolvi vim ver o que estava acontecendo. Se eu não for atrapalhar, claro...

 Todos ali perceberam que Natsu iria falar alguma coisa, mas Laxus foi mais esperto.

 - Claro que não. Escolha sua espada. Vamos fazer uma pequena partida aqui, os que perderem compram uma arma nova para o ganhador, qualquer arma que ele escolher.

 Loke sorriu maliciosamente.

 - Ora, mas isso é um bom prêmio. – Ele comentou e foi pegar uma espada. Optou por uma de aço branco, com o cabo feito de couro de javali. Parecia ser resistente e era bonita. – Bem... Como vamos começar?

 Freed sorriu.

 - Damas primeiro. – Ele apontou para Erza e Eva. Eva engoliu em seco. A loira pegou várias facas e as escondeu em seu vestido. Pegou mais seis e colocou entre seus dedos, quatro em cada mão.

 Erza escolheu a mesma espada que estava lutando com Lucy. Não era a melhor espada que já lutara na vida, mas achara que dava conta do recado que era uma partida leve e descontraída com Evergreen. As duas pararam, uma de frente para a outra no centro da sala e se encararam.

 - Três... – Gray começou a contar. – Dois... Um... Que a lute comece... Agora!

 Assim que ele disse isso, Evergreen lançou três adagas que estavam em uma mão em direção á Erza, que rapidamente desviou de todas, que no final acabaram presas na parede e no assoalho do local. Erza se colocou para correr em direção á Evergreen, que lançou mais algumas facas para distraí-la. Com a certeza de que sua ação ocorreu a reação esperada, que era retardar Erza, Evergreen tirou de sua saia uma adaga um pouco comprida e ficou esperando em posição de ataque a ruiva correr até ela.

 - Vai Evergreen! – Bickslow gritava animado, como se tudo ali fosse um torneio.

 - Vai Erza! – Gray e Natsu gritavam com animação.

 As duas pareciam concentradas demais para notar seus nomes saindo em alto e bom som da boca dos rapazes ali presentes.

 O choque das duas lâminas ocorreu segundos depois. Porém, Erza foi mais rápida e mais forte, e empurrou a loira, que se desequilibrou e caiu no chão. Evergreen tirou algumas pequenas facas e atirou-as em Erza, que se desviou de algumas e bloqueou a última com sua espada.

 - Andou treinando, Eva? – Erza perguntou provocando. As duas estavam suadas e ofegavam, mas não queriam parar.

 Poderia ser mal visto pela sociedade o que elas estavam fazendo ali, mas elas não se importavam. Luta significava muito mais do que apenas empunhar uma espada para elas, era uma questão de sobrevivência, e para se lembrarem todo o dia que elas não precisam de príncipes encantados. Dê á elas uma afiada espada e um cavalo veloz que elas mostrarão que não foram feitas para serem de porcelana e serem guardadas em redomas de vidro.

 - Mais do que imagina, Erza. – Ela disse atacando a amiga novamente com a adaga.

 - Vamos Evergreen! – Freed gritou animado pela luta das duas. Juvia e Lucy ficaram e silêncio, apenas assistindo.

 A azulada estava se interessando pouco pela luta, lançando alguns olhares quando Erza fazia algum movimento que aparentava que iria derrubar Eva, mas logo depois a loira se reerguia. Lucy encarava tudo com atenção. Nunca realmente vira Erza lutar, e ficou imaginando como seria se ela levasse essa luta a sério.

 Apenas depois de alguns minutos, por descuido de Evergreen, Erza atingiu a perna de Eva, que caiu no chão sem nenhum cuidado, com Erza apontando a espada em sua garganta.

 - Você perdeu desta vez, Eva. – Erza disse séria.

 - Não me surpreende que tenha ganhado, Titânia. – A loira disse sendo ajudada pela ruiva a se levantar depois.

 - Isso aí, Erza! Você é um monstro com a espada! – Natsu gritava animadamente para a amiga, recebendo olhares confusos de Juvia, Lucy e Loke.

 As duas foram se sentar nos bancos onde todos estavam juntos e ficaram ao lado de Lucy e Juvia.

 - Bem... Quem são os próximos? – Gray perguntou um tento quanto desanimado por não poder participar da luta também.

 -Eu! – O príncipe Dragneel disse animado, e já pegando uma das suas espadas favoritas no arsenal da Sala. – Quem irá lutar comigo, hum? Bickslow ou Freed?

 Lucy percebeu que ele ficava bem animado quando via lutas desse tipo, e mais animado ainda quando participava de uma. Percebeu um sorriso de criança no rosto dele e riu por conta disso. Nunca vira nada igual.

 - Acho que... Eu gostaria de participar dessa partida também, se não se importa, Alteza. – A voz polida e educada de Loke ecoou pelo salão antes mesmo de outro alguém se pronunciar.

 Natsu o encarou cético, definitivamente não gostava da aura que aquele rapaz tinha. Mas depois, deu um sorriso maldoso.

 - Claro. Eu não escolheria ninguém melhor.

 Lucy engoliu em seco. Sentia que aquela briga não acabaria de um jeito bom. Loke olhou para Lucy antes de pegar uma espada, e sorriu para ela.

 - Não se machuquem... – Ela sussurrou preocupada, porém falou isso alto o suficiente para Juvia, que estava ao seu lado, ouvir.

 - Para quem está torcendo, Lucy? – Evergreen perguntou maliciosa para a loira, que ficou vermelhinha. – Eu vi como o loirinho bonitão te olha, e também vi que Natsu se preocupa muito com você... Qual dos dois quer que ganhe?

 - C-Contanto que nenhum deles fique machucado, por mim está tudo bem. – Ela disse baixinho, com certa preocupação. Juvia a encarou um pouco preocupada. A azulada duvidava muito que nenhum deles sairia ileso, pelo menos não baseado nos olhares que um lançava para o outro.

 Os dois se posicionaram um em frente ao outro, quando Laxus contava.

 - Três... Dois... Um... – Os dois se encararam com uma seriedade incomum. – Que comece a luta!

 E depois disso Lucy ouviu o choque de lâminas e os gritos eufóricos dos homens ali presentes, e de Evergreen.

 Loki e Natsu começaram a lutar. Por um breve momento, o rosado viu a face de preocupação da loira na luta. Não sabia com quem ela estava preocupada, mas não gostava de ver ela daquele jeito.

 Porém Loke não dava nenhuma brecha. Ele era forte, e queria mostrar tudo o que tinha para Natsu, que tentava ao máximo não machucar o “amiguinho” de Lucy com um golpe só. Tentando se desviar de uma rajada de golpes simultâneos do loiro, Natsu se afastou um pouco mais de Loke para colocar sua cabeça no lugar e analisa-lo. Como poderia derrota-lo?

 Estava com seus pensamentos a mil, tanto que só foi perceber a aproximação de Loke quando ele começou a falar com ele.

 - O que foi, Alteza? – Natsu sentiu sarcasmo em sua voz. – Já se cansou? Não sabia que seria tão fácil...

 Natsu riu desdenhosamente e o encarou. Havia faíscas em seus olhares.

 - Como se eu fosse me cansar com alguém como você.

 E dizendo isso correu para atacar o rapaz, que, desprevenido com a agilidade do rosado, deu um passo em falso e caiu no chão, bloqueando a lâmina de Natsu com a sua espada perto de seu peito. Loke olhou assustado para Natsu.

 - Você tentou me matar?!

 - Acredite. Se eu quisesse mesmo te matar, você teria percebido isso antes mesmo da luta começar. – Natsu falou mais sério que o normal e se distanciou do rapaz, dando espaço para ele se levantar. – Agora... Será que podemos lutar seriamente e parar de graça?

 Os dois colocaram suas espadas em frente de seus corpos, se preparando. Nesse momento, não havia mais gritos de encorajamento e o silêncio predominava naquele local. Todos prestando muita atenção na luta dos dois. Gray e Erza sentiam uma tensão estranha no ar, coisa que apenas sentiam momentos antes de uma batalha. Laxus e a Raijinshuu também sentiam essa estranha sensação.

 Lucy não piscava em nenhum momento, apenas queria que aquilo acabasse logo. Não queria que os dois lutassem, não queria que nenhum dos dois perdesse. Ela olhou para Natsu, e ele estava sério e encarava Loke como se fosse uma presa. Loke, por outro lado, olhava Natsu com fúria no olhar e não media esforços para tentar sequer esconder aquilo. A loira nunca pensou que esses dois não davam certo.

 Era por isso que Natsu estava estranho? Era por causa de Loke? Ou pelo fato de ela estar com ele?

 Os dois voltaram a se atacar, porém desta vez quem falseou no passo fora Natsu, o que o obrigou a desviar da espada de Loke, porém não rápido o suficiente.

 - Argh! – Ele grunhiu quando sentiu um arranhão em seu ombro, e depois o sangue escorrendo.

 - Natsu! – Lucy gritou preocupada e se levantou para ir até ele, porém Gray a segurou. – Preciso ir pra lá! – Ela disse para o rapaz, que segurava seu pulso com firmeza.

 - Vai por mim, Lucy. Você não vai querer parar essa luta. – O moreno falou e ela teve que se sentar novamente, obrigada por ele. Estava nervosa com tudo aquilo, principalmente ao ver que Natsu estava machucado.

 O rosado colocou a mão em seu ombro, e sentiu seu sangue escorrendo. Não parecia ser muito grande, nem nada do tipo, porém profundo o suficiente para um filete de sangue manchar sua camisa.

 Natsu voltou a encarar Loke, e desta vez estava com raiva.

 - Você é um homem morto. – Natsu sibilou e Loke sorriu. – Agora sabe que eu quero te matar.

 - Pelo menos terei Lucy para cuidar de mim quando partir. – Ele respondeu, e essa foi a gota d’água para Natsu perder o controle que tinha para não arrebentá-lo ali mesmo.

 Levou sua espada no pescoço do rapaz, que se desviou e bloqueou a lâmina. Com Loke ocupado em olhar para as espadas acima, Natsu chutou seu joelho com força, o que o fez cair. Loke se desviou mais uma vez do ataque do rosado e se levantou rapidamente. Tentou atacar Natsu, porém com a espada ele bloqueou o ataque rapidamente, e como os dois corpos estavam próximos, socou a barriga de Loke com a outra mão.

 - Ah! – O loiro grunhiu, ao mesmo tempo em que Natsu ameaça cortar seu pescoço com a espada, porém, os deuses para que Lucy estava rezando naquele momento deviam ter atendido as preces da loira e acalmaram Natsu um pouco, não deixando que ele fizesse nada de errado.

 - Você perdeu, Loke. – O príncipe disse com a espada relando na pele do loiro, que respirava ofegante. – Não me ameace da próxima vez. Não irei te poupar novamente. – Ele disse sério e virou as costas, disposto a voltar para onde todos estavam.

 Juvia se levantou, disposta a ir até onde Loke estava, o que fez Gray encara-la com curiosidade, porém ficou ali. Natsu caminhou até onde a loira estava e se sentou ao seu lado.

 - Natsu! – Lucy chamou seu nome. – Você se machucou... – Ela disse olhando o ombro esquerdo do rapaz. – Precisa ir até a enfermaria... – Ela ia continuar conversando com ele, porém percebeu que ele estava mais sério que o normal. – Natsu?

 - Eu... – Ele começou a falar, mas parecia não encontrar palavras para formar uma frase para Lucy. – Estou bem... É só que... – Ele suspirou fortemente. Lucy aproveitou que todos se dispersaram para ver como Loke estava, e tocou levemente nas mãos de Natsu. Estavam extremamente quentes.

 Seu semblante se suavizou um pouco, porém ele não a encarou de volta, olhando fixamente para sua espada caída no chão.

 - A luta já acabou. – Ela disse com suavidade na voz.

 - Eu sei... Mas... Esquece. – Ele suspirou pesadamente.

 Se levantou e beijou a mão de Lucy antes de sair.

 - Obrigado. – Ele sussurrou para ela. – Te vejo amanhã no casamento. Esteja mais bonita do que já é. Quero que todos vejam você.

 E falando isso, saiu da Sala de Treinamento rapidamente. Lucy ficara tão vermelha quanto os cabelos de Erza, mas por sorte da loira ninguém percebera isso. Seu coração parecia que ia saltar para fora do peito.

 “Por que está fazendo isso comigo, Dragneel?”— Ela se perguntou respirando fundo e tentando se acalmar.

 Olhou para frente, e vira que Loke ainda estava no chão. Juvia estava de pé perto dele, o olhando friamente.

 - O que foi? – Loke perguntou arisco para Juvia, que apenas cruzou seus finos braços e suspirou pesadamente. – Está com pena de mim porque perdi para ele?

 - Pare de brincadeira. – Ela respondeu fria. – Só vim ver se não está machucado. Bem, pelo que vi, apenas seu ego está ferido, nada mais, ainda bem. Agora levante.

 Loke suspirou e rolou seus olhos. Depois disso se levantou e Juvia constatou que ele não havia nada, nem ao menos um pé torcido, nem um arranhão. O loiro caminhou até onde Lucy estava, e se sentou ao seu lado, o lado oposto do lugar onde Natsu estava sentado segundos atrás.

 - Acho melhor eu ir atrás de Natsu... – Gray falou sozinho, porém estava perto o suficiente para Lucy poder ouvir.

 Dizendo isso, caminhou até a porta com rapidez e sumiu ali. Logo depois Erza e Juvia saíram também.

 - Acho que nosso torneio acabou... – Laxus disse tristemente. – Queria tanto ganhar uma arma nova... – Dizendo isso, saiu resmungando com Freed, Evergreen e Bickslow rumo á Magnolia, a fim de ir para Fairy Tail se livrar de suas mágoas.

 Ficara apenas Lucy e Loke ali.

 - Não está machucado, certo? – Lucy perguntou preocupada com o amigo. Afinal, conhecia Loke há tempos, e se preocupava com o bem estar dele.

 - Não. Estou bem. – Ele respondeu ainda um pouco ofegante. – Essa luta foi um pouco longe demais.

 - Com certeza. – Ela disse se levantando. – Loke, agora que sei que já está tudo bem com você, preciso ir até meu quarto. Aquarius me espera. Ela acabou de chegar de viagem, e odeia que eu me atrase.

 - Claro. Vá, não se atrase Lucy. – Ele disse fingindo um sorriso. Porém, quando a moça estava na porta da sala, ele a chamou de volta.

 - Sim? – Ela perguntou se virando para ele.

 - Lucy, tenho uma pergunta para te fazer. – Ele já havia se levantado, e estava parado de frente para ela. – Se, por acaso, essa luta que eu e o príncipe Natsu tivemos fosse pra valer mesmo, e se um de nós tivesse que morrer lutando, para que você torceria que vivesse?

 Lucy se assustou com a pergunta. Era muito repentino. Ela ficou encarando o loiro estupefata. Essa ideia nunca passara pela sua mente. Tentou imaginar a situação, tentou ver os dois muito feridos, e ela podendo escolher apenas um. Depois de muito pensar, chegou á sua conclusão.

 - Você, Loke. É meu melhor amigo. – Ela disse sorrindo, e saiu da sala de treinamento em seguida, respirando fundo. Não gostava de mentir, mas não falaria nada que não fosse isso para ele. Afinal, como havia dito, era seu melhor amigo, e não queria vê-lo triste. Loke sorriu tristemente.

 Ele sabia da resposta. Sabia que o coração de Lucy já estava cheio de um amor que não nem de longe para ele.