Kings And Queens escrita por Nina Black


Capítulo 37
Chapter 35 - Os Mistérios Aumentam


Notas iniciais do capítulo

Olá!!!
Muito obrigada pelos comentários anteriores, mas eu ainda não tive tempo suficiente para respondê-los com a devida atenção. Vou ficar uns tempos fora, apenas o carnaval, e depois respondo todos. Mas fiz questão de postar esse agora :)
Agora, boa leitura!!



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 - Como se sente, Lady Juvia?

 - Está apertado. – A azulada disse sem ar para o alfaiate, que afrouxava um pouco seu vestido depois do comentário da jovem. Estava ela, em cima de um pequeno palanque, diante de um lustroso e alto espelho em um dos salões do palácio, experimentando seu vestido de noiva com a ajuda de quatro criadas e mais o alfaiate real.

 Perto da porta, Lisanna estava olhando como a roupa estava na jovem. Juvia olhava de vez em quando para a moça que apenas acenava positivamente com a cabeça, animada por ter mais uma festa no palácio daqui a alguns dias.

 Lockser ficou até um pouco assustada com a rapidez que Igneel providenciou tudo, como se estivesse apenas esperando o consentimento dos dois para arrumar as coisas, e com tanta avidez, mesmo com o duro trabalho que tinha.

 Juvia e Gray foram avisados de manhã, quando iam para o café, que depois iriam experimentar suas roupas de casamento, e encarregaram Ultear e Mirajane de toda a parte de decoração, já que acreditavam no bom gosto e refinamento das duas.

 A moça se olhava no espelho, estranhando o vestido comprido e brilhante em si. Parecia que sua pele ficava ainda mais pálida que o normal, ou apenas seria o nervosismo. Não sabia se o vestido estava bom o suficiente. Poderia ser um casamento arranjado e ás pressas, mas queria que tudo saísse, no mínimo, lindo, e isso incluía seu vestido, que faria questão de guarda-lo depois.

 Depois de vários ajustes, o alfaiate disse que tudo estava terminado e que daqui há dois dias o vestido estaria pronto, tempo suficiente até arrumarem tudo. As criadas ajudaram Juvia a se despir, e trouxeram outra vestimenta para a jovem. Era um lindo vestido verde de cetim, todo rodado, com detalhes em renda na barra, e um pouco decotado na frente.

 Depois de se vestir, Juvia foi diretamente para um dos salões do castelo, onde pessoas iam e vinham com vários panos, taças, pratos de porcelana e cristais nas mãos.

 Ultear e Mirajane estavam no centro. A morena estava gritando com alguém para ter mais cuidado com as coisas e não quebrar nada, enquanto a albina conversava toda sorridente com um criado que lhe mostrava dois tipos de tecidos diferentes.

 - Mirajane, Ultear. – Juvia as chamara assim que se aproximou.

 - Juvia! – As duas exclamaram.

 - O vestido, deu certo? Experimentou-o? – Mirajane perguntou animada.

 - Sim. – Ela disse em um suspiro. Não conseguia ter nem um terço da animação da jovem. Estava ansiosa para que tudo ocorra muito bem. – E as decorações?

 - Ultear ficou por conta da decoração do lado de fora. Eu, do salão. – Mira disse. – Juvia, o que acha das toalhas de mesa, de que cores devem ser?

 A azulada olhou para os tecidos que o criado a estendia, um era de um tom de azul bem claro, e o outro, era bem escuro, quase preto.

 - Gostei mais do azul claro. – Ela disse sorrindo. Olhou para o lado e percebeu que Ultear a encarava com seriedade. – Aconteceu alguma coisa? – Ela perguntou cordial para a morena, que pareceu que saiu de algum transe e negou com a cabeça.

 - Não, Juvia. Apenas eu e meus pensamentos. – Ela disse sorrindo e saindo de perto das duas. – Irei checar as flores lá fora.

 Juvia ficou a encarando enquanto saía de cena, no meio de tantas pessoas. O que estaria pensando? Mirajane Strauss percebeu a dúvida da moça.

 - Não se preocupe, Juvia. Ultear sempre foi assim. Nunca sabemos realmente o que ela irá fazer ou falar. Imprevisível. – Ela disse colocando uma mão no ombro da amiga. – Mas ela é uma boa pessoa.

 Decidiu rapidamente esquecer isso. Os pensamentos de Ultear não eram importantes para ela.

 - Eu vou checar mais algumas coisas, depois volto para lhes ajudar. – Juvia disse saindo de perto da albina com um sorriso de agradecimento. Estava gostando de fazer amizades por ali, lhe fazia se sentir acolhida, pelo menos um pouco.

 Assim que chegou a seu quarto, viu que alguém a esperava escorado na porta, com um semblante de tédio, porém ela não podia negar que ele tinha certa beleza por trás de toda essa grosseria que ela não sabia de onde vinha.

 Ah, sim. Ela podia apostar de olhos fechados que Gray Fullbuster era lindo.

 - Gray? – Ela o chamou assim que se aproximou da porta. O rapaz se endireitou e ela percebeu que ele estava muito melhor, ou pelo menos aparentava. Ele percebeu isso nela e olhou para onde o machucado estava, em sua barriga.

 - Você é boa como enfermeira, sabia? – Ele disse esboçando um sorriso seco. – Já estou muito melhor.

 - Fico feliz. – Ela disse com certa frieza, mas não que fosse culpa sua, simplesmente saiu. Não iria perguntar da prova de roupa, estava com vergonha o suficiente para perguntar isso, e Gray estava pensando o mesmo. – O que posso te ajudar?

 - Você me disse que queria vir comigo quando eu fosse visitar a Jenny e perguntar o que realmente aconteceu, não? Estou indo para lá agora. – Ele disse já no meio do corredor. Juvia se lembrou do que disse para ele e concordou com a cabeça.

 - Sim. Encontrarei você nos estábulos. Apenas vou colocar um casaco. – Ela disse entrando rapidamente em seu quarto assim que Gray virou as costas.

 Quando ela disse que iria apenas pegar um casaco, ela mentiu descaradamente. Além de pegar uma capa de couro marrom claro, ainda deu uma ajeitada em seus cabelos, e trocou seu sapato fino de salto alto, por uma bota mais confortável. Olhou para si no espelho e viu que estava bonita sem tanta maquiagem, e deixou por assim mesmo.

 Saiu rapidamente de seu quarto, e no caminho trombou com várias pessoas, incluindo Lucy Heartfilia.

 - Juvia! – A loira a chamou.

 - Ah, olá, Lucy.

 - Eu estava voltando da enfermaria, fui ver meu pai, ele já está bem melhor. – Ela olhou mais atentamente para a Lady. – Vai para algum lugar? Sem querer me intrometer, nem nada do tipo...

 - Sim... – Ela disse suspirando. – Vou resolver alguns problemas pendentes... Eu e Gray voltaremos antes do almoço. – E dizendo isso se pôs a andar rapidamente novamente, apenas ouvindo o comentário confuso de Lucy.

 - Gray? O Gray que conhecemos?

 Chegando aos estábulos, ela viu Gray conversando com um dos tratadores, enquanto acariciava um cavalo marrom perto de si. Pigarreou um pouco para indicar que havia chegado.

 - Ah, está pronta. – Ele disse pegando a rédea desse mesmo cavalo marrom e entregando para a moça. Gray usava calças de couro pretas, botas cinza escuras e uma camisa de linho por baixo de um casaco grosso roxo escuro. – Vamos.

 Ele se aproximou de seu cavalo, e em seguida um guarda veio ajuda-lo a subir, já que ele ainda não conseguia fazer esforços grandes.

 - Gray... – Juvia o chamou, já em cima de seu cavalo. – Tem certeza que consegue cavalgar?

 O rapaz nem sequer olhou para ela, mas concordou com a cabeça.

 - Tenho, não se preocupe. Vamos. – Ele disse colocando seu cavalo para trotar e logo Juvia e o outro guarda se puseram atrás dele.

 Andando por Magnolia, Juvia percebeu que ela já havia sido reconstruída por completo. Havia ainda algumas ruas onde entulhos estavam empilhados, mas nada que incomodasse extremamente a população. Ficou feliz por Igneel ser tão atencioso com seu povo.

 Em um trote rápido, eles atravessaram a cidade rapidamente, desviando de pessoas e carruagens que atrapalhavam sua passagem. Juvia ficou muito agradecida por saber montar, e muito bem, já que tinha a sensação de que Gray não estava se importando em deixa-la mais para trás ou não. Ou estava e não queria admitir? Bem, seja o que for ele não trocou uma palavra com ninguém até chegar a uma rua sem saída, onde o céu era coberto por vários prédios malfeitos de madeira, deixando a rua escura.

 Mulheres ficavam paradas nas janelas, debruçadas. Umas esperando pelo amor da sua vida, outras... Apenas o seu amor daquela noite. A azulada percebeu que lá não havia muito pudor entre os vizinhos, já que se olhasse mais atentamente em uma das cortinas improvisadas de um tecido fino, veria um casal transando “casualmente” em seu quarto.

 Ela percebeu que Gray diminuiu o passo de sua montaria e ficou ao seu lado, enquanto o guarda ficara mais atrás.

 - Não saia de perto de mim. – Ele disse atencioso. – Esse lugar não é brincadeira. – Ele disse encarando alguns homens velhos encostados em um monte de feno ali por perto, e Juvia percebeu que olhavam para ela como lobos famintos olham para sua presa. Isso a arrepiou.

 - Certo. – Ela sussurrou tocando seu cavalo.

 Desceram perto de um bar velho e sujo, e pararam seus cavalos ali.

 - Fique aqui de guarda. Iremos entrar em uma das casas da rua debaixo. – Gray disse para o guarda, que concordou de prontidão e montou guarda ali mesmo. – Se alguém ameaça-lo, não hesite em revidar.

 E dizendo isso, olhou para Juvia e com um aceno discreto de cabeça pediu para que o seguisse. E assim foi feito.

 Era definitivamente um bairro muito pobre, onde as mulheres mal tinham água para tomar banho nem lavar suas roupas, crianças corriam seminuas ou até mesmo sem nenhuma roupa pelas ruas, brincando umas com as outras. Se olhasse por entre os becos, poderia ver bêbados encostados nas paredes, chorando sem cessar, e conseguia até mesmo ouvir gemidos de prazer de um casal qualquer em algum lugar escuro na rua, ou quando passava em frente a uma janela de algum prédio. Meninos já maiores vestiam roupas molambentas e ficavam a espreita nas esquinas, em busca de alguma senhora ou jovem que andasse desprevenida com sua bolsa aberta na hora.

 - Gray, que lugar é esse? – A moça perguntou baixinho para o moreno, que andava um passo a sua frente.

 - É onde Jenny mora. – Ele disse olhando desconfiado para os lados. – Venha aqui.

 Nisso ela sentiu um puxão em seu braço e deu um gritinho de susto. Gray a havia puxado para um beco escuro de lá.

 - O nome Realight te soa familiar? – Ele perguntou baixinho, quase sussurrando no ouvido da moça.

 - Um pouco. Talvez tenha ouvido de meus pais ou alguma coisa assim, por que? – Ela perguntou perto do ouvido dele. Os dois estavam bem pertos um do outro, assim tudo o que os dois estavam falando ali iria ficar ali.

 - Ela é dessa família, só que foi expulsa.

 - Por que?

 - Ela é uma bastarda. – Ele disse mais baixo que o normal. Juvia se virou e o encarou. Gray nunca pensava que poderia se sentir intimidado com aquele par de olhos azuis. Era como se Juvia estivesse tentando lê-lo, para ver se estava falando realmente a verdade e se não escondia nada.

 - Isso é muito sério, Gray. – Ela disse baixinho. – Então ela mora aqui?

 - Sim. Ela não pega o dinheiro do pai de jeito nenhum. – Ele falou limpando a garganta. – Ela trabalha em um bar, chamado Blue Pegasus. É pacífico de dia, e é muito bom de frequentar, porém á noite ele vira um ponto de encontro de jovens, senhores e senhoras.

 - Então a conheceu nesse lugar? – Ela perguntou olhando para ele. Gray engoliu em seco.

 - Sim. Desde muito tempo somos amigos... Bem antes mesmo de ela começar a trabalhar lá e bem... Começar com essa vida. Mirajane a conhece também.

 - Entendi. – Juvia disse se afastando um pouco dele, com um pouco de vergonha de estar perto de Gray dessa forma. Nesse exato momento, os mesmo homens que estavam encarando Juvia quando chegaram passaram na frente do mesmo beco em que estavam, e viram que a azulada estava lá.

 Os dois pararam e encararam a jovem, cutucando um ao outro. Gray percebeu a aproximação dos dois. Eles eram grandes, porém facilmente ele e Juvia, mesmo ainda não sabendo a quantidade de força e resistência da moça, derrotariam os dois. Mas ele não queria causar um tumulto, aliás, o que mais tinha ali eram pessoas que queriam uma boa confusão. Ele tinha que pensar rápido.

 “Se pensar que estamos fazendo alguma coisa, não irão atrapalhar.”— Ele pensou e em um único movimento puxou Juvia para si. Depois pensaria nas consequências.

 - Gray! – Ela se assustou e o bloqueou com sua mão em seu peito. – O que está fazendo?

 - Olhe para o lado. – Ele disse em sussurros se aproximando do pescoço da jovem. Ela se virou e viu os homens, os olhando curiosos. Rapidamente viu a ideia de Gray. Mesmo cheia de vergonha e intimidada com os toques nada sutis do rapaz em suas costas, a apetando contra ele, ela deixou que ele continuasse. Teria de controlar sua respiração, ou senão daria muito na cara que estava assustada.

 Esqueceu esse pensamento e praguejou todas as maldições possíveis contra a família Fullbuster quando sentiu os lábios de Gray tocar sua pele com suavidade, em sua mandíbula e parte de seu pescoço. Deixou escapar um suspiro pesado, e depois disso fechou os olhos e mordeu os lábios. Por que ele estava fazendo isso com ela? Era apenas para encenar!

 Gray a acomodara em seus braços, com uma das mãos um pouco para baixo de suas costas, tocando sua cintura com certa firmeza. Em um movimento rápido, Gray olhou rapidamente para o fim do beco e viu que os homens já não estavam mais lá.

 “Ótimo.” – Ele pensou e começou a afrouxar seus braços da jovem, até que viu que Juvia estava mais tensa que o normal. Ela estava respirando? – “Mas o que?” – Ele pensou ao ver que seu peito não estava se mexendo. Rapidamente se afastou e viu que ela estava com os olhos fechados fortemente, e que seu lábio inferior estava vermelho.

 Deu um sorriso travesso. Nunca pensou que a veria daquela forma. Ela sempre pareceu ser tão fria e indiferente, e agora estava até corada. Olhou para a boca da jovem, que estava totalmente fechada, prendendo sua respiração, e por um momento, pensou como seria beija-la.

 Mudou de ideia quando a viu abrir os olhos, e ver um olhar muito nervoso no rosto da jovem.

 - Que ideia foi essa?! Era só pra encenar, não? – Ela disse se distanciando do rapaz muito mais vermelha que o normal. – Não precisava... Fazer tudo isso. – Ela disse ficando sem graça. Vendo a face sem expressão de Gray diante daquilo tudo, bufou. – Vamos continuar indo até a Jenny... E sem mais delongas dessa vez.

 Falando isso, saiu em passos pesados até a rua onde estava. Gray respirou fundo e foi atrás dela. Juvia era difícil... Se ela já não estivesse prometida á ele para todo sempre, até que ele gostaria de ter uma noite com ela. Mas não poderia fazer isso, e ela também negaria, provavelmente. Sentia que Juvia era diferente do que ele pensava que era.

 Tentou mudar seus pensamentos e focar em sua missão.

 Foi atrás de Juvia e, sem falar nada, começou a andar do seu lado como estava antes, tomando um pouco a frente para guia-la pela multidão.

 Parou de frente para uma casa velha, de dois andares.

 - Ela mora aqui, eu acho. – Ele disse batendo na porta da casa.

 Depois de alguns segundos, uma mulher jovem apareceu na porta.

 - Posso ajuda-lo?- Ela perguntou séria para eles. Se encostou no portal de sua casa, e parecia estar mastigando alguma coisa. Usava um bonito e simples vestido, porém muito decotado, bem mais decotado que o que a azulada estava usando, que no momento estava escondido pelo casaco.

 - Sim. – Ela percebeu que Gray parecia impaciente quando chegou ali. – Queremos falar com Jenny Realight. Ela mora aqui, não mora?

 A mulher os encarou por uns bons dez segundos, depois negou com a cabeça e suspirou pesadamente.

 - Acho que vocês precisam entrar. Pelo visto não sabem do que aconteceu. – Ela disse dando espaço para os dois entrarem, lançando um longo olhar para Gray assim que o moreno passou.

 Ela tomou a frente e os guiou para onde seria a sala de sua casa. O local era muito pequeno e tinha um cheiro estranho. Sentaram-se no sofá enquanto a moça desapareceu em uma porta, e pouco tempo depois apareceu com uma bandeja improvisada com um pedaço de madeira com três taças de metal em cima. Ofereceu para os dois e cada um pegou uma, e ela pegou a outra em seguida e se sentou em uma cadeira na frente dos dois.

 O lugar era mal iluminado e cheio de bugigangas, como quadros, esculturas que Juvia não soube o que era direito. Olhou mais atentamente para a moça á frente. Seu corpo era escultural e muito bem modelado e bem bronzeado, dando certo brilho nela. Seus cabelos eram brancos e longos, e bem na parte de cima da cabeça ele era mais curto, com a moça deixando um topete na frente. Juvia achou isso diferente do que já tinha visto, mas pelo olhar frio da moça para ela, decidiu ficar quieta.

 Juvia olhou para o líquido, e ele era escuro e tinha um cheiro muito forte de álcool. Decidiu apenas bebericar um pouco, já que tinha um estômago muito fraco para bebidas alcoólicas. Olhou de esguelha para Gray e seu copo já estava na metade.

 - O que aconteceu com Jenny? – Juvia perguntou. A moça suspirou.

 - Uma semana antes de o ataque acontecer – Ela estava se referindo ao exército do Ocidente invadindo Magnolia dias atrás. – Um homem veio procurar Jenny. Como ela morava na casa dos fundos, eu que recebi o homem e depois ele foi para a casa dela. Conversamos um pouco antes de ela aparecer. Ele disse que queria tratar sobre assuntos particulares com ela. De inicio achei que fosse um cliente desesperado por sua atenção, já que ela apenas os encontra na Blue Pegasus, mas ele não parecia ser daqui, percebi pelo sotaque dele.

 - E então? – Gray perguntou.

 - Jenny o recebeu com pouca animação. Deu pra perceber que ela não conhecia ele muito bem. Depois de umas duas horas ele foi embora sozinho. Admito que fiquei curiosa sobre quem era o homem, e fui atrás dela. Ela estava assustada e bem mais pálida que o normal, mas me disse que ele não era ninguém importante. Dois dias depois esse homem apareceu de novo e levou Jenny com ele. Os dois montaram em seu cavalo e foram embora, sabe-se lá pra onde.

 - E depois? – Juvia perguntou.

 - Depois? – Ela arqueou a sobrancelha e riu sarcasticamente. – Esse foi o último dia que eu a vi.

 - O que? – Juvia se perguntou. – Ela não voltou mais?

 - Nem para pegar suas roupas. – Ela disse simplesmente. – Quando ela foi embora, apenas levou um casaco rosa velho que ela tinha, mais nada.

 Juvia olhou para Gray. Ele parecia absorto em pensamentos e já havia deixado sua taça de lado.

 - Como era o homem? – A azulada perguntou.

 - Não consegui ver muita coisa. Ele estava com um capuz, que, assim como toda a roupa que estava usando era preto. Não vi muita coisa, e também não me parecia que tinha alguma coisa de especial, nenhuma cicatriz, nenhuma marca, nem nada.

 - Entendo... – Juvia disse suspirando em desânimo. – Gray?

 - O quê? – Ele respondeu seco para ela. Parecia estar querendo se controlar para não socar alguma coisa. Ela ignorou isso e apenas disse á ele.

 - Vamos embora.

 Logo depois se levantaram e saíram da casa o mais rápido possível.

 - Ei, bonitão. – A moça disse escorada na porta, enquanto os dois já estavam na rua. Juvia mais para frente, e Gray ficou para trás. – Se quiser uma noite dessas me encontrar, me procure pelo nome de Briar... Faço um preço ótimo para você. – Ela disse sorrindo para ele. Gray pareceu não se importar muito, apenas concordou lentamente com a cabeça e foi embora, mas Juvia ouviu tudo.

 Estava desapontada. Agora Jenny havia sumido e ela não fazia ideia de quem era o homem, nem para onde ela foi, nem se está viva ainda. O litoral estava desprotegido até agora. Nunca teve tanta vontade de sair correndo sem rumo quanto agora.

 Gray também estava com raiva, afinal, sentira que a culpa foi dele. Mas agora tinha certeza de alguma coisa: Jenny foi persuadida. Ela não contaria nada para ninguém, e aquele homem deve ter a ameaçado. Ele tinha certeza disso. Apenas estava com raiva de que ela fosse pagar esse preço. Não queria envolvê-la nisso de jeito nenhum, e agora estava desaparecida. Ficou preocupado com Juvia também. Se ele estava perdido, ele não conseguia nem imaginar o quanto ela estava no meio disso tudo.

 Rapidamente os dois chegaram até os cavalos e no guarda que os esperava, e ali montaram e foram para o castelo, em completo silêncio. Dessa vez, Gray havia estranhado Juvia. Ela ia na frente dos dois, não olhando para trás nem para os lados.

 Rapidamente chegaram até o castelo Dragneel, onde a azulada desceu de sua montaria em um único movimento e foi para seu quarto. Gray, com certa dificuldade e com a ajuda de um dos guardas, conseguiu descer sem sentir muita dor, e seguiu o mesmo caminho de Juvia, procurando segui-la.

 Foi encontra-la andando rapidamente pelos corredores dos quartos, com suas botas fazendo o mínimo de barulho possível.

 - Juvia! – Ele a chamou, já cansado e com dor por ter corrido atrás dela. Ela se virou rapidamente e ele parou. Viu que estava perto de seu quarto, e acenou para que ela entrasse nele assim que o alcançasse.

 Havia se mudado naquele mesmo dia. Finalmente tinha deixado o quarto de Natsu, seu amigo, e tinha sua privacidade de volta. Porém ele ainda precisava dos cuidados de Juvia, e usaria isso como desculpa para conversar com a azulada sobre o que iriam fazer agora. E também iria aproveitar para trocar o curativo, já que estava coçando demais.

 Ele se sentou em sua cama e tirou o casaco e depois sua camisa. Assim que Juvia chegou, ele já estava em parte desnudo, e a esperando. Ela olhou confusa para ele.

 - Meu curativo está coçando, troque-o, por favor. – Ele disse carrancudo. Juvia percebeu que ele estava se esforçando para tentar se dar bem com ela, e concordou em fazer isso. Foi ao banheiro do quarto, e pegou um curativo novo e uma toalha branca.

 Voltou ao quarto e colocou-os em cima da cama, perto do moreno. Aprumou-se e tirou seu casaco.

 Porém se arrependeu um pouco assim que viu o olhar de Gray para seu decote. Realmente não mostrou muita coisa desde que chegou ao castelo, e realmente não gostava de vestido muito extravagantes. Apenas aquele dia, por coincidência, decidiu usar aquela peça.

 Se sentou ao seu lado e tentou retirar o curativo da forma mais delicada que podia. Ele fez uma careta, mas não reclamou.

 - Juvia... – Ele a chamou. – Sei que está chateada... Não esperava que Jenny pudesse ter sumido. Mas eu sei que ela não falou aquilo por livre nem espontânea vontade.

 Ela apenas o encarou por alguns poucos segundos, e depois voltou sua atenção para o curativo na barriga definida do rapaz. Gray se sentiu incomodado com isso.

 - Ei. – Ele a chamou. – Não fique desse jeito. – Ele disse se aproximando do rosto da jovem. Juvia sentira que seu corpo virara pedra. Travou assim que percebeu o rosto do Fullbuster perto de si. – Vamos nos casar, não vamos? Vamos proteger o Litoral, certo? – Ele perguntou decidido para ela, e a azulada apenas o encarou, os dois estavam á centímetros de distância.

 - Sim. – Ela respondeu e terminou o curativo rapidamente. – Mirajane deve estar precisando de ajuda. – Juvia disse se despedindo do rapaz e saindo rapidamente do quarto, pegando seu casaco antes de ir embora.

 Depois que ouviu a porta se fechando, ele jogou seu corpo com violência na cama.

 - Tudo poderia ser bem mais fácil... – Ele resmungou. – O que aconteceu com você, Jenny? – Ele se perguntou, não fazendo ideia do que iria acontecer em seguida. Afinal, ninguém fazia nenhuma ideia do que estava prestes a acontecer.

~~~~~~~~~~

 Natsu, como príncipe herdeiro, e também por fazer parte dele, sempre tentou ser o mais amável e amigável com todos que já pisaram naquele castelo. Sempre gostou de agradar as pessoas e fazê-las rirem. E isso aconteceu com Lucy de uma forma espontânea que nem ele mesmo imaginou que as coisas chegariam nesse ponto.

 E quanto digo nesse ponto, era quando ele caçando, ou andando nas ruas, tomando banho, até mesmo antes de dormir, se pegava pensando nos cabelos loiros da moça, ou como sua cara ficava engraçada quando estava nervosa.

 Ah, sim. Ele sempre tentou ser o mais amável. Ele não podia dizer que não tentou ser educado com Loke, o mais novo “amigo” de Lucy que, segundo o rosado, surgiu do meio do nada.

 Na noite anterior ele aparecera ali, dizendo que tinha uma carta de um comerciante famoso pedindo ao rei que ele passasse alguns dias ali, já que Loke tinha alguns trabalhos a realizar na capital. E como a correspondência estava assinada e com o selo, Igneel não pôde negar de ceder um dos imensos quartos do castelo para ele.

 Até aquele momento Natsu achou que fosse alguma coisa de sua cabeça, mas ele achava que Loke iria lhe atrapalhar, de alguma forma. Apenas trocou algumas poucas palavras como ele depois de Lucy tê-lo cumprimentado de uma maneira que ele achou “afetiva demais”. Porém teve certeza disso quando hoje, durante o café da manhã, Lucy o ignorou para ficar perguntando sobre a vida dele. E claro que o príncipe achou isso ultrajante, afinal, ninguém pode negar a presença de um príncipe.

 Depois disso, foi procurar Gray e soube que ele havia saído junto com Juvia.

 “Eles mal trocam uma palavra, e quando eu preciso dele, os dois resolvem sair juntos...”— Ele pensou desapontado enquanto ia para a Sala de Treinamento treinar sozinho. Logo depois Erza apareceu.

 - Natsu? – Ela chamou o rapaz. Parecia estar de bom humor apesar de tudo o que aconteceu. – Não sabia que estava treinando aqui.

 A ruiva rapidamente pegou uma espada e começou a treinar junto com seu amigo de longa data. Natsu estava mais sério e agressivo do que de costume, e isso ela percebeu no primeiro choque entre suas espadas. Ela parou por ali mesmo.

 - O que aconteceu? – Ela perguntou tentando ser o mais afetiva possível. – Por que será que tenho um pressentimento que esse seu mau humor de hoje é devido á chegada de Loke ontem?

 O rosado a encarou de esguelha.

 - Não disse nada. – Ele resmungou.

 - Eu conversei um pouco com ele esta manhã... Ele tem muita história para contar. – Ela começou, tentando irritar o garoto, apenas para tirar suas próprias conclusões. – Parece-me que ele foi á tantos lugares que mal posso contar. Lucy e ele são amigos de infância bem próximos pelo que vi...

 - Se são tão próximos assim, por que não soube da existência desse infeliz até agora? – Ele resmungou de novo, colocando algumas ataduras em suas mãos ao perceber que estavam calejadas.

 - Sabia. – Erza disse sorrindo maliciosamente, depois foi em direção á Natsu e o abraçou pela cintura. Eram amigos desde que se entendia por gente, tinham certo tipo de afeição, mas ela via o rapaz como um irritante irmão mais novo, e ele a via como uma mandona irmã mais velha. – Você está com ciúmes. – Ela sussurrou em seu ouvido. – Está morrendo de ciúmes de Lucy com o novato.

 Dizendo isso, saiu sorridente pela porta. Decidiu que era melhor deixar o príncipe com seus pensamentos, afinal, só apenas Natsu conseguiria entender sua própria cabeça.

 - Ciúmes? Eu? Só em outra encarnação... – Ele sussurrou para si mesmo. – Apenas não fui com a cara dele... Desde quando isso é ciúmes?

 Arrumou suas coisas e saiu da Sala de Treinamento, disposto a tomar um belo banho escaldante e depois ir encontrar com seu pai, apenas para conversar, já que não tiveram muito tempo para fazer tal coisa.

 No caminho, em um dos corredores, encontrou Lucy ali parada, conversando com Loke. A moça o viu chegando, e ficou vermelha de vergonha, mas ameaçou dar um “olá” tímido para ele, que, assim que viu que o rapaz que a acompanhava também o encarava, apenas acenou a cabeça displicentemente e dirigiu-se ao seu quarto.

 Ah, pobre Natsu. Se, talvez, virasse para trás no último segundo, talvez conseguisse ver Lucy olhando curiosa e preocupada para ele, talvez percebesse que o que ela mais queria era estar ali com o príncipe e com suas piadas idiotas que ele costumava contar.

 Mas ele não se virou.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!! Até o próximo!



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