Kings And Queens escrita por Nina Black


Capítulo 39
Chapter 37 - Bem Querer


Notas iniciais do capítulo

Olá! Gente, me desculpem pela demora, sério. Tive vários problemas aqui na minha casa, e tive que resolver eles. Essa semana foi dificil para mim, tanto física, quanto mental, quanto psicologicamente... Tive uma semana de provas nivel hard, em que fiquei até altas horas estudando, e essa semana perdi uma pessoa que era importante para mim... Então ainda estou um pouco impressionada com tudo o que aconteceu.
Não que minhas justificativas valham alguma coisa, mas acho que devo ser franca com vocês, principalmente quando demoro para postar.
Mas agora, aproveitem esse capítulo!



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A Catedral Kardia estava estonteante. Todo decorado nos tons de azul claro e azul marinho, e também havia muito a cor branca e prata. Estava tudo perfeito. Bem... Para os convidados estava.

 Gray estava emburrado. Não queria estar ali de forma alguma. Se houvesse alguma forma de escapar de tudo aquilo ele seria o primeiro a sair correndo. Antes se entrar no salão acompanhado por Ur e Silver, ele se olhou no espelho.

 Estava usando um casaco fino de couro de javali preto, com vários detalhes de peças prateadas nos ombros, por baixo uma camisa de linho branca, as calças de veludo também pretas e botas de material requintado tingida de um vinho, e em seu pescoço havia o seu medalhão de sua Casa. Era a roupa mais chique que alguém lhe obrigara a usar.

Algumas empregadas quiseram que ele cortasse os cabelos, ou os arrumassem, mas ele negou de prontidão.

 - Pronto, Gray? - Ur perguntou para o rapaz, que se desviou de seu reflexo e pôs-se a olhar para a mulher.

 - Acho que... Vamos logo com isso. - Ele respondeu impaciente, já ficando de frente para a grande porta que se abriria, revelando-o para uma multidão de convidados do rei.

 E assim foi feito.

 As portas se abriram, e todos se voltaram para o rapaz. Assim que deu o primeiro passo, viu que os decoradores reais fizeram tudo com muito esmero. Tudo estava muito bem organizado. O altar estava logo a sua frente.

 De início se sentiu incomodado com a quantidade de pessoas o encarando daquela forma, mas logo foi se acostumando. Parou no meio do altar. Em seu lado direito mais próximo estava Natsu com Erza. Ambos sorriram para o rapaz, mas ele não retribuiu, apenas se virou e ficou a encarar os outros convidados.

 Silver apareceu do lado de Ur e beijou a testa de seu filho.

 - Me prometa que irá fazer o certo. - O homem disse abraçando o filho. Ele estava de terno preto e uma gravata cinza de veludo, com os cabelos um pouco desgrenhados como os do filho.

 - Prometo tentar. - Ele disse com tédio na voz.

 - Gray. - Ur o chamou se dirigindo ao rapaz. Usava um longo vestido azul escuro de seda tomara que caia, acompanhado por um echarpe verde. - Sabe que não gosto de casamentos forçados... Mas isso é uma coisa que Juvia precisa... Pelo bem dela e de todos. Apenas... A faça feliz. E faça a coisa certa para todos, certo? - Ela disse sorrindo para o jovem, que engoliu em seco. Fazer uma mulher plenamente feliz era uma coisa difícil para um homem que era especialista em satisfazer desejos femininos por apenas uma noite.

 Assim que os dois saíram de sua vista, Natsu apareceu, cumprimentando-o pela mão, cheios de formalidades por conta do monte de pessoas ali presentes. Tinham que manter uma imagem dos herdeiros poderosos que são.

 - Está morrendo? - O rosado perguntou se divertindo da cara do jovem, que não era das melhores.

 - Só quero que isso acabe logo. - Ele reclamou. Natsu usava um terno vinho escuro, com o emblema da Casa Dragneel bordado na lapela de vermelho, as cores de sua casa. E estava com sua coroa em meio aos fios rebeldes cor de cerejeira.

 - Bem... Vou me colocar ali na porta... Acho que meu pai já deve estar chegando. - Ele disse atravessando o corredor da Igreja discretamente, já que iria entrar novamente com seu pai. Estava ali com Gray apenas porque queria dar apoio ao seu amigo desde o começo da cerimônia, mas assim que viu que o rei estava chegando, se posicionou do lado de fora para entrar junto com seu pai.

 Pouco tempo depois ouviu-se os trompetes, e a porta se abriu novamente de supetão e todos se levantaram.

 - Sua Majestade, o rei Igneel! E Vossa Alteza Real, o príncipe Natsu! - Um dos guardas gritou enquanto o rei, trajando vestes reais de veludo cinza, com sua coroa reluzente e um manto vermelho por cima, onde de costas era possível ver o brasão dos Dragneel bordado em vermelho fogo bem no meio da capa, entrava imponente pela Catedral, atraindo a atenção de todos. E Natsu atrás do mesmo, tentando parecer tão grandioso como seu pai. Ele parou em frente a Gray, e esse foi provavelmente o estalo que ele precisava para perceber onde estava.

 - Gray Fullbuster. - Ele o chamou e o rapaz se aprumou. - O reino agradece, e eu também. - Ele disse sorrindo para o jovem. Era um pouco contra as regras sorrir e brincar com os noivos cujo casamento é um contrato real, mas pra Igneel, Gray era uma exceção, já que vira-o crescer e tinha muito afeto pelo garoto.

 Natsu apenas voltou seu olhar para o amigo e sorriu com graça.

 "Sorria enquanto não é você que está aqui."— Gray pensou e se perguntou porque ele sorria, mas assim que Igneel saiu de sua visão, ele percebeu que todos estavam encarando a porta em silêncio, mais precisamente, a pessoa que estava nela.

 Por um momento a respiração de Gray vacilara um pouco. Era Juvia.

 A moça dera seu primeiro passo na Catedral, e todos se calaram. Se olhasse para os lados veria o olhar encantado de Natsu, Erza, Silver, Ur e até mesmo Igneel. Mas não era para menos. Juvia Lockser estava linda, e isso nem ele poderia negar.

 Seu vestido era rodado, branco e todo com renda, que imitava um pouco as gotas de chuva caindo do céu, salpicadas com pequenos cristais ao redor da saia, e na cintura havia uma espécie de cinto, toda cravejada de cristais. Em seu pescoço havia uma linda gargantilha de diamantes, combinando com seus pequenos brincos. Seus cabelos estavam presos por um coque, e o longo véu se estendia por uns três ou quatro metros no tapete azul da Catedral.

 Um homem, de aparência nobre estava a levando ao altar. Tinha cabelos azuis escuros curtos, e trajava um terno muito bem alinhado preto. Tinha um curto bigode, o que o deixava com uma aparência séria.

 Quando ele já percebeu, ela já estava a sua frente, sendo observada pelos negros olhos do rapaz com muita atenção. Ela não sabia o que falar, então nada disse. Apenas aceitou sua mão assim que ele a estendeu, assim como Erza o dissera para fazer. Olhou para o homem e viu que se pareciam um pouco, e julgou ser um dos seus tios.

 Assim que ela se virou para Gray, uma menina se aproximou e ela entregou o buquê de rosas brancas para ela, que saiu do altar saltitando. Sorriu minimamente com a atitude da menininha e depois voltou a sua expressão decidida e imponente.

 Os dois se viraram para Igneel e Natsu, que estavam ao lado do padre e se curvaram respeitosamente. Depois se voltaram para o homem e começaram a cerimônia. Gray não podia acreditar, mas seu coração estava saltando de seu peito. Estava com medo.

 Já Juvia estava com essa sensação por motivos diferentes. Estava ansiosa. Finalmente iria conseguir o respeito que queria, e cuidar das terras que lhe fora deixada com carinho e dedicação que seus pais gostariam que fizesse. Era o máximo que poderia fazer naquele momento.

 O padre disse algumas "palavras bonitas", segundo Gray, e depois chegou a hora dos votos.

 Os dois se viraram um para o outro, sérios. Os dois estavam encantados um com o outro, não sabendo que poderiam ficar daquela forma. A moça nunca o vira tão lindo, e o rapaz nunca poderia pensar que Juvia ficasse tão interessante em roupas brancas.

 Juvia engoliu em seco quando o padre disse o que Gray tinha de falar para ela.

 O rapaz respirou fundo, e torceu para não rir, já que não estava acostumado com nenhuma das palavras que ele teria de pronunciar naquele momento.

 - Eu, Gray Fullbuster, Filho de Mika Fullbuster e do General Real Silver Fullbuster, aceito Juvia Lockser, da Casa Lockser, como minha... Esposa. Eu juro, perante a nossa Majestade e Alteza Real e perante todos aqui presentes... Amá-la e Respeita-la, até nossos últimos dias de vida. - Ele vacilara um pouco, mas teve um gosto ruim na boca quando terminou. Ele havia dito. Ele havia dito as palavras que nunca imaginou que um dia diria.

 - Eu, Juvia Lockser, filha do Lorde Kenichi Lockser e da Lady Amaya Lockser, aceito Gray Fullbuster, da casa Fullbuster, como meu esposo. Eu juro, perante a nossa Majestade e Alteza Real e perante todos aqui nessa igreja, amá-lo e respeitá-lo até os últimos dias de nossas vidas. - Ela, ao contrario de Gray, não vacilou em nenhum momento, mas não sabia o que a deixara mais confusa: falar esses votos olhando nos olhos frios e impenetráveis de Gray ou ouvir isso dele, que mesmo sabendo que não era verdade uma única sílaba do que dissera a arrepiou.

 Depois de o padre continuar a cerimônia, nenhum dos dois prestou muita atenção, apenas pegando palavras-chave do diálogo como "união sagrada" e "amor eterno um ao outro".

 Uma criança chegou entre os dois com uma caixinha, e Gray a pegou, assim como Erza o ensinara. Abriu, revelando duas alianças simples douradas, sem nada demais. Gray, por mais incrível que pareça, gostou delas. Eram simples e discretas, bem as coisas que ele gosta. Pegou a menor das duas, e em seguida viu que Juvia já estendia discretamente suas mãos para ele. Gray a pegou delicadamente e, com um suspiro, colocou o anel dourado no dedo anular da jovem.

 Assim que ele tocou suas mãos, sentiu o quanto Juvia era quente perto de seu corpo, que era naturalmente meio gelado, assim como o de seu pai. Ela assustou um pouco com o toque, mas depois se sentiu bem com ele segurando cautelosamente sua mão. Logo em seguida ela fez o mesmo em seu dedo, e sua ficha caiu mais ainda quando sentiu o aro gelado passar por entre seus dedos, mesclados com os quentes toques de Juvia. Nesse meio tempo ela se recusou em olhar para ele, e se concentrou em não tremer enquanto colocava a aliança. Logo depois ela soltou a mão dele delicadamente e o olhou nos olhos.

 "Sem expressão, como sempre."— Ela pensou ao encará-lo.

 - Então, se alguém tiver alguma coisa contra esse casamento, que fale agora, ou cale-se para sempre. - O velho de cabelos brancos disse e Gray poderia jurar que cora uma certa movimentação onde Lyon se localizava, mas, por algum motivo, seu pai não permitiu que ele se levantasse para se pronunciar.

 Juvia olhou atrás de Gray, e havia várias moças nobres, que nem mesmo foram convidadas encarando ele com pesar nos olhos e olhavam com raiva para Juvia. Mas não disseram nada. Tentou ignorar isso e se concentrou no padre.

 - Então eu os declaro marido e mulher. - O padre disse encarou os dois. Nesse momento, Gray se lembrara que esquecera uma importante parte da cerimônia. Ele teria que beijá-la. E ela também havia se esquecido. Os dois se olharam e depois encararam o padre. - Podem se beijar.

 Como um estalo, eles perceberam que todos os encaravam ansiosos por aquele momento. Se olharam novamente, confusos e assustados.

 O rapaz estava com medo, não sabia se ela iria aceitar isso. Mesmo no altar, ele nunca se aproximara daquela maneira com Juvia. Era muito imprevisível. Houve aquela situação nas ruas procurando por Jenny, mas foi tão rápido que eles nem poderiam contar como uma real aproximação.

 Porém, a jovem, vendo o receio do moreno, deu um discreto aceno de cabeça, dando a entender que ela não iria fazer nada de ruim com ele se tentasse beija-la. Afinal, os dois precisavam disso, contra a vontade deles ou não.

 Ele se aproximou de Juvia, e em apenas um movimento, seus lábios tocaram os dela. Juvia confessava, se assustou com o toque repentino, e com o salto que seu peito deu. Não foi um beijo, propriamente dito, houve apenas o toque delicado de suas bocas. Afastaram-se no momento que ouviram os aplausos. Viraram-se para todos e forçaram um sorriso. Estavam muito próximos ainda, então Gray conseguiu ver o peito de Juvia levantando e abaixando repetidamente, mostrando que estava nervosa com tudo isso.

 Depois, Makarov Dreyar, o Conselheiro Real, juntamente com Igneel, se aproximaram dos dois com uma caixa vermelha de veludo.

 Igneel ficou na frente dos dois, ao lado do padre, e Makarov ao lado.

 - Seu medalhão. - O velho pediu para Juvia, e Gray ficou apenas a observando enquanto ela o retirava, escondido pela roupa, o medalhão da Casa Lockser em seu pescoço. - Gray, pode...? - Makarov deu uma dica para o moreno, que se lembrou que era ele que tinha que torar o medalhão de sua mais nova esposa.

 Ele se virou para a azulada, que encarava o nada, séria. Ele pegou delicadamente o cordão de prata e puxou o feixe, retirando o objeto do pescoço delicado e alvo da azulada. Ele pôde ver uma lágrima escorrer pela bochecha de Juvia.

 Entendeu que para ela estava sendo bem complicado. Isso pode parecer banal, mas para ela valia muito. Nunca mais iria usar o nome nem o medalhão da Casa Lockser, afinal, por contrato agora, era uma Fullbuster e tinha que ser nomeada como tal. Não sabia como reagir, então apenas retirou a lágrima de seu rosto com seus dedos, também como forma de acalma-la, mas não tinha certeza se estava conseguindo, nem sabia porque estava fazendo isso.

 Logo em seguida ele viu Igneel abrir a caixa vermelha, revelando dois cordões da Casa Fullbuster. Um era igual ao de seu pai, porém menor e havia uma pequena e discreta gota de agua nela, e o outro era exatamente com o que tinha, porém também tinha a gota. O rei tirou o primeiro e caminhou lentamente até Gray e retirou o seu antigo.

 Sentiu uma pontada em seu peito ao ser forçado a se afastar de um objeto que o seguiu durante toda sua vida. Logo em seguida sentiu as mãos de Igneel em seus ombros, depositando o novo objeto em seu pescoço. Era mais denso e pesado que o normal.

 O rei se virou para Juvia e colocou o segundo em seu pescoço calmamente. Quando ele saiu de perto da moça, ela encarou Gray de baixo a cima, e deu um pequeno aceno com a cabeça, mostrando que tudo estava bem... Ou pelo menos agora ficaria.

 Igneel Dragneel caminhou para frente, e Juvia e Gray o acompanharam, ficando um de cada lado do homem.

 - Todos aqui presentes, eu, o Rei Igneel Dragneel, da Casa Dragneel, e governante de todo o reino de Fiore, apresento-lhes: - Ele inclinou seu corpo para Gray, e ele deu um passo para frente. - Gray Fullbuster, Lorde das terras do Litoral, herdeiro legítimo do trono Fullbuster e rei regente da Casa Lockser.

 Toda Casa tinha certa hierarquia, e todas tinham um trono destinado ao representante da família, onde essa pessoa representaria todas as escolhas da Casa em todas as reuniões e batalhas que porventura acontecerem. Como Silver é o governante principal da Casa Fullbuster, Gray seria o herdeiro legítimo desse cargo, assim como Juvia, Lucy, Natsu, Laxus e Mirajane, filhos de grandes nobres e com o sobrenome de grandes Casas em Fiore. Logo, seriam popularmente chamados de "reis e rainhas" de determinada região, porém nunca se esqueciam que o Rei era o governante supremo, e tinham que obedecer suas ordens, não importasse de qual família eles eram parte.

Houve uma salva de palmas para ele, e quando cessaram, Igneel se virou para Juvia, que deu um passo para frente também. Ele percebeu o quão gelada e trêmula estava apenas pelo seu olhar assustado, mas que foi camuflado muito bem por uma pose imponente perante a todos.

 - Juvia Lockser Fullbuster, herdeira legítima da Casa Lockser, Lady das terras do Litoral e princesa regente da Casa Fullbuster.

 Como Gray não é o herdeiro legítimo da Casa Lockser, porém agora está casado com Juvia, que é, ele se torna o rei regente, ao lado da azulada, que se tornou a rainha de sua Casa, já que seus pais tristemente faleceram.

 Isso acontece a mesma coisa com Gray, porém, como seu pai ainda é o governante, isso faz dele príncipe da Casa Fullbuster, e Juvia a princesa regente.

Bem, mas isso era apenas um título vazio por enquanto. Gray e Juvia teriam que assinar uma série de papéis depois, passando todas as propriedades para ambos, e deixando por escrito o poder que os dois tinham juntos.

 Ele caminhou até ela.

 - Está bem? - Ele perguntou baixinho e discretamente para ela.

 - Tenho a sensação de que vou desmaiar. - Ela disse brincando, mas não achara que Gray iria encarar isso com tanta seriedade. Ela sentiu a mão dele envolver levemente sua cintura e Juvia o encarou surpresa.

 - O que foi? Não quero que desmaie aqui. - Ele disse resmungando e bufando, esquecendo completamente que todos estavam o encarando. Esquecendo-se completamente que aquela era a sua mais nova esposa.

 Logo depois saíram da igreja com os braços entrelaçados, claro que isso aconteceu após o olhar fulminante de Erza.

 Entraram em uma carruagem preta com detalhes em dourado que já estava a espera dos dois e se dirigiram ao castelo, onde havia uma festa para os dois, organizada com muito esmero por Mirajane e Ultear.

 E esses foram os piores minutos de Gray e Juvia.

 Os dois não sabiam o que dizer um para o outro, então a moça simplesmente ficou olhando a paisagem pela janela e o moreno ficou batucando com os dedos na poltrona da frente. Era tudo muito novo, e ele ainda não conhecia muito sobre ela, não tinham como conversar. Mas mesmo assim ele tentou:

 - Melhorou seu mal estar?

 Ela se virou, surpresa para ele. Ficou um momento sem falar nada, apenas o analisando. Ele estava lindo, como jamais vira.

 - Sim, obrigada. - Ela sorriu minimamente para ele e fez o mesmo olhar para a janela. Estava incomodado, se Juvia era sua esposa, que seja a primeira e a última, pois nunca mais quer passar por tudo aquilo de novo. E olha que a noite nem havia chegado ainda.

 Chegaram ao castelo e ele estava todo enfeitado, e quase todos os nobres estavam reunidos no salão, rindo e dançando. Quando chegaram, ouviram a gritaria e comemoração.

 "Por que estão todos animados assim?"— Os dois pensaram ao ver a felicidade de todos. Natsu, Erza, Makarov, Ultear, Lucy e até mesmo Igneel deram um jeito de chegar antes dos dois.

 Assim que avistaram a azulada na porta, Erza, Lucy, Mirajane e Lisanna foram correndo parabeniza-la. Rapidamente Erza puxou Juvia para um canto e retirou o véu delicadamente de seus cabelos, tirando o peso dele da cabeça da moça.

 - Parabéns, Juvia! - Lucy abraçou a amiga, que retribuiu. - Você conseguiu!

 - Sim, estou feliz por isso. - Ela disse recebendo um abraço de Lisanna e Mirajane ao mesmo tempo.

 Todas estavam lindas.

 Lucy usava um vestido vermelho com detalhes em preto tomara que caia de seda, marcando seu busto e com a saia rodada, formando uma cauda atrás. Erza usava um longo e decotado vestido azul claro e Mirajane optou por um amarelo com um corpete de seda dourada.

 Mas será que ela estava plenamente feliz? Olhou para onde vira Gray pela última vez e o viu já com o casaco de couro um pouco desabotoado conversando com Elfman e um rapaz de cabelos longos e verdes. De tempos em tempos lançava um olhar rápido para a azulada. Agora que era sua esposa, ele achava que tinha que, pelo menos, saber onde estava.

 Tomou coragem e caminhou até ele, acompanhado de suas amigas, no ritmo de vários violinos, pianos e mulheres cantando alegremente. Ele viu que ela estava se aproximando e se recompôs. Agora tudo estava estranho entre os dois. Não tinham nem um pouco de intimidade, mas sentiam que podiam confiar plenamente um no outro, e isso era reconfortante para ambos.

 - Olá, Senhora Fullbuster. - Elfman disse e ela demorou um pouco para entender que se tratava dela. Apesar de ser uma Lockser até morrer, agora atendia pelo nome de seu marido.

 - Ah, olá, Elfman. - Ela disse sorrindo para o grandalhão. - Continue me chamando de Juvia, não mudei nada.

 - Exceto que agora carrega essa aliança tão estimada por todas as jovens do reino. – O rapaz que mais tarde descobriu que se tratava de Freed Justine dizia com sua polidez impecável. As meninas não souberam dizer ao certo quem ficara mais sem graça, se fora Juvia ou Gray.

 - Bem... Agora vamos cumprimentar os convidados! - Mirajane disse arrastando Juvia e Gray. Lucy ficara assistindo de longe a empolgação das duas, nem percebendo a aproximação de Natsu perto dela, e logo iniciando uma conversa cordial até demais com ela. A loira sentiu que ele estava mudado.

 (...)

 Depois de conversar com todos de sua família, e com todos da família Fullbuster (que também se tornara sua família), Juvia finalmente teve um momento de descanso. Sentou-se em uma mesa com Gray. Os dois descobriram que não serão incomodados por ninguém se ficarem juntos durante a festa.

 - Eles são bem animados... - Juvia disse bebendo um gole de vinho.

 - Nem me fale. - O moreno disse sorrindo para Natsu, que fazia palhaçadas para agradar as crianças ali.

 Logo depois alguns nobres os chamaram, e descobriram que era a hora da entrega dos presentes. Em Fiore, nos casamentos, era muito comum darem presentes aos noivos, eles poderiam escolher apenas um, ou os dois. Eles normalmente eram entregues durante a festa pessoalmente.

 Ficaram parados bem no meio do salão, enquanto vários nobres faziam filas e mais filas para entregar-lhes presentes e dar-lhes os parabéns.

 O primeiro, claro, fora Igneel. Ele caminhara até os dois e lhes deu um abraço apertado, afinal, era amigo deles. Depois de recuperar a compostura, entregou uma pequena caixa a Juvia. Ela abriu, revelando uma linda tiara de rubis encrustados.

 - É linda. - A moça disse encantada. - Muito obrigada.

 Ela escolhera apenas a Juvia para presentear. Gray entendera, afinal, o rei vivia dando-lhe armas e outras coisas, e fora que não dava muita importância a esses presentes.

 Logo depois Natsu veio todo feliz com uma enorme caixa nos braços e entregou a Gray.

 Ele abriu, revelando um conjunto de adagas muito bem polidas, o que ele adorou. Todas eram de aço, com o cabo de prata, e na ponta, tinha o desenho de tigres rugindo com os olhos brilhantes.

 - Lute melhor com elas. - O príncipe brincou abraçando o amigo, e em seguida beijou cordialmente as costas da mão de Juvia. - Se ele sair da linha, sinta-se a vontade para usá-las também. - E piscando marotamente para Juvia, voltou a festejar com as crianças.

 Silver fora o próximo, trazendo consigo uma chave.

 - Esse é meu presente para vocês. - Ele disse sorrindo para os dois, que o olhavam com extremo respeito. - É uma das nossas mansões no Norte, que quero que fique com ela.

 - Obrigada, Silver. - Juvia disse pegando a chave e olhando com felicidade para ele. Era um ótimo homem, e tinha muito respeito por ele.

 Gray não sabia se agradecia ao pai, pois ele entendera muito bem as segundas intenções do seu velho. E de uma coisa ele sabia muito bem, Silver queria netos, e faria tudo para tê-los.

 - É... Obrigado, pai.

 - Juvia! Gray! - Mirajane chegou sorridente para os dois e os abraçou. - Meu presente está meio que combinado com o de Lisanna... Bem... Comprei meio que todo o vestuário para você, Juvia! - A azulada arregalou os olhos. Olhou para o vestido decotado e justo da mulher e pensou como ficaria em um vestido dourado como aquele. - Não precisa fazer as malas. E... Claro que foi um presente. Ichiya me ajudou também. - E depois se virou para Gray. - E meu presente para você... Você vai ver ainda. - Ela piscou para ele e o mesmo engoliu em seco. Se uma palavra descrevesse Mirajane, seria "imprevisível".

 Assim que ela saiu, Ur e Ultear apareceram sem nada nas mãos.

 - Acalmem-se. - A jovem de cabelos preto disse sorrindo maliciosa para os dois. - Nosso presente é a Casa de Campo dos Milkovich por quinze dias. A lua-de-mel de vocês.

 - Queríamos agradá-los e escolhemos isso. Tenho certeza que irão gostar. - A mulher disse abraçando os dois. - Ah, Juvia, pode bater no Gray se ele te fizer algum mal. Não deixe que ele se ache muito, certo? - Ela disse para a mulher. - Se casaram, mas irá trata-la como ela merece ser tratada, ouviu? - Ur disse para Gray em tom ameaçador e ele engoliu em seco.

 - O-Obrigada, Ur e Ultear. - Juvia disse se curvando levemente.

 Assim vieram o resto: Erza deu botas de caça de couro importado para os dois, Lyon deu uma gargantilha com uma sereia dourada no pequenino pingente, e não deu nada para Gray, claro. Laxus deu um belo casaco azul de veludo para o rapaz, e uma luxuosa manta vinho e dourada de sua família para Juvia. Elfman deu um escudo para Gray. Lucy dera uma coleção de livros importados de romance para a azulada.

 Porém, no meio de tantas comemorações e presentes, um rosto familiar até demais aparece. Vestia roupas simples, e pelo visto não fez questão alguma de se produzir para a noite.

 - Briar. – Juvia disse espantada a mulher e ela se curvou para eles.

 - Eu... Fiquei sabendo que se casaram e vim parabeniza-los. E também para lhe entregar isso, Gray. – Ela entregou um pequeno envelope cor de rosa para ele. – É de Jenny. Achei isso enquanto estava arrumando a casa dela. É um pingente que está aí dentro. Ela um dia me disse que queria dar isso á você. Espero não ter atrapalhado nada, apenas vim entregar. – Ela disse séria. – Que vocês sejam um casal muito feliz... – Briar disse e saiu de perto dos dois, nem dando tempo para os dois a chamar para explicar melhor.

 Juvia olhou para Gray, que olhara por alguns segundos o envelope e depois a guardou no bolso de seu casaco. Ficara abalada como o olhar sério de Gray mudara para um ar de preocupação. Não tinha um pingo de dúvida de que o rapaz já passara um tempo bem interessante com Jenny Realight, mas não queria descobrir desta maneira.

 Era doloroso demais ver uma mulher que era claramente muito mais bonita que ela cortejando seu marido, mesmo que tenham ficado casados em menos de doze horas. Gray percebeu que ela parara de sorrir, e ficara desconfortável depois da visita de Briar, não sabendo exatamente o porquê. Simplesmente achava injusto a noiva ficar triste em seu próprio casamento, mesmo que esteja se casando à força. E foi aí que ele teve a ideia. Estava guardando para o final, mas achou melhor dar agora. Ele comprara um presente para ela, com a ajuda de Erza e Lucy, claro, já que ele não tinha o menor senso do que Juvia gostava.

 - Ei, Juvia. - Ele a chamou enquanto retirava dentro de seu casaco uma caixinha azul de veludo. - Bem... Espero que goste. - Ele disse mais seco do que gostaria. Não sabia dar aqueles discursos maravilhosos, apenas olhara para ela com certo carinho, e ela entendera o que queria dizer.

 Juvia ficou espantada. De início achou que seria uma brincadeira de Natsu e Gray, mas viu seriedade no olhar do homem, e viu que falava a verdade. Sem tentar tremer, pegou a delicada caixinha e abriu, revelando um lindo anel de aço preto, que fazia delicadas curvas assim que colocado no dedo, devido ao metal levemente curvado, adornado de pedras preciosas azuis, e lilás.

 Seus olhos brilharam, era simplesmente lindo, e nunca pensara que Gray pudesse lhe dar uma coisa tão maravilhosa assim.

 - Obrigada, Gray. - Ela disse baixinho para o marido, que deu um pequeno sorriso ao ver a face alegre de Juvia voltando, ou pelo menos um pouco dela. Alguns nobres aplaudiram, e os dois ficaram com vergonha. Juvia guardou o anel com delicadeza e cuidado e se encolheu para perto de Gray, a fim de sair do campo de visão de todos. Mas era a noiva e estava no meio do salão, ou seja, isso que queria era praticamente impossível.

 Assim que a onda de presentes acabou, começou a valsa, e vários casais foram dançar. Erza percebeu que Juvia queria dançar, mas Gray não percebera isso.

 "Idiota."— A ruiva pensou olhando de longe. Nem em seu próprio casamento Gray Fullbuster conseguia ter um pingo de bom senso. Caminhou lentamente até os dois, disfarçando, e quando se aproximou fez um sinal com as mãos para Gray, indicando que se ele não dançasse, não iria mais sentir suas pernas.

 E assim o rapaz fez. Se virou para Juvia e a cortejou até a área de dança, onde iniciaram uma dança lenta, enquanto trocavam algumas palavras de vez em quando. Erza se sentiu satisfeita, e sorriu com isso.

 - Me concederia essa dança? - Ela se virou e viu Freed Justine, um velho amigo seu. Se conheciam desde muito jovens, quando viera morar no castelo.

 Freed, assim como os irmãos Strauss, era filho de um grande comerciante de Fiore, mas depois de uma grande briga com seu pai, fugira de casa, sendo encontrado nas ruas por Laxus Dreyar, meses depois. Sempre fora muito educado e culto, resultado de uma educação rigorosa que tinha em casa, antes de ter confusões com os pais, assunto que ele nunca gostou de comentar, permanecendo um mistério até mesmo para Laxus.

 - Claro, Freed. - Ela disse puxando o rapaz para dançar. A ruiva adorava danças, mas todos ali sabiam que isso não era seu ponto mais forte, já que sempre pisava nos pés de seu companheiro. Não que seja uma coisa que ela tenha vergonha. Prefere chamar de pequenos acidentes.

~~~~~~~~~~

 Depois de a música acabar, todos se dispersaram, inclusive os casal de recém casados. Outra música começou a tocar, desta vez era mais intensa do que a outra.

 Lucy conversava animadamente com Mirajane, quando viu Loke se aproximando dela.

 - Lucy. – Ele a chamou se aproximando da loira. – Posso pega-la emprestado por alguns minutos? – Ele perguntou divertido para Mirajane, que o analisou dos pés á cabeça.

 - Claro. – Ela disse sorrindo maliciosamente. – Fique á vontade.

 Lucy se virou para o loiro. Loke estava lindo, bem... Ele era realmente lindo, mesmo usando pijamas velhos e com os cabelos bagunçados. Era um dom dele.

 - Me concede esta dança? – Ele perguntou para ela, esticando sua mão.

 - Claro. – Lucy disse sorrindo para seu amigo. Mesmo com a luta dele com Natsu ontem, achava que os dois se precipitaram muito. Mas mesmo assim decidiu dar mais uma chance para Loke se reconciliar.

 No caminho, viu que Natsu conversava com Gray. Já estava na metade da festa, e ele parecia um pouco alterado pelas bebidas que estava em sua mão. Seus cabelos estavam mais bagunçados, o que o fez ficar com um ar mais juvenil do que já tinha. Mas uma sensação estranha percorreu seu corpo quando seus olhares se encontraram.

 Conversaram mais cedo naquela festa, mas apenas para fazer boa vista para os convidados. Não conversaram sobre o que realmente precisavam conversar.

 Mas agora, ali, enquanto saía de mãos dadas com Loke para o centro do salão, e passarão seu lado, encontrou seus olhos cinzas no meio da multidão, e foi como se uma corrente elétrica passava por todo seu corpo, desde seus dedos dos pés até o último fio de cabelo.

 Lucy viu o mundo correr mais devagar enquanto ele a encarava intensamente. Por um instante, queria se soltar de Loke e correr para ele. Sentia que ele estava a chamando de alguma forma, mas não sabia como, nem se isso era de verdade ou invenção de sua cabeça.

 E como um piscar de olhos, várias pessoas atravessaram sua frente, a impedindo de vê-lo, então decidiu continuar com Loke.

 Natsu conseguiu se perder naqueles olhos de tal forma que nem ouviu o que Gray dizia.

 - Lucy vai dançar com aquele babaca agora? – Ele perguntou para seu amigo, cortando Gray.

 - Não sei. Talvez? – O moreno disse bebendo um gole generoso do vinho que estava em sua taça. Natsu suspirou pesadamente.

 - Esse cara não desiste... – Ele disse resmungando. E Gray percebeu.

 - Ei, Natsu. – Ele chamou seu amigo. – Os dois são amigos, apenas isso. Relaxa.

 Assim que terminou de falar, os dois olharam para o casal á frente, e Loke puxou Lucy para perto de si. Perto até demais, até a loira afastá-lo um pouco gentilmente.

 - Certo... – Gray pigarreou. – Talvez ele não ache isso...

 Os dois começaram a dançar. Loke parecia um exímio dançarino, levantando e rodopiando Lucy pelo salão, tanto que até mesmo a moça ficara assustada com tamanha destreza do rapaz. Natsu engoliu seco. Ele estava ganhando a atenção dela. E não somente de Lucy, como de todos ali presentes. Até mesmo o rei olhava os dois dançarem intensamente pelo salão com surpresa no olhar.

 - Por que você não sabe dançar assim? – Gray perguntou para o rosado ao seu lado com ar de divertimento do ciúmes do rapaz.

 - Cala a boca. – Natsu resmungou dando mais um gole em sua bebida, que desceu ardendo em sua garganta. Ao lado, ele pôde ouvi Mirajane e Ultear conversando.

 - Parece que Loke tem um jeito peculiar de dança, não? Conquistou todos aqui. – A ruiva disse sorrindo.

 - Eu amei essa música! – Ultear disse mais animada que o normal dela, e isso se deve ao excesso de bebida que tinha lá, aliás, como toda boa e velha festa no castelo Dragneel. – Continuem tocando! – Ela pediu para os músicos, que atenderam ao pedido da morena.

Natsu suspirou e tentou sair dali, porém acabou tropeçando em seus próprios pés. Gray percebeu isso e segurou o amigo. Olhou em volta e ficou aliviado em perceber que ninguém havia notado. Lucy já não estava mais no centro do salão com Loke, e o rapaz estava conversando com alguns velhos nobres que tinham ali.

 - Ei, idiota. Acho que bebeu além da conta. – O moreno disse ajudando Natsu a sair da multidão. Nisso, Juvia, que conversava com seu tio, viu que os dois se distanciavam da festa e andou rapidamente até eles.

 - Gray, Alteza. – Ela os chamou e eles a olharam.

 - Ei, Gray... – Natsu disse olhando para o rapaz, já tonto. A bebida já tinha surtido o efeito no corpo e na mente do rapaz. – Vocês são um belo casal...

 Juvia ficou com um leve rubor nas bochechas, e antes que Gray pudesse dizer alguma coisa, ela chamou a pessoa mais próxima para que ajudasse Natsu.

 - Lisanna! – A azulada viu a amiga passar com algumas outras garotas. Ela olhou para onde os três estavam e viu a situação de Natsu. – Venha aqui, sim?

 A albina obedeceu e se pôs ao lado de Gray.

 - Juvia! Já te disse que está linda com essa vestido? – Ela elogiou com os olhos brilhando e Juvia sorriu para ela.

 - Obrigada. Mas agora precisamos de sua ajuda.

 - Precisamos? – Natsu perguntou.

 - Leve Natsu ao quarto dele, por favor? Se estiver muito ocupada, chamarei um dos guardas para leva-lo.

 - N-Não... Eu o levo. Se alguém o visse com um dos guardas, iriam falar mal dele depois. E eu sei onde fica o quarto dele. O coloco e depois volto para a festa. – Ela disse colocando um dos braços do príncipe bêbado nos finos ombros. – Aproveite a festa, vocês dois.

 E falando isso, saiu do salão com o príncipe.

 - Avisamos Igneel? – Juvia perguntou para Gray, que olhava o amigo se distanciar com a Strauss.

 - Não. É melhor Igneel ficar sabendo disso amanhã. – Ele falou voltando para a festa, e Juvia foi atrás dele.

 Lisanna o carregou por entre os corredores vazios do castelo. Todos pareciam tão entretidos com a festa que nem mesmo o rei Igneel notou a ausência de Natsu ali no meio.

 - Já estamos chegando Natsu. – Lisanna disse fazendo um esforço para carregar o rapaz. Por fim, chegaram até o quarto do jovem, lugar onde ela o colocou gentilmente na cama.

 - Ei, Lisanna... – Natsu a chamou com uma voz embriagada. – Poderia chamar a Lucy?

 - Lucy? – A garota perguntou corando um pouco. – Ela está com Loke, eu acho... Não sei se conseguirei acha-la... Mas eu vou procurar...

 Assim que ela foi se levantando da cama, ouviu o rapaz bufar.

 - Loke. Loke. Loke. – Ele cruzou os braços, como uma criança birrente. – O que ele tem que eu não tenho? Sou feio? Sou chato? Talvez um pouco... Mas...

 Deu um sorriso triste.

 Desde que era bem pequena, a albina nutria fortes sentimentos pelo rapaz. Não sabia como começou nem a razão, mas ela gostava muito de Natsu. Quando eram crianças, brincar com ele era o paraíso para ela, mesmo com ele reclamando de tudo e fazendo brincadeiras de mau gosto com Gray perto dela.

 Quando ficaram adolescentes, ela se apaixonou novamente por ele ao vê-lo crescer tanto e ficar mais forte e mais bonito.

 Mas mesmo assim, tudo lhe partia o coração. Sempre estava nas sombras. Sempre era a última a ser vista por Natsu. Achava que ele nem a via como uma mulher, e sim mais como uma velha amiga com quem contava piadas de vez em quando, ou simplesmente como a irmãzinha de Mirajane e Elfman. Não gostava de vê-lo com outras garotas, pois sabia que elas eram apenas para mais uma noite com ele e depois teriam seu coração partido.

 Talvez esse seria o motivo que Lisanna nunca contou seus sentimentos para Natsu, nem para mais ninguém. Tinha muito medo de ser mais uma na vida dele. De não passar de uma noite. E tinha certeza de que, se isso acontecesse um dia, teria seu coração estraçalhado. Então achou melhor ter uma amizade sincera e pura com ele, do que se transformar em uma garota de uma noite só para o homem que amava.

 E tudo estava indo plenamente bem, porém quando Lucy chegou, Lisanna sentiu que Natsu mudara. Não viu mais garotas aleatórias saindo de seu quarto, e ele sempre estava lá, rodeando e cortejando a loira. Ela tinha que admitir, Lucy era incrivelmente linda. E Natsu estava lá com ela. Uma moça que chegou dois meses atrás, agora é uma parte importante da vida do príncipe. Coisa que Lisanna não conseguiu fazer em dezoito anos de convivência com o rapaz.

 De início se sentiu frustrada por não conseguir isso, e com raiva de Lucy. Mas depois pensou... Pensou que não era culpa da loira Natsu gostar tanto assim dela. Achava que era um amor passageiro e não correspondido, apesar de ainda ter suas dúvidas.

 - Natsu... Pare com isso. Eles são apenas amigos. – Ela disse achando graça da cara do rapaz.

 - É algum problema comigo? Eu tenho alguma coisa estranha? É o meu cabelo rosa? – Ele começou a se perguntar, e Lisanna teve a certeza plena de que ele estava realmente muito bêbado.

 - Natsu... Não há nada de errado com você. Você é... – Ela parou assim que pôde. O que ela iria falar para ele? Não poderia dizer o que estava pensando naquele momento.

 - Você é...? – Ele a incentivou.

 - Perfeito. – Ela disse em um suspiro. Ela disse olhando para baixo, com vergonha do que falara. Natsu ficou a encarando por um tempo. Por um instante, ela poderia ter imaginado que ele entendeu o que ela estava querendo dizer para ele, mas assim que o rosado abriu a boca, ela percebeu que para ele não fazia diferença nenhuma o que ela falara, afinal, estava bêbado. – Você é o príncipe, certo? Você tem que ser perfeito.

 - Você é muito legal, Lis. Sortudo é o cara que está em seu coração. – Ele disse sorrindo igual um bobo para ela. – Mas... O que eu faço... Acho que estou apaixonado.

 - Apaixonado? – Ela perguntou para ele, e Natsu afirmou com a cabeça.

 - Lucy não sai da minha cabeça.

 Lisanna respirou fundo. Queria chorar, mas não poderia, afinal, ninguém tinha culpa do que estava acontecendo, nem mesmo ela, nem mesmo Lucy.

 - Conte pra ela. – Lisanna disse tocando a mão de Natsu, que estava próxima a dela. Apertou levemente seus dedos. – Diga á ela que ela é a pessoa mais especial que você tem... E que não para de pensar nela, e mesmo quando vai dormir, é ela que está em seus sonhos. Mostre á ela que ela é única, e que nem mesmo todas as mulheres de Fiore são páreas para ela. Apenas... Diga que a ama. – Ela disse suspirando e olhando para o rapaz, que prestava atenção em todas as palavras da moça, ou pelo menos era o que parecia. – Tenho certeza de que não irá se arrepender... – Ela disse pensando na conversa que ouviu de Lucy com seu pai, Se não estava enganada, estavam falando de Natsu.

 - Lisanna, você gosta de alguém?

 A moça ficou muito vermelha. Agradeceu por estar um pouco escuro o quarto do príncipe.

 - Sim. Gosto muito de uma pessoa.

 - Ah. E é assim que você se sente em relação á essa pessoa? – Ele perguntou com a inocência de uma criança.

 - Sim. – Ela disse com os olhos marejados. Nunca pensara que o homem que ela amava seria a primeira pessoa que ela diria que estava apaixonada. – E se eu fosse a Lucy... Era isso que eu gostaria de receber de você... Faça isso e tenho certeza que ela irá ficar muito feliz.

 Ele sorriu para a moça que estava sentada no chão, encostada na cama e segurando as mãos do rapaz.

 - Obrigado Lisanna. Você é uma ótima amiga. – Ele disse sorrindo para ela. Lisanna ficou feliz com as palavras de Natsu, mesmo que não seja o que ela esperava, mas só aquilo a deixava muito feliz. Se inclinou e encostou a mão bronzeada do rapaz em suas bochechas rosadas.

 - Obrigada. – Ela disse baixinho. Porém, na porta ela viu alguém ali. Uma moça parada, olhando a cena, dura como uma estátua. A encarou séria.

 Aquela mulher era Lucy Heartfilia.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!
Quem quer saber o motivo do meu sumiço, por favor, leia as notas iniciais.



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