Kings And Queens escrita por Nina Black


Capítulo 30
Chapter 28 - Ataque Misterioso


Notas iniciais do capítulo

Olá! Primeiro capítulo do ano e já começa freneticamente assim! haha
Queria muito agradecer todos que acompanham a fanfic desse jeito, muito obrigada mesmo!
Boa leitura!



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 Em menos de meia hora todos os mercenários estavam caídos no chão. Natsu não sabe como, mas recebera a ajuda de Gajeel Redfox (vira o rapaz conversar com Lucy enquanto liquidava um inimigo) no exato momento em que acabava com um dos inimigos.

 Estava cansado, suado, machucado (não estava com ferimentos muito graves, mas uma parte de seu braço esquerdo começara a sangrar, e depois viu que era um corte superficial), e de mau humor. Nunca pensara que mercenários atacavam aquela área da estrada. Não gostava de ser surpreendido dessa maneira.

 Olhou em volta e viu Erza se aproximando, ela estava mais ou menos nas mesmas condições que o rapaz, exceto pelo vestido rasgado nas pernas, que mostrava alguns cortes superficiais. Gray estava mais ao fundo, e não aparentava estar machucado, apenas muito cansado.

 O rosado se aproximou de Lucy com rapidez junto á Erza quando percebeu a pessoa que a fazia companhia.

 - Gajeel Redfox. – Natsu falou sério se pondo entre o moreno e a loira, e não tirou a espada de sua mão. Por algum motivo sentiu que precisava proteger Lucy daquele cara.

 O rapaz se virou para Natsu e curvou levemente a cabeça, com um sorriso de escárnio.

 - Natsu Dragneel. – Ele disse com sua voz grossa, que certamente assustava uma criancinha facilmente se quisesse. – É um prazer vê-lo.

— É um milagre vê-lo. – Natsu disse completamente sério. O que mais os outros podiam esperar? Nem sonhava que Gajeel poderia estar naquela parte de Fiore. Era para ele estar mais longe.

 - O que faz aqui? – Erza se aproximou e ficou ao lado de Lucy, que encarava Gajeel de uma forma estranha.

 O rapaz se virou para Erza, de modo que ela conseguiu olhá-lo melhor a luz da Lua. Gajeel Redfox era um jovem alto, musculoso, moreno, com cabelos compridos, negros e rebeldes. O que diziam era verdade: assim como Metallicana, seu rosto era coberto por pequenas peças metálicas, como nas sobrancelhas, nas orelhas, no nariz e no queixo.

 - Como eu disse para a Heartfilia, as notícias correm. Fiquei sabendo de uma carga de moedas de prata e ouro que estava nessa direção. Eu e meus homens achamos interessante e viemos ver. Parece que chegamos bem na hora, não é mesmo? – Ele disse rindo desdenhosamente depois de falar.

 - Realmente, você chegou na hora certa. – Gray disse atrás do moreno, que se virou para encará-lo. – Como sabe o nome de Lucy?

 - Você deve ser Gray Fullbuster. – Ele disse tirando uma pequena adaga de aço de sua cintura e a usou para limpar suas unhas.  – As notícias correm, meu amigo. Não é difícil falar que ela é rica pelas roupas, está morando no castelo pois está com o príncipe e é loira, assim como Layla Heartfilia. Também sei sobre sua mãe, aliás, é difícil não saber sobre ela... Ela era uma mulher muito poderosa.

 - Então veio aqui achando que iríamos entregar o baú para você?– Gray falou fechando a cara e aceitando as explicações de Gajeel sobre como ele conhecera Lucy.

 - Sim. – Ele disse, e de repente, dois homens mal encarados apareceram atrás deles, olhando para Erza e Lucy de uma maneira ameaçadora. – A não ser que tenhamos que insistir um pouco mais... Dois dos seus soldados estão feridos... E a sua dama ruiva aí não sei se dá conta do recado... Querem mesmo lutar?

 Gray soltou uma risada abafada.

 - Não se preocupe, Redfox. – Ele disse caminhando até a carruagem, que estava um pouco remexida, mas o baú estava intacto. – Na verdade esse baú é para você.

 O rapaz iluminou seu olhar e começou a rir para o nada, caminhando rapidamente até a carruagem. Mas antes mesmo que Gajeel pudesse chegar perto de Gray e do baú, Erza aparece na sua frente com uma espada apontada no pescoço dele. Lucy permanecera no mesmo lugar de onde estava, sentada no chão. Estava em choque com tudo o que acontecera, já que ela acabara de esfaquear um homem. Poderia ser superficial, mas ela nunca havia ferido ninguém daquela forma.

 Gajeel parou abruptamente e encarou a jovem de cabelos vermelhos.

 - O que está fazendo? – Ele perguntou e seus homens se aproximaram deles.

 - Gajeel... – Natsu disse caminhando atrás de Erza e parou ali, encarando o rapaz com seriedade. – Temos que conversar antes. Acha mesmo que iríamos vir até aqui simplesmente para entregar para você e seus lacaios um baú com muito dinheiro? Não somos tão generosos assim...

 Gajeel deu um passo para trás, olhando Natsu atentamente. Ele finalmente percebeu que se tratava de mais do que simplesmente uma entrega dócil de dinheiro.

 - O que querem comigo? – Ele finalmente perguntou.

 - Sabemos quem é o seu pai. – Erza disse em tom de voz moderado, não tirando a espada da garganta do homem. – Sabemos que você é o filho adotivo de Metallicana, e sabemos que fugiu do castelo na noite da morte dele.

 - E o que vocês têm a ver com isso? – Ele resmungou já com o semblante totalmente sério.

 - Nada. – Natsu deu de ombros. – Mas tem uma coisa que eu sei que você tem... E eu quero isso. – Ele disse indo até a carruagem, onde Gray lhe entregara um saco de pano.

 Voltou com o objeto em sua mão e, na frente de Gajeel, abriu-o e revelou que lá dentro havia dois livros.

 - Os volumes seis e oito que eu e Levy traduzimos... – Lucy sussurrou, ainda pasma com tudo o que havia acontecido, mas a par de tudo.

 - Esses livros... Os conhece? – O rosado perguntou e o rapaz apenas os encarou de cima a baixo.

 - Por que? – Ele perguntou novamente com sua voz desdenhosa.

 - Gray os achou em um dos covis que seu grupo invadiu. – Natsu disse levantando os dois na altura da cabeça e os analisando bem. As capas estavam bem gastas, mas ainda não estava despedaçado, e não tinha nenhuma parte rasgada. – Coincidentemente um deles estava faltando. O volume sete.

 - E o que eu tenho com isso? – Gajeel perguntou. – Eles podem muito bem ter sumido antes de eu aparecer por lá.

 - Será mesmo? – Erza perguntou. – Que sentido isso faria? Por que eles esconderiam apenas um dos livros? Sabemos que está com você Gajeel, e sabemos que esse livro é importante.

 - Ah... Ele é? – Gajeel perguntou erguendo uma sobrancelha.

 “Ele definitivamente está mentindo.”— Erza pensou. A ruiva encarou Natsu, e por olhares os dois se entenderam. Ela se voltou para Gajeel e apertou mais a espada em sua garganta.

 - E-Ei! – Ele protestou com as mãos para o alto. – Está bem! Vou dizer o que quiserem. Mas primeiro só quero uma resposta.

 - O que? – Gray perguntou.

 - Como souberam desse livro? Está em Língua Antiga, e é uma das Línguas mais difíceis de serem entendidas.

 - Lucy traduziu para nós. – Natsu disse com certo orgulho de sua amiga, que ainda estava sentada no chão, porém mais calma. – E sabe o que descobrimos?

 - Cada um desses livros conta a história de uma parte do reino de Fiore. – Gray disse pegando um pano branco e enrolando em seu braço, que mais tarde todos perceberam que estava sangrando um pouco. – O livro número seis começa com o descobrimento do Vale de Warth, que fica ao norte de Fiore, e no final dele, o que Levy e Lucy descobriram é que cita qual é o lugar do próximo livro. E o oitavo também fala sobre ele no prólogo. Esse lugar seria a Floresta do Leste.

 A Floresta do Leste era uma extensa área verde que se localizava na área Leste de Fiore, cobrindo quase toda a região. É muito famosa pela quantidade de plantas e animais exóticos que vivem lá, e por sua intocabilidade. Ninguém ousa inferir as ordens que o Conselho de Fiore impôs sobre aquela floresta, que é nunca cortar uma árvore ou planta sequer para fins lucrativos sem a autorização do Conselho.

 Mas é mais famosa ainda por suas histórias e lendas que giram em torno dela.

 Muitas pessoas dizem avistar fantasmas de entes queridos na estrada, agora abandonada, que cruzava essa floresta. Outras já dizem ouvir gritos á noite quando passam por perto dela. Outras histórias dizem que ali vive uma tribo de canibais, ou coisa do tipo.

 Mas o que todos mais aceitam é que ali, no meio de toda a mata, existe algum tipo de covil de mercenários que são simplesmente aterrorizantes de tão cruéis. Claro que toda a guarda real já andou por toda a floresta e nunca encontrou nada. Todas essas histórias são lendas urbanas, mas ninguém se arrisca a ir ver qual lenda é a verdadeira.

 - Meu pai me contara uma coisa antes de eu embarcar nessa viagem. – Natsu estava muito mais sério que o normal. – Ele me contara de uma carta. Uma carta que Layla Heartfilia havia mandado á ele antes de ela morrer, dizendo que ele seria um dos primeiros a abrir sua correspondência. – Nisso Lucy levantou seu olhar assustada para Natsu.

 “Um dos primeiros... Minha mãe sabia que eu não iria abrir a sua carta agora... Ela sabia que eu estava esperando. Mas esperando o que exatamente?”— Mil pensamentos começaram a se passar na mente da loira, mas ela se forçou a se focar no que o príncipe de cabelos rosas dizia ameaçadoramente para Gajeel, enquanto era protegido por Erza com uma pesada na garganta do mercenário e por Gray, que ficava atrás do rapaz atento à tudo, apesar de seu braço estar um pouco machucado.

 - Eu já ouvi a história de Layla. Sei como ela morreu e quem ela era. – Ele se virou para Lucy, que estava perto dele. – E sei muito bem quem você é e o que você sabe fazer. Você tem o dom da Visão.

 - Sabe alguma coisa desse dom? – Ela, pela primeira vez, se pronunciou. Sua voz quase não saiu direito, ela passava arranhando sua garganta, que percebeu que estava muito seca. Percebeu que ainda segurava a adaga com muita força, e seus dedos estavam bem vermelhos devido a força que exercia neles.

 - Algumas coisas... – Gajeel disse mexendo em um dos seus anéis de aço em uma das mãos. – Só o que eu ouço falar por aí, nada demais.

 - Tipo o que? – A loira perguntou.

 - Que ele pode variar, que é perigoso, porém é um dom muito raro e especial, que esse futuro que você vê é só uma das possibilidades futurísticas. – Ele disse desatento a tudo, fingindo desinteresse.

 - O que? – Lucy perguntou confusa, mas ele a interrompeu antes que respondesse sua pergunta.

 - Eu quero saber o que querem com esse livro. – Gajeel disse friamente, olhando nos olhos de Erza, que era a pessoa que estava mais próxima a ele, apertando uma lâmina de aço contra sua garganta. – Por que ele é importante para vocês assim, a ponto de me entregarem um baú de prata por ele?

 - Por que ele seria importante para você a ponto de não nos dar esse livro por um baú de prata? – Gray questionou de volta. – O que o rei pede não se deve contestar, mas quanto a um mercenário que até então não achávamos que estava vivo... Acho que você deve explicações para algumas pessoas.

 - Tipo quem? Não devo satisfações a ninguém. – O moreno alto pareceu se irritar um pouco.

 - Começando pelo rei. – Erza disse estufando o peito. – Você sumiu do nada, e querendo ou não era membro do castelo quando seu pai faleceu. Deve explicações a ele.

 - Não devo explicações para aquele velho. – Gajeel resmungou e ele sentiu mais uma lâmina pairar sobre seu peito. Ele olhou para o lado e viu Natsu com sangue no olhar.

 - Nunca mais diga nada assim sobre meu pai, seu bastardo. – Ele grunhiu com raiva no olhar. Os capangas de Gajeel se aproximaram, mas Natsu os encarou e depois riu com escárnio. – Venham... Eu e Erza os mataremos com um só golpe. Ou será que estão com medo do que posso fazer?

 Ele encarou Gajeel e viu um resquício de medo em sua face. Com um sinal com a mão, ele mandou seus rapazes se afastarem e guardarem as armas. Ele não queria nem tentar a chance de morrer, afinal.

 - Esse livro... Ele é importante para mim. – Gajeel começou.

 - Por quê?

 - É uma longa história. – Ele começou.

 - Vá ao castelo, temos muito tempo para conversar. – Natsu falou tirando a espada da garganta dele, mas Erza continuou firme com seu punho.

 Gajeel riu com escárnio.

 - Eu voltar naquela muralha? Deve estar doido. – Ele resmungou. – Nunca mais voltarei naquele lugar sem um bom motivo.

 Nisso Lucy, que já estava mais afastada de tudo, ouviu uma voz em sua cabeça. A mesma voz feminina e doce que ouvir algumas noites atrás.

 “Diga à ele.”— Ela dizia repetidamente. Olhou para os lados, desconfiada, mas não viu ninguém no breu da floresta de onde estava. Tentou andar mais afundo, mas ficou com medo de se distanciar de todos. Seu vestido pesava muito e ela ainda estava muito assustada.

 Olhou para o horizonte e viu um pequeno resquício de luz no céu. Era o Sol anunciando que daqui a algum tempo iria aparecer com mais força.

 - Dizer...? – Ela perguntou para si mesma baixinho, mas não ouviu nada em resposta.

 Até que, por um flash em sua memória, ela teve uma visão.

 Foi uma visão fraca, o que a fez que cambaleasse um pouco e se apoiasse em uma das árvores de tronco alto dali. Ela estava conversando com Gajeel em um descampado. Ela estendia a mão para ele e falava algumas palavras doces para ele. Mas o rapaz estava diferente. Usava roupas claras e leves, ao contrário da vestimenta de couro que estava naquele momento, e sua face estava mais suave, calma e tranquila do que aquela que estava ali, com Natsu.

 Tão rápido como foi essa visão, Lucy conseguiu voltar ao mundo real em segundos. Olhou em volta e viu que ninguém havia percebido nada de estranho nela. Agradeceu por estar escuro. Não sabia se seus olhos estavam dourados ou não, mas não queria arriscar de forma alguma.

 Lucy olhou para Gajeel, ao mesmo tempo que Erza retirava a espada de seu pescoço e ele dava um gemido de alívio por ainda ter seu pescoço. Ela sentiu uma coisa estranha quando seus olhares se encontraram.

 Foi como se compartilhassem um mesmo sentimento. Por trás de toda a grosseria e sarcasmo de seu olhar, ela viu dor, viu saudade. Um sentimento estranho começou a tomar conta dela. Ela conseguiu ver o que estava lotado em sua alma até a garganta, pois ela se viu naquele homem, de alguma forma.

 - Gajeel. – Lucy o chamou e ele encarou a loira com mais intensidade. – Eu também perdi quem eu amo para eles. Eu sei o que você está sentindo.

 - Você? Como você pode sab... – Ele foi rapidamente interrompido pela doce voz de Lucy, desta vez mais firme.

 - Justiça. Eu não sei o que tem nesse livro, mas eu tenho certeza de que tem tudo a ver com seu pai... Você perdeu todos que ama para eles... Por favor... Me deixe descobrir o que aconteceu com a minha mãe... E eu peço que deixe Juvia saber sobre os pais dela... Eu sei que você quer o bem dela, de alguma forma, já que se conhecem.

 - Juvia? – Gajeel perguntou, e pela primeira vez naquela noite, ela viu uma brecha em sua grande armadura de aço que era sua alma. Ele estava preocupado.

 - Kenichi e Amaya Lockser foram assassinados em sua própria casa há alguns dias. – Gray disse de cabeça baixa, sendo impossível ver sua feição. Gajeel não esboçou nenhuma reação de surpresa perante a isso, mas mostrou uma feição de decepção e tristeza.

 - Onde ela...

 - Está no castelo. Sob nossa proteção. – Erza disse ainda com seu olhar ameaçador. Não confiara nenhum pouco em Gajeel, e ele teria que se esforçar muito para ganhar sua confiança... Se ele realmente estivesse a fim disso.

 - O castelo não conseguiu proteger meu pai, como vão protegê-la deles? – Ele perguntou sarcástico.

 - Um acordo matrimonial está sendo feito. – Erza disse. – Isso não é de longe uma das melhores ideias, mas ela precisa de toda a proteção possível.

 Gajeel riu descaradamente na cara da ruiva, que o encarou com curiosidade e desprezo.

 - Quando eu penso que Juvia já aguentou de tudo... – Ele resmungou, o que atraiu a atenção de Natsu e Gray.

 - Como assim, Gajeel? – Natsu perguntou.

 - Juvia tem muito mais história do que a maioria aqui, e ainda querem que ela se case com um babaca qualquer que nem ao menos tem atração por ela, sendo obrigado a viver com ela porque o rei quis? – Ele disse arqueando uma sobrancelha. Lucy olhou de esguelha para Gray, que estava no ponto de se afundar embaixo daquela carruagem e não sair nunca mais. – Quem quer que seja... Ela tem que contar umas coisas para ele antes. Juvia tem segredos. – O rapaz deu de ombros. – Tenho que ir embora.

 Lucy olhou preocupada para ele.

 - Gajeel... Por favor, pense no que eu te falei. – A loira tentou soar o mais apreensiva que podia, o que não foi muito difícil.

 Ele olhou bem para Lucy, e deu um aceno discreto com a cabeça.

 - Prometo que pensarei... Não demorarei com minha resposta. Para ser justo, e olha que não sou o tempo todo, eu voltarei com minha resposta para buscar o baú de prata assim que terminar umas coisas.– Ele disse enquanto um de seus capangas trazia um corcel negro e alto. Ele montou no cavalo, e antes de andar, olhou para cada um ali e deu uma risadinha sarcástica. – Vocês tiveram muita sorte... Ninguém morreu além daqueles babacas... Que tédio. Podem ficar com o livro. – Ele jogou uma sacola que um dos capangas entregara para ele. – Irei vê-lo novamente de qualquer forma...

 E nisso colocou seu cavalo para trotar, e em menos de dez segundos todos ali desapareceram, deixando Natsu e seu grupo ali sozinhos na floresta, com um acampamento destruído e com vários corpos de mercenários mortos ao longo da clareira.

 - Guardas! – Natsu chamou seus homens, que, apesar de leves machucados, apareceram rapidamente. – Arrumem todo o acampamento, vamos voltar para o castelo agora. Já fizemos o que tínhamos que fazer. Erza, Gray, podem ajuda-los? – Ele perguntou para os dois, que concordaram. – Primeiro se limpe e enfaixe seus machucados. – Ele disse para Erza, que acenou com a cabeça. Depois de um tempo Lucy viu Gray a ajudando a enrolar panos limpos sob seus machucados em suas pernas.

 Ela percebeu que Natsu não estava muito bem. Estava sentando em um tronco de árvore caído, e parecia bem pensativo, com a sacola. Caminhou até ele, e se sentou no chão mesmo. Seu vestido estava todo sujo de sangue e terra, um pouco a mais não faria diferença, não que ela se importasse muito com isso.

 - Natsu... Está tudo bem? – Ela perguntou para ele, e, pela primeira vez, ele a olhou com corinho naquele dia. Desde seu vestido até seus cabelos que estavam um pouco desgrenhados foram analisados pelos olhos cinzas de Natsu Dragneel.

 Ele riu seco e depois voltou a olhar para o chão.

 - Seu pai vai querer me matar se eu te entregar desse jeito para ele. Acho que ele nunca mais vai querer que você saia comigo...

 Ela riu com o comentário.

 - Não estou preocupada com o meu pai. Mas... Você me parece estranho. O que aconteceu? Conseguimos encontrar Gajeel, falar com ele e tentamos convencê-lo a ir para o castelo... O que aconteceu?

 Ele respirou fundo.

 - Estou com um sentimento ruim. – Ele disse bagunçando seus cabelos, que estavam um pouco úmidos devido ao suor escorrendo em sua testa. – Não sei se estamos... Seguros, com isso. Não sei se você está segura...

 - Sabe, Natsu... Acho que nesse tempo, a última coisa que vamos estar é seguros. Apenas sinto isso. – Lucy disse séria. Uma coisa estranha apertou ainda mais seu peito. – Mas por que se preocuparia comigo?

 - Ah... Você tem um dom muito... Poderoso. Várias pessoas podem querer ele. Muitas pessoas podem te fazer muito mal. – Ele falou baixinho encarando o chão, de forma que Lucy não conseguiu enxergar seu rosto. – E eu não quero que você se machuque de forma alguma. - Iria responder, mas foi interrompida por uma voz.

 - Ei, Natsu. – Gray o chamou, acabando com a conversa dos dois. – Temos um pequeno problema.

 - O que? – Ele perguntou.

 - Um dos cavalos, no meio da confusão, fugiu, ou foi roubado... Temos um a menos. – Ele disse mostrando um pouco de confusão.

 Natsu respirou fundo, e depois se voltou para o amigo.

 - Coloque dois cavalos para levar a carruagem e sele o resto. Vai faltar um, então Lucy vai ir comigo. – Ele disse numa simplicidade que Lucy até demorou para entender o que ele disse.

 - O que? – Ela perguntou confusa. Natsu a encarou com dúvida e um pouco de divertimento no olhar.

 - Não mordo, Lucy. – Ele disse sorrindo displicentemente. – Acalma-te. Não irei deixa-la cair do cavalo. – E assim se levantou sorrindo.

 Lucy ainda ficou confusa com tudo. Por que ele fez isso? Simplesmente podia tê-la colocado para ir junto com a carruagem, ou com Gray ou Erza. Por que ele?

 Lucy se pegou surpresa. Por que estava se importando tanto com o que ele deveria estar pensando? Se deu uma bronca interna antes de se levantar e se dirigir onde Erza estava guardando alguns mantimentos que não estavam estragados.

 - Precisa de ajuda? – A loira perguntou e ela assentiu. Entregou para Lucy um pequeno saco com babatas e pediu para que organizasse isso junto com o resto da comida. Assim ela fez.

 - Ei, Lucy... – Erza a chamou, enquanto Lucy estava distraída amarrando alguns sacos de pano e entregando para um guarda. – Você está bem? Parece meio pálida...

 Ela não poderia negar. Ainda estava meio abalada com tudo o que havia acontecido há uma hora antes. Suas pernas estavam meio trêmulas e, mesmo lavando suas mãos depois ainda podia sentir o cheiro forte e metálico do sangue do inimigo em suas mãos. Como Gray, Natsu e Erza aguentavam?

 - Estou... Apenas me assustei. Mas estou melhorando. – Ela disse sorrindo calmamente para a ruiva, que concordou levemente com a cabeça.

 Para Lucy, Erza Scarlet tinha uma beleza incomum. Mesmo sem nenhuma maquiagem nem com roupas bonitas (como seu vestido ficara rasgado no meio da batalha, ela estava usando uma mais simples até o joelho, com uma calça de couro por baixo.) ela conseguia ser linda. Seus cabelos escarlates contrastavam perfeitamente com a pele alva da mulher, e seus olhos castanhos intensos já denunciavam que ela não era nem um pouco inofensiva.

 - Fico feliz. Acho que Natsu estava preocupado. – Ela comentou baixinho e a loira corou um pouco. Erza fingiu que não tinha visto aquilo. – Ele parecia inquieto.

 - É m-mesmo? – “Por que está gaguejando, Lucy?”, ela pensara, o que a fez ficar ainda mais vermelha.

 - Acho que ele se importa bastante com você, com seu dom e seu passado. – Ela comentou se levantando. – Ele é uma pessoa boa, como eu havia dito. – E deixou Lucy ali, sentada no chão com seus próprios pensamentos.

 Se recusou um pouco a pensar no que Erza havia lhe falado. Achava que quanto mais pensasse no assunto, mais ideias mirabolantes apareciam em seus pensamentos.

 Depois de alguns longos minutos, tudo estava pronto. Antes de todos partirem, todos ali comeram um pão de cereais com um bom vinho tinto, o que não chegou a tirar toda a fome de todos, mas conseguiu disfarçar um pouco.

 Gray, que estava mais sério desde antes mesmo do conflito saíra na frente com Erza e alguns guardas. Natsu iria sair juntamente com a carruagem. Ficando só os dois para trás, o príncipe chamou Lucy e ela caminhou até ele lentamente.

 - Venha. – Ele estendeu sua mão e a ajudou a montar no corcel dele. Ao contrário da última vez que andaram juntos em um mesmo cavalo, ela estava atrás do rapaz, o que a fez ficar um pouco desconfortável, já que o único apoio que ela teria ali seria a cintura do jovem.

 Ele montou com uma destreza excepcional, e, apesar de nem ter se arrumado, muito ao contrário, apenas se lavara em um riacho ali por perto, ele tinha um aroma. O cheiro dele.

 Era impossível para Lucy não sentir. A cela era pequena para duas pessoas e bem escorregadia, mesmo com o cavalo ainda parado. Era mais que óbvio que ela teria de ficar muito perto do rapaz, e o mais curioso de tudo era que ele não reclamara de nada.

 - Pronta? – Natsu perguntou para a loira, que grunhiu baixinho em concordância. – Cuidado para não cair. – Ele disse brincalhão e tocou o cavalo, de forma que ele começara a andar.

 Ela automaticamente se apoiou em Natsu e abraçou delicadamente sua cintura. O rapaz sentiu os finos braços de Lucy envoltos em seu corpo e não pode deixar de sorrir. Ele podia apostar que ela estava, no mínimo, rubra. Era tímida demais para uma coisa dessas, e ele adorava deixa-la com vergonha, mas nunca iria admitir isso para ninguém.

 Apressou mais ainda o cavalo para chegar ao mesmo passo que a carruagem e seus dois amigos na frente. Assim que conseguiu isso, se pôs do lado esquerdo do veículo, Erza ficou do lado direito e Gray na frente.

 Enquanto via o Sol nascer, Lucy observou o céu, que de um tom escuro de azul começou a se mesclar com tons arroxeados e avermelhados. Era lindo.

 Queria chegar ao castelo o mais rápido possível, e sua tensão aumentou ainda mais quando sentiu um aperto estranho em seu coração. Por alguma razão, ela sentira que precisava estar lá, e que alguma coisa estava acontecendo. Mas como isso acontecia várias vezes com ela, Lucy nem se deu ao trabalho de comentar alguma coisa com Natsu.

 Falando nele, ela sentiu certa tensão no ar desde que começaram a pegar a estrada. Ele não abria a boca para falar nada, e ela estava cansada demais para dizer alguma coisa. Havia perdido algumas horas de seu sono, e notara isso em seu corpo. Estava mais pesado que o normal.

 Mesmo sabendo que poderia ser arriscado, ela apertou mais seus braços em Natsu e encostou sua cabeça em suas costas largas. Natsu sentiu isso, e, pela primeira vez ficou tenso com uma mulher se encostando nele.

 Mesmo sabendo que a Heartfilia não tinha nenhuma intenção suja com ele, Natsu ficou nervoso com seu toque. Talvez seja pelo fato de que ela nunca foi de abraçar ninguém dessa forma até onde sabia, mas assim que viu que ficara mais quieta ali, e que seus braços se afrouxaram um pouco, ele percebeu que ela estava quase dormindo. Rezou mentalmente para que ela não caísse dali. Poderia parecer até meio engraçado, mas ele se importava com isso, que ela caísse, já que não havia como segurá-la na posição que ele estava.

 - Natsu? –Lucy o chamou, tentando quebrar um pouco daquela tensão de se estar abraçada com uma pessoa da realeza depois de sofrer um ataque de mercenários.

 - Sim. – Ele falou, tentando ser o mais educado possível.

 - Estou com uma má impressão... – Ela comentou baixinho.

 - Teve alguma outra visão? – O rapaz perguntou mais preocupado. Ele não tem boas lembranças das ultimas vezes que ela teve uma visão mais... Profunda.

 - Não! Foi só um pressentimento. Uma sensação estranha de que tem alguma coisa muito importante acontecendo... – Ela disse ficando em silêncio logo depois.

 - Não se preocupe, Lucy. Vamos para o castelo, lá estaremos seguros. – Ele disse calmo, mas Lucy conseguiu perceber ele engolindo em seco depois.

 Depois disso, aquela tensão estranha entre os dois havia se dissipado, porém o silêncio ainda reinava por ali.

 Resolveram não parar de forma alguma, já que todos ali estavam loucos de vontade de chegar em casa logo. Estavam torcendo para que, na próxima curva, eles já conseguissem enxergar as torres altas e vermelhas do castelo Dragneel.

 Natsu queria ver seu pai e seus amigos, era difícil ficar longe deles, ele confessava. Sempre fora apegado à todos e se distanciar, mesmo que seja por pouco tempo parecia anos para ele. Erza estava doida para encontrar Mirajane e juntas conversarem sobre qualquer coisa que pudessem falar, e, claro, treinar. Depois de um bom banho quente e vários pedaços de tortas de morango, claro. Gray apenas queria voltar para sua cama e dormir até não aguentar mais, e depois disso comer um belo jantar e ir para Fairy Tail, a taverna favorita da maioria das pessoas do castelo. Lucy queria ver seu pai, saber como ele estava, e depois tomar um bom banho e terminar de ler seu livro de romance, depois de mandar uma carta para Levy contando tudo o que aconteceu.

 Finalmente, quando já estava mais a tarde, eles viram uma ponta do telhado avermelhado do castelo e comemoraram internamente. Estavam cansados de viagem.

 - Finalmente Magnolia! – Gray comemorou com uma risada seca logo em seguida.

 Mas o sorriso e alegria de todos se esvaiu quando ouviram um barulho incomum da cidade. Gritos. Gritos de mulheres, crianças, homens... Todos os camponeses estavam gritando e correndo.

 - Mas o que...? – Erza perguntou parando seu cavalo na última colina que levava a cidade. – Guardas, levem a carruagem para a floresta! Escondam-na lá! Têm joias aí, não podemos perdê-la!

 A maioria dos guardas foi para o bosque com a carruagem, e dois ficaram com Gray, Erza, Natsu e Lucy.

 - Natsu... – Lucy o chamou, mas ele não conseguiu ouvir que ela poderia ter perguntado, já que o barulho de um canhão irrompeu o lugar, assustando a todos.

 - Mas que droga está acontecendo?! – Gray disse colocando seu cavalo, já assustado, para correr em direção à cidade, assim como Erza.

 - Lucy! Desça e fique com os guardas no bosque! Não saia por nada! Eu juro que voltarei para te buscar! – Natsu disse e Lucy não ousou contestar. Ele nem olhara para ela, e seu tom de voz era sério e... Perigoso? Ela achava que sim. Ele tinha entrado em um modo de batalha que até então era desconhecido para ela. Porém achara tudo muito... Intrigante na forma como ele estava agindo. Ela nunca o vira desse jeito.

 Mal descera da montaria e o príncipe saiu correndo com seu corcel para o castelo, e vira ao longe ele sacar sua espada antes de entrar na cidade. Com certeza havia visto mais do que uma simples confusão para estar daquele jeito.

 Enquanto corria em direção ao bosque para junto dos guardas reais, Lucy agradeceu pelo vestido leve que colocara ainda no acampamento, antes de sair, o que a possibilitava de correr com mais facilidade.

 Mesmo com certa relutância de ter sido deixara para trás literalmente, Lucy sabia que Natsu fez isso para seu bem. Não poderia ficar com ele. Além de ser perigoso para ambos, ele se preocuparia mais com ela do que com ele, e isso ela sabia bem. Natsu é assim. Ela o vira treinar em grupo com Gray, Erza e Lyon, e ele sempre se preocupava com o companheiro que fosse. Ela mal sabia lutar direito. Não sabia o que estava acontecendo por ali, mas pelo que percebia era bem sério.

 Alcançou os guardas, porém antes de eles perceberem que ela estava ali, acabou tropeçando em uma raiz de árvore e bateu com sua cabeça no chão.

 Com um gemido de dor, tentou se levantar, mas seu corpo de repente ficara pesado demais, e o máximo que ela conseguia fazer era rastejar na direção da carruagem. Porém, nem isso conseguiu fazer com sua visão se turvou, deixando-a apenas com a sensação ruim de não enxergar nada direito e os gritos a fundo, depois da pequena colina que a separava de Magnolia.

 Com mais um tiro de canhão, ela não aguentou mais e caiu no chão, sua vista ficou escura, mas ela não estava fechando os olhos.

 Rapidamente, todo o barulho sumira, como se alguém tivesse colocado tampões de ouvido em suas orelhas, e uma nova imagem se projetou em sua cabeça.

 Era ela pequena, devia ter uns dois anos de idade. Estava brincando com Michelle, sua bonequinha de pano, que fora muitos anos sua companheira, por conta de ser muito solitária em sua infância.

 - Lucy! – Ela ouvira seu pai ao longe, mas estava chamando pela menininha de cabelos loiros curtos e de vestidinho rosa com rendas. – Venha aqui!

 - Papai! – A menina saiu em passos trôpegos em direção ao homem, que se agachou de braços abertos para recebê-la aconchegadamente. No momento que a menina tocou nos braços do homem, a imagem mudou.

Era seu pai. Ele estava deitado inconsciente em alguns tecidos em uma das salas do castelo. Havia vários homens e guardas passando por todo o lado. Ele estava na catedral de Kardia, conhecia a estrutura. Ela parecia presente ali, perto do pai, mas ninguém a notava, era como se ela fosse um fantasma. Olhou para o relógio, porém quando foi voltar o olhar para seu pai, ele estava com uma espada cravada em seu peito, gritando por Lucy.

 Com um grito sufocado, ela voltou ao mundo real. Precisava ir para lá, precisava ver seu pai.

 Ela se levantou se apoiando em uma árvore, suas pernas ainda trêmulas, e olhou para onde Magnolia estava. Era um caminho muito longo para sair correndo a pé. Olhou para os guardas, e viu que eles haviam descido de seus cavalos, e haviam prendido eles em um tronco de árvore mais adiante.

 Ela só tinha uma chance. Os cavalos eram reais... Natsu e Igneel não iriam prendê-la por isso, iriam?

 Se apoiando em algumas árvores, caminhou em direção aos cavalos o mais silenciosamente possível.

 Suas pernas tremiam, e ainda estava muito tonta, mas tinha uma noção de onde estava e para onde ela podia ir. Se lembrava com perfeição seu pai sendo assassinado, precisava impedir. Torcia para que chegasse a tempo. Ela viu a hora na catedral... Tinha que chegar a tempo.

 Pegou o primeiro cavalo que vira. Era um corcel marrom, com uma mancha branca da cara. Com certo esforço, ela conseguiu subir no cavalo e se apoiou nas rédeas e no pescoço do cavalo. Ainda estava tonta, mas precisava fazer isso.

 Colocou o cavalo para correr, não dando tempo para os guardas perceberem que era ela. Se segurou mais ainda na sela, achando que iria cair a qualquer momento. Se lembrou do que Natsu falara. Ela não podia sair dali.

 Parou no topo da colina, e conseguiu ver a cidade inteira sendo atacada. Havia vários guardas vestindo roupas pretas, mas ela ainda não conseguiu distinguir de onde eles eram. Uma brisa leve soprou em seu rosto e ela conseguiu melhorar um pouco. Conseguiu ficar bem no cavalo. Olhou para trás e os guardas ainda não saíram do bosque. Agradeceu por isso.

 - Me desculpe, Natsu... Mas eu preciso fazer isso. – Ela disse respirando fundo, e sentiu seu coração palpitando forte, que chegava até a doer. Colocou a mão em sua cintura, onde a adaga que o príncipe lhe dera estava presa, e se sentiu mais calma. A cidade estava simplesmente uma zona, o castelo estava sendo atacado e várias pessoas estavam caídas no chão.

 Em seguida tocou o cavalo e o fez correr rapidamente, partindo para sua primeira luta que seria, provavelmente, a última.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! O que acham que vai acontecer??



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