Kings And Queens escrita por Nina Black


Capítulo 31
Chapter 29 - A Catedral Kardia


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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 - Mas o que está acontecendo? – Erza praguejou assim que atingiu mais um soldado vestindo preto que tentara a atacar á caminho do palácio. – Quem são eles? – Ela perguntou assim que não soube identificar o símbolo que estava bordado em suas roupas e o que estava desenhado em seus escudos e nas celas dos cavalos.

 - Não faço a menor ideia! – Gray disse atingindo dois rapazes de uma vez com suas espadas, os derrubando. Porém, o que ele não viu foi uma flecha em sua direção, só a percebendo quando atingiu seu corcel negro em cheio no peito. – Droga! – Ele gritou assim que ele caiu. – Ah, não! – Ele falou passando a mão em seu cavalo, que já não respirava mais. – Seus filhos da puta! – Ele gritou com raiva.

 - Gray! – Natsu gritou. – Você está bem?

 Esse cavalo seu pai lhe dera, claro que não estava bem. Mas aquilo, definitivamente, não era o momento para ficar triste ou se lamuriar. Viu um cavalo correndo, sem dono, que deveria ter morrido na batalha e montou nele rapidamente. Era ágil e forte, mas nada comparado ao seu corcel.

 - Eu estou bem! – Ele disse para os dois. – Temos que chegar ao palácio logo!

 E dizendo isso, ele, Erza e Natsu correram em direção ao castelo, mas foram parados por mais uma horda de cavaleiros.

 - Droga! – Natsu praguejou quando fora derrubado de sua montaria.

 - Natsu! – Erza o chamou nomeio da gritaria, mas também foi atingida na perna de raspão por uma lança. Ela grunhiu alto e se segurou mais firme em seu cavalo, se ela caísse, com certeza seria pisoteada, já que não estava conseguindo correr mais devidos os recentes ferimentos que os mercenários provocaram em suas pernas.

 - Natsu, você está bem?! – Gray gritou para o rapaz, que caíra devido a três cavaleiros que o prenderam. – Natsu! – Ele gritou ao ver que o príncipe fora encurralado.

 - Gray! Erza! Vão para o castelo! – O rapaz de cabelos rosa gritou para os dois.

 O Fullbuster não vacilou em nenhum momento, e assim a Scarlet também fez. Não iriam deixar Natsu ali sozinho, nunca.

 Durante todos esses anos de treinamento, Erza e Gray desenvolveram uma habilidade muito boa em batalha, que até mesmo Natsu ainda não conseguiu isso completamente: Não importa qual o motivo, ou a quantidade de guardas, os dois podem ficar nervosos e assustados, mas eles sempre conseguem bolar um plano, ou uma saída, não importando a pressão que estão sofrendo no momento.

 - Erza! Vai pela direita! – Gray disse colocando seu cavalo para correr na direção de Natsu, mais precisamente nos soldados que estavam o cercando. A mulher entendeu o que ele quis dizer e correu com seu cavalo também.

 E apenas um golpe certeiro, os dois derrubaram cinco soldados, Erza atacou um, que caiu em cima do outro, e Gray derrubou um com sua espada e chutou o rosto do outro, que cambaleou e caiu em cima de outro soldado, que estava segurando Natsu.

 - Natsu! – Erza o chamou e, sem nem mesmo parar o cavalo, o rapaz saltou e subiu na garupa do animal e se segurou na cintura ruiva. Antes de começarem a voltar a correr pelo castelo, deram de cara com um casal, que reconheceram de longe quem eram e foram ajuda-los, pois estavam em clara desvantagem ali no meio.

 - Bickslow! Evergreen! – Gray gritou, atraindo a atenção dos dois.

 - Natsu! Gray! Erza! Estão vivos! – A mulher disse atacando mais um soldado que ousava chegar perto dela.

 Assim como Erza, Mirajane, Ur e Ultear, Eva Evergreen era mais uma das mulheres que fazem questão de empunhar uma espada do que sair correndo de uma boa luta. Seus cabelos eram de um tom de loiro escuro e cacheado, seus olhos eram castanhos bem escuros, protegidos por um par de óculos (não que ela precisasse muito deles em batalha, usava mais para um charme), e seu corpo forte e escultural estava protegido por um vestido verde leve e com o busto coberto por uma armadura prateada. Estava com uma espada nas mãos, mas sua especialidade era atirar facas, e tinha um arsenal completo disso. Como ela não estava usando sua arma preferida, Erza deduziu que tudo isso acontecera rapidamente, não dando tempo de ninguém se preparar.

 O homem que estava com ela era conhecido por Bickslow. Ninguém sabe seu nome real, nem mesmo ele. Makarov disse que ele perdera a memória quando criança, e que fora adotado por um circo da região onde morava. Não se sabia muito bem como ele havia chegado ali, junto à Laxus e a Evergreen, já que ele não gosta muito de falar do seu passado, apesar de ser um homem bem humorado e gentil.

 Era alto e musculoso, tinha a pele morena e seus cabelos eram de um tom de roxo azulado bem escuro, era espetado e tinha pequenas falhas nas laterais da cabeça. Seus olhos eram de um verde intenso e tinha certa malícia no olhar, que quem o conhecera desde antes de Gray ou Erza sabe dizer que ele sempre tivera isso. Trajava roupas escuras, acompanhado por um capacete de aço e ombreiras largas do mesmo material. Sua arma favorita era sua clava de metal fundido: Um grande bastão de madeira negra bem resistente, onde na ponta havia várias peças afiadas de metal, com a função de cravar na pele do inimigo a fundo, não deixando que ele se movesse logo em seguida, de tão profundo que seria o golpe desta arma.

 - Vamos para o castelo! – Natsu disse saltando do cavalo e acertando um soldado que chegava por trás para atacar Evergreen. – Erza! Pode ficar aqui com eles? – Ele perguntou com uma ponta de preocupação devido ao machucado na perna da moça.

 - Posso! Não estou tão inválida assim! – A ruiva reclamou atingindo mais um soldado de preto. Mas parecia que a cada um inimigo que caía, dez apareciam no lugar. – Vão você e Gray! Te damos cobertura! – Ela falou e o rapaz de cabelos rosas saltou na montaria de Gray Fullbuster e os dois seguiram o mais rápido possível para o castelo.

 Com toda a adrenalina, ficava difícil para Gray identificar onde eles estavam, já que havia casas e comércios destruídos. Se não fosse Natsu apontando e gritando para onde ele deveria ir com o cavalo, ele demoraria mais do que o esperado para chegar ao palácio real.

 Assim que ficaram de frente a frente com a construção de pedras avermelhadas, Natsu teve vontade de chorar. Ele estava com raiva com quem quer que tivesse feito isso. Maior parte do castelo estava inteiro, mas grande parte da área Leste estava destruída, e vários soldados, tanto aliados quanto inimigos estavam lutando no jardim. O jardim da mãe dele.

 Gray não se preocupou muito com isso, e com o cavalo mesmo entrou por um grande buraco que fizeram na parede, dando de cara com a Sala do Trono. Os dois desceram da montaria e começaram a lutar com a maestria e destreza que foram ensinados durante todos esses anos.

 Gray pegou sua espada de aço branco, que em sua primeira luta já ficara manchada de vermelho. Natsu com sua espada de aço vermelho iniciou um batalha com, pelo menos, cinco soldados inimigos ao mesmo tempo. E ganhou todas. Gray ficou preocupado com o amigo, com medo de ele se forçar demais de uma única vez, mas não ousava contestá-lo quando o príncipe estava lutando com os inimigos. Não com a raiva que ele via nos olhos acinzentados de Natsu.

 Então, o moreno tentou se focar onde ele estava. A Sala do Trono estava completamente destruída, mas os dois tronos ainda estavam inteiros, por mais incrível que pareça. As paredes estavam quebradas em alguns pontos, e os tapetes e quadros estavam rasgados. Havia várias pessoas lutando ali, tornando o ambiente muito apertado para batalhas.

 Alguns longos minutos depois, todos os inimigos que estavam naquela área do palácio haviam sido mortos, ou fugiram por estar em minoria. Assim, Gray pôde ver quem estava lá, e melhor, quem estava bem.

 Seu pai, o General Silver das tropas reais estava ali, com sua armadura de prata, a mais reluzente e pesada que tinha, e não tinha uma, mas duas espadas na mão, ambas grandes, compridas e de um aço negro. Ultear estava com ele, com duas adagas compridas e bem afiadas que ela pintara de vermelho que, coincidência ou não, combinavam com seu vestido naquele momento.

 - Pai! – Ele chamou seu velho, e foi aí que percebeu que estava cansado. Não tinha nenhum ferimento grave, apenas alguns arranhões nos braços e um corte fino na bochecha esquerda, mas lutara com muita gente ali até acabar todos. Suas roupas estavam um pouco rasgadas, mas não destruídas.

 - Gray! – O seu nome saiu da boca de Silver mais como um suspiro de alívio do que um chamamento em si. – Você está vivo! – Ele disse caminhando rapidamente até o filho, mas fora interrompido por um dos soldados caídos, que acharam que estava morto, segurando sua perna com uma mão e com a outra havia uma pequena adaga.

 Antes mesmo de os dois homens raciocinarem o que deveriam fazer, Gray apenas viu uma lâmina vermelha atravessar o braço do homem, o arrancando de seu corpo com apenas um golpe.

 - Você ainda não morreu? – Ultear perguntou para o soldado com raiva na voz, que urrava de dor por ter seu braço decepado tão inesperadamente. – Ora... Cale a boca, infeliz. – Ela grunhiu para ele, mas depois voltou sua atenção para Gray, como se nada tivesse acontecido. – Onde você estava?! – Ela perguntou indo o abraçar. – Estávamos todos preocupados!

 - Natsu havia mandado uma carta para o rei dizendo que iriamos atrasar um pouco mais, já que havia uma carruagem imensa bloqueando a estrada principal. – Gray falou retribuindo o abraço na morena. Por mais que negasse, sentia falta de Ultear puxando seu pé.

 - Parece que esse mensageiro não chegou a tempo. – Silver disse colocando sua mão no ombro do rapaz. – Mas estou feliz que esteja bem. – Ele olhou para Natsu, que estava atrás do rapaz. – Que os dois estejam bem. Seu pai estava quase surtando, Natsu. Acho que depois disso deveria explicar a ele tudo o que aconteceu.

 - O que aconteceu aqui, primeiramente? – Natsu perguntou confuso. – Eu mal acabo de chegar e já tem um monte de desconhecidos querendo me matar? O que eu fiz de errado dessa vez?

 Gray nunca pensou que em uma situação como essa ele poderia rir.

 - Meninos... Sei que conseguimos derrotar os soldados que estavam tentando invadir o castelo, mas essa luta ainda não terminou. Tem muitos deles lá fora. – Ultear disse entrando no meio da conversa, “acordando” a todos ali.

 - Ul, fique aqui com Gray e Natsu e proteja o castelo o máximo que puderem. Vou me juntar a Igneel na área Oeste da cidade, ele está com Makarov. – Silver falou empunhando suas espadas novamente, o que o fazia ficar ainda mais amedrontador. – Cuidado, filho. – Silver disse antes de se virar e sair correndo pelo buraco na parede.

 - Venham! – Ultear gritou e saiu correndo para dentro do palácio. Ela abriu uma porta que parecia que tentaram arromba-la, mas não conseguiram. – Venham logo! – Ela reclamou e Gray e Natsu entraram ali, bem a tempo de ela fechar a porta e trancá-la, não que servisse de muita coisa numa batalha.

 Eles foram parar no corredor que dava para os Salões Reais. Estava tudo fechado e muito escuro, já que se deram ao trabalho de fechar as cortinas também e tapar as janelas e portas que dava para fora com tábuas.

 - O que aconteceu aqui, Ultear? – Gray perguntou tentando acompanhar o passo apressado da mulher.

 - Aconteceu há umas duas horas atrás, mais ou menos. Eles vieram da colina do Norte ao amanhecer. Pegaram-nos desprevenidos por simplesmente aparecerem de dia. Não sabemos quem são eles... O emblema deles não é daqui! – Ela disse ficando estressada. Dentre todos ali, Ultear era a que ficava mais nervosa quando era feita de boba como naquele momento.

 - Onde estão todos? – Natsu perguntou acompanhando a mulher mais facilmente do que Gray.

 - Igneel está com uma tropa especial no Norte, junto com Silver, agora, e Makarov. Ur e Lyon estão no Sul, protegendo a área. Laxus e Mirajane estão na Catedral de Kardia junto com Grandine, ajudando a proteger os feridos que estavam na enfermaria do castelo, mas a maioria já está sendo transferida para outra área, já que um soldado veio me falar que estão querendo atacar a Catedral também. Freed está com o pessoal da Fairy Tail espalhado pela cidade, eles estão nos ajudando, fora as tropas que estão por toda a cidade. Não conseguimos falar com os Lordes, foi tudo muito rápido. – Ultear falou abrindo a porta de um salão, onde várias pessoas feridas estavam deitadas no chão do enorme salão.

 Talvez seja pela adrenalina do momento, mas nenhum dos dois conseguiu distinguir qual parte do castelo era aquela. Ao longe, eles conseguiam ainda ouvir os gritos e o barulho de espadas e corpos se chocando. O local era alto e amplo, mas assim como o restante do castelo, os tapetes estavam rasgados e vários quadros estavam caídos. Natsu viu Lisanna no canto, ela estava sentada no chão e chorava incessantemente, como uma criança birrenta.  

 - Lisanna! – Natsu a chamou e ela se levantou rapidamente e foi em direção a ele.

 - Natsu! – Ela disse entre soluços desesperados. – Ainda bem que você está vivo! – A albina disse passando a mão no rosto do príncipe e abraçando Gray em seguida. Ela estava bem assustada, e tremia muito. – Por favor, me ajudem... – Ela disse aos prantos.

 - O que aconteceu? – Gray perguntou, já com a sensação de que tinha muito mais coisa acontecendo naquela batalha.

 - E-Eu estava com ela... E-Eu... N-Nós estávamos juntas quando começaram a invadir o castelo, mas quando eu consegui chegar aqui eu não vi mais ela... Ela me mandou pedir ajuda... Mas ninguém foi até lá ainda e... Eu estou com medo! – Ela começou a soluçar desesperadamente.

 - Calma, Lisanna. – Natsu colocou a mão em seu ombro, na tentativa de consolá-la, mas ele nunca fora muito experiente com isso. – Respire fundo. – Ele disse e assim ela fez.

 - Estávamos na biblioteca... Quando os soldados invadiram tudo ela sumiu... E não está aqui! Ainda tem inimigos pelo castelo, e eu não estou ouvindo ela nos corredores! – A moça se desesperou novamente.

 - Quem, Lisanna? – Gray perguntou já com uma sensação ruim tomando seu corpo.

 - Juvia! – A albina estourou encarando o moreno. Um novo barulho de canhão apareceu e ela gritou e saiu correndo assustada.

 - Lisanna! – O rosado gritou pela amiga, mas ela parecia estar em um mundo de terror apenas dela. - Gray... – Natsu o chamou. A expressão no olhar de Gray era inexplicável. Ele não parecia apavorado, mas estava prestes a matar alguém. Porém, quando ele encarou Natsu, estava com uma tranquilidade incrível. O príncipe ficou confuso. – O que vamos fazer? – Ele perguntou.

 Normalmente muitas pessoas se perguntavam: Mas como ele, como príncipe de Fiore, pode perguntar uma coisa dessas? A resposta é simples. Natsu e Gray são melhores amigos, e ele confiava cegamente do filho de Silver Fullbuster.

 - Vá lá fora! Lute com a Fairy Tail, quanto mais gente melhor. – Como um clique, o moreno disse saindo correndo em direção à escadaria do castelo.

 - Pra onde você vai?! – O rosado perguntou para ele quase gritando.

 - Vou achar a Juvia! – Ele falou simplesmente isso, e ignorou os olhares alheios de todos ali presentes.

 Natsu arqueou uma sobrancelha com essa resposta.

 - Isso seria uma coisa boa...? Ele vai se matar entrando ali sozinho... – O príncipe disse. Ele ponderou muito a possibilidade de seguir seu amigo, mas com outro tiro de canhão ele acordou para a realidade. Eles precisavam dele ali fora. O príncipe era necessário.

 Por um momento que ele ainda não o sabia exatamente a razão, deu graças aos céus por Lucy não estar no meio daquela cidade.

~~~~~~~~~~

 Lucy nunca se sentiu tão perdida e assustada quanto estava naquelas ruas.

 Já havia melhorado bastante, e agora conseguia se firmar mais em seu mais novo cavalo. Mas disso nada adiantou quando viu o caos que a cidade estava. Tentou achar a Igreja olhando para o alto, já que fora o castelo era a maior construção da cidade, mas os prédios a sua volta tapavam toda a sua visão, e ela não conseguia ficar parada em um lugar, já que quando fazia isso, sempre vinha algum soldado a atacar e ela tinha que sair correndo.

 “Preciso achar meu pai a tempo.”— Ela só tinha esse pensamento em sua cabeça.

 E, finalmente, no meio de toda a confusão, ela conseguiu achar a Catedral de Kardia no final da rua que, por mais incrível que pareça, estava quase vazia.

 A Catedral de Kardia era simplesmente uma das maiores e mais bonitas construções de Fiore. Famosa por sua arquitetura exuberante, era uma enorme construção de pedras brancas e mármore claro, com duas enormes torres nas laterais, cheia de detalhes em anjos e imagens, com um enorme relógio entre elas, logo abaixo de um enorme vitral colorido. Ela olhou o horário mostrado ali.

 - Droga! Faltam dois minutos! – Ela disse se desesperando, se lembrando de que vira a hora em que tudo iria acontecer na sua visão. Sempre duvidara do que via, mas dessa vez preferiu não arriscar. – Vamos! – Colocou o cavalo para correr em questão de segundos.

 Seu coração estava saindo pela boca. Ao longe ouviu o som de um canhão e de muitas pessoas gritando. Tentou evitar que seu pensamento fosse até Natsu, Gray e Erza. Não queria sequer pensar que eles estavam ali no meio do sangue correndo no chão, das mulheres, crianças e idosos morrendo por nada... Dos bravos soldados de Fiore dando suas vidas... Ela sacudiu a cabeça, não podia pensar nisso. Não poderia fraquejar.

 Mas por um momento de devaneio, ela não vira uma carroça desgovernada que vinha ao seu lado, o que fez seu cavalo se assustar. Com um grito de susto, sua montaria relinchou e empinou, a derrubando no chão da catedral.

 Ela gritou com o susto e depois praguejou ao ver seu cavalo sair correndo em meio a confusão que estava lá na frente. Tentou se levantar, mas gritou em agonia ao ver que torcera seu pé, e não foi levemente.

 – Droga! – Ela gritou quase chorando. Estava desesperada, seu coração estava pela boca. Logo se lembrou o que estava fazendo ali.

 Seu pai. A Visão. Ele morrendo. Não poderia deixar que isso acontecesse. Não com seu pai.

 - Pai... – Ela disse caminhando Catedral adentro. E foi aí que ela se surpreendeu. Não havia ninguém ali, nem seu pai, nem ninguém que ela havia visto em sua Visão momentos atrás.

 “Onde estão os guardas? Havia guardas aqui? E os feridos? E o meu pai?!”— Ela pensou desesperada, olhando por todos os lados.

 Mal notara a presença de uma pessoa entrando sorrateiramente na igreja, atrás de si. Porém, por algum instinto, ela se virou rapidamente e topou com um sujeito que era, no mínimo, o dobro de seu tamanho. Ela não conseguia enxergar nada de seu rosto, graças a um grosso manto preto que o cobria da cabeça aos pés.

 - Quem é você? – Ela perguntou dando passos para trás, a medida que ele se aproximava dela devagar, como se Lucy fosse um animal raro e ele não queria assustá-la. Claro que ela estava muito assustada. – Onde está meu pai?! O que fizeram com o meu pai?! – Ela disse mais alto, mas o cara nada disse. Ela tentou dar mais um passo para trás, mas seu pé torcido mostrou que ainda estava doendo, a fazendo tropeçar e por pouco que não caiu.

 O encapuzado pareceu estar curioso do por que Lucy estava mancando, mas depois voltou sua atenção para o rosto da loira.

 - Eu vim por ordens, senhora. – Ele começou a dizer, e Lucy percebeu que nunca ouvira aquela voz em toda sua vida. Não fazia a menor ideia de quem era. – Necessitamos de seu coração, Lucy Heartfilia. – Ele disse tirando uma adaga no monte de panos pretos. – É para isso que viemos.

Lucy confessava que quase desmaiara ali. O que queriam com ela? Não bastasse quase matarem seu pai? Nem viu quando as lágrimas vieram, lágrimas de medo.

 - Fique longe! – Ela tentou dizer em vão, pegando a adaga de sua cintura e apontando para ele, mas o homem não hesitou em nenhum momento, continuando a andar lentamente em sua direção.

 “Não consigo nem correr...”— Ela pensou. – “Por que eu tinha que machucar esse pé justo agora?”

 Tentou caminhar mais rapidamente até o altar, mas cometeu um grande erro que, ao tentar correr, se virou rapidamente de costas para ele, o que o deu chances de ataca-la nas costas, derrubando sua arma e a chutando para longe. Lucy sentiu seus cabelos sendo puxados com força e seus braços foram imobilizados. Ela sentia a respiração calma do homem em sua nuca, e era simplesmente aterrorizante. Arrepiou de pavor ao sentir o hálito dele perto de seu rosto.

 - Acho que já pegaram sua amiga. Não que ela seja muito importante, mas precisamos completar o trabalho. – Ele disse no ouvido da moça, o que a fez ter ânsias de vômito. Foram eles que mataram os pais de Juvia. Foram eles.

 Mas quem eram eles?

 - Por favor... – Ela disse em meio aos soluços de desespero. – Por favor pare. – Ela disse. – Meu pai...

 - Ele está bem. Tínhamos certeza de que você viria aqui se visse ele sendo morto. Ele estava aqui... Mas logo depois uma velha o levou... Claro que não evitei... Não era ele meu alvo.

 Ela arregalou os olhos. Eles sabiam da Visão dela. Seu coração parecia que iria sair do seu peito a qualquer momento. Ele apertou ainda mais os braços da mulher, e depois ela sentiu correntes grossas passarem por entre eles, a prendendo totalmente. Gritou palavras sem conexão nenhuma, como “Assassino!” e “Socorro!”, e se destampou a chorar incessantemente. Estava com a mesma sensação de pavor que no dia em que invadiram sua casa.

 “Vou morrer.”— Ela só conseguia pensar nisso.

 - Ele estava aqui... Eu pensei muito em mata-lo e arrancar suas tripas, mas... Achei que daria muita confusão... Mais do que já estava acontecendo, não é mesmo? Agora... Bem... Agora eu não sei onde seu querido papai está! – E no final ele deu uma risada que cortou os tímpanos de Lucy.

 Ela estava zonza. Tudo ao seu redor girava. Mal conseguia raciocinar as próprias palavras do homem. Deu tudo errado. Ela não fazia ideia de onde seu pai estaria e só rezava para que ele estivesse salvo. Mas agora ela seria morta e não vai ter ninguém que vai impedir isso.

 - Bem... Agora vamos brincar um pouquinho com você... Não prometo que não irá machucar... Muito pelo contrário... Irá doer muito. – Ele disse e Lucy teve a certeza de que ele estaria sorrindo, mesmo não vendo seu rosto.

 Lucy pensou em seu pai novamente. O que ele estaria fazendo agora? Rezou novamente para que estivesse vivo ainda. Olhou para o alto e viu o enorme vitral á sua frente, viu o Sol atravessando-o, dando cor á igreja. Viu tons azuis, verdes, roxos e rosas atravessarem o portal.

 Rosas. Se lembrou dos cabelos de Natsu, se lembrou dele. Apesar de ser um pouco arrogante e infantil, era uma das melhores pessoas que havia conhecido. Lhe deu o máximo de atenção possível. Fez ela se sentir em casa naquele castelo. Seu coração vacilou um pouco.

 Ela prometeu à ele. Prometeu que não iria se meter em nenhuma encrenca. Mas não conseguira. Era seu pai, ela não podia perdê-lo. Não podia passar pela mesma coisa de antes. Mas também não queria morrer. Não queria dar esse prazer pra quem quer que fosse essa sombra. Ela sabia que aquilo tinha participação nisso, só não sabia onde, nem como nem a razão.

 Mas agora já era tarde. Podia sentir o frio da lâmina em seu pescoço. Já não chorava mais. Iria, pelo menos, encarar isso sem chorar.

 - Ei, idiota. – Ela teve a impressão de que ouviu vozes atrás de si, mas sabia que isso era impossível. Quem saberia que ela poderia estar ali? – Primeiro ataca civis inocentes, e agora vai matar uma mulher indefesa? Você é um filho da mãe mesmo...

 Era uma voz masculina. De início pensou que era Natsu, mas a voz do rapaz não era tão grossa daquela forma.

 - Lucy! Você está bem?! – Ela ouviu uma voz feminina também, e pensou estar delirando. Era a voz de Mirajane Strauss.

 - Mira... – Ela conseguiu sussurrar o nome da amiga. O encapuzado virou Lucy bruscamente em direção à porta da Catedral, e ela viu duas silhuetas paradas na frente, em posição de ataque.

 Laxus Dreyar, com sua espada reluzente, cheia de faíscas correndo na lâmina dourada, encarava o homem com certo tédio e cansaço. Suas roupas estavam um pouco rasgadas, e ele tinha pequenos sangramentos em algumas partes, mas parecia bem disposto para mais uma briga.

 - Deixe ela! - O grito de Mirajane atraiu Lucy para onde a moça estava.

 A albina estava com seus longos cabelos brancos sujos de sangue em algumas partes, e seu vestido rosa estava rasgado nas pernas e tinha alguns cortes nos braços. Lucy viu uma coisa reluzindo em sua mão, e só depois que ela o soltou, viu que se tratava de um chicote bem comprido na cor preta.

 - Tarde demais... O coração dela é nosso! – O homem que prendia Lucy grito e levantou uma adaga, bem na direção do peito de Lucy. Ela tentou gritar de pavor, mas nada saía, apenas pequenos grunhidos. Ela tentava se debater, mas já estava fraca por tentar. Estava perdida.

 Fechou os olhos, esperando a dor alucinante em seu peito e em seguida o vazio. Mas nada chegara. A única coisa que ouvir fora o homem se engasgando, ouvindo os grunhidos roucos dele, e depois o som metálico batendo no chão evidenciara que a adaga do homem tinha caído.

 Ela levantou os olhos e viu a seguinte cena: Mirajane lançara seu chicote, que enrolara a ponta dele no pescoço do homem encapuzado e estava o puxando, na tentativa de enforca-lo. E viu Laxus Dreyar correndo em direção aos dois.

 Com apenas um golpe, ele consegue desvencilhar Lucy do homem, que, rastejando no chão tentara sair dali o mais rápido possível. Percebeu que estava fraca. Tivera muita adrenalina correndo em seu sangue desde então, e não conseguia nem ficar em pé direito.

 Sua visão estava ficando turva, e, se encostando em uma das paredes intactas da Catedral, não conseguiu manter mais seus olhos abertos, tendo como ultima visão Laxus Dreyar cravando sua espada elétrica nas costas do homem, fazendo sangue jorrar para todos os lados, e em seguida Mirajane largando sua arma e correndo em direção à loira, gritando desesperadamente por seu nome e livrando seus braços do que quer que fosse que estava a prendendo.

 “Obrigada.” — Lucy tentou dizer, mas nada saía. – “Muito obrigada.”

 Em seguida tudo ficou preto.


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Notas finais do capítulo

Esse foi o capítulo mais esperado e inesperado que eu já escrevi kkkk
Não fiquem bravos comigo! Eu sei que muitos de vocês queriam que a Lucy lutasse e tal, mas ela ainda não sabe lutar, AINDA. E eu sei que no fundo, mas bem no fundo mesmo todos acharam que era o Natsu que ia salvar a Lucy, mas eu achei que ia ser muito clichê pra essas cena, então deixei o momento dos dois para depois e, bem... Já falei demais haha
Beijos á todos!
PS: Estou amando Naruto. Sim, uma apaixonada por animes igual eu deixei para assistir Naruto só agora.



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