Kings And Queens escrita por Nina Black


Capítulo 3
Chapter 2 - O Troféu


Notas iniciais do capítulo

Olá!!! Bem, eu queria agradecer a todos que estão acompanhando a história, favoritando ela, e queria agradecer novamente á Luxy Heartfilia pelo seu comentário lindo demaiiis no ultimo comentário!
Bem, boa leitura á todos!



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 - Eu ganhei, cueca gelada! – Natsu, o príncipe herdeiro do trono de Fiore, comemorava enquanto via seu amigo, Gray Fullbuster chegar em segundo lugar em uma corrida dos dois. Natsu sabia ser bem competitivo, o que, na cabeça de Igneel, seu pai, era muito bom uma criança de seis anos já te esse senso, principalmente quem for ser rei daqui alguns anos.

 - Seu cabeça de fósforo, não viu que eu tropecei? Quero revanche! – O amigo dele disse ofegante. Nenhum dos dois parecia pronto para uma revanche, já que estavam custando parar em pé de tanto que correram.

 Logo eles se sentaram embaixo de uma árvore, e ficaram em silêncio.

 - Gray... O que acha que está acontecendo? – Natsu perguntou olhando para o céu.

 - O que quer dizer? – Gray perguntou olhando um esquilo ao longe, subindo em uma árvore.

 - Meu pai estava estranho... E o seu também. Deve ter acontecido alguma coisa. – Ele disse pensativo.

 - Fica frio. Viu só, você tem a cabeça muito quente, não consegue relaxar. – O moreno disse se encostando em uma árvore. – Provavelmente eles perderam uma batalha, e nesse exato momento meu pai está planejando ganhar mais cinco pra compensar essa. – Gray terminou abrindo um sorriso. Apesar de saber que o pai não lhe dava a atenção que queria por falta de tempo, ele tinha orgulho do que ele fazia, e se espelhava muito em Silver.

 - É... – Natsu suspirou.

 Nisso os dois viram Erza se aproximando deles.

 - Os pais de vocês ainda estão em reunião? – Ela perguntou colocando a mão na cintura.

 “Ela tem que ser sempre convencida assim?”— Gray pensou. Apenas pensou, porque se falasse isso, levaria uma bofetada na cara, com certeza.

 - Sim. – Natsu disse sério. O menino conseguiu pressentir que a conversa dos dois com o estranho que acabara de chegar parecia ser muito mais séria do que todos imaginam. Erza também estava com uma cara parecida com a do rosado. Afinal, mesmo ela nem chegando perto de ser uma nobre, ou coisa parecida, ela se importava demais com o rei, que a acolheu e não a deixava passar nenhum tipo de necessidade desde então.

 - O homem veio com uma garota. Mira está tomando conta dela. Vão cumprimenta-la. – Erza disse saindo de perto dos dois.

 - Por que temos que ir cumprimentar a garota? – Gray disse cruzando os braços. – Odeio essas coisas. Por que não posso simplesmente ficar aqui?

 - Fica quieto e vem comigo cumprimentar a visitante, picolé. Depois apostamos outra corrida. – Natsu disse se levantando e indo em direção de onde Erza saíra.

 Gray seguiu o garotinho até um portão eu dava para outro jardim, e lá viu Mirajane e Lisanna conversando com uma garotinha.

 - Natsu! – Lisanna gritou alegre para o amigo, assim que o viu.

 Ela era um ano mais nova que ele, e tinha os cabelos brancos e os olhos azuis, assim como a irmã. A única diferença era que Mirajane tinha os cabelos tão cumpridos que andava com eles presos com um laço, e Lisanna tinha os cabelos bem curtos, quase nem alcançando o nível de seu fino pescoço.

 - Venha cumprimentar a menina, Senhor Vou Ser Rei Um Dia, e Senhor Vou Ser General de Tropas E Estou Cagando Pra Isso. – Mirajane disse sarcástica enquanto os dois garotinhos se aproximavam.

 Quem via aquela cena de longe, não teria a impressão de que Natsu Dragneel, o menino desengonçado, que vivia usando um cachecol branco que o pai lhe dera, de cabelos rosa e espetados, com a roupa toda suja de terra seria rei de toda Fiore, e descendente único de uma das casas mais poderosas do continente.

 - Olá. – Gray disse seco beijando a mão da garotinha que estava sentada em um dos bancos que tinha no jardim, uma coisa que seu pai lhe insistira para aprender. – Sou Gray Fullbuster.

 - Olá. – A menina disse envergonhada, e logo retirou sua pequenina mão da mão do garoto, que também recuou, ficando ao lado de Mirajane.

 Assim que Natsu se aproximou, a menina o analisou bem. Não que Natsu ficasse constrangido com a olhada estranha que lhe dera, muito pelo contrário, achou isso muito engraçado.

 Segundo a visão de Natsu, a menina parecia com uma das bonecas que um dia vira no quarto de Ultear, filha de Ur. Ela era da altura dos dois meninos, tinha a pele bem clara e as bochechas bem rosadas, assim como seus lábios. Seus cabelos loiros estavam presos em marias-chiquinhas e ela usava um vestido rosa com laços, que para Natsu, parecia um daqueles bolos de festa.

 - Olá. – O menino disse se aproximando e a menina deu um sorrisinho.

 - Olá.

 - Sou Natsu Dragneel. – Ele se curvou, e logo depois a menina arregalou os olhos e se levantou do banco, rapidamente fazendo uma reverência um tanto desajeitada para o garotinho.

 - É um prazer conhecê-lo, Alteza. – Ela disse com sua voz fina de criancinha. – Sou Lucy Heartfilia. Filha de Jude Heartfilia.

 Era óbvio que Natsu não sabia quem era esse homem. Afinal de contas, guardar nomes de pessoas ricas e conversar com elas era o trabalho de seu pai, até onde entendia. Mas para não desapontar a menina, de um breve sorriso e logo se voltou para Gray.

 - Cueca gelada, não assuste a Lucy, viu?  - Ele disse, e a menina loira se segurou para não rir do jeito engraçado que o menino pronunciara seu nome. Ele dissera alguma coisa parecida com “Luxy”.

 Todos olharam para a menina.

 - O que foi? – Gray perguntou, com sua clássica educação que todos ali no castelo conheciam.

 - Nada. – Lucy disse e se sentou novamente no banco. Logo depois, viu Jude, o rei e mais um homem que não sabia quem era sair de um dos corredores daquele enorme castelo. – Papai! – A menina gritou e saiu correndo rumo ao colo de seu pai.

 Assim que ele a pegou no colo, viu os olhares do rei Igneel e do outro homem sobre ela.

 - Você é a cara da sua mãe. – O rei falou acariciando seus cabelos. Sua mãe? Nem mesmo seu pai falava sobre ela, quem dirá o rei.

 - Conhece minha mãe? – A menina perguntou curiosa, enquanto sentia que seu pai estava ficando desconfortável com esse assunto.

 - Conhecia. Ela era adorável. – Igneel disse para a menina, que ficou um tempo pensando em como ele sabia quem era sua mãe.

 - Pai... Conhece a mãe dela? – Natsu apareceu do lado de Igneel, lhe abraçando a perna direita enquanto olhava para a menininha no colo do homem desconhecido.

 - Esse é seu filho, então... – O homem falou olhando para Natsu. – É um prazer conhece-lo, príncipe Natsu. – O homem falou sorrindo enquanto o menino o encarava sério e desconfiado. Nisso, Lucy pôde perceber que Gray estava abraçando as pernas do outro homem que estava conversando com seu pai, e parecia estar com muita vergonha para se apresentar.

 - Papai... O que vocês conversaram? – Lucy perguntou com aquela doçura que só ela conseguia ter.

 - Coisas de adulto, meu amor. – Ele disse sorrindo para a menina, que encarava fixamente o homem moreno do lado do rei.

 Ele percebeu, e olhou para a garota com certa dúvida.

 - Eu acho que te conheço... – Ela disse baixinho. O rosto de Silver Fullbuster pra ela não era estranho.  – Qual seu nome, senhor?

 - Silver Fullbuster, garotinha. Sou pai desse menino aqui. – Ele disse colocando sua mão na cabeça de Gray, que encarava tudo sério.

 A menina porém não olhou para Gray, e sim continuou olhando para o homem. Tinha certeza de que o vira em algum lugar. Mas onde?

 - Bem, precisamos ir, não é, Lucy? – Jude disse para a menina, a tirando de seus devaneios. – Não se preocupe, tem a minha palavra de que lhe mandarei uma carta avisando eu e minha filha chegamos a salvo em casa. Não vou mais me exilar, prometo. Majestade. – Ele abaixou sua cabeça, e Igneel fez o mesmo, porém com um ar de superioridade a mais. – General. – Ele se virou para Silver e fez o mesmo cumprimento, e Silver retribuiu da mesma forma.

 - Até mais, Lucy. – Natsu se despediu, e Lucy deu uma gargalhada com o jeito estranho que o menino a chamara novamente. Mas pela cara dele, ele não parecia fazer propositalmente.

 E assim ele se virou e se dirigiu aos portões do palácio, onde sua carruagem os esperavam para leva-los de volta para casa.

 Bem quando estavam no portão, eles cruzaram com um homem moreno, com vários tipos de piercings no rosto e nas orelhas, mas tinha certo charme com isso. Ele vestia roupas brancas e usava um distintivo real, que mostrava que ele fazia parte da nobreza de Fiore.

 Assim que Lucy parou os olhos nele, uma sensação horrível surgiu no peito da menina. Ele teve vontade de chorar, e não conseguiu se conter.

 - Filha?! O que aconteceu? – Jude perguntou assim que percebeu que Lucy estava chorando.

 - E-Eu não sei, papai... Esse homem... Ele... – Ela não conseguiu terminar, e o pai abraçou a filha o mais rápido que pôde. – Pai... Ele vai morrer, não vai? – Lucy disse em meio aos fracos soluços que dava. Jude se assustou com essa pergunta.

 - O que? Claro que ele vai morrer, quando estiver bem velhinho, é claro. – Ele disse tentando acalmar a filha.

 - Não, pai. Ele vai morrer amanhã. –Lucy disse e se afastou do ombro de seu pai. Assim que Jude olhou para seu rostinho, chegou a se engasgar do que viu. Lucy estava com os olhos dourados, assim como Layla, quando acabava de ter alguma visão.

 Lucy era a herdeira da Visão dos Heartfilia.

No dia seguinte...

 - Ah, não, Gildarts! Você acabou de chegar! Vamos brincar! – Natsu reclamava ao pé do ouvido do homem ruivo, que estava arrumando, mais uma vez naquela semana, sua sacola de viagem. Gildarts Clive, apesar de viver no castelo, não é considerado um nobre, nem tem terras ou esse tipo de coisa. Ele é um velho amigo de Igneel, e assim que recebera a coroa, ele abrigou o homem, e em troca Gildarts é uma espécie de “faz tudo” no reino, o que inclui ir a algumas missões que o rei ou que Makarov, o Conselheiro Real o manda. Não que ele obedeça aos dois muitas vezes.

 Desta vez, ele viajaria até o norte, onde o rei desconfia que alguma coisa esteja errada nas fronteiras. Nessa frota irá ele, Ur e Metallicana.

 - Ei, pirralho. Não se preocupe, eu voltarei daqui alguns dias. Não vou demorar tanto. – Ele disse desembainhando sua espada e se olhando pelo reflexo da mesma. Quem diria que um devedor de maior parte dos bares de Magnólia iria acabar morando no palácio por ordem explícita do rei.

 - Promete? – Ele perguntou e o homem assentiu.

 - Cuide bem do seu pai por mim. – Ele brincou enquanto jogava sua bolsa em suas largas costas e saía do seu quarto, rumo aos estábulos, onde alguns cavalos os estavam esperando.

 O caminho era silencioso. O castelo era grande demais, o que fazia que cada passo que ele dava ecoasse por todo o comprido corredor, fazendo com que todos percebessem que tinha alguém ali. Passara por alguns quartos onde dois guardas reais guardavam a porta, com certeza alguém muito importante estava naqueles quarto. Mas isso não o surpreendeu, afinal, era a casa do rei de Fiore, todos os nobres importantes iriam até ele num piscar de olhos.

 Saindo pela porta dos fundos do castelo, Gildarts chegou rapidamente aos estábulos, onde foi recebido por Ur e Metallicana, que já estava ali.

 - Estava demorando, princesa. Onde estava? – Ur disse subindo em seu cavalo branco. Ela era uma das poucas mulheres que Gildarts realmente teria medo em desafiar para uma luta.

 Porém, por mais perigosa que ela pareça ser, não deixa de ser uma mulher atraente. Ur nunca foi de vestir roupas exuberantes e coloridas, mas sempre teve certo charme, e isso até o rei já notou.

 - Estava me despedindo de Natsu. – Gildarts disse montando em seu bom e velho cavalo branco, com algumas manchas castanhas no lombo.

 - Gray também veio conversar comigo. – Ur disse sorrindo singelamente.

 - Você realmente adora esse menino, não? Mesmo não sendo seu filho... – Metallicana disse também subindo em sua égua dourada.

 - Ele me cativou. – Ela apenas disse. – E o seu menino? O achou?

 Metallicana suspirou pesadamente.

 - Sim. Ele está nervoso comigo. Pelo visto ele não gosta muito de viver no castelo. – Ele disse olhando para o céu.

 - Não se preocupe. Quando voltar, vai poder passar mais tempo com ele do que com qualquer outra pessoa. – Gildarts disse sorrindo de canto.

 - E além disso, faz apenas algumas semanas desde que você o trouxe para cá. Ele ainda tem que se adaptar. – Ur falou.

 - Assim espero. O tirei da rua e o adotei, pois queria dar uma nova chance a ele... Mas acho que ele ainda não acreditou nisso. – Metallicana disse suspirando. – Mas agora sei que ele está protegido por essas muralhas... Podemos viajar em paz, eu espero. – Ele disse fazendo sua égua dar seu primeiro trote e sair em direção ao portão de saída, sendo seguido por Gildarts, Ur e outros nove guardas, fora a carruagem que levava o mantimento de todos.

 Natsu, Gray e Ultear assistiam a partida deles da janela do quarto do príncipe. Logo depois que Gildarts se despediu, Natsu tratou de reunir os dois ali, para também verem Ur ir embora, que era o que eles queriam.

 - Eles vão ficar bem, certo? – Ultear perguntou mais para si mesma do que para os dois garotinhos.

 - Eles vão sim. Estamos falando de Ur, Gildarts e Metallicana. Eles são especialistas em eliminar inimigos. Claro que nada vai acontecer. – Gray disse saindo de perto da janela e saindo do quarto. – Vou ver onde meu pai está. Vejo vocês dois mais tarde.

 Assim que ele saiu porta a fora, começou a correr pelos corredores e entrou no quarto do pai sem cerimônias.

 - Pai! – Ele o chamou assim que viu o homem saindo do banheiro apenas usando calças leves de linho preto, com uma toalha pendurada em um dos ombros. Seus cabelos negros estavam molhados, o que indicava que acabara de sair do banho. – Vamos brincar? – Ele perguntou e assim que viu o sorriso de Silver, seu coração se alegrou.

 - O que você não me pede chorando que eu não faço sorrindo, filho. – Ele disse pegando o menino no colo e o pendurando de cabeça para baixo, fazendo o menino soltar altas gargalhadas.

 Ficaram bons minutos ali, brincando. Gray se escondia dele, e ele iria procura-lo, e quando o achava, eles trocavam de lugares. Silver nunca pensara que brincar com seu filho iria o ajudar a tirar problemas da cabeça, mas foi exatamente isso que aconteceu.

 Ao anoitecer, todos se reuniram na sala de jantar do rei. Igneel estava sentado na ponta, com Silver de um lado, e uma cadeira vazia do outro, que seria para sua esposa. Ao lado, havia duas cadeiras vazias, que era de Gildarts e Ur, e do outro lado da mesa tinha outra, que seria para Metallicana.

 Mesmo faltando pessoas importantes, o jantar no castelo sempre foi o mais animado de todos.

 Todas as crianças, depois do jantar, se reuniram para brincar no fundo do salão: Natsu Dragneel, Gray Fullbuster, Erza Scarlet, Mirajane e Lisanna Strauss e Ultear Milkovich.

 Enquanto elas se divertiam, Igneel e os outros nobres davam boas risadas com as histórias contadas por Makarov Dreyar, seu conselheiro e velho amigo. Era um senhor já com certa idade, baixinho e magro, mas que não parava de sorrir por um segundo.

 - E então eu disse para ele ir pegar outro pato, porque o que o velho estava segurando já era meu! – Makarov disse em meio aos risos dele e do rei.

 - Ah, Makarov. Suas histórias são sempre as melhores! – Igneel disse gargalhando.

 No meio de tanta folia, ninguém havia percebido que um dos guardas reais havia entrado sorrateiramente pelo salão, se dirigindo para o lado do rei e lhe cochichando alguma coisa no ouvido. Mas é claro que Erza viu isso acontecendo. A garota de cabelos vermelhos estava atenta a tudo.

 Automaticamente, o rosto de Igneel virou chumbo, e sua expressão se endureceu. Acontecera alguma coisa muito grave.

 Todos notaram quando ele se levantou abruptamente e saiu quase correndo da sala. Silver ficou observando a cena, e depois de um conflito em sua cabeça, decidiu segui-lo. Os nobres e as crianças ficaram tão surpresas quanto os músicos dali, que pararam de tocar na hora.

 - O que aconteceu?! – Lisanna perguntou assustada, parando de brincar com Natsu e olhando para seus pais na mesa, que faziam uma cara de confusão, sem entender o que estava acontecendo.

~~~~~~~~~~

 Era bem difícil de ver Igneel correr. Ou melhor, era bem difícil ver um rei correr. Mas quando se descobre que seu melhor amigo está em risco de vida, você esquece quem você é.

 Chegando aos estábulos, se deparou com Gildarts deitado em um monte de fardos de feno, com Ur do seu lado tentando fazer com que ele parasse de se debater.

 Igneel não conseguia ver o que era roupa e o que era sangue no homem que gritava e chorava de dor.

 - Gildarts... – Ele disse se aproximando e se sentando do lado do velho amigo, que agora respirava com dificuldade. – Por favor, não. Não morra.

 Gildarts parecia estar atordoado demais com a dor, sendo que nem olhou para Igneel, nem sabia que o rei estava ali ao seu lado. Igneel olhou mais atentamente o corpo dele. Seu braço e sua perna esquerda estavam dilacerados, e ele tinha cortes profundos na barriga. Nisso Silver Fullbuster aparece na porta e olha tudo com certa surpresa, uma desagradável surpresa.

 Olhou para Ur, e mesma estava de mãos dadas com Gildarts e o observava com os olhos marejados. Ela não estava tão mal quanto o homem. Suas roupas estavam rasgadas, e tinha muitos cortes superficiais nos braços e no peito, e também estava sangrando na boca e perto de seus negros olhos.

 - Uma emboscada. – Ur disse com a voz falhando devido ao nó que estava se formando em sua garganta. – Uma emboscada fez isso. Pelo menos uns setenta homens. Não estávamos esperando... Como estava anoitecendo, fomos acampar na beira da estrada como sempre fazemos, mas quando acordei com o barulho, tinha soldados vindos de todos os cantos, Gildarts estava com dois punhais cravados no na barriga, e tinha um homem que estava em cima de mim, tentando... – Ela não conseguiu terminar, sendo impedida por um soluço.

 - Não se force. – Igneel disse colocando sua mão na mão da mulher, que não se conteve e fez uma lágrima descer, se misturando com o sangue e a poeira em seu rosto.

 - Eu o matei... Mas Gildarts não foi tão rápido assim... – Ela disse olhando para o amigo, que estava num estado de dor tão grande que não parecia mais estar nesse mundo.

 No mesmo momento alguns curandeiros do palácio vieram correndo, e alguns guardas os ajudaram a carregar Gildarts para dentro do castelo.

 Assim que percebeu que, mesmo estando gravemente machucada, Ur estava se recusando a ir com um dos guardas. Silver dispensou o homem, e assim que ele foi embora, em um movimento rápido, pegou a mulher nos braços e a carregou para o castelo.

 - O que está fazendo?! – Ela reclamou fazendo um movimento para sair dos braços do general, mas uma pontada na barriga a atingiu.

 - Você não está em condições de reclamar, Ur. – Silver disse sério enquanto carregava a mulher para a enfermaria do castelo, onde curandeiros a esperavam para limpá-la e tratar seus ferimentos. Igneel havia saído na frente para ver quão grave a situação de Gildarts estava.

 Ficaram em silêncio durante quase todo o trajeto. A barriga de Ur e sua cabeça latejava de dor, e ela não conseguia mais nem identificar em que parte do castelo estavam.

 - Não morra, Ur. – Silver disse baixinho para a amiga, que sorriu com sua bondade.

 - Olha só, o Coração de Gelo de Fiore me pedindo para não morrer. – Ela sussurrou sorrindo, mas depois fez uma careta de dor. – Tome cuidado, pode perder esse título.

 - Você tem uma filha, e meu filho te ama demais para você morrer agora, principalmente dessa forma. – Ele disse olhando para frente, e Ur pode admirar seu rosto. Suas expressões eram duras, e seus olhos eram de um negro tão profundo que tinha até medo de chegar perto, e claro, uma cicatriz de bônus cortando seu rosto, e olhando para seus cabelos, soubera a quem Gray puxara.

 Silver era um homem bonito. Talvez se não fosse o fato de que a relação dos dois era apenas amizade e amigos de guerra, e que ela estava morrendo, ela ficaria um pouco corada com a proximidade dos dois.

 Gargalhou internamente com essa possibilidade.

 Ur não era dessas. A única pessoa que se apaixonou, e que esse sentimento ainda não a abandonou, foi seu marido e pai de Ultear, que por uma prostituta maldita ele a trocou quando estava grávida de cinco meses. Mas quem disse que amar era tudo flores? E quem falou que você para de amar a pessoa, mesmo depois de ela destruir sua vida?

 - Você é uma boa pessoa, Silver. – Ela disse antes de desmaiar em seus braços.

 Silver chegara com a mulher segundos depois de Gildarts ser posto na cama. Curandeiros levaram Ur para outra sala, onde tiraram sua roupa e começaram a limpar o sangue em sua pele. O mesmo foi feito com Gildarts, porém o homem gritava de dor, e estava ardendo em febre.

 - Os dois membros dele não têm nenhuma chance de recuperação. – Igneel ouviu um curandeiro falar para o outro.

 - Ele vai morrer se continuar assim. – O outro respondeu.

 - Tirem. – Igneel disse para os dois, que o olharam com os olhos arregalados, inclusive Silver, que se posicionou do lado do rei para ver a situação do amigo.

 - Como, Majestade?

 - Tirem o braço e a perna destroçados. Elas não vão ter mais utilidade. – Ele disse sério, olhando para o amigo sofrendo a sua frente. Essa era a melhor solução, pensou Igneel.

 - Assim será feito, Majestade. – O curandeiro disse forçando o homem a engolir uma bebida anestesiante.

 - Onde está Metallicana? – Silver perguntou baixinho para Igneel, que se virou abruptamente para o amigo.

 - É o que eu quero saber. – Ele disse saindo do palácio e indo em direção aos estábulos, onde dois guardas reais que sobreviveram ao ataque estavam sendo tratados ali mesmo, já que tinham ferimentos leves.

 Chegando lá, os homens tentaram se levantar e fazer uma reverência, mas estavam tão cansados e machucados que nem conseguiram se levantar.

 - Não se preocupem com isso. Tenho uma pergunta a fazer para vocês. Onde está Metallicana? – Igneel disse sério.

 - O Mestre Metallicana... – Um dos guardas disse baixinho, e depois aumentou sua voz. – Sinto muito por lhe dar essa notícia, Vossa Majestade. Mas o senhor Metallicana morreu durante a emboscada. – Ele disse sério e Igneel prendeu sua respiração.

 - Ele... Morreu? – O rei perguntou novamente, e o outro guarda assentiu melancolicamente. – Como? Como ele morreu? – O rei perguntara com tristeza na voz. – Me digam! – Ele gritou bravo para os guardas, que se encolheram.

 - Arrancaram sua cabeça. – Um dos guardas disse e Igneel pôs uma mão na boca, demonstrando surpresa. – Esse foi o troféu deles dessa noite, foi o que disseram. A cabeça de Metallicana era o troféu.

 Igneel abaixou seus braços e apertou suas mãos, tentando fazer com que sua tristeza e as raiva não aumentassem, mas em vão. Um buraco negro crescia em seu peito cada vez mais e mais.

 - Quem foram os bastardos que fizeram isso? – Igneel perguntou baixinho, fuzilando um a um naquele local com o olhar.

 - Não sabemos. A insígnia que carregavam no peito era diferente de todas que já vimos.

 - Então isso quer dizer... – Igneel começou, mas uma outra voz completou seu pensamento.

 - São do Ocidente, com toda certeza. – Makarov Dreyar disse se aproximando de Igneel com uma feição séria e preocupada. – Majestade... Não deixe que a raiva tome conta do seu coração. – Ele disse ao se deparar com os olhos raivosos do homem.

 - Como não ficar com raiva?! Como não querer vingança?! Meu melhor amigo foi morto e teve sua cabeça arrancada! – Igneel dizia bravo para Makarov, que apenas discordou com a cabeça. Igneel era um rei, e o velho tinha que fazê-lo lembrar disso.

 - Eu estava aqui quando Ayumi, sua bela esposa, morreu se lembra? – Makarov começou, mas Igneel ficou em silêncio. – Vi esse mesmo olhar de revolta com a morte em seus olhos. E sei muito bem o que o acalmou, ou melhor, quem.

 - O que...? – Igneel perguntou, mas voz não saía de sua boca.

 - Natsu. Ele é seu primogênito. Ele vai ser o rei disso tudo um dia, mas o mais importante é que ele é seu filho, acima de toda essa coisa de nobreza e poder. Ele precisa de você, e se Sua Majestade se fechar, ou ficar revoltado igual ficou com Ayumi, ele vai ter o coração tão frio quanto o seu irá ficar. – Makarov disse olhando profundamente o rei.

 - O que devo fazer, Makarov? – Igneel abaixou a cabeça. – Não sei se sou um péssimo rei por estar sendo tão fraco agora, ou um bom ser humano por demonstrar meus sentimentos dessa maneira. – Ele disse tristemente.

 - Eu sei o que você está sendo. – Makarov se aproximou e colocou a mão no peito do rei. – Você está sendo um bom amigo por estar tão abalado com a trágica morte de Metallicana. Mas agora, ouça meu conselho. Se ama esse reino e seu filho, faça de Natsu seu porto seguro e de seu Trono uma força. Uma guerra está por vim, e temos que nos preparar desde agora. Era o que Metallicana iria querer que fizesse. – Makarov disse sério enquanto Igneel olhava para o chão. Minutos depois, o rei levantou sua cabeça e olhou para o céu estrelado.

 - A guerra começou. – Igneel disse friamente. – E eu como rei de Fiore, e rei do Fogo do Dragão, vou esmagar todo o inimigo do Ocidente, seja ele quem for. – Ele disse decidido, e viu Makarov esboçar um pequeno sorriso diante da ação do homem.

 Ele estava sendo rei.

 O que ninguém imaginava era que um garotinho ouvindo tudo atrás de uma pilha de faros de feno, e ele segurava o choro para ninguém perceber que estava ali. Seu nome era Gajeel Redfox, o filho adotivo de Metallicana.


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Notas finais do capítulo

Capitulo maiorzinho, mas é um dos mais... Dramáticos que eu já escrevi até agora, não que eu tenha escrito tantos assim pra frente. Mas quero saber o que acharam. O que vocês acham que a morte de Metallicana vai influenciar na história? E Gajeel? O que vai acontecer com ele?
Bem, até o próximo capítulo!
Beijos Beijos!



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