Os Segredos da Rua Baker escrita por Lany Rose


Capítulo 9
A volta de Irene Adler - Parte I


Notas iniciais do capítulo

A aparição da mulher que venceu Sherlock Holmes será dividida em três partes.



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A família Holmes estava se encaixando em uma rotina de família “normal”, após a morte de Bernard. Apesar de que Irene não parecia nada bem. Ela bebia cada vez mais, não comia direito, passava as noites andando pela casa e quando dormia era acordada por estar aos gritos. Normalmente, Lilian quem a acordava. A mãe das irmãs Holmes já estava no limite de preocupação quando resolveu falar com Diana. Aproveitou que ela ainda não havia saído para o trabalho.

 

—Filha, podemos conversar?

 

—Claro, mãe, algum problema?

 

—Estou preocupada com sua irmã. Diana, ela sempre bebeu tanto assim?

 

—Ela sempre bebeu bastante, mas ela tem aumentado à frequência esses dias.

 

—Estou com tanto medo de ela acabar doente. A forma como tem passado depois da morte daquele rapaz...

 

—Eu sei. Acho que eram ligados, mas não tenho ideia do quanto.

 

—Como posso ajuda-la? Ela nunca se abriria pra mim.

 

—Não me olhe assim. – Diana levanta da mesa. – Ela nunca tocou no assunto “relacionamento” pra mim. Ás vezes, eu acho que não sei nada sobre ela, na verdade, acredito que ninguém...

 

—O que foi?

 

—Tem uma pessoa que pode nos dá respostas.

 

—Quem?

 

—Mycroft! Ele é o único a realmente conhece-la e com poder de fazê-la mudar esse perigoso comportamento.

 

—Pode falar com ele?

 

—Claro! Antes de ir ao laboratório passo no Clube Diógenes. – Ela pega a bolsa e o casaco. – Até mais.

 

—Até.

 

Mycroft Holmes já estava em sua sala no Clube Diógenes lendo papéis sobre as eleições de algum país do mundo quando Diana entra.

 

—Diana, minha querida, o que faz aqui?

 

—Acredito que deva saber.

 

—Irene vem se comportando mal?

 

—Andamos preocupados com ela.

 

—Andam?

 

—Sim.

 

—Sherlock também? - Ele diz com um sorriso.

 

—O senhor sabe como ele é. Nem tenho certeza se notou a mudança de comportamento dela.

 

—Sherlock sempre foi bem distraído quando se trata do bem estar de alguém.

 

—Tio, eu não vim aqui falar sobre meu pai e sim sobre a Irene.

 

—No que posso ajudar?

 

—Dizendo qual era a relação dela com Bernard?

 

—Trabalhavam juntos. Pensei que todos já soubessem disso após o depoimento para a Scotland Yard.

 

—Qual é Mycroft! Tem de ser mais do que isso. A forma como ela está lidando com o que houve não é normal. Como ela pode nunca ter passado por algo assim antes? Perder um antigo colega, ser baleada... Já deve ter vivido algo assim na época do MI6.

 

—De fato, já foi baleada. Porém, nunca teve um colega para perder.

 

—Como assim?

 

—Bem, você saiu de casa cedo. Mas, deve lembrar que Irene nunca foi de ter amigos.

 

—Claro, ela trata todos como idiotas.

 

—O agente Smith era muito bom no trabalho, quase tão bom quanto Irene. Isso a impressionou. Formaram algum tipo de amizade, mesmo quando ela fazia trabalhos extras, a pedido do chefe Lestrade, o agente a ajudava.

 

—E como perderam contato?

 

—Ela decidiu seguir a carreira de consultoria investigativa e sair do MI6.

 

—Isso não é motivo pra terminar uma amizade.

 

—Bem, você conhece sua irmã.

 

—Ok. Então, ele foi o único amigo que a Irene já teve. Interessante.

 

Mycroft encosta-se à cadeira analisando a sobrinha.

 

—Questionando-se sobre algo?

 

—A reação dela faria todo sentido...

 

—Faria?

 

—Sim, se ela fosse uma pessoa normal. Estamos falando de uma garota que mentiu olhando nos meus olhos sobre o nosso pai estar morto, alguém que não deu um abraço na mãe desde o seu resgate e que nem os chama de pai e mãe. Os trata pelo nome. Como ela pode agir tão friamente ao ter os pais de volta e ficar tão profundamente afetada com a morte de um ex-colega?

 

—Talvez, agora, esteja fazendo as perguntas certas, sobrinha querida.

 

Chega uma mensagem no celular de Mycroft, ele pede desculpas, se despede e sai às pressas. Diana reflete por um tempo sobre as palavras do tio, em seguida vai para o trabalho.

 

Enquanto isso na 221B Irene aproveitou a saída da mãe para ter uma conversa com o pai. Sherlock estava afinando o violino quando ela entra na sala.

 

—Preciso falar com você!

 

Ele aponta para a poltrona, pela primeira vez ela aceita sentar na que era do John Watson.

 

—Qual o assunto?

 

—A conversa do hospital.

 

—Está totalmente fora de cogitação.

 

—Sherlock, se não quer ver sua esposa morta é melhor tirá-la daqui.

 

Ele levanta e coloca o violino na mesa.

 

—Isso não vai acontecer.

 

—Vai se continuar a subestimar o Morse.

 

—Consegui investiga-lo e sei exatamente de quem se trata.

 

Ela, também, põe-se de pé.

 

—É mesmo? Quem ele é?

 

—Ele é filho do...

 

—Moriarty! – Ela conseguiu dizer antes dele.

 

—Você sabia?

 

—É claro! Como falei para Diana, não soube desde o começo que estava vivo, mas há algum tempo percebi que não eram apenas os agentes do Mycroft a me seguir.  Depois com ajuda do Bernard descobri quem estava por trás da sua “morte” e do desaparecimento da Lilian. Mais alguns meses de investigação e encontramos a mãe dele. Em um hospício no sul de Londes. Passei a visita-la todas as noites, disfarçada de enfermeira. Por estar naquele lugar ninguém acredita na história dela, mas eu sei que fala a verdade.

 

—Por que não compartilhou comigo?

 

—Pai... – Ela se aproxima e pega em sua mão. – Morse acredita que perdeu o pai dele por sua culpa, ele acha que já te matou, porém quando retornar vai atrás da mamãe. Você precisa tirá-la daqui.

 

Sherlock franze o cenho.

 

—Você realmente nos quer longe daqui, não é?

 

Ela solta sua mão.

 

—Sim.

 

—Por que não quer ajuda? Já está afastando a Diana e agora Lilian e a mim. NÃO, IRENE! Eu conheço o Morse...

 

—VOCÊ CONHECIA O MORIARTY! – Os dois se surpreendem com a reação dela. - Você não conhece o Morse. Ele é pior que o pai. É mais sádico, mais doido, com uma sede de vingança incomum...  

 

—Quem subestima alguém aqui não sou eu. – Aproximou-se um pouco e a olha direto nos olhos. - Você menospreza a todos e exalta a si mesma.

 

Ela sorri ironicamente.

 

—Não tenho ilusões quanto as minhas habilidades, Sherlock. – Ela mantém o contato visual. - Sei do que sou capaz e do que não sou. Farei o possível para evitar a minha morte nas mãos do Morse, contudo estou concentrada em não deixar que mais pessoas ao meu redor morram. - Eles escutam Lilian subindo as escadas. – Pelo menos, pense a respeito.

 

Ele balançou a cabeça em afirmação, então voltou a afinar o violino, Irene retornou para a cadeira perto da janela e serviu-se de mais uísque. Lilian não aguentava mais vê-la daquela forma, tinha de falar algo.

 

—Irene, minha filha, se continuar assim vai acabar se matando. Pare com essa bebedeira, coma alguma coisa e vá dormir um pouco.

 

—Não estou com fome e nem com sono.

 

—Que saber?! Já chega. – Ela pega a garrafa da mesa e o copo da mão da Irene. – Você não vai mais beber, mocinha. Aqui dentro você não vai mais tomar uma gota de álcool.

 

Irene levanta, pega a jaqueta, o cachecol e toma a garrafa da mão da mãe.

 

—Aonde você vai?

 

—Encontrar um lugar para terminar essa garrafa. – Já descia as escadas.

 

Lilian olha para Sherlock como se dissesse para ele tomar alguma atitude, mas ele apenas começa a tocar do violino recém-afinado. Ela fica irritada com os dois e vai para a cozinha fazer algo.  

 

Irene já está na rua indo em direção ao Regent’s Park quando um carro preto para ao seu lado, a porta se abre. “Oh Mycroft!” pensa Irene ao entrar. Chega em um prédio vazio, ela é encaminhada ao terceiro andar. Entra em uma sala grande com paredes mal rebocadas e vários destroços.

 

—Podia ter apenas mandado uma mensagem, Mycroft. Sei muito bem como evitar ser seguida.

 

—Oh isso é ótimo, Srta. Homes. Porém, deve entender o meu lado de não querer chamar qualquer tipo de atenção pra mim.

 

A voz veio do outro lado da sala, por trás de uma parede, mas não era o tio. Era uma mulher. A mulher. Irene Holmes não consegue esconder a surpresa ao vê a xará aparecendo em sua frente.

 

—Srta. Irene Adler?!


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