Os Segredos da Rua Baker escrita por Lany Rose


Capítulo 8
Conhecendo James Morse


Notas iniciais do capítulo

Trilha sonora do momento em que Irene e Morse estão se enfrentando é: Breaking the Habit do Linkin park.



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Irene está em frente a um prédio nos arredores de Londres, ela vê alguns carros e vários homens. Apesar de eles parecerem pessoas comuns, ela sabe que não é bem assim. Entra no prédio e vai até o antigo apartamento de Bernard, tem dois homens parados em frente à porta, o maior a abre. Ao entrar no local ela vê Bernard sentado em uma cadeira posta no meio da sala vazia, com bastante sangue pelo rosto. Havia sido espancado, tinha vários cortes pelo corpo e parecia desidratado. James Morse estava ao lado dele, com um dos braços em seu ombro, brincando distraidamente com uma arma. Irene se coloca no meio da pequena sala, bem na frente dos dois. James a olha.

—Sr. Morse, eu suponho.

—Irene Holmes! – Ele sorri como se visse uma velha amiga. – Fico feliz que tenha aceitado meu convite. E não precisa dessas formalidades comigo, já a conheço desde criança.

—Questão de respeito aos mais velhos.

—Touché!

—O que quer com ele?

 – Você vem sendo uma garota muito má. Tem destruído muitos dos meus negócios.

—Obrigada.

—Não foi um elogio.

—Sim, foi.

—É, foi. Confesso. Mas isso tem que acabar agora.

—E como pretende me fazer parar?

Ele atira na perna de Bernard que grita, Irene se esforça para não reagir. Os seguranças abrem a porta e ele se desculpa. Voltam a fechá-la. Morse volta para seu aparente bom humor.

—Desculpe por isso, mas você realmente tem me irritado.

—Mycroft diz que é meu melhor talento.

—Como ele está?

—Qual a razão de todo esse teatro? - Ela estava se mostrando impaciente.

—Sabe, eu sempre gostei de você. Você é minha favorita. Não conte pra Diana. – Ele sussurra a última frase. – Constantemente tentando provar ser tão boa quando o pai... – Ele respira. – Você não é. E vou acabar com você, assim como fiz com ele.

—Estou ansiosa. Seu problema é comigo, Morse. Deixe o ir.

Ele parece considerar a possibilidade.

—Não. Qual seria a graça disso? Ele é seu aviso. Se continuar, Irene, todos terminarão assim. - Ele pega nos cabelos de Bernard, levantando sua cabeça para mostrar bem seu rosto. – Todos que convivem ou conviveram com você. Todos que ama.  

—Todos que eu amo?!

—Vou assistir você derramar lágrimas no túmulo de cada um deles antes de mata-la.

—Vai ser meio difícil. Minha irmã disse que eu não derramaria uma lágrima nem pelo meu próprio pai e de acordo com um colega sou uma máquina sem sentimentos.

—Nós dois sabemos que não é bem assim, não é? Aliás, quantas horas vocês passou nesse apartamento? Quantas noites?

—O que realmente quer? Seu pendrive de volta? Aqui está. – Ela tira o objeto do bolso e entrega para Morse.

—Oh! Você se divertiu com o conteúdo?

—Andei muito ocupada, não tive tempo de olhar. Agora que já o tem, solte Bernard.

—Acha mesmo que vou deixa-lo viver?

—Se você o matar...

—Oh! Agora é a hora da ameaça.

—Não é ameaça. É apenas um fato. Eu vou matar você.

—Mas, hoje quem mata é eu.

Ele atira em Bernard. Ela se assusta, pega a arma, atira em Morse e corre pra Bernard que está caído. Tenta conter o sangramento, mas ele está morrendo.

—Não é sua culpa... – Ele diz com voz fraca. – Apenas acabe com ele.

—É melhor não se esforçar agente.

—Prometa uma coisa pra mim.

—Qualquer coisa. – Ela o encara.

—Cuide do John e mantenha minha família em segurança.

—Sempre!

Ele pega, com a mão ensanguentada, no cabelo dela.

—Eu senti sua falta por muito tempo... Nunca entendi... Você foi embora. – A última frase saiu quase inaudível.

Nesse momento os seguranças já haviam entrado no local, um deles estava cuidando do ferimento de Morse. O outro pega o revólver e tira em Irene, porém a bala acerta apenas o ombro fazendo-a cair perto da parede.

—Seu idiota! – Morse havia impedido o tiro fatal batendo na mão do capanga, segundos antes do disparo. – Nós vamos mata-la sim, mas não hoje.    

Ele, por fim, desmaia pela perda de sangue, um de seus homens o tira dali. Outro deles fica e agride Irene até ela se encontrar inconsciente.

Já havia passado duas horas, Diana liga para a Scotland Yard e dá o endereço ao John. Chegando ao antigo apartamento de Bernard, ele tem uma das piores visões de sua vida: Seu irmão já morto e a garota que tanto admira caída do outro lado.

Na 221B tudo andava calmo até que o celular do John Watson toca, era Lestrade contando sobre o ocorrido.

—Oh Jesus! – Exclama Watson.

Sherlock estava na mesa usando o notebook para continuar a escrever um de seus livros. Watson termina a ligação e vai perto dele.

—Sherlock...

—Agora não, John. Estou ocupado.

—Acontece que...

—Agora não!

—Sua filha está no hospital.

—O que?

—Irene foi encontrada no antigo apartamento do agente Smith. Ele já estava morto e ela foi baleada e espancada. Estava inconsciente, mas viva.

Sherlock vai direto pegar seu sobretudo, cachecol e luvas.

—Onde estão Diana e Lilian?

—Já a caminho do hospital.

Os dois descem e Sherlock acena para um táxi.

—Eu vou nesse, você pega o próximo.

—O que? Por que?

—Mycroft já deve ter colocado os agentes de vigia, mas prefiro ter alguém da minha inteira confiança com elas.

—Aonde você vai?

—Eu preciso falar com meu irmão. – Diz já entrando no táxi.

Quando Mycroft entra na sala social do clube Diógenes encontra Sherlock a sua espera.

—Não deveria estar no hospital com sua filha? - Ele encosta-se à borda da mesa.

—Quero saber o plano da Irene.

Mycroft sorri.

—E por qual motivo você pensa que eu sei?

—Você sabe a razão.

—Apenas tenho conhecimento que ela tem um, deve ter. Mas, não sei os detalhes.

Sherlock levanta e olha firme para o irmão.

—Você realmente não se importa com ela?

—Eu enviei os melhores médicos da Inglaterra para cuidarem de seu estado. – Ele dá a volta na mesa e senta em sua cadeira. – Se você quer mesmo saber o que se passa na mente da sua filha, vá e pergunte a ela.

—Com certeza, foi o Morse quem fez isso. Não quer pegá-lo?

—Se fosse algo assim tão simples, querido irmão, eu já o teria feito. O poder de James Morse abrange muitos setores.

—Você monitora as duas vinte e quatro horas, como deixou isso acontecer?

—Você não conhece mesmo a filha que tem. Não consigo monitorar Irene apropriadamente desde os 15 anos. – Ele junta as mãos e sorri. – É bem divertido vê-la conseguir enganar você tão bem.

—O quer dizer?

—Já disse. – Ele faz uma expressão séria. - Pergunte a ela.

Mycroft volta sua atenção aos papéis e Sherlock vai para o Hospital. Lilian estava sentada segurando a mão de Irene, era a primeira vez que elas tinham algum contato físico depois dos anos de cativeiro e foi no momento em que a filha estava inconsciente, ela mostra um sorriso triste ao vê o marido entrar. Diana corre até o pai, os dois se abraçam, em seguida ele chama John para conversarem no corredor.

—Se for sobre o ocorrido com a Irene quero participar. – Diana parecia decidida.

—Melhor você ficar com sua mãe. Ela ainda não está completamente recuperada, isso pode ser muito duro pra ela. – Sherlock beija a testa da filha e sai.

—Então, o que descobriu com o Mycroft? - Watson pergunta quando chegam ao corredor e caminham até a máquina de café.

—Apenas confirmei o que já sabia: Morse quem está por trás disso e Irene tem um grande poder de confidencialidade com o Mycroft. Ele não expõe o plano dela nem pra mim. Porém, deixou algo escapar.

—O que?

—Ele disse: É bem divertido vê-la conseguir enganar você tão bem.

—Significa?

—Ela tem fingido o tempo todo, John, de alguma forma isso, tudo isso, é o plano dela.

—Acabar sendo morta? Vê alguém morrer? Não parece algo muito inteligente.

—Oh mas ela é esperta. Muito esperta. Vou descobrir o que significa tudo isso.

—Como?

—Fazendo o que o meu irmão aconselhou. Perguntando pra ela.

No quarto, Irene estava acordando. Lilian havia ido ao banheiro e apenas Diana estava ali.

—Ei, como se sente?

—Bernard? - Pergunta com voz pastosa.

—Ele não conseguiu sobreviver.

Ela olha para o teto e se mantem em silêncio. Apenas pensa: E que comece o segundo ato.  

—Filha! – Lilian vai perto da cama. – Como está? Sente algum dor?

Irene não respondia, nem parecia estar ali.

—Mãe, melhor deixar ela quieta por agora.

Sherlock entra e ao vê-la já acordada pede para Watson levar Lilian e Diana para comerem algo.

—Não seria melhor fazer isso em outra hora, Sherlock? - Wastson questiona.

—Preciso resolver isso o mais rápido possível. – Sherlock estava irredutível.

—Pai, ela acabou de saber sobre a morte do irmão do John e ficou bem abalada. Não entendo o motivo, eles mal se conheciam. Mas, meu ponto é: A Irene está emocionalmente frágil agora, vá com calma.

—Só quero saber quem fez isso com ela.

Todos saem e ele se aproxima da filha. Sherlock precisa chamar por seu nome algumas vezes antes dela, finalmente, ouvi-lo.

—Como está? - Pergunta ele.

—Bem. Onde está Diana?

—John levou Lilian e ela para comerem algo.

— Não sabia que Lilian estava aqui.

—Por que foi se encontrar sozinha com o Morse?

—E quem disse que foi com ele o encontro?

—Por favor! Você sabe com quem está falando.

Irene o analisa por uns segundos.

—Tudo bem. – A dor que estava em seu olhar some inteiramente, dando lugar a uma enorme determinação. - Você precisa ir embora e levar a Lilian com você.

—Isso não vai acontecer. – Ele parecia confuso. – Não sem antes destruir o Morse.

—Ele vai ficar fora do caminho por um tempo, mas quando voltar ela será o próximo alvo. Lilian pode ser inteligente do jeito que for, porém ela não é esperta o bastante para lidar com o Morse e você sabe disso. Não conseguiu protege-la uma vez e não conseguirá agora. Deve afastá-la de tudo isso.

Antes que ele pudesse dizer qualquer outra coisa Lilian volta ao quarto, Diana diz não ter conseguido mantê-la por mais tempo longe dali. Sherlock vê a expressão de Irene mudar completamente, então consegue entender qual o seu objetivo.

Passado alguns dias, Irene já está de volta a Rua Baker. Ela não falou uma palavra todo esse tempo, apenas parecia perdida em seus pensamentos. No seu palácio mental. Quando quebrou o silêncio estava na sala de sua casa apenas com sua mãe.

—O que se lembra do seu cativeiro?

—Por que pergunta?

—Apenas diga.

—Não muito. Foram dias e noites de escuridão em uma sala minúscula. – Lilian começa a ficar nervosa por conta das lembranças. – Prefiro não falar sobre isso. Já contei tudo pra polícia.

—Mas não contou pra mim. Continue.

—Filha...

—Mudou de lugar alguma vez?

—Uma vez, semanas antes de me acharem.

—Como foi? Drogaram você?

—Eu não quero mais falar sobre isso.

Ela levanta, vai em direção à cozinha e Irene vai atrás.

—Lembra-se da voz de algum deles? Algum detalhe?

—Por que está fazendo isso comigo? Passei anos prisioneira, sendo torturada, tudo que me manteve viva foi pensar em você e na sua irmã. Qual a razão de querer que eu reviva isso?

Sherlock, Diana e Sean chegam. Lilian estava chorando e tremendo, ao vê o marido corre para abraça-lo, ele a leva para o quarto. Irene revira os olhos com impaciência e volta para a cadeira perto da janela.

—O que aconteceu aqui? Irene, o que você fez?

—Só umas perguntas sobre o sequestro dela. Nada demais.

—Nada de... – Diana fica com muita raiva da irmã. – Ela passou por anos de tortura, Irene. Nossa mãe é forte, entretanto ainda não superou. Você não deve força-la a lembrar disso.

—Por que não? - Irene a olha. - Devo trata-la diferente dos meus outros clientes só pelo fato de ter nos gerido?

—Se não for por isso que seja por respeito a tudo que ela já passou.

—Muita gente passa por muita coisa e ignorar os fatos não faz o bandido ser posto na cadeia.

—Você tem razão, não faz, porém você pode conduzir a situação de uma melhor forma. Irene, eu não tenho reconhecido você ultimamente. Qual é o seu problema? É fato que nunca foi sensível, contudo nunca foi tão cruel.

Irene apenas olha pela janela.

—Deixa pra lá. Você vai para o enterro do irmão do John?

—Por que deveria?

—Não sei. – Diana parecia cansada. – Nem devia ter perguntado.

Sean e ela descem. Sherlock aparece na sala e senta na poltrona.

—Lilian dormiu.

—Bom pra ela. Com licença. – Levanta, pega a jaqueta e cachecol.

—Vai sair?

—Fiquei tempo demais longe do meu trabalho.

Irene desce as escadas e pega um táxi. Momentos depois ela está perto de uma árvore olhando de longe o enterro de Bernard. Vê John, Diana com Sean ao seu lado, Susan com as crianças e vários agentes do MI6. Alguém surge atrás dela e pousa a mão em seu ombro. Ao virar vê Mycroft, eles se olham. Irene se vira uma última vez em direção ao caixão, então, junto com o tio, vai para o carro. Ele a leva pra longe dali.


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