Os Segredos da Rua Baker escrita por Lany Rose


Capítulo 7
Reencontro




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Irene vem destruindo vários dos planos do Sr. Morse. Ela também tem investigado o sequestro de Lilian sem tomar muitos cuidados a respeito, pois quer chamar a atenção dele. Agora chegou o momento, o professor James Morse percebeu que Irene Holmes está virando uma pedra no seu sapato e precisa fazê-la parar. Ele tem grandes planos para ela e para o que ele pensa ter restado da família Holmes, porém gostaria de realiza-los devagar, degustando cada segundo.

Lilian estava prestes a ter alta quando o inspetor Smith entra correndo na 221B da Rua Baker. Ele vê Diana, Sherlock, John e Mary sentados na sala, menos quem ele mais precisa.

—John! Entre. Deixe-me apresentá-lo ao meu pai: Sherlock Holmes. – Diana levanta solene. - E aqui é o tio John e a tia Mary.

—Oh! Prazer em conhecê-los.

—Ele é inspetor...

—Da Scotland Yard. – Se apressa Sherlock. – Dê-lhe um tempo, Diana. O inspetor parece muito ansioso.

—Procuro por Irene. - Mostrava-se nervoso.

—Ela deve chegar logo. O que houve, John? Sente-se. – Diana mostrou-se preocupada.

—Aconteceu alguma coisa com meu irmão...

—O que houve com Bernard? - Irene estava parada na porta.

—Irene! – John nunca ficou tão feliz em vê-la. – Susan me ligou contando que Bernard saiu ontem para comprar cigarros e não voltou mais. Os vizinhos dizem tê-lo visto entrar em um carro preto na porta de casa.

—Poderia ter sido convocado para uma missão?

—Ele não faz mais trabalho de campo. Conseguiu uma promoção. Mesmo assim entrei em contato com o MI6 e confirmaram não ter nenhuma missão no nome dele.

—Pode ser algo ultrassecreto. Não se preocupe, inspetor. Logo terei a resposta.

Ela não falou com ninguém ali, apenas deu meia volta e saiu com pressa. John a acompanhou, após uma rápida despedida. Os outros foram até o hospital para trazer Lilian de volta. Ela sorriu ao vê-los entrar.

—Lilian! É tão bom vê-la bem. – Diz Mary se aproximando para cumprimenta-la.

—É um alívio que esteja bem. – Fala John ao lado de Mary.

—Obrigada meus amigos.

—Lilian, eu quero lhe apresentar sua filha Diana. – profere Sherlock.

Diana se aproxima e pega na mão da mãe. As duas estão com lágrimas rolando pelo rosto.

—Filha!

—Minha mãe... Desculpe não ter vindo antes, mas devido ao seu estado uma emoção dessa magnitude poderia ser prejudicial e...

—Não precisa se desculpar. O que foram algumas semanas depois de anos presa sem conseguir ver você crescer e se tornar essa linda mulher que é agora?!

Diana a abraça. Sherlock diz que vai procurar o médico para apressar a saída, John conhecendo o amigo resolve ir junto e Mary decide ir pegar um café.

—Acho que queriam nos deixar a sós. – Diana puxa uma cadeira e senta ao lado da mãe.

—Sim. E sua irmã? Não quis vir?

—Irene está trabalhando.

—Ah! Tão ligada ao trabalho quanto o pai.

—Eles são bem parecidos.

—Fale-me de você.

—Ahn... Trabalho em um laboratório e estou quase no final do desenvolvimento de um novo remédio para TDAH.

—Imaginei que uma fosse herdar meu amor pela ciência. – Ela sorri. - Já tem nome o remédio? Sabe dos efeitos colaterais?

—Ainda não foi decidido o nome, mas os efeitos ainda estão muito fortes e venho tentando diminuí-los. Acredito que em poucos meses tudo estará pronto.

—Isso é ótimo. Você namora?

—Sim. – Diana fica vermelha. – Um professor de história.

—Irene também tem namorado?

—Não, na verdade eu nunca a vi namorar.

—Nunca?! Bem, queria muito saber dela. Sempre pensei nas duas, sempre rezei para que estivessem bem.

—Eu constantemente sonhei com esse reencontro. Irene é mais tipo o meu pai e o tio Mycroft.

—Tenta ser sem emoções. Bom, espero que o Mycroft não tenha conseguido ter um efeito tão grande nela.

—Mãe, eu sinto dizer, mas eu acredito que ele conseguiu.

—Por que diz isso?

—Irene, com certeza, tem muito do tio Mycroft. O jeito frio, a insensibilidade, o fato de não ser tão capaz de distinguir uma emoção da outra.

—Ela ficou tempo demais com ele. – Lilian parece triste. – Fico feliz que você não seja assim.

—Tio Mycroft diz que herdei o melhor do meu pai: você!

As duas se olhavam felizes quando apareceram com o médico. Sherlock, Diana e Lilian voltam para a 221B e veem Irene andando de um lado pro outro da sala e o inspetor Smith no computador fazendo uma pesquisa a mando dela.

—Ela é tão você! – Lilian comenta com Sherlock.

—Você ainda não viu nada. – Ele responde e vai sentar-se.

—Com certeza ainda não. – Confirma Diana.

Lilian se aproxima lentamente enquanto Irene explode em fúria.

—Argh! Como pode não ter uma imagem dele nessas câmeras?! Vou precisar falar com o Mycroft.

—Irene! Minha filha. – Lilian estava emocionada.

Ela olha pra mãe, nem havia notado que eles tinham chegado. Lilian tenta tocar no rosto dela, mas Irene se afasta e assume sua postura de frieza racional. Era como se aquela não fosse sua mãe, sua progenitora e sim uma cliente, mas ela não tinha tempo para pensar no caso de Lilian naquele momento, pois tinha que encontrar Bernard.

—Olá Lilian. Vejo que já está bem, apesar de cansada.

—Sim, ainda sinto um pouco de cansaço, mas estou recuperada. Obrigada por ajudar no resgate.

—Apenas fiz meu trabalho. – Ela se volta para o John. – Inspetor, retorne para a Scotland Yard.

—Claro. O que precisa de lá?

—Que retome seu trabalho. Não quero ninguém me seguindo por aí. Vou falar com o Mycroft e aviso a você seja lá o que for descoberto.

Não adiantava argumentar, então John apenas sai. Irene pega a jaqueta e o cachecol.

—Preciso sair. Devo voltar logo. Lilian fique a vontade, só não pegue meu quarto como o Sherlock tentou fazer. Até mais.

Após ela sair Diana vai até a mãe.

—Sinto muito se a reação da Irene não foi bem a que esperava.

—Não tem problema. Sou persistente, se consegui conquistar o seu pai, consigo fazer a Irene se aproximar de mim.

—Não esperaria tanto dela, porém se conseguiu formar uma família com o Sherlock. Tudo pode acontecer.

Irene não foi procurar Mycroft, na verdade ela foi falar com seus ajudantes da rua. Ela deu uma boa quantia para alguns deles conseguirem informações sobre esse carro que levou Bernard. O primogênito dos Smith é um dos melhores agentes do MI6, então encontrar quem seria capaz de sequestra-lo seria difícil. Bernard levou para a prisão e acabou com planos de muitos bandidos. Vários deles eram extremamente perigosos e poderosos.  Irene observou a casa dele por um tempo, depois interrogou Susan, falou com as crianças na esperança de terem visto algo, porém nada foi descoberto. Então, decidiu voltar pra casa, esperaria por alguma informação sobre o carro.

Passaram alguns dias, nenhuma pista foi encontrada e o sequestrador nunca entrou em contato. O inspetor Smith estava em desespero e Irene passava as noites pelo submundo de Londres. Certa manhã ela chega na 221B cansada, bêbada, fedida e frustrada pela falta de avanços. A casa estava vazia. Diana levara Lilian para conhecer o laboratório após bastante insistência da mãe. Sherlock chega com John e vê Irene jogada no sofá.

—Encontrei isso lá embaixo. – Diz Sherlock.

Ela levanta e pega o envelope. John e Sherlock sentam em suas poltronas, enquanto Irene analisa o invólucro.

—Elegante, caro, meu nome foi escrito a mão com caneta tinteiro... – Ela abre e despeja o conteúdo na mesa.

—Oh meu Deus! – Exclama John. – De quem seria essa orelha? E por qual razão enviar a você?

—É do Bernard. – Fala Irene intrigada.

—Seja lá quem o pegou, também conhece você. Poderia ser alguém de quando trabalharam juntos para o MI6. – Articula Sherlock.

—Pode... Como sabe que fomos parceiros em alguns casos? Desde quando me observa?

—Desde que deixei o hospital.

—Quanto tempo faz isso?

—Acredito que estejam perdendo o foco aqui. – John os lembra.

—Tem razão.

Irene toma um banho rápido, se troca, pega o envelope com o conteúdo e se dirige para o laboratório. Diana fica completamente surpresa ao vê-la ali.

—Filha! Fico feliz que veio.

—Agora não, Lilian. Diana você precisa verificar isso.

Ela entrega tudo para a irmã que logo começa a análise. Lilian tenta ajudar ao máximo, apesar dos anos em que ela esteve afastada, ainda era uma das melhores na área. Já Irene senta em uma das bancadas esperando. Após algum tempo elas já tinham um resultado.

—Foi encontrado tanto no envelope como na orelha as mesmas substâncias. – Explica Diana.

—Quais foram? - Irene chega perto.

—Bem, achei resíduos de comida, pó comum e jasmim.

—Qual a comida?

—Seria macarrão com queijo.

—Isso não diz nada. – Observa Lilian.

Irene fica perdida em pensamentos por segundos e de repente sua expressão muda completamente. Estava uma mistura de raiva, surpresa, tristeza e medo.

—Na verdade isso diz tudo!

—Irene, o que descobriu? - Pergunta Diana preocupada e curiosa.

—Sei onde está Bernard.

—Onde?

—Diana, faça uma coisa por mim. – Ela escreve um endereço em um papel. – Em duas horas, não menos, ligue pra Scotland Yard e dê esse endereço para o inspetor Smith.

—Está bem.

Irene sai apressada e Lilian fica aflita.

—O que ela vai fazer?

—Desconfio que vá tentar capturar o raptor do irmão do John.

—Sozinha? Não, filha ligue logo pra polícia.

—Mãe, a Irene sabe o que faz.

—Será mesmo? Sinto que isso não vai acabar bem.

Diana também estava inquieta com essa situação, porém iria respeitar o pedido. Ela nunca tinha visto a Irene com uma expressão daquelas no rosto, Bernard devia ter se metido em algo muito arriscado. Não entendia o motivo de ter de esperar às duas horas, mas não iria quebrar a confiança que Irene voltou a depositar nela, nem mesmo para atender ao pedido da mãe ou para aquietar o seu próprio coração.

Continua...  


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