Os Segredos da Rua Baker escrita por Lany Rose


Capítulo 3
Problemas para Dormir




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Diana tem o hábito de acordar cedo para ir ao laboratório fazer suas atividades, suas pesquisas, seus experimentos... Quando não está envolvida em algum caso junto com a irmã ou em algum serviço para o tio (MI6), ela costuma elaborar projetos científicos.  Já publicou alguns livros e monografias que são bastante utilizados em várias faculdades renomadas.

Irene, por outro lado, nunca acorda cedo. Só está de pé ao alvorecer quando tem algum trabalho em que necessita passar a noite inteira acordada. Entretanto, ultimamente ela não tem dormido muito bem, pois seus pesadelos estão cada vez mais fortes e constantes.

Diana acorda, como sempre, as seis em ponto e se surpreende ao vê sua irmã já desperta. Ela está andando, nervosamente, de um lado para o outro da sala, já com um copo de uísque na mão.

—Trabalhando em algo que não estou sabendo?

—Não, Diana, pode ficar sossegada.

—Está meio cedo para beber, não acha?

—Já deve ter passado das cinco em algum lugar do mundo.

—O que está acontecendo? Eu sei do aumento da frequência dos seus pesadelos... Eu escuto você. Vamos irmã, me conta logo o que está havendo.

—Tem alguma coisa ali, Diana. Alguma coisa que não estou conseguindo perceber. Sinto estar deixando passar algo.

—Por exemplo?

—Eu não sei! – Ela eleva a voz de forma impaciente. - Não estou enxergando algum detalhe e isso vai me deixar louca.

—Você nunca me contou tudo, Irene. Nunca insisti por que... Ah! Você sabe... Porém, agora, te vendo assim. Eu preciso saber. Do que se lembra daquele fatídico dia?

—De uma cela fria, úmida, nojenta, não muito diferente de tantas outras.  Só tinha um pouco de luz vinda da brecha da porta. Acredito terem me colocado ali de propósito, para poder ouvir tudo que faziam com ele. – Ela toma um longo gole do uísque e se senta na poltrona. – Um dia vieram me buscar. Fui levada até onde o mantinham. Estava amarrado com correntes presas no teto. Apesar do estado, Sherlock ainda apresentava aquele ar de superioridade. Seja lá qual fosse o plano, não estava funcionando. Partiram para o plano ‘B’.

—Iriam te usar pra conseguir resultados com ele.

—Exato.

—Machucaram você?

—Alguém bateu em mim e caí. Essa parte é meio confusa, mas quando estava no chão o vi inconsciente, pensei estar morto. Entretanto, eu o vi abrir os olhos algum tempo depois. A última coisa que vi foi o rosto de um homem, enquanto me carregava pra fora dali. Era jovem, bem jovem. Contudo, com certeza, era do MI6. Essas são todas as minhas recordações.

—Sei bem sobre o depois disso. Os agentes chegaram tarde para o nosso pai, pelo menos salvaram você... E olha que coincidência divertida: o irmão do inspetor Smith é agente do MI6. Começou cedo e é o queridinho do Mycroft. –Diana fala sorrindo. – Deve ser um dos motivos do John não gostar muito dele.

—Coincidência?! O universo não costuma ser tão preguiçoso. - Falou de forma pensativa. – Eu já tinha conhecimento desse fato. Agora, como você sabe disso?

—Eu não sou estúpida, sabia?! Dois caras com o mesmo sobrenome, trabalhando a favor da lei. Não é difícil deduzir... E ele comentou comigo.

—Quando?

—Passamos um tempo juntos em Liverpool, resolvendo aquele caso. Ficamos amigos.

—Sei. Bem, isso não me interessa. Tenho coisas mais importantes para pensar.

Chega uma mensagem no celular da Diana. Era Lestrade convocando as duas para irem o mais rápido possível ao necrotério. Um homem chamado Richard Kleber havia morrido. Ele era um empresário bem sucedido e foi encontrado já sem vida naquela manhã. As duas vão para o local e chegando lá descobrem que o inspetor encarregado era o John Smith.

—Como vai, John? - Diana o cumprimenta.  

—Em adaptação ainda, mas gostando bastante.

—Você se muda com certa constância, inspetor.

—Surgiu uma oportunidade de emprego aqui em Londres e não quis desperdiça-la, Irene.

—Obviamente. Posso vê o corpo?

—Claro, por aqui.

—Sabem a causa da morte? - Pergunta Diana.

—Infarto. Ele bebia muito.

—Nesse caso. - Irene para bruscamente. - Por que o inspetor Lestrade nos disse pra vir? Não parece ter qualquer mistério envolvido.

—Quando o chefe Lestrade olhou as fotos me falou para chama-las... Imediatamente.

—O que tinha nessas fotos?

—Bem, Diana, ele viu uma tatuagem. Não entendi, mas garantiu que vocês entenderiam.

Ele as leva até onde se encontra o corpo. Irene se aproxima e parece muito feliz com o que vê.

—A tatuagem! – Disse Diana.

—É o Elven. – Irene sorri.

—A Cúpula dos Nobres voltou a agir.

—Oh! Isso vai ser muito divertido.

—O que é a Cúpula dos Nobres?

—Calado, inspetor.

Diana analisa os papeis da autópsia e Irene, com sua lupa, observa cada detalhe do corpo. Terminando ela pede para o inspetor leva-la para o apartamento do Sr. Kleber. Ele diz não ter autorização para isso, pois não se trata de uma cena de crime, sendo assim a polícia só pode entrar no local com a permissão de algum familiar. Essa discussão ocorre enquanto eles descem as escadas. Quando chegam do lado de fora, Irene diz:

—Qual o endereço do seu irmão?

—Desculpe?!

—Você não se dá com ele, mas tem o endereço. Mande para o meu celular.

Ela ia saindo.

—Espera! Por que quer o endereço dele?

—Pra ele me ajudar em um caso. E, por favor, não comente com a Diana.

—Por que eu comentaria com ela?

—Ela me disse que são amigos. Amigos fazem isso, não é? Comentam coisas um com o outro.

—Também, mas não é só isso. Enfim, Irene você lembra que me deve um jantar? Podia ser amanhã à noite?

—Amanhã a noite será perfeito. Você terá seu jantar. Até mais.

Ela sai dali em um táxi e ele volta exultante para o necrotério.

Diana termina de recolher todo material necessário para começar seu trabalho. Chegando ao laboratório já inicia suas tarefas com a centrífuga e o espectrômetro de massa, faz várias soluções com base nas unidades recolhidas e prepara algumas reconstruções. Passada algumas horas o inspetor Smith entra:

—Olá, Diana!

—Oi, John! O que faz por aqui?

—Vim avisar que o caso foi encerrado. Não sei o motivo de o chefe ter mandado chamar vocês, mas não serão mais necessárias.

—Não estaria tão certo disso, se fosse você.

—Por causa dessa tal Cúpula dos Nobres que falaram antes?

—Sim. O caso pode ter sido encerrado pra vocês, mas pra nós duas ele só começou.

—Conte-me sobre essa cúpula?

—É uma sociedade secreta, mas não sabemos muito. Tivemos conhecimento de outro crime cometido por eles um tempo atrás. Usaram esse símbolo, mas de forma diferente.

—Como?

—Ao invés de marcar o corpo daquela forma, eles mandaram um bilhete com esse símbolo pra pessoas que foram achadas mortas, alguns dias depois. As investigações foram encerradas em pouco tempo.

—Pode ser só uma coincidência. Esse homem até pode fazer parte dessa sociedade, porém nada mostra ter sido um assassinato.

—Se meu tio estivesse aqui ele iria dizer: “Raramente o universo é tão preguiçoso”. – Ela sorri. – Irene diria algo parecido.

—E o que você diz?

—Podem ter usado uma substância que não é detectada na autópsia. Se você não a estiver procurando.

—Qual seria essa substância?

—Já ouviu falar sobre o K-2?

—Não era usada pela União Soviética?!

—Exato! Eles fizeram experiências com seres humanos até encontra-la. Ela é perfeita para matar alguém sem levantar suspeitas.

—Essa substância foi proibida há tempos.

—De fato, porém alguém conseguiu uma amostra.

—Como descobriu isso?

—Posso não ser dedutiva como a Irene, mas tenho meus talentos. E é um tipo de hobby pesquisar sobre esse tipo de assunto.

Nesse momento, Irene estava do outro lado da cidade batendo na porta do irmão do John. Ele abre.

—O que faz aqui?

—Não me convida pra entrar?

—Claro. Entre, fique a vontade.

—Fazia tempo que não o via, Bernard. – Ela senta no sofá e ele na cadeira em frente. –Estava de férias?

—Você me diz. Consegue vê tudo pela minha roupa, jeito ou cabelo. Como seu pai fazia. Afinal, o que quer?

—Falando no Sherlock, tenho uma pergunta pra você. O que aconteceu no dia do meu resgate?

—Como eu vou saber?

—Foi você quem me tirou de lá. –Ela fala após um leve sorriso.

—Sua memória deve estar lhe confundindo.

—Pare de enrolação.

—Irene, você sofreu um enorme trauma...

—Vou te dar uma ajuda. Você comigo nos braços, Shelock sendo ajudado por outro agente. Estávamos perto da saída quando uma voz ressoou em um alto-falante. Sherlock decidiu voltar. Contrariando os meus pedidos. -Ela pareceu um pouco triste ao dizer isso, contudo logo voltou ao seu jeito frio e distante. -De quem era aquela voz?

—Eu não sei. Lilian, talvez.

—Não venha com essa. Nem tente me enganar, agente, você sabe quem eu sou. Isso não vai funcionar. Era voz de homem. Do tio Watson.

—Se sabe tanto por qual motivo veio me procurar?

—Comparar informações?! - Fala de forma divertida, depois volta a ficar séria. -Eu tenho minhas razões, não se preocupe com isso. Apenas diga tudo.

—Eu não posso. Tenho ordens a cumprir.

—Elementar! Que tal um trato?

—Pretende me ameaçar? Ameaçar minha família?

—Não seja tolo. Você é um agente do MI6... O cachorrinho do meu tio. Em poucos minutos os tirariam da cidade e eu nunca os acharia. Mycroft pode não ser muito gentil, mas sabe retribuir um favor.

—Então?

—Seu irmão. Sei que o inspetor John Smith não é de entrar em contato e você gostaria muito de ter alguma relação com ele. Posso conseguir um jantar pra vocês.

—Isso é impossível. John sempre se sentiu preterido pela família. Ele nem atende meus telefonemas, nunca aceitaria jantar comigo.

—Faça sua pesquisa. Jantar pra dois, amanhã à noite. Eu aguardo.

Ele deu alguns telefonemas e acabou descobrindo que havia uma reserva para dois no nome de John Smith.

—Como conseguiu?

—Tenho meus métodos. Agora, temos um acordo?

 


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