Os Segredos da Rua Baker escrita por Lany Rose


Capítulo 4
O Ritual Lunar




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Irene está sentada em sua poltrona lendo um jornal quando Diana chega do laboratório. Depois de toda a conversa com o John e a descoberta da morte pelo K-2, ela voltou para o seu trabalho de rotina. Contou as horas para terminar tudo e ir pra casa. Queria saber quais as descobertas de Irene sobre o novo assassinato da Cúpula dos Nobres, ela não havia conseguido conversar com a irmã o dia inteiro, então sua ansiedade se tornava notória. Apesar disso, antes de discorrer sobre o assunto ela foi fazer um chá para sentar relaxadamente em sua poltrona. Imaginava que passariam horas falando sobre as deduções, então precisava estar preparada.

—Irene.

—Hmm?

—O que descobriu?

—Sobre o que? - Ela continuava a ler.

—O assassinato. A nova vítima da Cúpula dos Nobres.

—Oh! Isso... Nada.

—Como nada? Você não foi investigar?

—Sim, mas não deu em nada.

—Desde quando isso acontece?

—Ás vezes acontece.

—Bem, é a primeira vez que vejo.

Ela fecha o jornal.

—Você não esteve ao meu lado em todos os meus casos, Diana. Isso é novo pra você? Bem, acostume-se.

Irene voltou a ler o jornal e Diana tomou o último gole do chá, quando levantou para ir até a cozinha a campainha toca. Diana desce para atender, afinal a irmã nem se mexeu da poltrona. Ao abri a portar dá de cara com um casal.

—O que desejam?

—Essa é a casa das irmãs Holmes? - Perguntou a senhora.

—Sim, eu sou Diana Holmes.

—Oh Graças a Deus! Vocês precisam nos ajudar.

—É o nosso filho. Ele desapareceu. –Contou o senhor.

—É melhor vocês entrarem, minha irmã está lá em cima e ouviremos a história de vocês.

—Obrigada.

—Muito obrigado.

Ela os levou até a sala.

—O que significa isso? - Perguntou Irene já largando o jornal e se pondo de pé.

—Aparentemente, são clientes. Precisam de ajuda com o filho.

Ela dá um suspiro de impaciência. Diana os acomoda no sofá e oferece chá. A senhora, que beira os cinquenta, parece muito nervosa, já o senhor, no auge dos seus cinquenta e cinco, está mais calmo, porém evidentemente preocupado. Diana instala-se logo a frente deles, já Irene fica em pé.

—Contem tudo e não sejam tediosos. - Diz Irene.

—Bem. – Começou a senhora. – Meu nome é Billie Cranford e esse é meu marido Mark Cranford. Nós somos casados há vinte e cinco anos, temos um filho de dezessete, Nick, ele é um amor...

—Vá direto pra quando ele some.

—Irene! Pode levar o tempo que precisar senhora. –Diana tenta ser gentil.

—Mas, sem muita demora.

Diana repreende a irmã com o olhar. Irene revira os olhos e se mantém andando de um lado para o outro. A senhora recomeça.

—Nick sempre foi um bom menino, um boletim impecável. É bom em tudo que faz, mas sua matéria favorita é história. Ele compra livros e mais livros. Juro que meu filho nunca passou uma noite fora de casa sem nós sabermos. Por isso ficamos tão preocupados quando percebemos sua ausência nessa manhã...

—Ainda nem tem vinte e quatro horas? - Perguntou Irene.

—Não, mas sabemos que houve algo com ele.

—Como podem saber?

—Uma mãe sempre sabe!

—Oh pelo amor de Deus!

—A polícia não irá nos ajudar por isso nos recomendaram vocês. –Falou o Sr. Cranford.

—Quem recomendou?

—Um dos policiais da Scotland Yard.

—Eles só podem estar de piada.

—Ele falou que se interessariam e que são as melhores, na verdade, nem parecia policial. Era um homem alto de cabelos cacheados... – Foi dizendo o homem quando Irene o interrompeu.

—Não é do nosso interesse. Saiam.

—Irene não fale assim.

Ela foi em direção ao quarto quando a mulher disse:

—Talvez, tenham razão. Ele tem andado estranho desde que começou essa obsessão por uma fraternidade de lobos...

Ao ouvir isso ela volta imediatamente para a sala.

—O que você disse?

—Ele começou a ler sobre essa fraternidade e ficou obcecado pelo assunto. Falava o tempo todo: “Ainda vou fazer parte da Fraternidade dos Lobos”.

—Preciso vê o quarto dele.

Eles ficam surpresos, perguntam se ela iria ajuda-los a encontrar o garoto. Irene confirma e logo foi pegar sua jaqueta e cachecol. Quando Diana levanta para pegar o casaco a irmã logo diz que ela não irá junto.

—Por que não?

—Não preciso de você. Se encontrar algo que necessite de sua análise, bem, eu sei recolher o material. Até mais!

Irene sai dali junto com o casal deixando a irmã pra trás. Diana logo pensa que ela está irritada por não ter conseguido nada sobre o novo assassinato da Cúpula dos Nobres, descontava nela por causa das inúmeras perguntas feitas sobre o caso. Irene, ás vezes, era como uma criança acostumada a ser a melhor sala e se em algum momento não conseguia ficava de mau humor e fazia quem estivesse ao redor pagar por isso.

Ao chegar a casa ela observa tudo ali, depois é conduzida até o quarto. É um local estranho, frio e tão arrumado, nem parecia que um adolescente já havia morado ali. Os pais garantiram não ter mexido em nada, o filho sempre foi muito organizado. Irene pega sua lupa, olha cada detalhe. Os livros todos ordenados em prateleiras na parede logo acima da escrivaninha, também, muito ajeitada, havia apenas um caderno, lápis, uma caneta, um retrato da família e algumas folhas soltas com anotações da escola. A cama está feita, no armário as peças são organizadas por cor, nenhum pôster ou sujeira ou roupa jogada no chão. Ela olha embaixo da cama e encontra uma folha. O conteúdo estava em algum tipo de código, voltou pra casa e passou o restante da noite tentando desvendá-lo.

Diana acorda e vai se preparar para mais um dia de trabalho, tinha muitas pendencias esperando no laboratório. Estava criando um novo remédio para TDAH, ainda estava em fase de desenvolvimento, mas tinha esperança de concluir em alguns meses. Olhou algumas coisas jogadas na mesa.

“Irene estava trabalhando em algo, deve ter passado a noite acordada, não terei notícias dela tão cedo.”

Foi o que pensou, mas não aconteceu bem assim. Algumas horas depois Irene manda mensagem dizendo para a irmã ir encontrar-se com ela na biblioteca da universidade. Diana não pensou duas vezes antes de largar tudo para ir ao encontro dela.

Quando chega vê Irene rodeada de livros e pegando outros. Lia com um tanto de pressa e depois jogava na mesa.

—Diana, eu fico feliz que tenha chegado. Por favor, junte-se a mim.

—Claro, mas o que procura?

—Algo sobre rituais, mas um em específico. O ritual lunar.

—Está bem. Descobriu sobre isso ontem?

—Encontrei um bilhete jogado embaixo da cama do garoto, estava escrito em código. Levei parte da noite para conseguir decifrá-lo. Letra de mulher misturada com a de homem.

—Mais de uma pessoa escreveu o bilhete! – Comentou Diana. - O que dizia¿

—Exatamente! Falava sobre ter chegado a hora de ele participar do ritual lunar e fazer a transformação. A parte que tinha a localização fora rasgada. Ele deve ter levado consigo para encontrar o local.

—Por que não levar o bilhete todo¿

As duas viraram imediatamente para vê quem fazia aquela pergunta. Era um homem alto, atlético, loiro e de olhos azuis.

—Desculpem, mas quando ouvi sobre um ritual acabei por me interessar pela conversa. Meu nome é Sean McMiller e sou professor de história.

—Sou Irene Holmes e essa é minha irmã Diana. Respondendo sua pergunta soldado...

—Como sabe...?

—Como sei que é um soldado americano? Apenas olhando para sua postura, corte de cabelo e maneiras de falar. Como eu dizia, ele não levou o bilhete inteiro como uma forma de avisar aos pais. O papel não estava amassado, com certeza, colocou na escrivaninha e ele acabou indo parar debaixo da cama.

—Posso ajudar em algo? Tenho conhecimento sobre esses rituais. Minha tese de mestrado foi sobre isso. Posso encontrar o livro que procuram.

—Não. – Diz Irene.

—Pode sim. Será de muita ajuda, obrigada.

Irene revira os olhos e o rapaz começa a procurar um livro que o ajudou bastante nos estudos, mas sempre voltando seu olhar para Diana. Após alguns segundos ele encontra, quando está indo entrega-lo um homem alto de cabelo preto curto e olhos castanhos o para. Conversam por um tempo e Sean vai até as duas. Comenta que se tratava de James Morse, nesse momento Irene o encara.

—O professor Jim Morse?

—Ele mesmo, você o conhece? - Perguntou ele.

—Só de nome. Sei que é um renomado professor de sociologia.

—Sim, o melhor. Aqui está o livro.

Ele o passa para Irene que começa a analisa-lo.

—Está quase na hora do almoço poderíamos ir comer algo. –Sean fala olhando para Diana.

—Não como enquanto trabalho. – Diz Irene olhando para o livro.

—Ele falava comigo, Irene.

—Hmm. Melhor assim. – Ela sorri e fecha o livro. – Achei o que precisava.

Irene sai deixando Diana a sós com o professor. Os dois vão comer algo no restaurante da universidade.

—Desculpe. Deveria tê-la convidado pra um jantar em um bom restaurante, mas quis ter, imediatamente, mais de sua companhia.

—Não é o lugar que importa e sim as pessoas nele. Vinha muito aqui quando morava na universidade. Trás boas lembranças.

—Pena não tê-la conhecido nessa época.

—Trabalha aqui há quanto tempo?

—Dois anos. Resolvi me mudar pra Inglaterra depois que me feri no exército. Tive de fazer isso.  

—Foi quando decidiu virar professor?

—Eu já era professor, decidi servir quando meus pais morreram no atentado em NY. Acabei me ferindo, não tinha mais nada pra mim lá. Vim fazer meu mestrado e consegui esse emprego. E você o que faz¿

—Trabalho em um laboratório, atualmente estou desenvolvendo um remédio para TDAH.

—E nas horas vagas pesquisa sobre rituais com a irmã.

Ela sorri.

—Na verdade isso era pra um caso. Minha irmã e eu fazemos consultoria investigativa.

—Você se torna cada vez mais interessante.

Eles ficam conversando até Diana lembrar que deve retornar ao laboratório. Sean a acompanha pelo pátio, contudo de repente Diana fica pálida e tem uma queda de pressão. Ele a segura e a senta em um banco ali perto.

—Diana! O que houve? Fala comigo.

—Eu... Eu vi o...

—Quem? - Ele olha ao redor e não vê ninguém.

—Eu vi o meu pai. Ele morreu quando eu era criança.

Sean ficou sem saber o que fazer, então decidiu leva-la pra casa. Eles pegaram um táxi para a 221B da Rua Baker. Irene estava bebendo perto da janela quando os dois entraram.   

—Fico feliz que tenha resolvido aparecer. – Ela se vira para Diana. – Preciso de você para verificar... Qual o problema?

—Irene, eu vi... – Ela sentou na poltrona, estava tremula e com lágrimas nos olhos.

—Vou fazer um chá. – Disse Sean.

—Diga logo.

—Eu... Eu vi o Sherlock, Irene. Nosso pai ‘tá’ vivo.

—Oh Diana! –Irene toma um gole do uísque. –Esse pode ser seu desejo, mas não é a verdade. Sherlock morreu.

—Como pode ter certeza?

—Você sabe muito bem como. Eu estava lá!

—Ele fez isso antes. O tio Watson nunca duvidou da morte dele até ele reaparecer. Quem me garante que não é o mesmo truque?

—Eu garanto! Ou você duvida da minha palavra?! Não acredita mais no que digo ou no que vi? Você começa a beirar a paranoia.

—Não quero brigar. Acontece... Eu o vi.

—Diana. – Ela chega perto dela, com lágrimas. – Sei o quanto o quer de volta, mas não vai acontecer. Pode pensar tê-lo visto, porém sei o que vivi.

—Você nunca falou de o ver morto.

—Por que não queria te deixar impressionada. Antes de me resgatarem, segundos antes. Eu o vi caído já fora das correntes, sem vida. Jogado no chão como um animal qualquer.  

—Mesmo?

—Eu juro. – Irene olhava a irmã nos olhos, as duas com lágrimas. – Sinto muito por destruir suas esperanças.

—Sempre imaginei o encontrando por aí. Devo ter projetado. Enfim, dizia pra eu verificar algo?

—Nada de importante. Eu cuido disso. Descanse.

Ela pega o copo e toma todo o conteúdo, pega um frasco e na hora de sair o inspetor John Smith entra na sala.

—O que é agora? - Irene soa intensamente incomodada.

—Preciso da sua ajuda com urgência.

—Em que?

—Um sequestro. A filha do dono de uma escola foi levada.

—Espere os homens entrarem em contato e pague o resgate. Caso resolvido, com licença.

—Não, acontece que se trata de um grupo já conhecido da polícia e eles tem fama de mesmo recebendo o pagamento nunca entregarem a pessoa com vida.

—Então não paguem. E usem a grana pra preparar o velório.

—Irene! – Diana a repreende. -Você poderia ir vê o local, pode achar alguma pista para encontrar a menina.

—Encontrando ou não, essa garota já está morta. Vi esse tipo de caso antes. E é melhor vigiarem a família por um tempo, se não conseguirem o resgate eles matam a família inteira, se conseguirem é só ela quem morre. Agora, tenho de sair.

—Irene você poderia ao menos dá uma olhada.

—Não adianta inspetor. Quando acharem o corpo dessa garota, verifiquem o horário da morte. Agora são duas e meia da tarde, pode ter certeza, ela já não tem mais vida. Até mais tarde.

John e Diana sentem um misto de raiva e decepção. Sean leva chá para os três, mas o inspetor está com pressa. Ela o leva até a porta.

—Eu não entendo Diana. Ouvi falar de tantas pessoas salvas por ela, por vocês.  

—Quando você percebe que o interesse da minha irmã não é salvar a vida e sim resolver o enigma, acaba não tendo mais desapontamentos com ela. Pelo menos eu pensava isso.  

—Você é quem a conhece melhor.

—Não é bem assim. Quando crianças até brincávamos juntas, mas com a... Depois de irmos morar com o Mycroft ela se distanciou. Eu me voltei para os estudos e ela pra alguma coisa, nem sei dizer o que. Com dezesseis ganhei uma bolsa e fiz minha mudança para o alojamento da universidade. Só a vi de novo uns cinco anos depois, levei um susto ao vê-la entrando no laboratório. Tinha algumas notícias dela, mas foi bem surpreendente quando contou sobre morar aqui e trabalhar como consultora investigativa.

—Ela foi propor sociedade?

—Foi me perguntar sobre umas amostras. Não confiava nos peritos da polícia, achava todos burros. Nem sei bem como aconteceu, no fim do dia estávamos naquela sala tomando um chá e falando do caso resolvido. No dia seguinte eu me mudei pra cá.

Após essa conversa eles se encontravam menos desgostosos, Diana foi tomar o chá com o novo “amigo” e o John voltou ao trabalho. Sean foi pra casa já à noite, depois de conseguir fazê-la dormir. A essa altura já era hora do jantar de Irene com o John. Ele chegou um pouco adiantado e foi para a mesa, estava nervoso. Irene chega com uma surpresa, trazia Bernard consigo.

—O que significa isso?

—Eu cedi o meu lugar para o seu irmão. E você vai precisa ir para esse endereço, neste dia.

Ela o entrega um papel.

—O que?

—Investiguei esse caso de um ritual feito por uns adolescentes. Eles criaram a fraternidade dos lobos. Venho ouvindo sobre isso há algum tempo, quando os pais desse garoto falaram o nome, tive que verificar. Acontece que eles tomam um chá alucinógeno e fazem esse ritual sempre no primeiro e último dia de lua cheia. Eles querem se transformar em lobisomem e ao tomar o chá pensam ter conseguido. Eles começam a vê o “transformado” como algo perigoso. Então, no meio do desespero o matam. Encontrei o local com o corpo e mandei a polícia para lá e descobri o do próximo. Esse você vai poder ir.

—Não quero saber da sua investigação, Irene. Quero saber o motivo de o meu irmão estar no seu lugar.

—Já falei. Vocês vão jantar e como não quero atrapalhar, eu estou saindo. Bom apetite.

Ela sorri e sai do restaurante, John olha para o irmão e depois vai atrás dela. Bernard fica na mesa e pede uma taça de vinho, não está preocupado. Irene conseguiu várias informações confidenciais sobre o pai, então ela iria cumprir a parte dela como fosse necessário. John a alcança na saída.

—Como pôde fazer isso?

—Você jantar com seu irmão? Deveria me agradecer.

—Ele não é meu irmão. Nunca foi.

—Ele é sim. E quer ter uma relação com você. Qual o problema nisso?

—Quando nos conhecemos você soube. Sempre vivi a sombra de seus feitos, nunca fui o suficiente. Ao descobrir sobre a adoção, tudo fez sentido.

—John você pode não ser um agente do MI6, mas é um ótimo inspetor. O melhor que já conheci. Seu irmão só quer uma chance. Dê a ele. Não custa nada.

—Você não entende. Como poderia? Parece mais uma máquina sem sentimentos.

—Posso parecer, mas não é verdade. Não sei o que seria de mim sem a Diana ao meu lado. Podemos brigar ou mesmo se ela me decepcionar da forma mais absurda possível e depois me pedir um jantar para se explicar. Vou conceder isso a ela. 

—Não é a mesma coisa.

—John, a forma como você era tratado pelos seus pais, o fez se achar menos que ele. Bernard não tem culpa disso. Vocês são adultos agora e devem conversar como tal para acabar com esse mal entendido. E assim ter uma verdadeira relação fraternal.

Ele respira fundo. Nunca havia imaginado Irene dessa forma, dizendo tais coisas. Talvez, ela não fosse tão fria quanto parecia.

—Tudo bem. Mas, faço por você.

 

Ela assente e ele volta para o restaurante. Irene o olha entrar, então fecha a jaqueta e sai andando. Para ao chegar na esquina, sente que alguém a observa. Tira  uma garrafinha do bolso, toma um gole e volta a caminhar. Das sombras sai um homem alto, de cabelos cacheados em grade parte grisalhos e usando um sobretudo preto. Ele a olha sumir no final da rua e segue na direção oposta. 


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