Os Segredos da Rua Baker escrita por Lany Rose


Capítulo 21
Escolhas Difíceis




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Sean estava prestes a começar a segunda aula do dia. Ao abrir uma gaveta, procurando uma pasta com provas, encontra um bilhete. Era de Irene e havia coordenadas para um encontro em meia-hora para falar sobre Diana. Ele não pensou duas vezes, apenas deixou a universidade com a desculpa de estar passando mal.

Ele chega a uma fábrica de tecidos, anda por um tempo até um homem de terno preto se apresentar e leva-lo em um carro para outro lugar. Sean não estava gostando daquela situação, depois de algumas horas chegou a uma antiga fazenda, entrou em uma casa típica daquela região, na sala encontrou Irene sentada à mesa tomando um uísque.

—Fico feliz que tenha vindo, cunhado querido.

—Qual a razão de tudo isso?

Ela empurra um pacote.

—Identidades e passaportes falsos. Também tem passagens para Paris. Não me importa como, mas deve tirar Diana do país. O mais rápido que conseguir, amanhã mesmo... Se possível.

—Ela está em perigo? Eu posso ajudar...

—Essa é a sua ajuda.

Irene levanta e vai perto de Sean. Ele nota algumas feridas e manchas roxas pelo rosto dela.

—O que houve com você?

—Seu trabalho não é se preocupar comigo, soldado. Apesar de tudo, Diana nunca saiu do país. Ela vai adorar uma lua de mel, ainda mais agora que terminou de fazer o tal remédio para TDAH.

—Como sabe disso?

—Eu sei tudo sobre minha irmã. Ela deve lhe contar hoje, então proponha uma viagem pela Europa em comemoração.

—E quanto a você?

—Tenho de terminar o que comecei. – Ela para na porta, dá uma última olhada para dentro e fala olhando para Sean. – Se ouvir que aconteceu algo comigo ou com qualquer um da família, apenas use as identidades falsas e a leve embora. Por mais que ela reclame. Mesmo que eu nunca mais veja minha irmã... Eu sei que cuidará bem dela.

Sean viu a cunhada partir, toda a arrogância do olhar dela havia sumido. Ele ficou angustiado pensando no que havia deixado Irene daquela forma e em como ela lutava para manter a irmã segura. O sacrifício de se manter sozinha, em deixar Diana achando que não se importava; que não a amava, sendo que todos os movimentos feitos por Irene até agora era pensando na proteção da mais nova da família Holmes.  

Ele andou um pouco pela sala, depois foi ao cômodo ao lado, então entendeu o motivo dela ter escolhido aquele lugar. Sean encontrou fotos das duas pequeninas; Irene sempre olhando para o pai com curiosidade e Diana mexendo em alguns brinquedos perto da mãe.

***

Irene chegava na 221B pensando em dormir um pouco, pois tinha passado a noite acordada e os machucados doíam muito naquele momento. John, como tem acontecido muito ultimamente, estava lá tomando um chá e lendo o jornal.

—O que aconteceu com você? – John falou já indo até ela.

—Eu estou bem, John.

—Você sumiu por semanas, Irene. Agora aparece machucada e vem dizer que está bem?!

Ele a ajuda a sentar.

—Depois da reunião do conselho tive de fazer mais alguns aliados.

—Pensei que todos do conselho já fossem seus aliados.

—Eles são, bom, quase todos. Tem um que é imparcial. Não quer se meter entre o Morse e eu. Ele joga dos dois lados. Ele é muito poderoso, por isso não tenho como chegar perto para ameaça-lo ou salvá-lo como fiz com os outros.

—Se é tão poderoso, como não é o mestre?

—Eu não sei. Isso tem me intrigado faz um bom tempo. Enfim, alguns participantes da Cúpula são perigosos, mesmo os que não estão entre os conselheiros. Passei esse tempo na conquista deles, assim como o Morse. Consegui a maior parte deles, no entanto teve quem preferisse se manter ao lado do Mestre, que já organizou um atentado contra mim.

—O que ele fez?

—Colocou uma bomba em um dos meus carros.

—Por sorte no errado, pelo visto.

—Não foi sorte, John, foi um aviso. Homens que estavam comigo morreram, outros apenas ficaram feridos. Acordei no hospital com Mycroft ao meu lado, não foi divertida essa parte.

—Você devia ter me contado dessa viagem. Mas, tudo bem, agora temos de tomar mais cuidado e nós...

—Não haverá mais nós.

—O que?

—De agora em diante, eu trabalho sozinha. Completamente, sozinha.

—Nem pensar!

—Você não vem mais comigo, John, já está decidido.

Irene levantou, foi até lareira e John foi perto dela.

—Você não pode fazer isso, Irene. Não é sua decisão. Também tenho contas a acertar com o Morse.

—Você vai ficar fora disso, John. Nem que seja a última coisa que eu faça!

—E por quê?

—Porque eu prometi para o Bernard que não te deixaria morrer! – John a olhava sem conseguir proferir uma só palavra. – Agora saia da minha casa.

Irene bateu a porta do quarto com um nó na garganta que nunca havia sentido na vida, após meses sem usar mais nada, naquele dia não conseguiu. Poderia nunca mais ver sua irmã, seu pai e a mãe com quem conviveu por tão pouco tempo, nunca mais desafiar o Mycroft e vê-lo correr até ela no primeiro problema que tivesse por não ouvi-lo. E ainda tinha o John com suas conversas estranhas sobre rotina, famosos, além de várias perguntas esquisitas. Pegou a seringa, a última ampola e usou o máximo que podia, caindo em seguida na cama.

***

No fim do dia, Sean estava em casa ansioso para Diana chegar. Quando aconteceu, ela estava radiante por ter terminado o trabalho com o remédio para TDAH.

—Eu fico muito feliz por você, meu amor.

—Como prometido poderemos passar mais tempo juntos.

—Tenho uma ideia para comemorarmos.

—Pode dizer.

—Um passeio pela Europa. Sempre quis fazer uma viagem desse tipo e será ainda melhor com a mulher que amo.

Diana sorri e os dois se beijam.

—Já vou preparar as malas e o roteiro.

—Pensei em começarmos por Paris.

—Você teve uma ótima ideia, meu amor.

Em menos de quarenta e oito horas já estavam em um hotel com vista para a torre Eiffel. Sean foi tomar um banho, Diana aproveitou para guardar as roupas, porém teve uma grande surpresa. Quando Sean saiu do banho a vê com o pacote que Irene havia lhe dado aberto em cima da mesa.

—Diana, eu posso explicar!

—Essa viagem foi ideia da minha irmã?

—Diana...

—Me reponde!

—É para sua proteção.

—Conhecendo Irene, ela está em perigo. Conte tudo o que está acontecendo.

Sean relatou tudo que lhe foi transmitido pela cunhada.

—Ela disse para fazermos essa viagem e usar isso se fosse necessário.

—Como pôde me esconder isso, Sean?

—Irene disse que poderiam matar você.

—É, eu sei como funciona. Para ter falado com você; ter te mandado me tirar do país... Ela estava muito machucada?

—Alguns cortes do rosto, machas roxas e parecia mancar.

Diana mostra um sorriso nervoso.

—Agora tudo faz sentido. – Ela coloca as roupas de volta na mala.

—Nós não podemos voltar. Irene disse...

—Eu não me importo! Minha irmã precisa de mim, se você quer ficar, então fique. Mas não pense que conseguirá me impedir.

Horas depois, ela aparece na 221B. Irene parece surpresa ao ver a irmã ali na porta.

—O soldado é um grande idiota!

—Eu vi os passaportes e identidades. Quem mais poderia ter dado a ele?! O que houve com você?

—Uma explosão próxima. Você não deve ficar aqui, Diana.

—Por que mentiu pra mim? Por que todos mentiram para mim?

—A ideia foi minha, mas o Sherlock e o Mycroft concordaram. Convencer o soldado foi fácil.

—Por quê?

—Para te proteger do Morse.

—Me proteger? Você quase morreu! Mais de uma vez. Só pra me proteger? Por que, Irene?

—PORQUE O SHERLOCK ME DISSE PRA FAZER ISSO!

—O que? Quando? Na despedida da viagem dele com a mamãe?

—Não! Antes de ele voltar para salvar o tio Watson ele me disse: Você precisa ser corajosa. O que vem a seguir é muito perigoso. Proteja sua irmã... Sempre.

—Irene...

—Você realmente acha, Diana, que aqueles quase dez anos que passamos afastadas eu não sabia nada de você? Eu seguia você quase todo dia. Não eram apenas os agentes do Mycroft, nunca foi. Eu tinha que fazer isso... É o meu trabalho.

—Você não tinha de fazer isso, Irene. Você era uma criança. Mesmo agora não precisa; eu sou adulta, posso me cuidar.

—Não quando se trata do Morse.

—Eu odeio quando faz isso. VOCÊ NÃO PODE ME SALVAR SEMPRE!

—EU POSSO TENTAR! – Elas se olharam por um tempo. – Pelo menos, fique aqui. Preciso resolver um problema.

—Não, Irene. Eu vou com você.

—Esse é o motivo de eu preferir mentir para você! Apenas me escute, Diana. Uma vez, ao menos.

Irene sai da casa e já atravessa a rua, Diana vem logo atrás dizendo sempre ouvi-la, mas dessa vez não será assim. Sean chega em um táxi no momento certo de ver a mulher que tanto ama sendo atropelada por um carro preto. Irene vira-se com rapidez, no entanto demora a acreditar no que acabou de acontecer.

—Oh meu... Eu vou ligar para uma ambulância. – Sean disse pegando o celular.

—Não!

—O que? Agora quer que sua irmã morra.

Irene toma o celular da mão dele e o joga do outro lado da rua. Ela apenas manda uma mensagem.

—Você vai ficar aqui com ela.

—Aonde vai?

—A única coisa que eu posso dizer é que se ela tiver sequelas ou morrer, o mesmo acontecerá com você.

Irene levanta, pega o primeiro táxi e some. Poucos minutos depois Sean recebe uma mensagem com um código para responder aos paramédicos. Eles não levaram mais de cinco minutos para chegarem.


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