Os Segredos da Rua Baker escrita por Lany Rose


Capítulo 20
Entrando no Conselho




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Em um campo afastado de Londres, um poderoso empresário estava de joelhos implorando pela vida. Havia vários homens ali, todos muito bem vestidos e três carros pretos.

—Você não precisa fazer isso Holmes. Eu ficarei do seu lado, nunca irei te trair. Eu juro!

—É Srta. Holmes pra você.

Irene atira na cabeça dele que caí quase nos seus pés. Ela entrega a arma para um dos homens de terno, entra em um dos carros que logo segue seu caminho.

—Você realmente precisava matar aquele homem? Ele poderia ser útil...

—Era necessário, John. Morse fez uma verdadeira lavagem cerebral nele. Roberts nunca seria fiel a mim e, também, eu precisava de uma vaga no conselho. Agora tenho uma.

John parecia desconfortável naquela situação que parecia mais tirada de um filme de máfia italiana. Irene percebendo isso comentou sobre o tal empresário não ser uma boa pessoa e ela ter de fazer o papel de “líder da gangue” para não apenas conseguir respeito e ser temida, mas, também, para acabar com o Morse mais rapidamente.

—Eu sei Irene. Acontece que não sou muito bom com esses jogos.

—Bem, esse é o motivo de não ter entrado para o MI6. Vamos tomar um chá naquele lugar perto de casa, sempre me dão bolinhos grátis.

—E qual o motivo de fazerem isso?

—A esposa o abandonou após ele a encontrar tentando matar os próprios filhos. Garanti que tivesse pena de morte.

—Ah!

Na cafeteria eles foram para a mesa habitual. Irene estava falando empolgantemente sobre o caso, sobre logo ter uma reunião para votarem em um novo membro do conselho e que tinha certeza da unanimidade quanto a colocarem-na no lugar do tal empresário assassinado. John não estava prestando muita atenção, ele sempre adorava vê Irene empolgada assim, pois ela ficava radiante.

—Por que está me olhando assim, John?

—Devíamos jantar juntos.

—É meio cedo para fazer planos para o jantar, não acha?

—Não, quero dizer em um encontro.

—Um o que?

—Sabe, quando duas pessoas que se gostam saem para se divertir.

—Já fizemos isso várias vezes.

—Sempre falamos de trabalho.

—Exato.

—Você já teve namorado?

—Uma vez. Era um traficante de armas, tive de namorá-lo para me aproximar e prendê-lo.

—Sem ter sido por causa de um caso.

—Ah! Não é minha área.

John franziu o cenho.

—Namorada?

—Não.

—E o que acha? De jantar?

—Olha, John, fico lisonjeada, mas meu único relacionamento é com meu trabalho. Eu...

Antes de terminar sua sentença o dono cafeteria entrega um bilhete endereçado a Irene, comentou sobre terem deixado ali no dia anterior e quase se esqueceu dele. O tal bilhete dizia:

“Minha cara, Irene, preciso lhe falar com urgência, venha até minha casa. Pelos meus cálculos deve ser 09h45min da manhã. Mycroft.                  P.S.: Deixe seu cachorrinho em casa.”

—Que horas são, John?

—09h50min. Por quê?

—Ou seu relógio está errado ou o Mycroft errou os cálculos. Conhecendo meu tio, é melhor você acertar seu relógio. – Ela falou já levantando e saindo.

John olhou para o relógio meio confuso. Irene pegou um táxi e pouco tempo depois já estava na casa de Mycroft Holmes. Um lugar que ela conhecia muito bem. Foi até a bela sala da lareira, ele gostava de ter ali as suas discussões com a sobrinha. Ele estava, como sempre, sentado em sua poltrona virado para a lareira e com um copo de uísque. A poltrona do lado, também virada para a lareira, já tinha um copo com o mesmo conteúdo posto no braço do móvel.

—O que quer Mycroft?

Ele apenas apontou para a cadeira, Irene foi até lá, sentou-se e tomou um gole do uísque.

—Esse seu plano, querida sobrinha, é engenhoso, porém muito perigoso. Vejo que está ganhando poder rapidamente e da mesma forma conseguindo aliados para subir na Cúpula dos Nobres. Isso pode acabar mantando você.

—Está preocupado comigo, querido tio?

Mycroft deu um suspiro pesado e isso deixou Irene apreensiva.

—Isso é maior do que imagina.

—Então, me diga o tamanho.

—Você deve esquecer sua vingança.

—Mycroft, se eu deixar o Morse livre, todos nós correremos mais perigo. Eu não posso parar agora.

—Se quer mesmo ir até o fim, precisa saber que o Morse é apenas o começo. É a porta para algo extremo.

—Como assim?

—Irene, vejo que tem um novo... Amigo. Ele pode ser esperto e um bom inspetor, mas nunca estará preparado para o que está por vir. Sequer está preparado para o Morse.

—John é melhor do que imagina.

—Você sabe que não. – Ele diz olhando nos olhos dela.  

Irene fica séria e passa a encarar o fogo.

—É só isso?

Mycroft balança a cabeça em afirmação. Irene apenas levanta e sai, caminha pelas ruas de Londres por um tempo, depois vai para casa. John está lá, mas ela nem escuta o que ele diz, apenas vai para o quarto.

Passada algumas semanas recebe um convite para uma cerimônia na Cúpula dos Nobres. Como um dos membros do conselho havia morrido eles precisavam fazer uma votação para escolher outro. Durante o evento três nomes foram citados, o de Irene estava no meio. Morse não ficou surpreso, porém estava furioso. A votação aconteceu e todos os membros escolheram Irene para fazer parte da mesa.

—Ela não pode ser do conselho. Nem faz um ano que estrou na Ordem. – Disse o mestre Morse.

Mycroft declarou que se todos votaram nela, então não tinha como contestar, nem mesmo o mestre poderia fazer isso. Morse teve de engolir a rápida ascensão de sua rival. Após toda a cerimônia o mestre foi cumprimentar a nova conselheira.

—Você tem crescido rápido. – Disse ele.

—Obrigada!

—Pergunto-me o que fez para conseguir.

—Nada que você não tenha feito.

—Se está seguindo meus passos sugiro que pare por aí.

—Mesmo? E por quê?

—Porque o próximo degrau aqui dentro é ser mestre e... – Ele se aproximou para falar em seu ouvido. – Acidentes em laboratórios são fáceis de acontecer.

Irene sorriu quando ele se afastou.

—Que aconteçam.

Ele falou, também, sorrindo.

—Irene, vamos deixar as coisas claras por aqui. Não consigo engolir essa de não se importar com sua irmã.

—Isso é problema seu.

—Devia avisar Diana ou ao soldado, que foi visto certa vez entrando na sua casa com você e aquele inspetor, para ela sempre olhar para os lados.

Morse distanciou-se, outros membros vieram para cumprimenta-la e Mycroft observava a sobrinha com atenção. Ela sabe quão boa Irene é, porém isso não tira sua preocupação, se pudesse obriga-la a esquecer desse caso, com certeza, o faria. Mas, sua sobrinha era mais teimosa que um burro manco e nunca largaria esse osso até chegar ao fim.


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