Os Segredos da Rua Baker escrita por Lany Rose


Capítulo 19
Colocando em prática




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Um homem corre em seu carro pelas ruas de Paris, poucos minutos depois consegue chegar a sua casa. Tem muitos seguranças e mesmo assim ele parece ter medo. Vai rapidamente até o seu quarto do pânico para colocar uns documentos no cofre, então tenta trancar a porta, pois ele estava dormindo lá há quase um ano, porém não estava conseguindo.

Ele decidiu ir falar com o chefe da segurança, entretanto ao sair ouviu um barulho vindo do andar inferior, retornou aos seus aposentos e trancou a porta, entrou novamente no quarto do pânico e continuou a tentativa de trancafiar o lugar. Seu desespero foi ficando maior e maior enquanto ouvia passos se aproximando, alguém arromba a porta e chegar até ele que já estava implorando por sua vida encostado a parede oposta ao invasor. Após ter uma arma apontada para a sua cabeça, fazer muitas promessas na tentativa de barganhar pela própria vida um tiro foi dado.

O invasor cai morto, o homem que é um médico e político influente da França olha com surpresa e medo, nesse instante uma mulher aparece.

—Irene Holmes?!

—Olá Doutor Marath. Temos de sair daqui... Agora.

Ela se afasta e aparecem dois homens que o ajudam a levantar. O Doutor Marath é conduzido até um veículo preto, Irene o esperava ali dentro.

—O que... Como... ?

—Nós temos de conversar e precisarei de uma resposta clara e rápida. O Mestre Morse ia mata-lo por desobediência. Eu poupei sua vida.

—Por que fez isso?

—Porque quero ser membro do conselho e preciso do seu apoio.

—Você é doida, menina? Pra fazer parte do conselho leva anos.

—Quanto tempo o Morse levou? – Irene falou com um meio sorriso.

—Ele foi diferente.

—Subiu com ameaças e assassinatos. Veja bem, caro doutor, eu posso jogar o mesmo jogo.

—Então, isso é uma ameaça?

—Isso é um pedido. Assim como lhe dei o direito de continuar vivo eu posso tirar. Você me apoia como membro do conselho e tem minha proteção. Agora, se eu souber, e com certeza saberei, que chegou a cogitar a possibilidade de ceder a alguma das ameaças do Morse...

—Eu entendi menina. Dizem que você parece seu pai, mas, Deus, eu vejo muito do Mycroft.

—Bem, ele me criou. Temos um acordo?

—Sim.

—Aqui está bom. – Ela falou para o motorista que parou o carro.

—Espera! Aonde você vai?

—Não se preocupe doutor, você estará seguro. Tem minha palavra.

—Todos sabem que a palavra de um Holmes não é pouca coisa.

—Continue sua vida normalmente e não comente sobre o ocorrido de hoje, nem mesmo o quase assassinato. Logo entrarei em contato.

Antes mesmo de ele responder, Irene fecha a porta e outro carro para pouco depois, ela entra e senta ao lado do John.

—E então?

—Não se preocupe John, tudo está correndo perfeitamente.

Eles mostram um largo sorriso um para o outro e o carro desaparece nas ruas de Paris.

Enquanto tudo isso acontecia, Sean se mostrava nervoso em Londres, ligava para a cunhada que não respondia. Ele xingou e jogou o celular no chão com toda a força que possuía, acabou caindo nos pés de Diana.

—O que está acontecendo?

—Desculpe. Ando meio estressado.

—Sim, tenho notado isso. Quer conversar?

—Não é nada sério. Resolvi fazer um doutorado e não tenho conseguido falar com o orientador que me foi designado. O prazo está cada vez menor... Isso tem me chateado.

—Por que não me contou? Poderia ajudar a encontrar outro...

—Você tem andado muito ocupada, não iria preocupa-la. Amanhã vou procurar outro orientador.

—Está bem.

Diana não ficou inteiramente satisfeita com essa resposta, porém preferiu não se meter.

***

Irene desce do táxi junto com o John e dá de cara com o Sean a esperando na porta de casa.

—Você tem andado trepando por aí enquanto sua irmã está em perigo?

—Hey! – Disse John. – Olha como fala.

—Está tudo bem, John. Vamos entrar, não podemos ser vistos aqui. -Quando eles entram na sala Sean logo pergunta sobre não ter atendido ao telefone. –Você é mesmo um estúpido soldado! O que diabos você faz aqui?

—Estou atrás de respostas. Como posso proteger a Diana se nem sei quem é esse Morse?!

—Escuta aqui, imbecil, eu protejo a minha irmã. O seu único trabalho é mantê-la longe de mim. Se continuar nervoso, ligando e vindo até aqui ela irá desconfiar. Diana não é burra como você e vai saber o que está acontecendo e aí sim, o Morse a mata.

—Acontece que não posso ficar no escuro, Irene. Preciso saber qual é esse seu plano. Preciso saber quando tirar a Diana da cidade.

—Tente do país. Você saberá quando eu disser, até lá faça sua tarefa direitinho, soldado. –Ela falava o olhando bem de perto. – Eu não vou repetir e não quero vê sua cara de novo. Quando for preciso irei procura-lo. Agora, cai fora!

Ele olha para o John, volta a encarar Irene e sai da 221B. Sean era um soldado e um dos bons, porém já estava afastado fazia bastante tempo, além de tudo, o medo de perder Diana e a falta de confiança na Irene o fazia estragar muito da sua parte no serviço.

Irene estava muito irritada com a aparição do cunhado, porém John começou a falar sobre os trabalhos em Paris, Moscou, Madri, Lisboa, Roma e algumas outras capitais. Eles passaram a conversar sobre isso, sobre os próximos passos contra o Morse, sobre como tomar a maioria dos aliados dele pra si.

John era o único em quem Irene confiava no momento e o único a saber de seu plano em detalhes. Nem mesmo Mycroft ou Sherlock tinham esse conhecimento. Ele a admirava cada vez mais e ela já não o achava tão inútil como quando se conheceram, apesar de ter começado essa parceria contra a vontade e tê-lo suportado pela promessa que fez ao Bernard em seu último momento de vida. Irene agora se sentia satisfeita por ter dado um voto de confiança ao inspetor, porém isso também começava a preocupa-la, pois seria mais uma vida que o Morse poderia usar contra ela.

—Sabe, Irene, depois que a Diana se mudou passei a me perguntar: como você paga as contas?

—O que?

Eles tomavam uísque, estavam sentados nas poltronas que um dia foi do Sherlock e do Dr. Watson.

—Você não é paga por resolver esses crimes. Não tem nenhuma renda. Como paga sua luz?

—Tem de pagar?

Ele começou a rir.

—Você está brincando, não é? Claro que tem.

—Isso não faz sentido. Por que devo pagar por algo da minha casa?

—O governo gasta ao fabricar... Ah, esquece! E suas roupas? Não imagino você lavando roupa.

—Eu não lavo.

—E como estão sempre limpas?

—Eu não sei. Simplesmente estão.

—Tem algo para comer? Estou morto de fome.

—Olhe na geladeira, deve ter algo.

John foi até a cozinha.

—Vejo que fez compras antes da viagem.

—Não fiz.

—Como tem tanta comida?

—Eu não sei, John. Apenas, tem. Qual o motivo dessas perguntas?

—Desculpe, apenas curiosidade. – Ele pega algo e volta para a sala. – Tem alguém que costuma vir aqui?

—Uma vez vi uma senhora entrando. A interroguei e descobri que veio a mando do Mycroft.

—Isso diz tudo.

—O Que?

—Ela faz as tarefas, Irene. Você tem uma empregada.

—Ah! Isso responde muitas coisas.

John deu uma boa gargalhada e ela acabou o acompanhando nisso. Irene gostava do humor dele. Ela se sentia mais leve ao seu lado, como se grande parte dos problemas sumissem apenas com suas conversas triviais e sem importância, mas que ela já apreciava. Diferente de quando a sua única parceria era com Diana. Irene sempre se sentiu responsável pela irmã, isso sempre a fazia ser mais tensa, concentrada e cautelosa quando cuidavam dos casos juntas. Mesmo os mais interessantes, os que a deixava tão empolgada que nem conseguia esconder sua alegria na frente dos parentes das vítimas.

A conversa dos dois durou horas, John acabou dormindo ali, isso já estava virando rotina. Ele parecia ter mais coisas no quarto de hóspedes da 221B do que no próprio apartamento.


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