Os Segredos da Rua Baker escrita por Lany Rose


Capítulo 17
A verdade




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O inspetor John Smith andava preocupado com Irene, principalmente, depois de saber sobre o Morse. Desde então passa todos os dias na 221B para ter certeza que está tudo bem. Sabia que naquela noite ela participaria do rito de iniciação da Cúpula dos Nobres, então decidiu passar por lá apenas no dia seguinte, após sair do trabalho foi direto ao apartamento que um dia fora a morada de Sherlock Holmes e agora era de suas filhas, bem, no momento apenas de uma.

Ele bateu na porta e percebeu estar aberta, foi entrando e chamando pela Irene, mas sem resposta, não que realmente esperasse alguma. Entrou na sala, foi até o quarto, olhou o banheiro e nada, não havia ninguém ali.

“Deve ter ido resolver algum caso” foi o que ele pensou até o instante em que ia sair e viu o cachecol dela caído perto do sofá. John o pegou, olhou o chão e viu umas gotículas de sangue.

—Isso não é bom.

John foi o mais rápido possível até o clube Diógenes, porém por um terrível milagre Mycroft não estava lá. Ele se chateou, pois quanto mais tempo perdesse pior poderia ser para Irene, se dirigiu até a mansão. Mycroft estava no escritório lendo alguns papéis quando o inspetor entrou como uma ventania durante uma tempestade.

—Inspetor John Smith! –Falou enquanto tirava os olhos dos papéis. -No que posso ajudá-lo?

—Irene está em apuros.

Mycroft se recosta na cadeira, parece analisar John.

—O que lhe faz pensar isso?

—Eu sei sobre a Cúpula dos Nobres, sobre o Morse... Eu sei sobre tudo.

—Ela lhe contou?

Esse era um passo que o grande Mycroft Holmes não esperava que a sobrinha tomasse, se era assim, talvez ela o surpreendesse em vários outros.

—E me disse também para se caso eu percebesse que algo aconteceu com ela, para vir lhe procurar e colocar homens para proteger Diana. De forma discreta.

—Entendo. Diga-me rapaz, por qual motivo pensa que Irene está com problemas?

John contou sobre o cachecol jogado perto do sofá e os respingos de sangue. Mycroft mostrou-se preocupado, então comentou sobre um local em que o Morse costuma levar pessoas para serem torturadas e garantiu que não se preocupasse em mandar alguém cuidar da proteção da Diana, pois ele mandaria alguns agentes ficarem de olho.

O inspetor saiu a toda velocidade até o lugar indicado pelo Mycroft. Era um prédio antigo, mas muito bonito; ninguém conseguiria dizer que coisas ruins poderiam acontecer lá dentro. O prédio estava vazio, John entrou já com a arma em punho, foi de sala em sala, subindo por várias escadas até chegar a uma completamente vazia e enorme. Continha algumas pilastras como se fosse uma réplica de um estacionamento. Só havia duas portas ali, a que ele entrou e a outra era de um banheiro, no meio da sala tinha uma cadeira como aquelas em que é usada para eletrocutar bandidos condenados a morte e perto dela estava Irene.

Irene parecia ter tentado sair da cadeira e caiu pouco mais a frente. John foi até ela que estava febril e suando bastante.

—Irene! – Exclamava enquanto dava leves tapinhas em seu rosto. – Irene, fala comigo. Irene!

—John?! – Falou com uma voz fraca, mas sem abrir os olhos.

—Sim. Abra os olhos. Irene!

—Não... Mycroft...

John a deixou por um instante e foi até o banheiro, molhou um lenço e voltou.

—Você vai ficar bem. – Disse enquanto o passava pelo rosto dela.

—Eu tentei... Desculpe!

Irene estava chorando e John continuava a passar o lenço em seu rosto, então ela acorda, começa a se debater tentando afastá-lo. Ele a segura firme.

—Calma Irene! Sou eu: John. Lembra-se? – Ela vai se acalmando e ele percebe que seu olhar muda de desespero e dor para alívio. -Está tudo bem. Não se preocupe. Estou aqui com você!

John sorri, Irene está ofegante e com lágrimas ainda escorrendo.

—Mycroft?

—o que?

—Você viu o Mycroft?

—Sim. Ele me ajudou a encontrar esse lugar. A encontrar você.

Ela se levanta, mas ainda está zonza, se segura na cadeira, procura o celular, mas não o encontra.

—Seu celular... Me dá seu celular! – Após pegá-lo, ela liga para o Watson.

—Hey, Irene! – Diz Watson ao atender.

—Oi tio.

—Algum problema? Sua voz não parece boa.

—Peguei uma gripe. Como vão as coisas por aí?

—Tudo ótimo! Lilian está mandando um abraço. Ah e a Mary também.

—Diga que retribuímos. Diana e eu. Ela queria saber as novidades, sabe como ela é, mas agora preciso ir. - Desliga o telefone. – O que aconteceu?

John conta toda sua jornada até conseguir fazê-la acordar. Irene fala que precisa se recompor e vai até o banheiro. Ela se olha no espelho e lembra-se do terrível pesadelo que teve; de ver todos mortos; do plano ter dado errado; de ter sido culpada pelo sofrimento da própria família; da voz da Diana ao dizer que morreu pedindo sua ajuda. Irene sentia uma dor profunda, mas não era hora para isso, ela se recompôs e pensou: Só pode ser coisa do Morse, não posso deixar passar em branco. Tenho de confrontá-lo.

Lavou o rosto, saiu do banheiro. O inspetor lhe perguntou para onde iria agora, ela falou que precisava vê o Morse. Claro que ele achou uma péssima ideia, ainda mais no estado em que se encontrava, mas Irene não lhe deu ouvidos, saiu dali se segurando nas paredes.

Pouco tempo depois já estava na sala do professor de sociologia James Morse.

—O que faz aqui, Irene? – Ele falou irritado ao entrar.

—O que você acha? – Disse levantando-se.

—Aqui não é lugar pra isso.

—Pode até não ser, mas é onde nossa conversa irá acontecer. O que diabos pensou quando decidiu me drogar?

—Precisava de respostas.

—Era só ter feito as perguntas.

—Eu fiz. – Disse ele indo sentar. – Porém preferia não ficar em dúvida quanto a veracidade das suas palavras. Foi difícil fazer uma dose que lhe fizesse efeito. Quantas substâncias você usa? E em que quantidade?

—Acredito que as respostas tenham sido satisfatórias ou eu não estaria viva.

—Sim, foram. Mostrou não se importar com ninguém da sua família e que o fato de ter entrado para a Cúpula não é um plano ridículo de vingança.

—Espero que esteja feliz. Agora, se fazemos parte da mesma ordem, você como meu mestre, não devo ficar paranoica quanto a ser drogada e jogada em um muquifo sempre que tiver alguma dúvida sobre mim.

—Concordo, prometo que foi a última vez.

—Nos vemos na próxima reunião, mestre.

Morse apenas concorda com a cabeça, no entanto quando Irene chega a porta.

—Você não se importaria se eu pegasse sua irmã e fizesse algumas brincadeirinhas com ela, não é?

Irene o olha.

—Divirta-se.

***

Diana está saindo do laboratório com algumas colegas, Sean a espera encostado ao carro. Eles se beijam e pouco antes de entrar, Diana dá uma olhada ao redor.

—O que foi meu amor? – Pergunta Sean.

—Não, nada. Apenas pensei ter visto... Esquece.

Quando os dois partem Irene sai de um beco, olha o carro sumir no fim da rua, manda mensagem para o John encontra-la na 221B e vai pra casa.


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