I Miss The Misery escrita por Ladylake


Capítulo 69
2ºTemporada- Voltaremos a tentar! Prometo!


Notas iniciais do capítulo

Oie lindos e lindas, peço desculpa pela demora mas aqui está para vocês! ♥



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"Quando a dor não cabe no coração, escorre pelos olhos em forma de lágrimas"

—Ladylake Storm

 

 

Acabámos por voltar para casa pouco tempo depois. O jantar já tinha sido estragado então não haveria razão nenhuma para ficarmos no restaurante muito mais tempo. Entro no meu quarto e pouso a minha mala num sítio qualquer sem dizer nada. Castiel senta-se na cama, retira os seus All Star e começa a encarar-me. Desvio o olhar, sabendo que não vou fugir da conversa durante muito mais tempo.

—Queres contar-me alguma coisa? -pergunta. Eu vou retirando produtos de higiene da minha mala para fora.

—Não quero falar sobre isso -pego na minha escova de dentes e vou em direção ao banheiro.

—Tu sabes bem que não vais fugir da conversa durante muito tempo -ele segue-me_ Quem era aquele armado em cowboy?

—Uma velha paixoneta -respondo_ que correu mal…

—Continua… -Castiel faz pressão. Eu reviro os olhos.

—Não há nada de especial para dizer Castiel. Ele era um amigo meu que mais tarde decidiu jogar no outro lado do tabuleiro. Fim. -concluo cuspindo espuma formada pela pasta de dentes.

—Logo vi que era viado -ele ri. Não escondo um pequeno sorriso.

Passo a boca por água e limpo a mesma numa toalha limpa. Olho-me no espelho. Faz-se silencio.

—Ele não é gay. Ele simplesmente quis-se juntar ao Dylan e aos seus rafeiros -olho para o chão_ não é á toa que dizem que um dia as pessoas revelam-se… e ele revelou-se da pior forma.

Castiel não diz nada. Apenas me olha encostado nos limites da porta do banheiro com um olhar sereno e compreensivo. Eu fito-o e dou um pequeno sorriso antes de voltar a olhar para o espelho.

—Agora percebes porque é que eu por um lado não gosto de estar aqui? -pergunto e ele assenta_ Ele era o meu colega do lado na altura. Eu ajudei-o com uma ex-namorada e acabamos por ficar amigos. Mais tarde apaixonei-me por ele… ou eu pensava que sim.

Castiel ouve cada palavra que sai da minha boca com muita atenção, como se estivesse a anotar tudo na sua cabeça ao máximo pormenor.

—Pouco tempo depois, quando o Dylan começou-me a ameaçar, esperei que ele me desse algum apoio. É isso que se espera de um amigo não é mesmo? -suspiro com força_ Um dia, houve uma festa numa discoteca aqui próxima e foi todo o meu grupo. Eu queria espairecer um pouco e passar algum tempo com os meus amigos.

—O que aconteceu? -ele pergunta.

—Ele entregou-me aos lobos. Literalmente -sorrio sarcástica com lágrimas nos olhos_ ele entregou-me ao Dylan sem um pingo de consciência do que estava a fazer. Deu-me de mão beijada a um porco na recompensa de poder se aproveitar também -soluço_ Nessa noite fizeram o que queriam comigo…

O maxilar do ruivo está tão cerrado que a sua expressão facial nunca esteve tão séria. Aproximo-me dele enxugando as lágrimas e abraço-o. Castiel me envolve levemente nos seus braços e acaricia o topo da minha cabeça.

—Obrigado por me contares -sussurra. Eu aperto o nosso abraço um pouco mais.

—Já estava mais do que na hora de te contar -digo baixinho_ por favor, que isto fique só entre nós.

—Isto não sai daqui pestinha…

 

 

(…)

 

 

Eu não sabia que horas eram. Umas 3 ou 4 da manhã supunha. Dava voltas na cama na esperança de as dores passarem, mas sem sinal á vista. Não estava confortável de maneira nenhuma. O lençol branco de verão fazia-me calor, mas se me destapasse, tinha frio. Gemia baixinho de dor. Castiel dormia ao meu lado pacificamente, sem dar conta do meu sofrimento.

As dores começaram a ser insuportáveis e sento-me na cama respirando pausadamente. Levanto-me, tentando não o acordar e dirijo-me ao banheiro fechando a porta. Debruço-me sobre a sanita e deito para fora até as paredes do estômago.

—Hey porque não me acordaste? -Castiel aproxima-se e desvia o meu cabelo.

Quando finalmente parei de vomitar, sentei-me no chão de mármore branco do banheiro e assim fiquei durante uma meia hora. Castiel passava uma toalha molhada sobre o meu rosto para que me refrescasse e sentisse melhor. Ele me olha um pouco sério.

—Eu já sei o que vais dizer -sussurro_ eu sei que não tenho tido muitos cuidados. Sei que bebo demasiada cafeina e isso tudo, mas… é normal.

—Lake isto tem tudo menos de normal -devolve o ruivo_ tens dores horríveis quase todos os dias e só não vomitas o estômago porque não dá -suspira_ Tens de ir ao médico, já devias de ter ido.

—Vamos quando voltarmos de Nova Iorque -digo, quase sem força.

—Queres que seja sincero? -ele pergunta. Fito-o levantando a cabeça_ Eu acho que devias cancelar a viagem a Nova Iorque e ir ao médico o mais rápido possível.

Encaro o chão por uns segundos e fecho os olhos, exausta. Eu não estou com cabeça para pensar em nada neste momento, só quero que a dor de barriga passe para puder voltar a dormir.

 

 

(…na manhã seguinte…)

 

 

 

Acabo de atar os atacadores dos meus All Star e levanto-me recompondo-me de seguida. Castiel dá uns últimos retoques no seu cabelo e passa um pouco de perfume de homem. Que sexy meu Deus. Seguro a cabeça com mão e continuo a observá-lo a arranjar-se. Ele me olha através do espelho e diz:

—O que foi? -pergunta ajeitando a jaqueta preta.

—Nada, estás sexy -sorrio carinhosamente. Batem á porta e eu dou permissão para entrar.

—O pequeno-almoço já está na mesa -anuncia a minha avó.

—Nós vamos já -respondo e ela fecha a porta.

O que mais me custou foram as despedidas. Depois do ótimo e demorado pequeno-almoço que a minha avó preparou para todos nós, chegou a altura de voltar para Vila Doce. Dou-lhe um grande abraço e um beijinho no seu rosto e faço o mesmo ao meu pai, embora um pouco de cara feia. Ele devia ter colocado o seu mau feitio de lado e ter aproveitado a minha curta estadia aqui em Lisboa em vez de se ter zangado comigo.

Castiel e eu saímos do prédio, fechando a porta por trás de nós e caminhamos para o carro. A minha boca abre-se num perfeito “0” quando me deparo com o nosso carro completamente partido no para choque e capot com um pequeno bilhete deixado no para brisas.

—Mas o que é que…? -vejo Castiel levantar as mãos até á cabeça.

Pego no bilhete e leio. “Eu vou atrás de ti” escrito a caneta preta. Amachuco o papel com força e olho em volta. Vejo Bernardo num dos cantos da esquina a mandar o cigarro para o chão e a ir-se embora. Castiel também o viu.

Mando o bilhete amachucado agora em forma de bola para o chão com força e caminho apressada em direção a ele.

—Lake não! -oiço Castiel gritar, mas eu não ligo e retiro os óculos de sol da cabeça e guardo-os em segurança. Eu tenho a impressão de que vai haver uma chacina aqui!

Encontro Bernardo encostado na parede uns metros mais á frente de onde estava antigamente fumando o cigarro. As mãos nos bolsos e o ar descontraído e convencido só me irritaram ainda mais. Preparo o punho nesse exato momento.

—Entendeste o recado? -ele pergunta desencostando-se da parede e aproximando-se de mim.

Eu nem pensei duas vezes. Eu nem vi mais nada á minha frente. Levanto o braço e acerto o meu punho cerrado no seu nariz com tanta força que a dor logo surgiu. Bernardo cai no chão contorcendo-se de dor agarrado ao nariz que jorra sangue. Eu posso ter ficado com os dedos doridos, mas ele partiu o nariz!

—Manda um recado ao Dylan -agacho-me_ ele que venha! Temos contas a ajustar.

Levanto-me sacudindo o pó da calçada portuguesa que ficou nas minhas pernas e caminho de volta para perto do Castiel.

—Cabra! Vais-mas pagar! -oiço-o gemer de dor.

—Desculpa? -viro-me para trás e caminho de volta para perto daquele peso morto caído no chão_ Eu não devo ter escutado bem, podes repetir?

—Porca… -sussurra. Nesse exato momento chuto o meio das suas pernas.

O seu berro foi tão grande que se ouviu na zona toda. Vejo pessoas a irem á sua janela e espreitarem cá para fora. Abro e fecho a mão, que me dói demais para passar despercebida e aproximo-me de Castiel.

—Vamos depressa -pede e eu assento entrando no carro.

 

 

(…)

 

 

P.O.V. Ladylake Off

P.O.V. Rosalya On

 

Viro a página do meu romance preferido. “PS: Te amo” escrito pela autora irlandesa Cecilia Ahern. Um motor de boa qualidade ecoa lá fora e olho pela janela na esperança de ser a minha melhor amiga e o meu irmão. São mesmo!

—Gwen! Gwen eles chegaram! -grito pousando o livro no sofá e corro até á entrada.

Desço os poucos degraus e fito a parte da frente do carro completamente espatifada. Arregalo os olhos.

—Vocês tiveram um acidente?! -pergunto quase entrando em pânico. Castiel faz-me sinal para eu não dizer mais nada ou fazer perguntas.

Aproximo-me da Lake e abraço-a. Ele devolve, embora um pouco em baixo. Ajudo-a com as malas e entramos em casa. Gwen vem-nos receber.

—Está tudo bem menina? Precisa de alguma coisa? -Gwen pergunta. Lake suspira.

—Preciso de um pouco de paz… -quase diz entre dentes.

Ela sobe as escadas depois de dar um leve sorriso. Vejo o meu irmão fechar a porta da entrada com o resto da bagagem. Ele parece abalado com qualquer coisa.

—O que aconteceu ao carro? -pergunto agora que a Lake já não está aqui. Ele pousa as malas e suspira.

—O Dylan voltou -ele diz, curto e grosso sem rodeios nenhuns. Levo a mão á boca_ ele não teve nenhum contacto com a Lake mas deixou uma mensagem juntamente com o para-choques e o capôt destruído.

—O que dizia? -pergunta Gwen.

—”Eu vou atrás de ti” -sussurra Castiel.

 

P.O.V. Rosalya Off

P.O.V. Ladylake On

 

Retiro toda a minha roupa suja para fora e coloco num monte para mais tarde entregar a Gwen. Oiço a porta bater e dou permissão. Continuo de costas voltadas e volto ao que estava a fazer. Sinto umas mãos firmes tocarem nos meus ombros.

—Não gosto de te ver assim… -ele sussurra no meu ouvido.

—Eu não tenho muitos motivos para sorrir Castiel, estou preocupada de mais para isso -afasto-me dele, colocando todos os meus pertences nos devidos lugares.

—Isso não é verdade. Nós vamos ter um bebé -diz.

—Um bebé que nenhum de nós quer… -devolvo, caminhando para o banheiro. Castiel não diz nada por uns segundos.

—Não digas isso, eu quero-o… -oiço-o sussurrar. Eu abro a porta do banheiro.

—Isto é demais para mim, isto é demais para qualquer ser humano -encosto-me nos limites da porta_ Eu estou aterrorizada Castiel... -ele me olha_ não por mim, por ele -acaricio a barriga_ é uma péssima altura, está tudo a cair em cima de nós ao mesmo tempo! É o Dylan, o Bernardo, o meu pai, Nova Iorque…

—Eu percebo os teus motivos -ele aproxima-se e fica á minha frente, a poucos centímetros de mim_ Mas ele não tem culpa, nós metemo-nos nisto, nós vamos sair mais cedo ou mais tarde. Quanto ao teu pai, vai-lhe passar. Para compensar, tens uma data de amigos aqui para te dar apoio.

Eu suspiro. Ele tem os seus defeitos como toda a gente, mas sabe sempre como me motivar e me por para cima.

—E se fossemos tomar um bom banho relaxante antes de jantar? -pergunta e eu assento_ e depois deitamo-nos na minha cama…nus.

Eu não consigo manter-me séria com ele. Deixo escapar uma pequena gargalhada de constrangimento e olho para o lado vermelha de vergonha. Apesar de todas as vezes, eu ainda procuro um sítio para me esconder quando ele faz este tipo de comentários.

—Parece-me bem -sorrio. Castiel devolve o sorriso e beija-me. Um beijo curto, mas apaixonado, com aquela dose certa de amor e carinho.

 

 

 

Mas a felicidade, mesmo mínima, dura pouco…

 

 

(…)

 

 

O banho tinha sido ótimo. Eu acho que nunca me senti tão relaxada na vida. Castiel roubou as rosas vermelhas que Christina conservara com tanto amor e carinho e colocou as suas pétalas sobre a água quente na banheira. Christina vai matá-lo. Ele está a arranjar lenha para se queimar. Amarrei o cabelo num coque e entrei. Ele veio de seguida. Castiel espremia a esponja ensopada de água nos meus ombros e a sensação calorosa invadia-me por completo.

O jantar foi bastante agradável. Como sempre, faço questão que Gwen jante connosco e não sozinha na cozinha como a maior parte dos patrões fazem. Nunca gostei de frescuras e ela faz parte da família, assim como Dragon, que adorou saber que vai passar a noite cá dentro.

Rosalya foi sair com as miúdas e Gwen acabou o seu turno ás 21:00 da noite. Estavam mesmo a pedir para que Castiel e eu acabássemos a noite suados debaixo do lençol.

A minha felicidade acabou rápido. As dores chegaram durante a madrugada e o meu desconforto era cada vez pior. Pareciam facas a espetar-me por dentro e ficou impossível de dormir. Eu gemia de dor agarrada á barriga enquanto Castiel, na cozinha, me preparava novamente um chá que me acalmasse. Mas já era tarde de mais. O sangue já me corria pelas pernas abaixo e eu soube nesse exato momento o que estava a acontecer.

—Castiel!!! -grito como nunca gritei antes. Lágrimas começaram a cair imediatamente.

Eu vou-me lembrar para sempre da sua expressão quando ele chegou ao quarto. De nós os dois, eu não saberia dizer quem teve mais medo. Rosalya acordou uns minutos depois e ficou comigo até a ambulância chegar. Agarrada a mim, ela chorava tanto ou mais que eu. Entrei de emergência no hospital e fizeram o que tinha que ser feito. Chorei nessa noite, e na manhã seguinte e nos dias que se seguiram. Todos aqui em casa estavam em baixo. Não contámos a ninguém durante um tempo, mas os nossos amigos e familiares iriam saber mais cedo ou mais tarde.

A vida continua de certa forma. Eu tinha perdido o meu bebé, mas a lição ficou. Tudo correu mal na gravidez e o stresse que tinha passado nos últimos dias em que estive em Lisboa não ajudaram em nada. Agora eu sei que tenho uma estrelinha no céu que olha por mim. A culpa foi minha, perdoa-me. Perdoa-nos, nós somos novos. Nenhum de nós entende o que é ser pai e mãe, mas íamos aprender contigo. Nós nunca te abraçámos, mas sentimos-te, nunca falaste, mas nós ouvíamos-te, nunca te conhecemos…, mas amámos-te.

(...) É a pior dor que alguém pode sentir. Muito pior do que dor física. A dor do luto nós não sabemos como amenizá-la e tão pouco quando ela vai passar (...)


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Notas finais do capítulo

Eu juro que me veio as lágrimas aos olhos com este final mas entenderão tudo melhor mais á frente depois de a fic ter terminado, numa outra fic. Não fiquem tristes, ainda estão muitas coisas boas por vir!

Até ao próximo capitulo ♥
Ladylake~



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