I Miss The Misery escrita por Ladylake


Capítulo 70
2ªTemporada- Seguir em frente. Esse é o caminho!


Notas iniciais do capítulo

Antes de me atirarem pedras, eu lamento o tempão que demorei para postar mas este último mês tem sido de loucos e infelizmente isso afetou a minha inspiração e criatividade para escrever. Simplesmente não me apetecia e peço desculpas por isso.
Espero que gostem e não se esqueçam de comentar!

Boa Leitura~



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"Tenho tentado me irritar menos, sorrir mais. Carregar menos o mundo nas costas e dormir em paz"

—Castiel Miller

 

 

“Foi um aborto espontâneo?”

“Como ela está?”

“Ela vai ficar bem?”

“Podemos vê-la Castiel?”

 

Eu podia ouvir todas essas perguntas vindas do corredor, do outro lado da parede. Os meus amigos nunca foram conhecidos por falar baixo, nem nunca serão. Uma lágrima cai sobre o babygrow que seguro nas mãos e olho nele com mágoa, com angustia e tristeza. Engulo o choro, embora com um nó gigante na garganta. Passaram-se quase 2 semanas desde que perdi o bebé e o desespero em vez de diminuir, cresce a cada dia. Eu sinto-me tão culpada… e é isso que tem-me matado todos os dia de manhã quando acordo até me ir deitar.

Nunca tive tantos pesadelos na minha vida. A imagem do sangue nas minhas pernas e virilhas nunca mais me vai sair da cabeça. Eu não tenho vontade de comer, eu não tenho vontade de sair, de conviver ou de me vestir. Não tenho vontade de passar 20 minutos á frente do espelho para me arranjar ou de comer aquela lasanha caseira que só a Gwen sabe fazer.

A notícia de que estava grávida acabou por infestar toda a internet. De um momento para o outro, só recebia sms de pessoas que nunca vi na vida a fazerem perguntas sobe a minha vida pessoal e resolvi desligar o celular por 3 dias.

Alguém bate na porta e eu paro no tempo, pensando seriamente se deixo entrar ou não. Acabo por dar permissão.

—Eles estão aqui, querem ver-te… -Castiel quase que sussurra mal abre a porta do quarto.

—Eu não quero ver ninguém Castiel… -respondo sem o fitar, acariciando o babygrow nas minhas mãos.

—Mas são teus amigos e… -ele começa, mas eu corto-o.

—Eu não quero ver ninguém Castiel! Por favor! -grito.

Ele suspira triste e fecha a porta devagar.

 

 

   “Ela não quer ver ninguém, desculpem…”

“Não faz mal, ainda é tudo muito cedo”

“Ela aos poucos vai voltar ao que era dantes”

“Ela não parece a mesma. Sinto falta da Ladylake que eu conheci á 2 anos atrás”

 

 

 

(…)

 

 

A tarde já ia avançada. Depois do almoço, finalmente ganhei coragem para sair do quarto e conviver, embora de cara fechada. Rosalya tinha-se apoderado da Tv primeiro que eu, então passamos a tarde a ver “Say Yes To The Dress”. Cada vez que a noiva experimentava um vestido, Rosalya surtava dizendo que era lindo e que um dia queria casar com o Leigh num vestido assim. A campainha ecoa na casa toda e preparo-me para me levantar.

—Tu! Fica aí -ela ordena apontando o dedo. Eu obedeço como uma menina de 5 anos.

Rosalya caminha para a porta e abre a mesma. Oiço uma voz familiar e masculina. Só podia ser o meu moreno.

—Hey lindona -diz entrando. Eu fito-o do sofá.

—Hey… -devolvo com menos animo do que ele, embora tente fazer um esforço_ O que tens aí?

—São para ti -ele entrega-me o ramo de flores bastante trabalhado_ quero que olhes para elas todos os dias e que metas um sorriso nesses lábios.

—Obrigada… -fungo, já com lágrimas nos olhos. Não resisto em dar-lhe um abraço bem apertado.

—Dá cá, vou pegar uma jarra e colocar água -Rosalya ordena, preparando-se já para pegar as flores da minha mão.

—Não me tratem como uma criança, eu não tenho nenhum problema nas pernas! -levanto-me aborrecida e vou em direção á cozinha.

Oiço Kentin e Rosalya cochicharem algo mas ignoro. Eu não me quero chatear com os meus melhores amigos. Pouso o ramo de flores com alguma brutidão sobre a bancada de mármore da cozinha e suspiro pesado. Eu devia de ter esperado mais algum tempo antes de vir conviver.

—Que flores são essas? -alguém pergunta por de trás de mim. Viro-me surpresa e fito Castiel lanchando.

—Não te tinha visto ai -coloco uma mecha atrás da orelha.

—Não respondeste á minha pergunta -devolve, num tom sarcástico.

—Não comeces… -peço olhando para o ramo.

—Eu não comecei nada, é contigo que não se pode falar desde aquela noite -sussurra. Eu jogo um olhar mortal sobre ele_ não olhes para mim dessa forma, sabes que é verdade. Eu tento todos os dias ser o mais compreensível contigo Lake mas ninguém te fez mal nenhum para cuspires espinhos sempre que alguém te diz alguma coisa. Aconteceu! Bola para a frente!

—Está tudo bem por aqui? -olho para a porta. Kentin nos olha com um olhar preocupado. Eu pego as flores e jogo-as contra o seu peitoral.

—Fica com elas, não preciso da vossa pena… -passo por ele sem dizer mais nada e subo as escadas apressadamente.

Fecho a porta do pequeno quarto e a minha dor e frustração sai-me pelos pulmões fora em forma de grito. A cena que aconteceu em Nova Iorque volta a acontecer e jogo no chão tudo da minha secretaria partindo perfumes e outros. Sento-me no chão e encosto-me á parede. Os meus pés começam-me a doer e quando dou por isso, tem pequenas manchas de sangue sobre o chão envernizado. Eu não me importo com os vidros, eu neste momento não me importo com nada. Eu só quero paz…

 

 

(…)

 

 

Nenhum de nós os dois falávamos. Eu só podia ouvir a sua respiração pesada e a frustração sentia-se mais do que o seu perfume. Eu estava sentada sobre a sanita com a perna esticada enquanto Castiel retirava todos os cacos de vidro dos meus pés. O silêncio era mortal.

—A partir de hoje não quero portas trancadas, ouviste? -resmunga sem me fitar. Eu não digo nada_ Ouviste?

Fito-o com um certo desprezo e volto a olhar para outro lado. Castiel bufa irritado.

—Tu precisas de ajuda… -sussurra passando Beta dine uma última vez.

—Eu não preciso de ajuda porra nenhuma! -irrito-me.

—Tu destruíste o teu quarto em segundos e deixas-te cacos de vidro nos teus pés durante horas! Não comes, não falas, não convives, falas mal para toda a gente e ninguém aqui em casa parece conseguir te ajudar. Portanto para de reclamar e porta-te como uma menina crescida! Não foste a única que sofreu com o aborto, eu também sofri e não me vês por aí a maltratar ninguém nem a chorar pelos cantos! Cresce! Estou farto dessa tua birra! Eu faço de tudo para que te sintas melhor! A Rosalya e todos os nossos amigos estão mortos de preocupação contigo! Deixa de ser egoísta uma vez nada vida.

Ele arruma o kit de primeiros socorros e guarda-o brutamente no armário. Castiel já me tinha gritado várias vezes, mas nunca assim com tanta raiva. Ele nem me olha e caminha em direção á saída do banheiro.

—Ajuda-me a levantar… -digo com voz de choro.

—Levanta-te sozinha! Aproveita e reflete!

Eu desabo a chorar no banheiro. Castiel sai e deixa-me com os pés cortados, mal me conseguindo mexer. Rosalya aparece uns segundos depois apressada e me abraça imediatamente. Eu choro nos seus ombros.

—Desculpa Rosa… eu tenho sido uma besta -soluço.

—Não penses nisso agora linda -ela faz carinho_ vais ficar bem.

—O teu irmão odeia-me Rosalya… -fungo_ mas eu amo-o tanto… Eu sou tão egoísta! Eu só olhei para mim e não vi que ele também estava a sofrer… que vocês todos sofriam por eu estar assim.

—Shhh vai ficar tudo bem…

 

 

(…no dia seguinte…)

 

 

Levantei-me com as galinhas e tomei um banho fresco. Não consegui dormir com Castiel então a meio da noite vim para o pequeno quarto. É tão cedo que Gwen ainda nem chegou. Saio do banheiro enrolada na toalha e olho em volta tentando respirar um pouco de paz e sossego e aproveitando ao máximo este pequeno momento de silêncio. Em cima da cama, está a roupa que escolhi á uns 15 minutos antes. Aproximo-me da mesma e deixo cair a toalha húmida, deixando-me nua e crua frente a frente com o espelho. Estou magra. Magra demais. Quase que não me reconheço.

Visto-me e preparo-me para sair á rua, coisa que não faço á duas semanas. Coloco uns óculos de sol e um boné na cabeça na esperança que me faça mais despercebida. Eu devo voltar antes que todos acordem. Pelo menos antes que Castiel acorde e perceba que não estou ao seu lado na cama. Desço as escadas silenciosamente e pego as chaves na entrada. Dragon, da sua caminha, ladra cumprimentando-me. O seu latido foi tão alto que causou eco na casa toda.

—Shhh assim vais acordar toda a gente -agacho-me e ele vem a correr até mim abanando a cauda contente_ Queres fazer-me companhia hein bonitão?

Pego na sua trela e prendo-o de modo a que fique junto a mim e abro a porta para seguir caminho. Eu juro que não demorei nem 35 minutos e quando cheguei a casa, eu mal sabia o que tinha á espera. Abro a porta de casa e entro junto com Dragon que arfa cansado da sua caminhada matinal. Castiel e Rosalya vêm a correr mal ouvem a minha chave a rodar.

—Onde raio é que estiveste?! -grita Castiel_ Sabes quantas vezes é que te ligamos?!

—Para de gritar e deixa-a falar Castiel -reclama Rosalya_ aprende a ser paciente.

Pouso o saco do pão junto com as minhas chaves e retiro a trela de Dragon, deixando-o á vontade. Ele corre imediatamente para a cozinha para tentar conseguir algo de Gwen.

—Fui comprar pão e aproveitei e dei uma volta com Dragon -disse calma.

—Foi um bom progresso teres saído de casa Lake -sorrio Rosalya_ não tarda estás como nova.

Eu dou um leve sorriso e caminho em direção á cozinha. Eu sai de casa sem tomar o pequeno-almoço então o meu estomago não tem parado de fazer barulho a manhã toda. Fito Dragon a comer a sua ração e Gwen a preparar a cozinha para o almoço.

—Ainda há aquele bolo de ananás e coco? -pergunto vasculhando por baixo dos guardanapos em cima da mesa.

—Sim, mas penso que seja a última fatia. O menino Castiel tem-se atirado a ele todas as noites depois do jantar -responde Gwen.

—Hmmm -sussurro sem emoção. Sinto um olhar vindo de Gwen.

—Ele só estava preocupado consigo… não leve a peito. Ele gosta mais de si do que qualquer outra coisa na vida.

—Se ele gostasse tanto de mim com você diz, não me gritava nem me faria sentir como uma besta -corto o bolo e pego um pacote de leite do frigorifico. Sento-me para começar a comer.

—É a sua maneira de lhe mostrar como ele se sente. Os homens não costumam demonstrar muito as suas emoções então vão guardando para si mesmo, até ao dia em que arrebentam e gritam até com o melhor amigo. Mas ele ama-a muito. Eu ponho a mão no fogo em como aquele rapaz de 21 anos se colocaria á frente de tudo por si.

Eu soluço e enxugo as lágrimas que ateimam em cair. As palavras de Gwen tocaram-me de certa forma. Oiço passos atrás de mim e encaro a porta.

—Gwen, a Rosalya está a chamá-la. Diz que é urgente -a voz rouca ecoa nos meus ouvidos como doce. Gwen assenta e apressa-se a sair da cozinha para ir ao encontro da platinada.

Beberico o meu leite e parto o bolo em pequenos pedaços com os dedos. Há velhos hábitos que nunca de desfazem e a minha mania de partir em pedaços certas comidas certamente é um deles.

—A comer a minha última fatia? -provoca num tom divertido. Eu decido alinhar no seu jogo.

—Nunca vi cá o teu nome escrito -continuo a comer_ para a próxima coloca uma etiqueta com a legenda “adubo para tomates”.

Oiço-o dar um pequeno riso e dou um também sem conseguir resistir ao humor negro. Percebo que se aproxima pois oiço os seus passos aproximaram-se de mim. Castiel puxa uma cadeira e senta-se ao meu lado. Encaro-o sem expressão.

—E se fossemos para Nova Iorque uns dias? -pergunta. Eu retiro os olhos do copo de leite surpreendida.

—O que é que nós vamos fazer a Nova Iorque? Não tenho lá nada para fazer nem para tratar -desvio o olhar de novo para os restos do meu pequeno-almoço.

—Não sei, parece ser um sítio especial para ti. Podias mostrar-me e trabalhavas na tua música. Podíamos levar a Rosalya para que ela visse a sua nova escola e o Lysandre para lhe fazer companhia. Talvez nos inspirássemos -ele sorri fraco, desejando desesperadamente por um pequeno sorriso meu por mais pequeno que seja.

E foi o que fizemos. Ligamos á nossa segunda prata ambulante e ele aceitou imediatamente sem fazer muitas perguntas. No dia seguinte, depois do jantar, fizemos as nossas malas. Rosalya estava tão entusiasmada que mal dormiu e de manhã estava com umas orelhas até a chão, mas com um grande sorriso no rosto e energia. Chegámos a Nova Iorque por voltas das 18:45 da tarde e a fome era tanta que tivemos que parar no caminho para comer qualquer coisa senão morríamos.

Rodo a chave do apartamento e entramos. Oiço um “Uau” de Rosalya atrás de mim. Sorrio divertida.

—Tu viveste aqui durante 1 ano? -ela pergunta irónica e eu assento_ Okay, agora estou com inveja até ao pescoço.

—Quando eu penso em luxo, é exatamente nisto em que eu imagino -diz Lysandre com a sua calma natural.

Vejo Castiel a olhar em volta, analisando tudo ao pormenor. Talvez seja luxo de mais para ele.

—Oh meu Deus, de quem é o piano? -Rosalya corre em direção ao grande piano preto no fundo da sala, e começa a pressionar algumas teclas.

—É da Sarah, e a bateria que está aí ao lado é do Max -respondo_ este apartamento tem 4 quartos, eu e Castiel ficamos no meu e vocês os dois escolham um e instalem-se. Mi casa es tu casa.

Rosalya corre por entre os corredores mais animada do que uma criança de 5 anos num parque de diversões. Eu sabia o quanto ela queria vir conhecer Nova Iorque e não resisti em traze-la. Eu terei outros momentos para ficar sozinha com Castiel noutra altura.

—Uma boa noite para todos -diz Lysandre de forma educada_ vou aproveitar a deixa para me retirar.

—Mas já? Ainda nem são 22h da noite -rebate Castiel de celho levantado_ Estás a perder as capacidades meu velho amigo.

Lysandre dá de ombros e revira os olhos de forma inocente.

—O que eu posso fazer? A escrita espera por mim e eu espero pela escrita. Os meus poemas não se escrevem sozinhos e algo me diz que com esta vista, a noite vai ser longa -o platinado sorri de forma gentil e dá um tchau para nós, desaparecendo no corredor.

Viro-me para Castiel e coloco os meus braços á volta do seu pescoço.

—E assim ficamos só nós… -sussurro. Ele dá um pequeno “hmm” como resposta_ Vem, quero mostrar-te a melhor vista para a cidade.

Puxo-o por entre os corredores e mostro-lhe tudo. Vou direta ao meu quarto e abro a porta num movimento calmo, deixando-lhe espaço para entrar. Castiel vai imediatamente em direção ás gigantes janelas de vidro que cobrem a frente do quarto, deixando a luz da cidade entrar por completo. Vejo o reflexo do seu rosto, a centímetros do vidro completamente viciado na vista á sua frente.

—Eu sei, eu também fiquei assim a primeira vez que estive aqui -rio_ lembro-me de não conseguir dormir e de ficar 1 hora a olhar para a cidade.

Coloco as malas num canto e dispo-me, ficando apenas em lingerie. Solto o meu cabelo que estava apanhado num pony tail e abro a cama pronta para me deitar. Aproximo-me de Castiel e envolvo-o nos meus braços, abraçando-o por trás. Ele pega nas minhas mãos e se volta de frente para mim e fita-me com um leve brilho nos olhos assim que me vê seminua. O ruivo não resiste e carrega-me no seu colo até á cama, deitando-me com calma sobre a mesma. Ele permanece por cima de mim, entre as minhas pernas durante uns segundos, me olhando com atenção. Mordo o lábio.

—Dorme bem garotinha -ele deposita um beijo nos meus lábios e deita-se ao meu lado ainda com o pijama por vestir.

—Até desanimei agora… -viro-me para o lado. Ele quebrou o clima todo.

—É melhor assim, ambos sabemos onde iria levar.

O pior é que ele tem razão. Viro-me de novo e fito-o de costas voltadas. Nós somos fogo com fogo e na hora ninguém se controla e depois acontece o que ninguém quer. Suspiro fundo olhando para a noite que já vai dentro…

(...) Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar era fácil (...) 


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Notas finais do capítulo

Aqueles 4 em Nova Iorque? No que dará? Machine e Castiel frente a frente? Rosalya e Lysandre? Deixem as suas teorias meus caros leitores!

Link da roupa: https://www.dizae.com.br/wp-content/uploads/2018/02/FrancinyEhlke_6.jpg

Até ao próximo capitulo ♥



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