I Miss The Misery escrita por Ladylake


Capítulo 68
2ªTemporada- Correu tudo mal!


Notas iniciais do capítulo

Oie meus lindos e lindas, mais um capitulo :3 espero que gostem

Boa leitura~



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/688757/chapter/68

“Desculpa não agradar, simpatia forçada nunca foi o meu forte”

—Castiel Miller

 

 

 

A minha mão está tremendo. Recuo a mão do intercomunicador e espero nervosa pela voz do meu pai ou da minha avó do outro lado. Olho em Castiel e ela dá-me um leve sorriso tranquilizador. Sorrio de volta, embora o seu sorriso tranquilizador não tenha surgido efeito. A porta abre e entramos. Pego na sua mão e arrasto-o até ao velho elevador. Ele segura as nossas malas de viagem e oiço-o suspirar.

—Tens a certeza de que isto é seguro? -ele pergunta, referindo-se ao elevador que parece mais antigo do que o próprio prédio.

—Tenho -ri. Ele faz uma cara engraçada quanto teme pela sua vida.

O elevador para no 4º andar e respiramos fundo os dois. Sua mão pega na minha e acaricia de leve. Ele também está nervoso. Atravessamos o corredor e mal vejo o meu pai, corro até ele como fazia quando era pequena.

—A minha caveirinha…. -ele abraça-me com força. Não via o meu pai á tanto tempo…

—Pai! Já te disse para não me chamares isso á frente das pessoas. Elas ficam a pensar que somos estranhos. – brinco.

—Entra querido, ele não te faz mal -a minha avó aparece por trás de nós, dirigindo-se para Castiel.

—Eu é que decido se lhe faço mal ou não… -oiço o meu pai resmungar baixinho e a minha avó bate-lhe com um pano da cozinha com força. Para quem já tem 75 anos, tem mais força do que eu.

Castiel entra, dizendo bom dia a toda a gente. Cumprimenta o meu pai e a minha avó e ambos seguimos para a sala.

—Ladylake querida, porque vocês não põem as vossas coisas no teu quarto? Está tal e qual como o deixaste -a minha avó sorri.

Puxo Castiel por entre os corredores infinitos e paramos á frente de uma porta branca. Respiro fundo e abro a mesma revelando um quarto claro e simples, com passagem para a varanda e a linda vista para o centro da cidade. Adentro no quarto e olho em volta. Meu Deus como tive saudades…

—A minha avó tinha razão, está tal e qual como o deixei… -sussurro, trazendo á tona várias memórias.

Castiel pousa as nossas malas sobre a minha cama e coloca as suas mãos sobre os meus ombros.

—Parte de mim tem saudades, a outra… preferia nem ter posto aqui mais os pés -sussurro. A minha voz falha.

—Porque dizes isso? -pergunta calmo, virando-me de frente. Eu dou de ombros.

—Estar aqui faz-me relembrar de uma fase má da minha vida -sussurro_ causa-me calafrios.

—Não penses nisso agora okay? -ele coloca a suas mãos na minha cintura_ vai ser rápido, amanhã depois de almoço já estaremos de novo em casa.

Eu assento e dou um leve sorriso. Castiel beija de leve a minha testa e voltamos para a sala onde o meu pai serve cafés para todos. Sentamo-nos no sofá e pegamos as chávenas.

—Vocês estão juntos á quanto tempo? -o meu pai quebra o silêncio, bebericando o seu Nespresso.

—Quase á 1 mês -respondo. O meu pai me olha.

—Pensei que já tivessem juntos á mais tempo. 1 ano para ai -a minha avó rebate.

—Nós sempre tivemos alguns problemas entre nós e o mundo á nossa volta também nunca nos deu paz -responde o ruivo_ sempre nos separávamos.

—Mas acabávamos sempre por voltar um para o outro de certa forma -agarro na sua mão com carinho_ e desta vez não há nada que nos faça separar um do outro.

—Porquê isso? -o meu pai volta a perguntar.

Eu paro por uns segundos, tentando arranjar uma forma fácil de dizer o que vim aqui dizer. Olho em Castiel e ele assente com a cabeça dizendo que sim e acaricia a minha mão.

—Porque eu estou grávida.

O meu pai nem termina de levar a chávena do seu café á boca. Ele volta a pousar a mesma e cobre o rosto com as suas mãos. A minha avó também não parece muito contente.

—Se isto é uma brincadeira Ladylake Storm, é melhor parares por aqui -ele diz de uma forma bruta.

—Não é -nego com a cabeça_ estou grávida de 1 mês e meio. É dele -aponto para Castiel.

—Aconteceu, nenhum de nós estávamos á espera -Castiel rebate. O meu pai fuzila-o.

—”Aconteceu”? cale-se jovem, nem diga mais nada antes que eu me passe -o meu pai está furioso. Castiel franze o sobrolho.

—Oh querida, onde vocês se foram meter -a minha avó leva a mão á cabeça_ que Deus tenha piedade de ti e que não faça nascer essa criança.

—Avó! -grito.

—Eu vou dar uma volta -o meu pai sai da sala, oiço-o pegar nas suas chaves e sair de casa batendo com a porta.

A sala fica silenciosa. A minha avó olha para nós triste.

—Não fiques chateada com o que disse por favor -ela pede.

—Tinhas razão -direciono-me a Castiel_ nós não devíamos ter vindo…

—Oiça -ele começa_ nós não viemos aqui vos pedir nada. A Lake só achou que isto não é algo que se conte por telefone e decidiu vir. Eu vim porque sou o pai da criança e achei certo vir. Nós não estamos a pedir dinheiro ou a vossa bênção. Passamos bem sem isso, obrigado.

A minha avó levanta-se e sai da sala. Cobro os olhos com as mãos e soluço. Não era esta a reação que eu esperava, muito menos vindo da parte da minha avó. Esperava algum apoio.

Castiel dá-me um leve encontrão, mas eu não me mexo um milímetro.

—Lake, abre os olhos -oiço Castiel dizer. Hesitante, assim faço e fito um monte de roupa de bébé sobre as minhas pernas.

—Era teu, felizmente dá para os dois -a minha avó sorri gentilmente. Pego num babygrow e sinto-o nas minhas mãos antes de sentir o seu cheiro.

—Obrigada -Castiel agradece.

 

 

 

(…)

 

 

 

O meu pai ainda não tinha chegado da “sua volta”. O relógio estilo vintage pregado na parede marcava o final da tarde. A minha avó está a acabar de arrumar a cozinha e parece pensativa. Castiel, desviando de leve o cortinado branco da janela da cozinha, olhava lá para fora desfrutando da paisagem.

—Estás a gostar Castiel? -a minha avó pergunta, enquanto seca um típico prato português com um pano de cozinha. É bom vê-la ativa. Ele retira o olhar da rua e fita-a.

—Sim, parece ser bastante agradável -responde. A minha avó sorri.

—Como está a Tracie vó? Nunca mais a vi por aqui -pergunto, enquanto vou dando os retoques final em “Heartless” com o lápis.

A minha avó não diz nada e permanece de costas voltadas para mim como se não me tivesse ouvido. Ela acaba de limpar o prato de porcelana e coloca-o no secador de loiça, limpando as mãos de seguida. Tracie é a mãe de Dylan. Apesar de tudo o que aconteceu entre mim e ele, sempre adorei a mãe dele como se fosse da família. É como uma tia para mim.

—Vó? -chamo-a e ela olha por cima do ombro com os olhos marejados de lágrimas_ Hey vó então? O que se passa?

Levanto-me do banco alto de bar e vou até ela, colocando os meus braços sobre os seus ombros.

—Parece que ninguém te disse hein… -ela sussurra. Dizer o quê?

—Estás a falar do quê? -volto a perguntar.

A minha avó manda-me sentar com a cabeça e assim faço. Ela seca as mãos no pano e senta-se á minha frente. Oiço Castiel aproximar-se.

—A Tracie morreu á 5 anos querida -ela vai direta ao assunto. Os meus olhos arregalam-se. Demoro algum tempo a assimilar.

—Morreu? Mas morreu como? Vó isso não está a fazer sentido nenhum!

—Lake, deixa a tua avó explicar -diz Castiel.

—A Tracie não se andava a sentir bem. Certo dia, ela apareceu no hospital. Dizia que lhe doía o peito. Como enfermeira, fiz o meu trabalho e levei-a até á sala de exames. Duas semanas mais tarde saíram os resultados. Cancro da mama, já em fase avançada -ela sussurra_ quase dois anos depois, morreu.

Lágrimas caem sem eu ter qualquer tipo de controlo. Eu olho para a minha avó incrédula. Castiel mantêm um olhar sereno, mas triste, ouvindo com muita atenção.

—Porque nunca ninguém me contou isso? -pergunto.

—Ninguém te quis ver triste. Aliás, foi ela que pediu ao bairro inteiro para que ninguém te contasse -continua_ Até o próprio Dylan não te contou.

—Foi por isso que… -eu começo e a minha avó assenta.

—Foi por isso que ele se tornou na pessoa que é hoje -ela diz triste_ Eu vi aquele pequeno garotinho lindo de cabelo preto como a noite e olhos verdes tão vivos nascer. Ele não soube como reagir á morte da Tracie, nunca o soube, e acabou descarregando em ti.

Agora eu entendo o porquê de tudo isso. Agora eu entendo o porquê de todos estes anos me perseguindo.

—Mas ele não tinha o direito… -sussurro. Vejo o maxilar de Castiel cerrar.

—Claro que não tinha, mas acabou fazendo de qualquer forma não foi? Tu eras a única coisa que ele tinha, aposto que ainda és. O facto de te teres indo embora só piorou.

—Ele raptou-a! -Castiel exaltasse_ Eu tive dois dias sem dormir sem saber onde ela estava! Eu arrisquei a minha vida e a dos meus amigos porque o desgraçado vive á 5 anos numa mentira? O meu cão levou um tiro numa pata e ainda hoje coxeia porque a tentou proteger daquele… -Castiel para_ se ele sabe que a Lake está grávida… eu temo do que ele lhe possa fazer.

—Eu entendo querido. Eu entendo que tenha sido um inferno para vocês -a minha avó reconforta-o.

—Com todo o respeito… a senhora não entende -ele bufa e vejo os seus olhos marejados.

—Hey… -levanto-me e seguro o seu rosto com carinho_ já passou okay? Não penses nisso agora -limpo suas lágrimas_ ele não está só a estragar a vida dele, está a estragar a vida de todos nós -digo para a minha avó.

Oiço a porta da rua bater. O meu pai entra na cozinha e pousa as chaves sobre um móvel e nos olha a todos.

—Boa tarde -cumprimenta. Todos dizer “boa tarde” de volta menos eu.

Ele me olha. Meio chateado, meio triste, meio arrependido, mas eu viro-lhe as costas. Espero que a voltinha lhe tenha feito bem.

 

 

 

 

(…)

 

 

 

Acabo de ajeitar o cabelo e olho para Castiel perguntando sem palavras “como eu estou?”. Ele responde com um sorriso de orelha a orelha e pisca-me o olho. Dou uma pequena gargalhada e volto-me para o espelho. Hoje vamos jantar fora. Eu e a minha mania de me arranjar até para ir comprar pão. Ajeito o vestido na zona da barriga e continuo a fazer cara feia.

—Achas que já se nota? -pergunto, voltando-me de novo para o ruivo.

—A tendência vai ser sempre essa, não é mesmo? -responde.

—Eu sei, só que… -suspiro_ é ainda tão cedo e as pessoas vão começar com as perguntas e teorias da conspiração…

—Não penses nisso agora, vamos concentrar-nos apenas em viver a nossa vida de forma intima…tu sabes, sem expor muito -ele continua a teclar no seu celular.

—Sim tens razão -espreito para o seu celular_ o que estás á aprontar?

—Sai demónio -ele me afasta e me dá a língua_ É surpresa.

Ele vai andando de costas até á saída do quarto e faz uma cara marota. Eu sempre adorei esse seu ar de brincalhão que só ele tem. Reviro os olhos e pego na minha bolsa e acompanho-o até á sala onde a minha avó e o meu pai já nos esperam.

Adoro Lisboa de noite, faz-me lembrar de Nova Iorque com aquele seu ar de grande cidade. Coloco o meu braço á volta da minha avó e dou-lhe um beijo, mantendo distância do meu pai que ainda não me disse uma única palavra desde a nossa conversa de á bocado.

Entramos no restaurante e sentamo-nos. Castiel senta-se ao meu lado e dá um sorriso gentil para mim, retirando uma pequena mecha de cabelo do meu rosto para me dar um selinho na bochecha. Sorrio derretida.

—Vocês ficam mesmo bem juntos -a minha avó dá uma piscadinha. Oiço o meu pai resmungar.

Olho o cardápio e tento ignorar. Ele é que perde. O meu pai poderia muito bem aproveitar o facto de eu estar aqui para matar saudades e conviver comigo, mas ele prefere fazer cu doce do que aceitar que a sua única filha lhe vai dar um neto.

—Oh Lake! Aquele ali não é o Bernardo? -pergunta a minha avó. O meu coração congela_ Ele está a vir para aqui!

Tento enfiar a cabeça no cardápio desesperadamente e Castiel me olha, percebendo-se do meu desconforto. Oiço passos aproximarem-se da mesa. Cai, por favor cai…

—Boa noite Srª.May, como vai? Há muito tempo que não a via -ele cumprimenta a minha avó_ Sr Storm… -cumprimenta o meu pai.

—Bernardo, olha quem está de volta á cidade passado tanto tempo -a minha avó aponta para mim. Vó eu juro que te meto num lar…

—Ladylake! -ele abre os braços. Entroncado, mas fino, cabelo e olhos castanhos claros, maxilar definido e perfume de homem caro. Yhup, não mudou o seu charme.

Levanto-me forçando de certa forma um sorriso e retribuo o abraço. Não o via á 3 anos.

—Vejo que não mudaste nada… -digo sem vontade.

—E tu pelo contrário, mudaste bastante -sorri safado. Oiço Castiel tossir_ Oh desculpa, não cumprimentei o teu amigo…

—Castiel Miller -o ruivo cumprimenta, tirando-lhe a pinta.

—Bernardo Sousa -retribui o aperto_ Nós por aqui temos nomes normais -ri.

—Mais alguma piada? -pergunta Castiel num tom mais rude.

—Berna para… -chamo-o pela sua alcunha. Ele me olha divertido. O papel de cara legal e simpático está a funcionar o meu pai e para a minha avó, mas Castiel sem o conhecer já o topou.

—O teu amigo é engraçado -ri.

—Berna por favor para. Á frente da minha família não -sussurro puxando-lhe o braço disfarçadamente.

—Larga-me… -diz entre dentes.

—Vais larga-la ou é preciso eu obrigar-te? -Castiel levanta-se e fica a uns centímetros dele. O restaurante todo nos olha.

—Lake acalma o teu namorado agora! -o meu pai quase que grita.

—Queres que eu o retire do caminho por ti Lake? -Bernardo pergunta. Castiel ri.

—Experimenta, tenho a sensação de que me vou divertir – o ruivo sorri de orelha a orelha.

Empurro Castiel ligeiramente para trás e sussurro:

—Eu sei que já o topaste mas aqui não por favor, escolheste o pior momento para impressionar o meu pai.

Castiel sai do restaurante e pega um cigarro e o isqueiro do bolso de trás sem retirar os olhos de Berna. Olho nele desprezando-o. Nego com a cabeça e vou caminhando até ao banheiro quando uns braços fortes me prendem, fazendo-me entrar no banheiro com alguma violência.

—Achas que não reparei mal entraste? -ele levanta o meu vestido todo para cima, revelando todo o meu corpo. Dou-lhe uma valente chapada.

—Esta é por me teres feito passar vergonha á frente de toda a gente -digo num tom rude, fuzilando-o com os olhos.

—Acho que o Dylan vai adorar saber que estás de novo de volta á cidade… e grávida -ele sorri. Aquele sorriso doentio…

—O que queres de mim? -pergunto devagar, num tom de quem já nem quer saber de nada_ em tempos eu tentei comprar o teu “lindo” coração, mas o preço era demasiado alto.

—Sou um gajo difícil -ele ri aproximando-se do meu rosto passando a mão pelo meu rosto. Logo me desvio.

—Tiveste a tua oportunidade á uns anos atrás -retiro a sua mão perto de mim_ estou a lutar fogo com fogo.

—Amor com amor… -sussurra, aproximando-se de novo.

—Deve ser amor no cérebro -empurro-o_ e é isso que te faz sentir assim. Arrependeste-te, e esse sentimento de arrependimento bate em ti forte e feio mas de uma forma que sabe tão bem… e tu simplesmente não te fartas -ele cerro o maxilar, visivelmente chateado_ e apenas continuas a amaldiçoar o meu nome… Desanda Bernardo!

(...) And you just keep cursing my name... (...)


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Aposto que ficaram curiosos para saber mais sobre este Bernardo! O que estes dois tiveram no passado? Vai Dylan voltar?

Até ao próximo capitulo ♥
Ladylake~



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "I Miss The Misery" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.