Eu trabalho em uma loja cupcakes já faz dois anos e eu adoro. Nas muitas vezes que Lia me deixou por suas aventuras esse emprego foi minha salvação, o dinheiro dava para eu comer e pelo menos pegar as contas de casa, enquanto eu fingia que trabalhava apenas por prazer o que não era difícil aqui. São quinze minutos da minha casa até o trabalho.

— Boa tarde Sofia!

— Boa tarde Nina! – Nina é a recepcionista. É uma amiga. Ela deve ter seus vinte e dois anos e cursa gastronomia na faculdade.

— Tô pensando em testar algumas coisas hoje.

— Sério? Eu poderia?

— Claro! Eu quero fazer um cupcake inspirado no meu chocolate favorito.

— Laka com oreo. – Dizemos em uníssono por que esse é um gosto que nós compartilhamos.

— Vamos para a cozinha eu tenho tanto para ti contar.

Depois de várias horas e muitas tentativas de massa e recheio e o meu desabafo total sobre Lia estou coberta de farinha, mas na minha frente está um perfeito cupcake com massa de baunilha e cookies e recheio de ganache de oreo e laka e uma cobertura fofa de mouse se chocolate branco e oreo. E sim, é a perfeição em forma de um bolinho pequeno.

— Isso é perfeito. – Diz Nina mordendo um pedaço de um cupcake.

— Sim, é como ir para o céu.

— Eu poderia comer toneladas.

Rimos. Passa das seis no relógio. Vou ao pequeno vestiário e coloco jeans rasgados e uma camisa preta, e tênis azuis de camurça. Meu cabelo preto é totalmente ondulado e eu o solto e ele cai até os meus quadris me fazendo lembrar que eu preciso realmente cortar um pouco. Quando saiu Adrian está ali. Ele está muito bonito. Seu cabelo loiro está pra cima e captura os últimos momentos do sol. Seus olhos azuis brilham e ele está certamente cheiroso. Adrian é alto. Magro.

Ele me abraça. Certamente muito cheiroso.

— Que tal você deixar sua moto ai e irmos de carro? Eu trago você pra buscar depois.

— Soa bem.

— Então Lia chamou você pra ser madrinha?

— Como você adivinhou? – pergunto. Ele tem um sorriso bonito no rosto e eu me derreto.

— Por que é a cara dela. – ele diz quando entramos no carro.

— Bem, ela vai me levar pra jantar com o cara no sábado. Você podia vir. – digo esperançosa.

— Ah... – ele limpa a garganta. – Eu tinha dito pra Alex que eu ia com ele em uma festa. – Escondo minha decepção, por que Aléxis é um idiota e por que eu sei o que uma festa representa, muitas mulheres se jogando em cima de Adrian e Adrian pegando uma ou várias delas pra brincar. Isso faz meu coração murcho.

— Tudo bem. Eu tenho que enfrentar isso de qualquer forma.

— Sinto muito Sofia

— Não se preocupe.

Quando paramos no food truck de Mike, que nos conhece de longa data peço o de sempre, um delicioso burrito de carne de porco apimentado na medida. E um grande copo de suco de kiwi por que é minha fruta preferida. Quando chegamos ao píer, o sol está quase se pondo, e é lindo por que podemos ver ele lentamente desaparecer. Nós costumamos fazer isso desde que nós tínhamos oito anos de idade.

— Minha mãe quer que você vá lá jantar na semana que vem. Você sabe é o aniversário do meu pai. – ele diz. Adrian tem uma família maravilhosa. Sua mãe é um pessoa doce e gentil assim como seu pai. E sua irmã uns anos mais velha tem  dois filhos lindos. A família dele é como essas famílias de comerciais.

— Sim, eu não esqueci, diz a ela que eu vou levar a sobremesa.

— Ah! Ela vai amar. E é melhor que você inclua alguns cupcakes de framboesa com chocolate.

— Eu não me esqueceria. – Claro que não. – Então vai ser uma festa?

— Não, só um jantar mesmo. Você conhece o meu pai. Ele quer ficar na frente da churrasqueira e beber algumas cervejas. Nada de mais.

— Isso parece bom, até por que ele faz um churrasco incrível.

— Não diga isso para ele. – Ele ri. – Ele já tem o ego bastante inchado.

— Bem, nesse departamento ele merece.

— Sim.

Está escuro quando me dou conta. Ficamos em um silencio confortável. As estrelas começam a brilhar e nos deitamos na brisa.

— O filme do Batman vs Superman vai sair daqui uns dias, você quer ir?

— Sim, eu não perderia a chance de ver o “novo” superman em tela grande.

— Uh, como se ele pudesse lidar com o Batman.

— O que? O superman é um Deus! E tem poderes, o Batman não tem.

— Mas ele tem a inteligência minha cara.

— Certo e como a inteligência vai salvar ele quando o superman resolver atirar os lasers de seus olhos nele.

— Ele vai dar um jeito. – nós rimos. Por que estamos acostumados a ter todo o tipo de conversa tosca. É tarde quando volto pra casa. Lia não está lá e isso é um alivio. Eu não quero ter que ouvir seus planos de casamento.