— Ah querida ele é um homem incrível! Ele é engraçado, bonito. E rico.

Claro. Rico. Ai estava à palavra magica. Por que minha mãe não me chamaria de querida a menos que dinheiro estivesse envolvido.

— Vamos nos casar em duas semanas. E vamos morar com ele. Ele tem uma casa naquele bairro na saída da cidade. O Valle.

— O que? Casar? Lia! Você enlouqueceu? Você conhece esse cara a... Sei lá quatro meses?

— Ele é o amor da minha vida! – ela diz com uma carranca.  Minha mãe é muito bonita, ela tem apenas trinta e quatro anos, isso por que me teve quando tinha apenas dezesseis. Ela tem um corpo magro e um rosto redondo e olhos verdes grandes. Seus cabelos bem cuidados são loiros. Ela não é o exemplo de mãe. Eu cuido de mim mesma desde que eu tinha oito anos de idade e ela já tinha tido pelo menos cinco amores da sua vida. Eu era o oposto dela. Meu cabelo é preto, como o do meu pai. E eu sou baixinha. Apenas compartilho a cor verde dos seus olhos.

— Olha Lia você não acha que está sendo precipitada? – sua carranca se aprofunda.

— Precipitada? É de amor que estamos falando! Eu achei que fosse ficar feliz por mim! – Feliz? Como quando eu fiquei feliz quando ela resolveu passar três meses no caribe com seu amor, ou quando ela decidiu ir para a França por que precisava de um tempo para se refazer quando esse mesmo amor acabou? Ou quando ela ficou por lá mais tempo por que já tinha achado o amor da sua vida outra vez! Claro eu estou muito feliz.

— Claro! – Eu digo. – Estou muito feliz por você.

— Ótimo! Por que você vai ser minha madrinha! Eu vou achar seu vestido e não se preocupe, não quero uma festa de despedida de solteira. Ah! Eu tenho tanta coisa para fazer! Oh! Comece a empacotar suas coisas vamos nos mudar logo depois da festa. Só as coisas importantes, querida!

— Espera! Como assim nos mudar?

— Oh! Edward quer que você more com a gente. – Edward quer? Edward quer? Edward quer?

— Eu nem conheço esse cara e ele quer que eu vá morar com vocês?

— Sim! Ele tem um filho da sua idade! Vai ser demais.

— Não vai ser demais! Por que eu não vou!

— Ah sim você vai, por que eu disse que somos inseparáveis. E é só por seis meses não seja dramática, você vai pra faculdade logo!

— Eu nem conheço ele! E não é como se eu já não tivesse morado sozinha!

— Ok! Se você quer tanto conhecer ele eu vou marcar um jantar no sábado. E sim, mocinha você vai! Eu ainda sou sua mãe e você não é maior de idade! Vai fazer o que eu quiser pelos próximos seis meses! – Ela estava mesmo jogando essa carta pra cima de mim? Sério? – Não estrague as coisas Sofia! – seu rosto ficou ligeiramente vermelho. Suspiro. Lia, tem seu jeito de colocar as coisas e é mais fácil ir na onda dela.

— Ah, eu estou atrasada para o trabalho.

— Vista algo descente para sábado.

Não respondo. Perdi a batalha. Quando saio de casa pego o telefone e ligo para Adrian. Adrian é meu melhor amigo desde a infância. E em algum momento pra mim ele deixou de ser amigo e virou algo mais. Não que ele soubesse disso. Por que eu tinha feito um esforço sobre humano para esconder isso dele. Toda vez que ele se aproximava de mim meu coração saltava feito louco e eu tenho certeza que um dia desses Adrian vai ouvir.

No entanto Adrian é o cara mais popular da escola. Argh! Isso é um clichêzão. Mas ele é o cara que toda garota como eu fica babando quando ele passa no corredor. Bem, ele e seu amigo Alexis, pois é nome estranho, mas enquanto Adrian era uma beleza loira dourada, sorriso brilhante, e olhos azuis, atleta e totalmente comível e deleitável. Seu amigo era um idiota. Mas por algum motivo as atenções das meninas na escola também estavam centradas nele. Idiotas.

— Olá. – sua voz é melodiosa, e certamente acalma a tempestade que está começando no meu interior.

— Você não sabe o que ela arrumou agora! – eu digo. Ele está acostumado, por que faz tanto tempo que ele é meu amigo que eu não preciso ficar fazendo saudações.

— O que foi?

— Ela vai se casar!

— Casar? Com quem?

— Tal de Edward! E além do mais, quer me fazer ir morar com eles! Está fingindo ser a mãe do ano.

— Essa é nova, ela nunca tinha tentado.

— Sim, e aparentemente ela vai se casar em duas semanas!

— Porra! Quanto tempo ela conhece esse cara?

— Quatro meses talvez! Mas ele é rico, isso quer dizer que nada mais importa.

— Sofi veja pelo lado bom é só por 6 meses, depois você vai embora. – Respiro. Esse é o lado bom? Mas, Adrian tem razão. Daqui a seis meses eu vou estar a cinco horas daqui e Lia não vai poder me atingir mais. Isso graças a meu pai. Bem, meu pai era um promissor jogador de futebol quando deixou minha mãe grávida, e é obvio que ele não ia deixar sua promissora carreira para cuidar de um bebê. Com isso ele se foi. E deu certo. Meu pai era um famoso jogador de futebol do Barcelona e nunca veio me ver, no entanto me deixou uma poupança para a faculdade, não importando a miséria em que eu estivesse eu só poderia acessar esse dinheiro quando eu tivesse 18 anos então, eu não tinha muita escolha a não ser seguir Lia.

— Estou atrasada para o serviço.

— Que tal eu passar lá no fim do dia? – meu coração incha.

— Isso seria ótimo.

— Poderíamos pegar  burritos no food truck o Mike e ir na píer relaxar.

— Isso soa muito bem.

— Te vejo. – ele diz. Ele me faz bem. Subo na minha biz, uma moto pequena preta, mas muito útil e dirijo até para serviço.