Natureza Sombria escrita por N Caroll


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Eu: Ok. Este ficou bem longo...
Lis: ...
Eu: A Lis ou Mô (como preferirem) estará ausente nas Notas do Capítulo, parece que ela viu umas partes da sua memória e... Ela não gostou muito do que viu.
*olha descaradamente para a criança encolhida no canto revendo as coisas que fez*
Lis: Eu sou muito idiota...
Eu: Segue-se o capítulo aí embaixo e nos vemos nas notas finais!



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Cheguei ao fim do corredor pensando em formas terríveis que eles me torturariam, provavelmente perguntariam onde estavam os outros da minha “espécie”, apesar de sermos todos seres humanos ali e aqui, há esse preconceito, alguns nos chamam por “aquela raça” ou “aquela espécie”, mas nada de nome, nosso nome não pode ser dito.

Não, ele não é amaldiçoado ou maldito, mas é de certa forma, proibido para Anima’s, Bio’s e Humanos em dizerem. Foi proibido para que não possam pronunciar o nome por termos um nome parecido como de uma planta ou de um animal. Mas o que seria uma planta? Como ela reage? Como ela vive? Queria ter um livro em que eu pudesse ler sobre tudo isso e tirar todas as minhas duvidas. Mas é impossível, só tinha o livro da minha tataravó como já disse pra vocês.

Me aproximei um pouco mais da porta, ela tinha uma aparência antiga e oblíqua, diferente de tudo o que á lá fora.  No mundo em que eu conheço. O CAS que eu segurava em uma das mãos, de repente, era como se pesasse e o meu dentro de mim também pesou, olhei e absorvi aquela sensação como se alguém estivesse me observando por um buraco de vidro. Will disse pra mim que é raro ver um “olho-mágico” hoje em dia.

Encarei aquele negócio e bati três vezes na porta, pus a placa no meu peito e fiz uma expressão neutra, consigo esconder meu medo por 10 minutos, se passar disso, eles descobrem que eu sou.

— Quem deseja entrar? – a voz grave e rouca que estava do outro lado da porta me fez tremer por um segundo, mas consegui me manter firme.

— Elisa Monique. – respondi encarando aquele buraco como se fosse o próprio vazio.

— Por que quer nos ver? – perguntou como havia mandado.

Porque meus olhos já se fecharam para o mundo tendo vocês minha única luz...- recitei a frase que é a chave para aquela porta, os olhos foram para o meu CAS e ouvi uma voz grave ao dizer por fim

— “Bem-Vinda ao Merco: Die Solis”.

A porta se abriu e eu adentrei olhei para trás da porta e não vi ninguém, de repente uma voz calma, mas que me deu nos nervos e fez com que eu me sentisse tensa surgiu em meus ouvidos. Era como se fosse uma voz de um Anima, mas eu não sabia onde estava. O lugar onde estou agora parecia podre, como se eu sentisse várias sombras se movimentando ao meu redor e jogassem água naquele lugar para apodrecer. Mataram pessoas ali e o limparam, mas a atmosfera ainda permanece mais sombria do que deveria ser.

— Por aqui, madame... – falou. Uma SAV se ligou e apenas um braço apareceu apontando para o lugar. Ouvia suspiros horríveis de Bios e um cheiro terrível, seriam os órgãos das pessoas? Não, os Die Solis não deixariam isso tão óbvio assim.

O braço apontava para uma escadaria que iam para baixo, em direção ao porão, mas antes que eu pudesse virar a maçaneta, a voz me perguntou:

— Se desejas... – começou. – Comprar algo, siga á baixo.

— Mas eu... – comecei também a falar que não queria ir ali, mas a voz me interrompeu absurdamente.

— Porém, se desejas... – ela sempre fazia uma pausa antes de continuar? – Falar com nosso Líder... – Ouvi uma porta se abrir e parecia vir de cima, subi as escadarias de novo e procurei a porta. Mas como eles sabiam que eu queria falar com o Líder deles? Isso era anormal demais, até pra mim.

Você já foi descoberta...—uma voz dentro de mim falava comigo, é isso que dá ficar sozinha sempre, você fica louca! Porém não deixou de ser verdade o que ela dizia.

Mas agora eu só posso seguir em frente...— era eu dizendo, tentando dizer pra ela.

— Por favor, siga as escadarias. – falou com o braço apontando para que eu siga, só faltou ser verde e ter uma voz feminina, aquelas coisas me irritam...

 Eu subi as escadas calmamente temendo a pior das coisas, de tortura até morte. Porém a voz mudou para um tom mais suave e elegante e... Feminina.

— Agora, por favor siga para o corredor até a última porta, o Mestre está te esperando. – eu congelei assim que segui a metade do corredor, meus sapatos faziam barulho no piso então, a pessoa que estiver atrás daquela porta, me ouviu chegando e parando.

Não é possível... – pensei encarando aquela porta velha. De repente, era como se algo me prendesse ali mesmo, meus pés começaram a se movimentar sozinhos para a grande porta, mas era algo como se alguém me puxasse até ali. Alguém estava me encarando, como se pudesse ver meus movimentos, eu tentei controlar minhas pernas, mas elas não escutam minhas ordens, não me obedecem!

Comecei á pirar quando minha mão se guiou até a maçaneta, eu girei ela e a abri como se eu quisesse mesmo aquilo. E, quer saber? Não me importo mais se eu morrer, estaria onde meus pais e irmão estão. Em algum lugar onde não existe dor ou abstinência.

Quando eu a abri, não pude crer no que eu via.

— Olá Monique... – falou a voz que vinha da criança...

— Eli? – minha voz falhou quando engoli em seco.

Aquela desgraça era líder dos Die Solis? Meu Deus, não é à toa que eu me senti marcada, ele realmente me marcou.

Ele sorria como se divertisse com minha expressão. E deveria ser divertido mesmo de ver a garota que te chamou atenção, pedindo um lugar numa das mais terríveis máfias do mercado negro.

Naquela sala só tinha eu e ele e... A placa roubada. Encarei aqueles olhos ousados que me observava, uma mesa nos separava, mas uma arma de longo alcance fazia com que eu hesitasse. Eu encarei aquela arma e Eli se endireitou em sua poltrona, parecia que ele havia acabado de se nutrir. Seus olhos azuis quase negros encararam a arma e ele sorriu pegando-a.

— Não se preocupe... – falou dando de ombros ao guardar ela. – Não vou mata-la, só se você me enfeitiçar pra que eu venha a te agredir...

— Não diga palavras daquele velho parasita... – resmunguei encarando ele com ira.

— Ora essa, não soube o que eu fiz? – a fala dele, a forma de encarar as coisas como tem feito. Ele não era uma criança, não era um humano.

— Soube, mas acho que as autoridades vão tirar rapidinho seu amigo do Submundo, não acha? – falei cruzando as pernas e os braços, a placa que estava em minhas mãos chamou a atenção de Eli e eu percebi isso. Coloquei em cima da mesa e o vi esfregar as mãos, mas continuamos com o assunto do velho barrigudo.

— Sim, por isso mesmo, eu o mandei pra lá, tenho um contato meu que vai se divertir com aquele pedaço de banha... – falou abrindo outro sorriso, ele era até interessante vendo por um lado, mas deve ter perdido o senso quando entrou pra esse “circo dos horrores”.

— Um assassino? – perguntei preocupada com Malcolm, mas feliz em saber que o homem não iria sair em pune de tudo aquilo que ele fez.

— Use sua imaginação. – respondeu, mas de repente ele pegou a placa calmamente, sem pressa nenhuma naquilo, deu uns petelecos e a placa vibrou, seus olhos arregalaram e ele balançou a placa diante de mim. – Onde conseguiu isto?

— Não é direito seu saber. – eu sou rude com pessoas que acham que podem perguntar qualquer coisa pra mim achando que eu vou responder.

— Bem, você está na minha casa, isso me dá todo o direito.

— Bem, você está falando comigo, a pessoa que te trouxe o CAS, isso me dá o direito de negar...

Ele sorriu ironicamente, esse menino sorri o tempo todo? Ele se levantou e notei que ele não usava o terno, apenas uma blusa social com a gravata branca e calça jeans escura, seus sapatos deveria ser de um valor que nem eu conseguiria de tantos frenesis, talvez daria até um bloqueio na minha conta. Estava encarando ainda seu rosto branco feito cimento e percebi que ele usava luvas brancas.

— Quê isso, vai me matar ou matar alguém? – falei e ele já deve ter notado que eu estava nervosa.

— Já disse que essa não é minha intenção. – falou sério, de repente ele começou á fazer perguntas: - Onde você achou isso, Monique?

— Por que quer tanto saber?

— Porque é isso daqui que... – ele parou por um momento e me analisou. – Para com isso.

— “Isso” o quê? – perguntei, até eu me assustei.

Ele pegou na minha mão e me levantou, de repente era como se eu me sentisse frustrada com aquilo tudo. Eu peguei a placa de sua mão e me virei pra abrir a porta, aquilo tudo deveria ser uma pegadinha, onde estavam as câmeras?!

— Elisa! – ele me pegou no pulso e me girou, a força do impacto que ele provocou ao fechar a porta fez com que eu me sentisse fraca e tonta, mas o ar me escapou e era como se ele não fosse mais o Eli sorridente, mas uma pessoa sombria, podia ver em seus olhos uma alma turbulenta e violenta que estava inquieta naqueles olhos azul profundo que fez minha própria alma se agarrar ao meu CAS, era como se ele fosse roubar minha vida ali e agora.

— Dos meus pais! – falei alto e claro pra que ele escutasse. Eu me soltei de sua mão e sai correndo naquele corredor, mas que corredor?

Era como se eu tivesse saído pra fora, mas não estava na minha cidade mais, não estava mais na Filadélfia. O lugar em que eu estava era no meio do nada, porém alguma coisa estava ali, meus pés queriam correr de volta aquela sala. Mas eu não queria voltar, meu coração martelava no peito quando ouvi a voz dele me chamando, a coisa se movia naquela escuridão.

— Elisa...? – sua voz me trousse de volta pra realidade, então senti algo quente envolvendo minha mão, era a mão de Eli que pegou a minha só pra ver se eu acordava, encolhi a mão tocada e encarei ao meu redor.

— Como...

— Então? Vai me contar como conseguiu a placa? – perguntou, era como se fosse a segunda vez que ele perguntava.

— Eu... – comecei encarando a minha volta e a porta fechada. – Como que... – eu tentava gesticular, mas nada saia. – Eu consegui de um defunto.

— Ora essa, como conseguiu fazer isso? Deveria ter alguém experiente pra poder...

— Não. – pensei em Will, mas ele não teve participação nisso. – Eu mesma arranquei... – falei olhando pra baixo.

— Pela sua expressão, creio que é verdade. – sorriu, agora e para sempre, vou ficar feliz e mais animada quando ele sorrir. Porque eu vi a morte nos olhos daquele rapaz no momento em que ele me encurralou, sentia a morte calmamente me aguardando. Estremeci e senti um calafrio percorrer a espinha, Eli encarou aquilo com interesse.

— Pensou em alguma coisa Monique? – perguntou, pessoas normais diriam se eu estava com frio, mas ele não é normal.

— Nada demais. – menti e pela cara dele, ele se divertiu com a façanha. Eu assenti pra ele e dei as costas pensando em como foi perigoso ter vindo ali, mas a porta se fechou sozinha.

— Achou mesmo que eu deixaria uma “Sark Magno” ir embora assim? – perguntou com a arma na mão, ela era desigual em seus lados como toda arma de Die Solis, eram negras com riscos brancos e a marca do DS com um Sol em branco. Porém, ali e agora, era a primeira que eu via na mão de alguém vivo.

E sim, o nome da minha “espécie” que chamaram é “Sark Magnos” por ser “carnívora” (Sark) e “magnoliophyta” (Magnos – abreviação), então seria dizer “Magnólia-Carnívora”. Mais conhecidos apenas por apenas Magnos.

— Desde do Green’s né?

— Pois é... – falou saindo de trás da mesa de escritório. – Mas algo me chamou atenção em você.

— Ah é...? – perguntei tentando achar a porta.

— É. E como não? – ele se aproximava e mais dois passos ele poderia me segurar para que eu não fugisse. Eu parei também e eu o observei, ele havia crescido um pouco, mas dava pra ver a pequena diferença.

— Sua cabeça no meu mercado, vale muitos frenesis minha bela carnívora. – ele deu mais um passo e tomou minha mão, eu não entendia aquele cavalheirismo todo e aquela dramatização, mas sei que entrei naquele clima.

Ele fez uma carícia na minha bochecha enquanto punha a arma na minha mão, senti o peso daquele negócio e queria largar, mas agora... Seria impossível, porque eu havia sido hipnotizada, literalmente. Mas prefiro dizer que estava em estado de choque, não conseguia mover muito meus músculos, mas meus olhos só firmaram na parede atrás dele. Enquanto sua voz perigosa e agressiva ronronava dentro de mim, meu CAS ia cair, eu sei que ia com aquele tom que Eli falava comigo.

— Imagina então na Grande Ásia ou no Sudeste das Américas? – falou e seus olhos brilhavam assim como sua voz prolongava-se quando ele dizia: - Trilhões de frenesis.

Mas algo estava estranho, ele não me daria a arma se ele quisesse me vender, a não ser que fosse pra me defender, mas tanto ele quanto a arma sabem que não sei manuseá-la. Ele se aproximava ainda mais um pouco e mesmo sem ver, pude sentir sua mão quente tocar e deslizar pelos meus ombros, clavícula até chegar ao meu pescoço, eu pisquei quando eu comecei a sentir sua respiração tão próxima de minha boca, meus olhos foram em sua direção e pude afastá-lo e dizer apenas uma coisa:

— Mas você não vai me vender... – afirmei, ele parecia ter despertado enquanto me encarava e olhou para sua direita e algo se moveu, a mesa havia se transformado em um armário que foi posta no canto.

Ele voltou a me encarar sem nenhum sorriso, deveria me preocupar? Não, seus olhos não mentem. Aquele método que ele usou era um dos melhores métodos para matar alguém, ele seduz a vítima e depois a mata, se ela despertar antes você não pode fazer mais nada a não ser disfarçar. Ou seja, sua intenção era mesmo me matar. 

— E por quê você acha que eu não faria isso? – ele havia se afastado um pouco, só um pouco como se tivesse hesitado em me beijar, e graças a Deus que ele hesitou, me odiaria para o resto da minha vida, sim, pelo resto dela mesmo...

— Porque o lucro é maior quando se tem um Sark Magnos no grupo, faz com que a sociedade hesite em querer tocar em vocês.

— Garota esperta... – falou ele e de repente, abriu um sorriso irônico pra mim. – Mas errou numa coisa.

— O quê seria? – cruzei os braços.

— São dois Sark’s Magnos e não um. – Disse com os dois dedos levantados, ali eu hesitei. Estava pasma, tinha outro ali mesmo no grupo? No Die Solis?! Bem aqui onde estava? Eu gaguejei, mas não foi de medo que eu falei.

— O-onde está?! Quem é?! - Eu estava ansiosa pra saber quem era a pessoa, porque afinal, havia encontrado alguém que sabe e me entende! Um(a) Irmão(ã), alguém em quem posso confiar sem ser o Will!

Eli vendo como eu fiquei animada em saber, parecia que seu sorriso havia se desmanchado, ele encarou os meus olhos como se eu fosse muito tonta, talvez seja por ser uma idiota e, logo depois, ergueu um dedo e apontou pra si mesmo. 

— Está olhando pra ele...

Naquele instante, tudo pra mim fez sentido.


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Notas finais do capítulo

Lis: Idiota, idiota, idiota, idiota, idiota... (segue-se a palavra "idiota" até ela ficar sem voz)
Eu: É muito bobinha essa Lis gente. Mas não é por isso que ela está se autonomeando "idiota", vocês vão chamá-la disso também mais pra frente e vão se autonomear também "idiotas", e eu? Eu não, já sabia já desde do começo. Por isso, só rio da cara dela.



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