É mais um dia comum em Gotham, os ventos gélidos percorrem os picos de gesso que rasgam os céus da cidade suja, está de noite e as sombras batiam nesses picos como se substituíssem as luzes do dia por raios de trevas sobre toda a cidade. É ali que o Batman vive.

Batman estava na sua caverna, a luz do Batcomputador batia em sua face enegrecida pela máscara, nela estava revisando os dados que sabia do individuo que ele apenas conhecia como Gárgula, minuciosamente viu todas as imagens, seu modus operandi, vendo se tinha alguma pista:

— Alguma coisa senhor? – Disse Alfred se aproximando com uma bandeja com vinho e um prato fechado por uma tampa de prata. Era o Jantar e Batman ia passar o resto da madrugada que lhe restou estudando o elemento

— Este é o problema Alfred, não existe lugar onde eu possa puxar informações sobre ele, não foi um cientista que enlouqueceu, ou um fruto de alguma tragédia em uma fabrica cheia de químicos ou qualquer coisa do tipo, ele é só um integrante desses fanáticos que são os Místicos. Mais nada.

— Senhor, o jantar...

— Deixe ai do lado Alfred, eu já como

Alfred fez uma cara amarga, sabia que ele não ia comer tão cedo, e que provavelmente a comida já iria esfriar até lá, soube como identificar essa reação desde o primeiro encontro dele com o Coringa, Espantalho, Charada e Bane. Ele se retirou e tomou as escadas que levavam a parte superior, a mansão Wayne. Ele se sentou na sala quando chegou lá e ligou a TV, nela, passava noticias perturbantes, ele correu para o relógio que dava para a passagem e o abrindo, gritou:

— Patrão! Ligue no noticiário agora!

Batman ouviu atentamente e acionou alguns botões, o sinal de TV passou para a imensa tela do Batcomputador, no noticiário, havia a matéria com a seguinte manchete: “Gárgula ataca o Submundo”, nele, havia a ancora dizendo:

— Diretamente do Planeta Diário News, você recebe a seguinte noticia: o criminoso de Gotham conhecido como “O Gárgula” atacou novamente, mas dessa vez é com o submundo, investigações apontam que ele já retirou do submundo chefões do crime como Valestra e Falcone, e alguns de seus antigos cabeças e braços-direito, como Donald Widenburg, conhecido no mundo do crime como “Saul” e o desaparecimento de vários traficantes, assim como informantes da policia, que se declaram cegos ao o que está acontecendo

Logo após, a figura do Comissário Gordon apareceu na tela:

— A Policia não faz a mínima ideia do que aconteceu e qual o envolvimento do criminoso conhecido como Gárgula no submundo! – Dizia Gordon levantando as mãos para acalmar os jornalistas – Mas ele caçou cada um desses maníacos e Deus sabe o que ele está fazendo com eles em cativeiro!

— Mas você não está achado o trabalho da GCPD um pouco fraco? – Disse um dos jornalistas

— Não, temos os mais limpos e empenhados investigadores no caso, e aliais, ainda hoje, hoje vamos pedir ajuda pro cara lá em cima!

— Pedir ajuda pra Deus comissário?! – Rebateu outro jornalista, ironizando

— Eu disse ir lá encima na cobertura pra pedir ajuda pra uma pessoa muito especial...

Então os jornalistas começaram a gritar sobre como Batman poderia os ajudar, mas o Comissário se manteve quieto enquanto voltava para dentro da delegacia. A Jornalista continuou:

— E com exclusividade, o vídeo que Gárgula mandou para a imprensa, com seu mais novo refém!

E na tela, se viu um ambiente escuro com uma luz, ela iluminava uma pessoa, amarrada com fita isolante numa cadeira de metal e com um saco na cabeça, Gárgula lentamente apareceu por trás do refém e falou:

— Gotham... – Disse com sua voz grossa e contorcida – É a primeira vez que eu falo com vocês – Ele estendeu os braços – A cidade a quem eu devo tanto... Vocês realmente têm uma cidade cheia de sujeira... Sangue... Corrupção... – Ele fungou fundo – Ah... Como é bom estar em casa. Eu venho aqui proclamar o meu domínio sobre Gotham, o domínio das trevas do Gárgula. Eu já capturei a primeira cabeça comandante desta cidade

Ele puxou o saco, era Coringa com fita isolante na boca, seus olhos saltando para a direção da câmera, Gárgula agarrou seu cabelo:

— Esse escroto... Ele é a prova de que se eu tenho o Yin... Eu posso ter o Yang. Batman! Esta mensagem é para você! Eu capturei o seu Nemesis, eu dominei a contraparte predominante sua. Eu te desafio, eu fiz um pacto de sangue que no próximo confronto ou eu morro... Ou Você! Eu vou continuar indo atrás desses... – Disse Gárgula lançando a cabeça de Coringa ao chão – Desses malucos sem objetivo, aconteceu com Valestra, com Falcone, com Saul... E vai acontecer com Pinguim, Mulher-Gato, Charada e tantos outros que você já enfrentou. Eu te vejo Batman, te vejo... Bom, você sabe onde eu estou, não é?

O Vídeo acabou nessa parte, Batman se levantou:

— É isso – Disse ele

— O que foi senhor? – Disse Alfred que chegou do seu lado enquanto o vídeo passava

— É isso, Saul...

— Saul? O Criminoso?

— Ele falou de Saul, mas não falou dos traficantes, ele se referiu a Saul como alguém que ele conhece... Batcomputador! Acessar arquivos de Donald Widenburg

“Acessando” disse a voz computadorizada feminina, uma lista de arquivos apareceu na tela juntamente com uma foto dele. Batman escolheu os arquivos minuciosamente, mas nada, não sabia a relação entre Saul e Gárgula, ele se sentou:

— Deve haver uma ligação, disso tenho certeza...

— É plausível senhor – Disse Alfred o reconfortando – Você ainda vai levar este monstro a justiça

— É um pacto de sangue Alfred, os Místicos podem não ser os melhores integrantes sociais, mas uma coisa eles fazem decerto, sempre falam a verdade. O Pacto de Sangue Místico é pra valer... É ele ou eu na próxima vez.

Ele se levantou e foi na direção da bandeja de Alfred, abriu o prato de comida e lentamente mastigava a lagosta da qual pegou um pedaço:

— Alfred... Primeiramente está muito bom, e segundo, precisamos achar uma maneira de resgatar todos aqueles elementos, sendo eles bons ou não, ou seja...

— Precisamos achar um templo Místico em Gotham

— Exatamente Alfred

Ele continuou mastigando a lagosta lentamente. Estava pensando no que iria fazer a seguir e que teria que estar preparado pra tudo.

Comissário Gordon ligou o Batsinal há algum tempo, já estava considerando em desligar levando em conta o tempo de chegada do recorrente amigo. Estava sozinho na cobertura da GCPD com as mãos enfiadas no bolso de seu sobretudo, quando ouviu uma voz familiar vinda de trás:

— Me chamou Comissário? – Disse a voz

— Ah, Batman! – Disse ele se virado para fitar a única coisa que conseguia ver de Batman naquele breu, seus olhos brancos escondidos na escuridão – Eu só queria saber, algo pra nos avisar?

Batman bufou:

— Gárgula faz parte de uma organização de Místicos manipuladores de realidade – Ele disse

— Não pode ter ninguém normal em Gotham mesmo... Mas e ai?

Um braço saiu da escuridão e se estendeu na direção de Gordon, com um bilhete em sua mão. Gordon o pegou:

— É o endereço do templo deles, preciso que você cerque a área amanhã, Mas apenas depois de eu sair de lá... Gárgula é muito perigoso – Disse Batman

— Certo... O que você acha dele? – Disse Gordon sem embolações

— Ele pode ser uma manifestação da escuridão tão forte quanto eu...

— Tão forte quanto você?! Haha, não conheço um homem mais forte que... – Ele hesitou – Você é um homem?

Batman se manteve mudo:

— Sou o que você quiser, Gordon

Então o vulto negro avançou e raspou a luz ao lado de Gordon, ele pulou da cobertura da delegacia de Gotham e alçou vôo, conseguiu ver ao longe ele passando por entre o Batsinal que recostava pelas nuvens da cidade suja, “Como alguém duvidaria que você não é humano, Batman?” ele falou consigo mesmo, “Afinal, as trevas profundas sempre pertenceram aos morcegos, e não existe trevas mais profundas que as de Gotham, não?”

A Cidade das Trevas nunca dorme, a luz protege os cidadãos de dia, mas a noite é a moradia do Batman.