Cidade que Corrompe escrita por Luk


Capítulo 5
Duas Faces das Trevas




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É mais um dia comum em Gotham, os ventos gélidos percorrem os picos de gesso que rasgam os céus da cidade suja, estava de noite e as sombras batiam nesses picos como se substituíssem as luzes do dia por raios de trevas sobre toda a cidade. É ali que o Batman vive.

O caldo de esgoto escorria por um grande cano que dava em um grande galpão subterrâneo, cheio de tambores de 5 metros e pontes de grade os conectando, o fluxo de água de esgoto caia do cano e passava até canais laterais do lado do galpão, paralelamente. De dentro do cano mal iluminado surgia o homem-morcego, lentamente ele saiu do cano e olhou em volta, não estava muito machucado:

— Claro demais – Ele falou

E então mexeu em algum apetrecho de seu cinto, a maioria das luzes se apagaram, apenas as fracas luzes que iluminam os corredores por cima dos tanques estavam acessas, não se deu pra ver quase nada, apenas que quase instantaneamente Batman se dissolveu nas Trevas, logo atrás veio Gárgula, tirou sua língua demoníaca pra fora e lambeu os beiços, deu um grunhido desumano e disse:

— Apareça Batman! As trevas pertencem aos obscuros, isso não vai ser uma vantagem sobre mim...

— Eu vivo nas Trevas há mais tempo que você, não é um cara novo na cidade que vai se sobrepor a mim – Disse Batman, sua voz vinha de todo o lugar

— De fato, de fato... Tu és o obscuro

Gárgula saiu lentamente do cano de esgoto e adentrou as trevas onde Batman se situava, ele andou lentamente até as únicas fontes de luz que se podia ver, mas ela estava alta demais, ele encostou em um dos tambores e ao fazer isso, foi sugado para as trevas, ele sentiu as garras de Batman o arrastando para mais fundo, para a parte mais escura do galpão, Gárgula jogou os braços para trás como se estivesse possuído por um demônio, ele agarrou o braço de Batman e cravou fundo suas unhas na carne, Batman não deu um sinal de dor, tudo o que ele fez foi puxar o braço, e ao fazer isso as feridas profundas causadas por Gárgula se abriram em um grande buraco no fundo de suas luvas, com o outro braço ele cravou os espinhos de sua luva na mão esquerda de Gárgula enquanto o prensava na parede ao mesmo tempo. Com o espinho da luva de Batman atravessando sua mão e cravando na parede, Gárgula riu, riu da dor que estava sentindo e logo após ele encontrar os olhos de Batman o encarando de perto, ele disse:

— Batman... Você não espera realmente enfrentar alguém a sua altura assim tão fácil? – Disse Gárgula

— Já enfrentei seres muito além da minha altura... E venci todos eles – Disse Batman – Você dilacerou famílias inteiras, trouxe cargas e cargas de drogas para Gotham e como se não fosse suficiente... AS CRIANÇAS!

Quando Batman falou das crianças, o tom de sua voz ficou perturbado e cheio de ódio, ele olhou para dentro de Gárgula através de seus olhos:

— Eu fico com vontade de fazer justiça com as próprias mãos... Monstros como você não merece nem as trevas, muito menos a vida – A Voz de Batman estava mais grave do que nunca

— Incrível... Incrível como a profecia do obscuro pode ter tantas interpretações... – Disse Gárgula impressionado – Você não precisa vir das trevas para servir a escuridão, isso eu aprendi em Metropolis, mas com você aprendi que não precisa vir da luz para servir a vida.

Todas as estruturas do galpão começaram a se debater, estavam ganhando vida através de Gárgula, ele riu:

— Acho melhor você me soltar...

Batman fechou seu outro punho e começou a bater na face de Gárgula, um soco mais forte que o outro, sangue escorria da boca, da boca daquela máscara de plástico que se movia, mas a estrutura não parava de ser abalada, não parava de ganhar vida, vigas de metal vieram na direção de Batman como cobras voam através do ar, dando o seu bote. Batman agarrou a viga que quase lhe atingiu e com ela bateu nas próximas e as desviou facilmente, mas já era hora das barras de aço que sustentam os gigantes barris voar para cima de Batman, ele se soltou de Gárgula e usando seu gancho voou para as plataformas em cima dos barris, quando as barras estavam em rota de colisão com Gárgula, ele simplesmente estendeu, ironicamente, a mão avariada pelo Batman e as Barras pararam no ar, Gárgula olhou para Batman, na luz ele parecia um homem, mas aprendeu a não subestimá-lo. O Conteúdo dos barris começou a vazar, eram elementos químicos que Gárgula não queria conhecer de perto, com um salto sobre-humano ele foi para a plataforma de Batman, e quando pousou já estava com a faca em suas mãos:

— Desista – Gárgula dizia

Batman sacou seu Batarangue novamente, não ia desistir, Gárgula avançou, então começou-se a sinfonia, o estalar de metal no ar, faíscas saindo em conta do toque dos metais, gotas de sangue caindo pintando o chão de escarlate por causa das feridas que um causava no outro, era uma de Batman, duas de Gárgula, outra de Batman, um chute no estomago de Gárgula, até o próprio começar a invocar os objetos novamente, as vigas ganharam vida de novo, dessa vez em maior numero, elas voavam em sincronia na direção de Batman, o cavaleiro das trevas apoiou se no corrimão do corredor de grade e levantou os pés cortando o ar, primeiro deu um golpe em Gárgula com os dois pés e o lançou para longe, depois, com as mãos bem firmes no corrimão, virou de cabeça pra baixo e com os pés chutava as vigas que vinham em direção terminal, eram uma, duas, três, seis, nove, catorze, estava defendendo com toda a força que tinha até uma passar por entre suas pernas e o acertá-lo no ombro, o atravessando. Batman caiu no chão na hora e isso abriu mais a ferida em seu ombro, Gárgula riu e se aproximava lentamente do Batman estirado no chão, o morcego se levantou lentamente para surpresa de Gárgula:

— Quanta força de vontade! Certamente não és humano – Dizia a voz demoníaca contorcida de Gárgula

Batman ergueu o punho:

— Veja Gárgula, com estas mãos, faço fogo

Batman lançou seu braço pelo ar em um gesto de fúria e o chão explodiu, a estrutura da plataforma foi abalada gravemente pelo poder de fogo de Batman, mandando Gárgula para longe. O homem que antes era Richard olhou profundamente para as chamas, a criatura da noite lhe lançou um olhar penitente por trás das chamas, mergulhou nelas e desapareceu, Gárgula soltou um rugido, com um grande sopro apagou as chamas e pulou na direção de onde Batman supostamente foi. Ele sumiu, não sentia mais sua presença:

— BATMAN! – Gritou Gárgula – Volte! Volte para me enfrentar!

Ele rugiu mais uma vez e abaixou a cabeça, no chão de grade daquela plataforma viu o Batarangue deixado por ele:

— Então deixo esta mensagem, cavaleiro das trevas, meu sangue está sobre você, no nosso próximo encontro ou você morre, ou eu!

Ele espremeu a mão perfurada por Batman, varias gotas de sangue caíram sobre o Batarangue deixado ali, e Gárgula desapareceu, deixando a mensagem, o cavaleiro das trevas esta com um pacto de sangue.

O Batmóvel adentrou a imensidão da Batcaverna, de dentro dele Batman saiu com seu ombro ainda com a viga, dificilmente ele se dirigia a enfermaria. Alfred chegou na caverna através de um elevador, de longe viu seu patrão seriamente avariado, ele correu para perto dele, ambos chegaram juntos a enfermaria:

— Patrão Bruce! O que aconteceu?!

— Gárgula, Alfred. O Gárgula aconteceu

— Mas patrão... – Disse Alfred confuso – O Gárgula? O senhor finalmente o achou?

— A um custo – Disse ele sentando na maca da enfermaria – Ele faz parte dos Místicos, e infelizmente é um Obscuro

— O Senhor se refere à ordem do Himalaia que manipula matéria? – Perguntou Alfred pegando os instrumentos para a cirurgia

— Sim, são ótimos quando se trata de manter um nível espiritual moldável, péssimos como integrantes sociais – Disse Batman tirando a máscara e revelando a face de Bruce Wayne, enquanto relaxava o braço – Como você já conhece a história do Obscuro, nem vou me dar ao trabalho de te falar quão perigoso é ter um aqui em Gotham

— “O Obscuro trás as trevas, as trevas que nunca dormem para a região, condenando de várias maneiras a população. Nunca o encontre, nunca o desafie, pois sua morte será rápida, como um pequeno deslize”, O Senhor realmente acredita nisso?

— Eu sou um Obscuro, Alfred. A Prova viva de que nem sempre as profecias estão 100% corretas

Alfred tirou lentamente a viga de ferro do ombro de Bruce, que não demonstrou nenhum tipo de dor, rapidamente ele estancou o sangramento com alguns panos e o deitou:

— Não vai querer anestesia mesmo? – Perguntou Alfred

— Não, pode dar os pontos

Lentamente ele começou a dar os pontos.

Em uma vitrine de uma loja de televisores em Gotham passava o jornal principal da TV, O jornal do Planeta Diário começava com a seguinte frase na manchete: “As Duas Faces das Trevas”, e a ancora dizia:

— Gotham sofre mais do que nunca à noite, a cidade do vigilante conhecido como “Batman” tem tido noites mais terrificas do que o normal após um novo criminoso conhecido como “Gárgula” começar a atacar.

Uma imagem na tela mostra alguns massacres de Gárgula:

— Não se sabe a verdadeira intenção de Gárgula, apenas que ele faz chacinas e controla grande parte do tráfico em Gotham. Em uma busca desesperada por Gárgula, Batman começa a interrogar todos os criminosos de Gotham, desde ladrões comuns até grandes chefes do crime, confira um vídeo de um desses interrogatórios

Na Tela, o foco muda da ancora para um vídeo, nele uma câmera policial grava a apreensão de um criminoso claramente perturbado, algemado e com os olhos saltando para fora, ele sussurrava coisas:

— Qual o seu nome? – Exigiu o Policial, mas sem resposta ele disse – Quem é você?! Responda!

— EU SOU UM INUTIL! A ESCORIA DE GOTHAM! – Ele gritou começando a se agitar – O MORCEGO! O MORCEGO VAI VIR ATRÁS DE MIM! ME LEVA! ME LEVA LOGO PRA PRISÃO, PRO HOSPÍCIO, SEJA LA ONDE FOR, SÓ ME DEIXA LONGE DELE!

Ele começou a correr de um lado para o outro e quando um policial o agarrou, ele urrou de medo, estava olhando para algo no teto de um prédio, quando a câmera policial focou, apenas se viu um vulto preto desaparecendo, o foco voltou para a ancora:

— Certamente Gotham vai sofrer na mão desses dois monstros

As pessoas se aglomeravam de fronte à vitrine, vendo a reportagem, elas estavam com medo, apenas um espectador ficou triste, o espectador que via o povo da vitrine de cima de um prédio, ele estava vestido como um morcego.

Em uma fabrica de brinquedos abandonada, entrava um carro furtivamente, vários maus-elementos entravam na fabrica, eram 5 no total, vestindo sobre tudo, chapéus e armas de grande calibre por baixo dos casacos, eles caminhavam por entre as esteiras cheias de bonecas e controles do grande galpão, até eles chegarem no fim dos corredores, havia uma porta, mas ninguém teve a coragem de abri-la. E então um chegou perto e percebeu que a porta estava apenas encostada, ele a empurrou e viu que a porta dava para um grande cômodo mal iluminado e muito colorido, as cores branco e roxo se destacavam e ao fim da sala maluca cheia de dinheiro, armas, brinquedos e sangue, havia uma cadeira, estava virada para a parede e só se podia ver uma mão com luva roxa em um dos encostos:

— Cheg... Chega... Chegamos – Gaguejou o mais perto

Então a cadeira se virou para revelar um sorridente Coringa, ele olhou para os cinco criminosos e pulou na direção deles:

— AAAH! Howard! Que surpresa agradável te ver vivo, amigo! Vocês todos também rapazes – Disse ele com uma voz alegre

— Oi Coringa – Disse os outros em uníssono

— Ah, por isso eu confio em vocês, são ótimos empregados! Apenas 2 morreram, que eficiência! E então? Trouxeram o que eu pedi?

Eles entregaram uma maleta para coringa, com seu grande nariz ele cheirou a alça e abriu a maleta lentamente, dentro dela estava uma máscara e um chapéu de palhaço:

— HIHIHIHIHIHIHIIIII – Riu Coringa alegremente – Bom trabalho rapazes, ninguém vai morrer hoje! Os maiores artigos de palhaço agora pertencem ao Palhaço do Crime!

Ele contorcia os dedos de felicidade e estava para agarrar ambas máscara e chapéu, até um de seus capangas grunhir de dor e cair em cima da maleta:

— Oh! O Que é isso? Ta querendo que eu mate sua família Howard?! – Raspou Coringa com raiva

Ele jogou o corpo, que logo após percebeu que era morto, de Howard pro lado e viu que o resto de seus capangas estavam mortos, e por cima deles uma figura punk com uma máscara de Gárgula:

— O que que é isso? – Perguntou o Coringa friamente

— Coringa... Eu quero uma coisa de você – Disse Gárgula

— Eu não dou nada para malucos vestidos como motoqueiros! Muito menos pra quem amassou minha coleção super rara de palhaço!!

— Você não esta entendendo Coringa, não estou te dando uma opção

A Cidade das Trevas nunca dorme, a luz protege os cidadãos de dia, mas e a noite?


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