Gato de Cheshire escrita por Aleksa


Capítulo 37
Capítulo 37




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Nunca se esperou que tudo acontecesse tão rápido, assim que alcançaram Impéria, o alarme da igreja começa a tocar, Eliza estava no quarto do rei.

Os Alcoran vão primeiro, seguidos de Cheshire, e por fim dos trigêmeos. Eliza de fato estava no quarto do rei, e já tinha a carta em punho, Halle tem um sono pesado demais para notar, mas o som de Arkadi se atirando em Eliza era o suficiente para acordar os mortos.

- Mas o que é isso?! – ele pergunta, notando a comitiva que apareceu em seu quarto carregando uma assassina procurada.

Eliza já tinha começado a rir, parou e olhou para Halle como se ele fosse uma peste a ser expurgada.

- Você precisa ser lavado do comando desse país, rei ilegítimo! Maldita dinastia!

Cheshire crava um tapa no rosto dela.

- Calada. Dessa vez não vou ser tão bonzinho. Como primeiro ministro do reino Tsaryno, e atual encarregado pela segurança nacional, eu declaro você um presa de guerra, subordinada as ordens do meu país, e será interrogada como tal.

- Como ousa encostar em mim?! Maldito escravo do sistema!  Vou matar todos vocês!

Mais um tapa, do outro lado.

- Quanto menos você falar, melhor.

De volta ao castelo, Cheshire só quer saber quem ajudou ela a fugir.

- Já disse, Irene e Isaac me ajudaram a sair, Irene tem a chave dos cadeados da opressão.

Completamente louca, ela fazia um desenho de lápis de cera no chão da sala acarpetada.

- Aham. E por acaso Irene já lhe disse se era chamada de algum outro nome?

- Não sei. Tem mais lápis de cera?

Trazidos os lápis, Cheshire estava irado, como eles podiam estar dando LAPIS  DE COR para uma ASSASSINA, por ela queria DESENHAR.

Eliza desenhava uma série de flores bonitas que conseguia se lembrar.

- Lembra algo que chame a atenção na pessoa de Irene?

- O cabelo dela, me lembra as cor das flores de Troffles.

Horas e horas se passam, Cheshire começa a ligar os pontos... E se Irene fosse o nome fosse o nome que Eliza dava a Sabrina? Afinal, o cabelo dela tinha cor de flores de Troffles, verdes muito escuras. Um cabelo dessa cor é difícil de encontrar, mesmo em um lugar como aquele.

Ele dispara pela porta, então pela floresta. E, como ele já esperava, encontra Sabrina e Abel conversando, e colocando-os lado a lado, ele pode reparar... Eles são... Parecidos... Céus! Eles são irmãos.

Então no fim das contas Eliza tinha razão, e esses que ela chamava de Irene e Isaac, fossem de fato os nomes de Sabrina e Abel... Assassinos geralmente mudavam de nome para não expor suas famílias...

Os dois são levados ao castelo, Abel não fez o tipo cooperativo, mas Cheshire estava cansado dele. A corte foi reunida, e o destino dos três foi ser traçado.

- Como está indo... O julgamento?  - Charlotte perguntou.

Um suspiro.

- Da melhor forma que algo dessa magnitude pode fluir.

A tensão cresce no ambiente, um dos mensageiros de interrogatório de Tsary entra na sala e olha pra Cheshire, uma conversa silenciosa sendo travada entre os dois, Cheshire se levanta e sai. Charlotte se sente perdida e desinformada, ela também estava começando a sofrer a perda de Mary mais do que de qualquer outra coisa... Estava tudo quieto demais.

No corredor alguma palavras são trocadas entre Cheshire e o mensageiro. Ele está estressado, pressionado, irado com tudo isso, pronto para fazer alguma idiotice... E, por pior que isso fosse, ele ainda pensava em como tinha sido rejeitado por Charlotte anteriormente. Droga, concentre-se! Não há tempo para os seus dramas pessoais aqui!. Ele se repreendia, calando momentaneamente essa insistente voz em sua cabeça.

- Permitiram o seu pedido ministro Aleksander.

- Excelente. Quero uma hora com ele, depois podem indicá-lo a alguém diferente.

- Por favor senhor, tente... Não quebrá-lo.

Sem dizer mais nada Cheshire se volta para o interior da sala de interrogatórios, o sangue fervilhando de raiva e indignação puras. Ele sabia que não havia como juntá-los na cena do crime, a palavra de alguém louca como Eliza não servia de muito. Mas ainda que ele mesmo tivesse de executar os dois, ele o faria, sem nem pensar duas vezes.

Abrindo a porta quase com se quisesse arrombá-la, ainda que ela estivesse destrancada, a batalha de olhares entre ele e seu possível cumplice/agressor (por conta do incidente semanas atrás) o encarava com seus olho devastadoramente frios e irados, claramente não gostando nem um pouco de ser mantido sob custódia real.

- Olha só, estão com falta de pessoa pra mandarem o bicho de estimação da rainha me interrogar? Ela concorda com isso? Oh. Espere. Ela não pode, está em coma demais pra isso. – o sarcasmo pingava em suas palavras, ácido puro.

- Eu me voluntariei. E você não me parece ter muita moral, afinal, foi o próprio “bicho de estimação da rainha” que o arrastou até aqui, mesmo com a sua profunda falta de cooperação. Será que você está ficando velho, Abel?

O clima era frio e pesado.

- O que quer saber? Vamos, pergunte. Eu sou um livro aberto. – ele se recostou na cadeira cruzando os braços.

- Você está amotinado com aquela louca assassina desvairada e despótica, não está?

- Que palavras fortes, eu a chamaria de “inovadora revolucionaria intensa e obstinada”.

- Vou considerar isso um sim. Próxima pergunta. Onde vocês colocaram Mary?

- Quem?

- Mary.

- Ah, a íllis de cabelo colorido extremamente autodestrutiva? Até onde eu sei ela pode ter sido devorada por alguma fera selvagem. Eu sinceramente não ficaria surpreso.

- Isso não responde a minha pergunta.

- Essa é a melhor resposta que posso dar. – ele da de ombros. – Se quer tanto saber, por que não pergunta a Eliza?

Ele sabia que travar um dialogo com Eliza, era quase tão difícil quanto soletrar o nome de todas as sete regiões de trás para frente em latim lido em braile e no escuro.

- Minha paciência para brincar de pega-pega com você está curtíssima Abel. E mesmo que vocês não me digam, eu vou matar a todos vocês.

- Uh, agora sim eu estou assustadíssimo. Escuta gatinho revoltado, eu sei muito bem que se você tivesse argumentos para tocar em um fio de cabelo meu, nós não estaríamos tendo essa conversa, e eu estaria a caminho da forca. – um sorriso sarcástico.

Era demais. Chega dessa palhaçada, Cheshire partiu pra cima dele, não importava o que estava na frente, a mesa, as cadeiras, os guardar da corte, os comandantes do ministério, nada importava. Só uma coisa fazia sentido pleno: Abel iria apanhar, e apanhar MUITO.

Dessa vez os Alcoran estavam longe, rasgando a mata em pedaços atrás de Mary, era um medo de todos que ela estivesse... Bem, definitivamente perdida, e, considerando Eliza, não seria difícil de imaginar essa cena.

- Se você fosse uma assassina socialmente deslocada, onde você esconderia uma refém potencialmente autodestrutiva? – Arkadi perguntou seriamente a Érin, ele tinha uma mania profundamente incomum de colocar as próprias palavras em pauta.

- Em algum lugar que eu achasse que ela se manteria ocupada... Ou que a mantivessem ocupada.

Os Alcoran voltaram-se ao castelo, onde perguntariam aos amigos da desaparecida onde ela poderia se manter ocupada.

Charlotte permanecia calada, sentada sozinha na biblioteca, não queria que os garotos a encontrasse, ela começara a fazer isso desde que o incidente havia começado, e sinceramente eles a haviam visto muito pouco nas ultimas semanas, ela estava se destacando deles e procurando paz nos livros, em algum lugar quieto da biblioteca.

- Íllis! – Arkadi.  – Se você fosse uma garota de cabelo colorido, o que te manteria entretida?

- AH!... –susto inicial. – Arkadi? O que? Do que está falando?

 - Céus Aki. Você não podia ser pior com as palavras. Olá Charlie. Ele quer saber se você tem alguma ideia de algum lugar que manteria Mary interessada por um longo tempo.

- Mary... – uma parada para pensar. – Não consigo pensar em nada logo de cara.

Os outros são chamados, eles justamente procuravam por Charlotte naquele momento. Horas de conversa, Charlotte se levanta de repente, puxando a informação que procurava justamente de um dos livros no qual se afundou nos últimos dias.

- A CASA BOTÂNICA EXÓTICA DOS SETE REINADOS NO CENTRO DE ÂMBAR! – ela dispara de uma vez só.

Os Alcoran sabem onde fica, eles então se levantam e disparam como um raio de luz até lá, deixando os três aflitos na biblioteca.

- Charlotte... – Antonie começa. – Eu sei que as últimas semanas foram dificieis, talvez até demais, mas... Não gostaríamos que você se isolasse. Em momentos como esse temos que ficar juntos e torcer pelo melhor.

Antonie, sempre a voz da razão.

- Eu... Eu sei Antonie, mas... – ele acena negativamente com a cabeça. – Não é nada. Você tem razão, temos que ficar juntos em uma hora como essa, e esperar que tudo dê certo.

- Esse é o espirito. – Will diz, sorrindo e dando-lhe um tapa nas costas que a faz ir um passo para frente.

 Érin e Arkadi chegam à Casa de Botânica Exótica dos Sete Reinados no centro de Âmbar, agora eles iriam entrar, cavar aquele lugar abaixo, achar Mary e voltar... Pelo menos no papel.


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