Gato de Cheshire escrita por Aleksa


Capítulo 35
Capítulo 35




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Todos estavam ocupados com a rainha, mas o barulho daquela briga levou todos para fora, Cheshire nunca esteve tão irado, ele já tinha arremessado Abel em tudo o que era possível, mesmo que alguns cortes se mostrassem visíveis nele mesmo, o jardim estava um caos.

- Só consegue matar coisas que não estão esperando, não? – Cheshire jogava as palavras com desprezo no ar. – Só consegue matar quem não está pronto pra se defender, não é?

- Elemento surpresa é muito importante. – um sorriso irônico se esboçou no rosto de Abel, ele limpava o sangue da boca com as costas das mãos.

Charlotte tentava abrir espaço entre as pessoas e chegar até a frente, ela precisa ver o que estava acontecendo, Cheshire podia estar machucado. Céus, ela não aguentaria se mais alguém estivesse!

Os gêmeos Alcoran se colocaram no meio assim que saíram da zona neutra.

- Param já os dois! Abel você não tem autoridade de usar violência contra um membro Tsaryno, não e sua jurisdição! – Arkadi disparou, metendo-se entre os dois que já ameaçavam começar de novo, Érin se colocou com ele por precaução.

- Ora, calados suas duas aberrações. – Abel disse ríspido. – Eu não aceito ordens de monstro nenhum.

- Vai aceitar por bem... – Arkadi começou.

- Ou vai por mal. – Érin olhava nos olhos dele, e nem de longe se importava em cravar uma estaca de gelo que atravessasse o peito dele, mas ele precisava de uma justificativa, só uma que fosse.

Abel percebeu que diante disso, não havia muito mais que pudesse ser feito.

- Pode demorar, mas eu vou expurgar da terra todos vocês, suas criaturas amaldiçoadas. – ele se virou e voltou a andar.

- VOCÊ NÃO VAI A LUGAR NENHUM! SEU ASSASSINO MALDITO! EU VOU QUEIMAR A SUA ALMA! – Cheshire ia se atirar nele de novo.

Foram necessários os dois gêmeos Alcoran para detê-lo, Cheshire queria sangue, queria vingança, e QUERIA AGORA.

- Me soltem! Eu vou matar aquele assassino miserável!

- Desculpe Aleksander, mas só por cima de nós dois. – Arkadi se esforçava para parar Cheshire, assim como Érin.

- Se for preciso eu faço! Saiam do caminho! Não acredito que estão do lado dele!  Seus dois traidores impassíveis! Foi ele! Ele ajudou no atentado contra a rainha! Eu vou acabar com ele!

Charlotte permanecia parada na multidão... De novo a rainha...

- Não estamos do lado de ninguém, nós somos neutros. Como você tem certeza de que foi ele? – dessa vez foi Érin que falou, Arkadi ainda estava chocado em ser chamado de advogado do diabo.

- Sólon disse! Ele nunca se enganou antes! Me soltem! Me soltem já!

- Como você sabe que ele não se enganou agora?

- AH! – Cheshire parou de lutar pra se soltar. – Chega disso! Me soltem, ele já foi embora...

Aos poucos os gemêos soltaram Cheshire, e vendo que ele não tentou ir atrás de Abel, eles o soltaram.

- Cheshire, nós entedemos que-

- Calem a boca! Não entendem coisa alguma! Vocês se dizem neutros, mas são tão parciais quanto eu! Eu não quero que me dirijam a palavra! NUNCA MAIS!

Em passos duros Chesire cruzou a multidão, que se espremia para deixá-lo passar. Os Alcoran não esperavam por isso... Foi um golpe muito duro, especialmente para Arkadi, que sempre considerou Cheshire um amigo.

Charlotte se apressou pra dentro, ela não sabia se Abel era culpado, mas Sólon sempre tinha razão...

Cheshire se trancara em seu “quarto” no castelo, ele tecnicamente não morava com a rainha, mas desde o início dos ocorridos catastróficos, ele passou a viver no castelo. Meramente por razões de segurança.

Batendo repetidamente na porta, Charlotte esperava que Cheshire abrisse a porta, no mínimo a destrancasse, já ajudaria, ele estava sangrando, todos os médicos estavam ocupados e ela queria ajudar.

- Cheshire! Abra a porta! Eu quero ajudar!

O som de algo caindo no chão e se esmigalhando em centenas de pedaços atravessou a porta de madeira entalhada e fez a mão de Charlotte parar no ar.

- O que você quer? – o vez dele era seca e levemente gritada.

- Você está bem? Me deixe ajudar.

- Vá cuidar da sua vida Charlotte, você já tem coisas o bastante pra se ocupar.

- Você está na lista, abra a porta.

A porta grossa de madeira abafava a voz de Cheshire,  isso a deixava ainda mais afoita, ela não tinha ideia do que ele estava fazendo dentro daquele quarto.

Silêncio, então o som da fechadura abrindo, Charlotte abre a porta tão logo a ouve destrancar.

- Cheshire?

Ele jazia agachado no meio do quarto, pegando os cacos de algo que algum dia devia ter sido um vazo, juntando-os na palma da mão, os olhos ainda negros, ela tinha certeza de que se ela conseguisse distinguir a íris da pupila, veria a fina risca de lápis que ela teria se tornado... Era até melhor assim.

- Você está todo cortado...

- Não é nada grave. Já passei por coisas piores. Como eu disse, ele só caça aqueles que não podem se defender... Escória. – sua mão se fechou em punho ao redor dos cacos, as pontas afiadas pressionadas contra a sua pele.

- Cheshire! – ela se ajoelhou ao lado dele, tentando fazer com que as mãos dele se abrissem, o sangue já começava a pingar dos pequenos cortes.

Ele não se deu conta do fato, olhou pra expressão exacerbada dela e então para a própria mão, abrindo-a e soltando os cacos no chão novamente. Um longo suspiro frustrado cortou o ar.

- Você precisa de um banho... – Charlotte disse, tentando se acalmar. – Você está coberto de sangue... E o pior é que eu não sei onde termina o dela e começa o seu.

- Sabe quando me pregaram naquela arvore, a umas semanas atrás?

Charlotte olhou pra ele, sem muita certeza de onde ele pretendia chegar com isso, mas respondendo mesmo assim.

- Lembro...

Flashes quebraram a barreira que ela tinha criado ao redor daquele dia, mandando pequenas fotos através de seus olhos.

- Eu nunca descobri quem foi o responsável por tudo aquilo... Mas seria necessário mais de um pra me subjulgar....  E se... Essas pessoas estivessem ligadas ao assassinato dos governantes, e tivessem me usado de cobaia pra isso? Pra testar os assassinatos.

- Você acha? Acha que fariam isso?

- Eu acho... E acho que Abel tem algo a ver com isso também...


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