Gato de Cheshire escrita por Aleksa


Capítulo 15
Capítulo 15




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                   Capítulo 15 – Perdoe-me

 

 

Sólon surgiu de algum lugar e disse a Charlotte:

- Não seja tão dura com ele, tem acontecido coisas estranhas por aqui.

- Como assim “coisas estranhas”? – ela perguntou, considerando qual seria definição de “estranho” em um lugar como aquele.

- O mestre Aleksander está mais preocupado com você, por que você é a única que não o escuta.

Sólon mudou de assunto, e Charlotte, como sempre, não notou nada.

- Ah... Vou ouvi-lo mais, não quero acabar machucada... – ela se sentia levemente culpada.

- Faça isso. – Sólon disse, sorrindo novamente.

Charlotte foi para o seu quarto, encontrou Mary, que despejou-lhe uma quantidade infinita de perguntas, e em seguida perguntou se ela havia encontrado Cheshire, já que ele estava aflito quanto ao sumiço dela.

Charlotte simplesmente sorriu, ela queria mudar de assunto, estava se sentindo confusa, culpada e infeliz. Tudo o que ela queria era uma noite de sono.

Na manhã seguinte ela estava menos cansada, mas se sentia mal, montes de sentimentos estranhos e conflituosos brotavam em sua cabeça.

Ela desceu, foi novamente até a mesa de jantar, se sentou, mas, seu café da manhã foi interrompido, ela ouviu um estrondo no jardim, todos saíram, inclusive os quatro.

Um buraco se abriu no chão quando algo foi arremessado com força contra a grama.

Para a surpresa dos quatro pelo menos, Cheshire sai de dentro do buraco, com seus olhos ardendo de ódio.

- Volte aqui Natasha! – ele apontou a outro vulto.

Ele pegou a coisa pelo braço, perna, pata, sei lá, e o atirou com força contra o Muro do castelo.

O impacto derrubou um pedaço do muro, da nuvem de pó saiu uma loira de cabelos presos num rabo-de-cavalo apertado, com roupas pretas de couro tão apertadas quanto seu rabo-de-cavalo.

- Você não devia ter feito isso. – ela ameaçou indo novamente na direção de Cheshire.

- Pode vir. – ele incentivou.

A loira sumiu novamente, se tornando um vulto, que ia rápido demais na direção de Cheshire. Este se deslocou poucos metros, pegou a loira pelo cabelo e atirou no chão, levantando outra onda de choque.

Ele atirou na parede segurando-a pelo pescoço.

- Eu te mato. – a voz dele ela tão inexpressiva que causou um arrepio gelado em todos que assistiam.

A loira empurrou Cheshire com força com as pernas, este voou alguns metros pra trás, até uma árvore parar o seu avanço.

- JÁ CHEGA! –Arkadi gritou de uma árvore. – Vocês estão fora da zona neutra! Isso é propriedade de Tsary! Natasha, vá embora, AGORA! – Arkadi ordenou.

- Você tem sorte de Arkadi estar aqui pra te salvar!

- Cale a boca e morra Natasha. – ele disse com repulsa na voz.

Natasha sumiu novamente, Cheshire passou o indicador por dentro da boca, seu dedo saiu ensangüentado, o gosto férreo alagava sua boca.

Charlotte correu até ele, ela era única que parecia não estar chocada demais pra fazer qualquer coisa, nenhuma das pessoas do castelo moveu um dedo.

- Cheshire!

Ele a dirigiu um olhar frio e indiferente. Ela se lembrou da noite anterior.

- Você está bem?! – ela perguntou aos berros, ajoelhando-se ao lado dele.

- Por que isso te importa? É da sua conta? – ele disse lançando-a um olhar frio.

Ela congelou, ele REALMENTE está furioso com ela.

- Me ajude a levantar Drácon.

Drácon prontamente atendeu ao pedido de Cheshire.

Cheshire se levantou e um tanto machucado caminhou porta a dentro, derrubando pequenas gotas de sangue dos cortes em seus braços.

- Ele nos proíbe de interferir. – Drácon disse, com um certo desconforto na voz, por estar conversando com um íllis.

Depois disso, o dia se passou em silêncio. Já durante a noite Charlotte sentiu um ímpeto de correr pra fora da casa e correr, correr até ela sumir, eram muitas coisas em sua mente ao mesmo tempo, ela enlouqueceria se continuasse assim.

Mary já dormia, pra não acordá-la ela se levantou em silêncio, caminhou até a pequena sacada do lado de fora e olhou pra baixo, vendo a linda imagem do jardim de trás, lugar que ela gostava muito no palácio.

Ela viu a imagem encoberta por sombra da silhueta esguia de Cheshire, sua cauda movia-se involuntariamente como sempre fazia, e ele estava vestido com uma blusa de mangas longas listrada horizontalmente, azul e branca, uma calça de couro preta, e estava por alguma razão sem sapatos. Ele estava sentado no muro parcialmente estilhaçado do castelo, seus olhos tinham cor de gelo, como quando eles se conheceram.

Ela se apoiou na barra varanda, sentando-se em uma das cadeiras brancas de lá, observando como Cheshire era apropriado para aquela cena noturna. Subitamente os olhos de Cheshire se voltaram para ela, encontrando os olhos dela com perfeita exatidão.

Dessa vez ela não desviou o olhar, ela estava muito distante pra perceber o que se passava, pensava em tudo o que estava acontecendo, talvez ela nem tivesse notado coisa alguma.

Cheshire sumiu, a mudança súbita do cenário a fez acordar de seus pensamentos, ele reapareceu novamente na ponta oposta da sacada.

- Charlotte. – ele disse.

Charlotte assustou, pulando na cadeira.

- Che-cheshire... – ela respondeu. - O que faz aqui?

- Você não dorme? – ele perguntou, notando que ele a via mais durante a noite do que em qualquer outro horário.

- Estou com problemas pra dormir.

- Hum... – ele concordou, quase que por obrigação.

- Escuta, quanto a ontem...

- Você não precisa dizer nada, não é mesmo da minha conta.

- Eu não precisava ter sido tão grossa, você só estava preocupado... – ela disse, sem olhar nos olhos dele.

- Por que você não olha nos meus olhos quando fala? – ele disse.

- N-não é nada.

- Tem certeza? Ou não é da minha conta também? – ele perguntou, arqueando a sobrancelha e cruzando os braços.

- Você ficou magoado? – ela perguntou, sentindo o sarcasmo nas palavras de Cheshire.

- Magoado? Não. – ele disse completamente indiferente. – Fiquei revoltado. Você tenta se matar, ignora o que eu digo, não cumpre suas promessas, vai para o bosque durante a noite, coisa que eu expressamente disse que você NÃO devia fazer... E ainda volta cheirando ao Arkadi... – a última parte ele disse num fio de voz praticamente inaudível.

Charlotte ouviu silenciosamente a lista de reclamações de Cheshire, até chegar na última parte.

- Espera, o que o cheiro de Arkadi importa nisso tudo?

- Por que o que não é importante você ouve? – ele diz, desviando o olhar na direção do jardim abaixo deles.

- É importante sim, se faz parte da lista de reclamações.

- Mas você não entendeu que eu...

Ele parou, pensou no que ia dizer, quase como se medisse suas palavras, suspirou, e disse:

- Esqueça, não é nada importante...

- Termine a frase, eu quero saber! – ela gritou.

Nisso Mary acordou, reclamando:

- Charlie...

Charlotte voltou seu olhar por um milésimo de segundo pra dentro, só o suficiente pra responder:

- Já vou.

Ao dirigir seus olhos a direção onde Cheshire se encontrava, este, havia sumido...

- Você não vai fugir de mim Cheshire...


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