Juventude Transviada escrita por Isadora Nardes


Capítulo 13
Capítulo 13 - Jeana


Notas iniciais do capítulo

Trilha: Girls Like Girls (Hayley Kiyoko) https://www.youtube.com/watch?v=I0MT8SwNa_U
Montagem do casal do capítulo: file:///C:/Users/user/Downloads/coisas/dreamcast%20juventude%20transviada/Thauane%20and%20Jeana.jpg



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Jeana saiu de casa quando ouviu uma buzina na frente. Ela foi até o portão. Thauane e Bruno saíram do carro. Jeana cruzou os braços.

  -- Não digam nada – ela disse. – Eu li a conversa lá no grupo – ela fungou. – Só queria saber por que vocês... Vocês não tiveram a mínima consideração de me... Ah, que se foda – ela abriu o portão. – O que vocês têm na cabeça? – ela gritou.

  Bruno limpou a garganta.

  -- Vocês se entendam – Bruno disse, entrando de novo no carro. Thauane franziu o cenho.

  -- O que está fazendo? – ela perguntou.

  -- Deixando vocês se entenderem.

  Ele arrancou o carro. Jeana olhou para Thauane. Estava vestindo suas roupas de sempre, uma blusa branca e um short curto de cintura alta. Jeana fez sinal para que ela entrasse em casa. Thauane se sentou no sofá de frente para Jeana.

  -- Podiam ter me incluído nessa, sabe? – ela disse. – Podiam ter me chamado pra rave, pro café.

  -- O convite era pra todo mundo! – Thauane disse.

  -- Mas não citaram meu nome, citaram? – Jeana perguntou. – Quando eu li aquilo, adivinhei o que tinha acontecido. E só fiquei lá no terraço, fitando o nada, fumando. Não estou nem aí pro Caio morto, pro Gus morto. O Caio era um inútil, mas coitada da Dani. O Gus era um homofóbico da porra...

  -- Jean não concordaria com você.

  -- Foda-se o Jean! – ela disse. – Ele só fode com vocês todos depois fala alguma coisa que faz ele parecer muito melhor do que realmente é.

  -- Pelo menos ele fala alguma coisa – Thauane replicou. – Você tá tão preocupada em parecer bad-ass que nem consegue falar com a gente. Você poderia ter ido e agora não estaria de mimimi pra cima de mim.

  Jeana fungou. Acendeu um cigarro e respirou fundo.

  -- Você trepou com ele? – ela perguntou.

  -- Com quem? – Thauane perguntou.

  -- Qualquer um. Jean, Bruno, Gabriel, Caio, Gus. Nas últimas 48 horas. Me conte, o que você fez?

  -- Paguei um boquete pra um traficante me dar um pouco de cocaína.

  Quando percebeu o olhar de Jeana, Thauane se defendeu:

  -- Não era pra mim! Era pra Katrina!

  -- Nossa, isso faz de você uma freira, né? – Jeana replicou. Estava irritada. – Você nunca realmente fala nada pra mim, né?

  -- Você também não me diz nada. Não sei nem porque continuo falando com você.

  -- Então, talvez, você devesse dar o fora da minha casa.

  Thauane se levantou.

  -- Se eu sair, eu não vou voltar, vou tirar você do grupo – ela disse.

  -- Que medo de você – Jeana disse.

  Thauane saiu pela porta. Quando Jeana ouviu o barulho do portão, alguma coisa nela apitou. Dessa vez, talvez tivesse realmente fodido tudo. Por simplesmente não estar ali, poderia ter estragado toda aquela coisa que chamava de amizade. Disparou pelo quintal com o cigarro na mão e começou a correr atrás de Thauane.

  -- Thau! – ela gritou. Thauane se virou.

  -- Que foi? – perguntou. – Já não foi babaca o bastante?

  Jeana enfiou o cigarro na boca de Thauane e passou os dedos no cabelo da garota. Só naquele momento percebeu que seus olhos estavam úmidos. Fungou.

  -- Foi mal – ela disse. – Eu sou uma idiota, né? Quer saber, me tira da porra do grupo. Não é que eu não me importe, sabe? Eu adoro vocês. Só tô cansada de ser deixada de lado, tá?

  Thauane tirou o cigarro da boca, jogou na calçada e pisou. Aproximou-se de Jeana e deu um beijo no canto da boca dela. Jeana respirou fundo.

  -- Se sente deixada de lado? – Thauane perguntou. Jeana não respondeu. Thauane moveu seus lábios em cima dos de Jeana e os pressionou contra os dela. Jeana pôs a outra mão na nuca de Thauane.

  Jeana empurrou Thauane contra a grade de sua casa e a beijou. Não sabia exatamente o porquê de estar fazendo aquilo, mas sabia que não era sua parte racional que a movia. Quando seus dedos se enroscaram nos cachos do cabelo de Thauane, eram seus instintos. Quando ela aprofundou o beijo, eram seus instintos. Quando estremeceu quando Thauane passou os dedos por suas costas, aquilo era instinto.

* * *

Quando estavam as duas deitadas na cama, lado a lado, compartilhando um cigarro, Jeana começou a pensar no que havia dito. Sim, achava Caio um inútil. Ele não contribuía para nada na vida de ninguém.

  Gustavo havia empurrado Lucas e o xingado na piscina, mas Jeana não tinha certeza sobre o que achava dele. Sabia que ele era rico, tinha um irmão que ela nunca tinha visto, e aparecera com um chupão no pescoço quando tinha por volta de 14 anos. Jeana riu ao lembrar. Thauane olhou pra ela.

  -- O que foi? – Thauane perguntou.

  -- Lembra quando tava todo mundo nessa festa, e o Gus apareceu com esse chupão no pescoço?

  Thauane deu risada.

  -- Posso te contar uma coisa? – Thauane perguntou. Jeana fez que sim com a cabeça. – Eu acho que o Gus pediu pra alguém fazer isso, porque ele não pegava ninguém.

  -- É sério? – Jeana perguntou.

  -- Sim – Thauane tragou. – Que nem você.

  Jeana chutou Thauane e deu risada

  -- Não me chute, eu posso lançar o feitiço da exclusão em você – Thauane provocou. Jeana começou a fazer cócegas nos pés de Thauane, que se encolheu e gritou. Jeana parou bem em cima de Thauane, quando as duas estavam apenas rindo e se encarando.

  -- Obrigada – Jeana disse.

  -- Não fiz nada – Thauane respondeu. – Mas eu acho que poderíamos ir comer um waffle.

  -- Da onde tirou isso?

  -- Ah, eu quero um waffle.

  -- Eu sei fazer panqueca – Jeana sugeriu.

  -- Com chocolate – Thauane exigiu.

  -- Com mel – Jeana mordeu o lábio. Thauane fez biquinho e franziu o cenho.

  -- Vai ter que jogar Nescau por cima – ela disse. Jeana riu.

  -- O que você quiser, rainha dos boquetes de banheiro – Jeana provocou. Ficou em pé na cama. Thauane ficou em pé também, fingindo estar ofendida. Ela respirou fundo, ficou séria e disse:

  -- Bata na sua cara antes que eu bata!

  Jeana começou a rir descontroladamente. Depois de alguns segundos, prendeu a respiração e disse:

  -- Eu estou aqui, não estou de brincadeira, não estou para brincar!

  Thauane e Jeana só se recuperaram alguns minutos depois. E então, foram fazer panquecas, como se nada tivesse acontecido.

* * *

Quando saíram de casa, Jeana havia mandado uma mensagem para Lucas.

Jeana: onde vc tá??

Jeana: pfv vc n pode sumir assim

Jeana: olha eu nunca mais vou fazer panquecas pra você

  -- Claro que panquecas vão fazer ele voltar – Thauane provocou. Jeana deu de ombros.

  -- Pelo menos eu tento – ela disse. Thauane olhou pra ela.

  -- Tá dizendo que eu não tento? – ela perguntou.

  -- Não tô dizendo nada, mas só quero te lembrar que... Se me ataca eu vo ataca!

  Thauane deu risada. Jeana achou estranho o que sentiu – parecia que estava absolutamente hipnotizada pela risada dela. Quando elas chegaram no ponto de ônibus, ficaram encostadas na grade, ouvindo música, olhando pro céu, esperando algo altamente emocionante acontecer.

  -- Você sabia que eu faço balé? – Thauane perguntou. Jeana olhou pra ela.

  -- Não brinca – ela disse.

  -- É sério – Thauane disse. – Eu até que sou boa, mas... Eu faço isso especialmente pra quando eu precisar chutar a cara de alguém.

  Jeana deu risada.

  -- Você tem aqueles vestidos... saias... Tipo, tutu?

  -- Tá no fundo do armário, sabe? Como se fosse um esqueleto – Thauane disse.

  -- Por que você nunca diz pra ninguém?

  -- Imagina o quanto eles iam dar risada.

  -- Que nada. Aposto que você fica diva.

  -- Na próxima festa da piscina que a gente fizer eu entro na piscina de tutu.

  -- To esperando pra ver – Jeana sorriu.


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Notas finais do capítulo

Reconhecem os meme da inês brasil? :v



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