A Inútil Capacidade de Ser Receoso escrita por Fabrício Fonseca


Capítulo 15
Quatorze




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Depois de pagar o salto de nós quatro, saio da pequena loja pintada de tinta azul e me encontro com Aline, Marcos e João ao lado do carro que vai levar a gente até o lugar do salto – na verdade é um caminhão, com uma daquelas caçambas com bancos para levar muitas pessoas.

Subimos na caçamba juntamente com mais dois caras e logo o caminhão sai andando em direção á saída da cidade. Durante o caminho nós quatro vamos conversando e rindo alto, e os dois caras olham para gente com a cara fechada o que acaba nos fazendo rir mais.

Depois de subir por um longo caminho finalmente chegamos á nosso destino, assim que o caminhão para perto de uma casinha de madeira pintada do mesmo tom de azul da loja eu vejo um avião monomotor branco parado á uns 300 metros de nós.

—Bom dia á todos – um cara diz ao parar na saída da caçamba. – Meu nome é Fábio e eu serei um dos instrutores de vocês, por favor, me acompanhem. 

Todos descemos do caminhão e vamos andando atrás dele que vai em direção da casinha azul, quando paramos do lado de fora dela, ele fala:

—Prestem bastante atenção no que eu vou falar, é tudo muito importante.

 E então ele começa á nos explicar sobre como se abre o paraquedas, sobre cordões de segurança e tudo mais – ele fala sobre exatamente tudo á respeito do salto de paraquedas, apesar de que vamos pular junto com instrutores. Depois ele nos faz deitar de barriga para baixo encima de uns bancos para que aprendamos quais as posições corretas.

Quase uma hora depois estamos todos prontos vestidos com grandes macacões e uns óculos estranhos de plástico; Aline, João, Marcos e eu vamos pular primeiro – os dois caras que vieram com a gente optaram por esperar pelo nosso salto para irem depois, estranhos— e eu posso sentir que os três estão tão animados quanto eu. Subimos no avião juntamente com os instrutores e logo o avião começa a se movimentar e não demora muito para que estejamos voando e subindo cada vez mais.

—Isso é maravilhoso! – Digo em voz alta olhando pela janela para as nuvens. 

—Eu não acredito que vamos mesmo fazer isso – João fala rindo.

Os instrutores grudam nossas roupas as deles e colocam os paraquedas; assim como os outros, a instrutora que está comigo segura uma câmera portátil na mão direita, eu paguei á mais para que o salto de nós quatro fosse filmado.

Alguns minutos depois o piloto avisa que estamos na altura certa para o salto e então a porta do avião é aberta e eu sou atingido por uma lufada de ar gelado e começo á rir.

—Preparado? – A instrutora que está comigo pergunta e eu apenas balanço a cabeça dizendo que sim.

Vamos para mais perto da porta e então nos jogamos para fora do avião... E tudo é tão maravilhoso que eu simplesmente começo á gritar. Posso ver toda a cidade daqui de cima e mais ao longe no céu alguns pássaros voando, a sensação do vento forte em meu rosto é espetacular!

Logo João, Aline e Marcos estão com seus instrutores do meu lado e posso ver em seus rostos que estão sentindo a mesma alegria que eu.

Alguns segundos depois – pelo menos pareceram apenas segundos para mim – a instrutora puxa o cordão que abre o paraquedas e nós subimos rapidamente com a força do vento na lona; olho para cima e sorrio ao ver o desenho da águia no paraquedas. Descemos devagar e enquanto olho para todos os lados tentando registrar em minha mente tudo o que posso desejo que esse momento seja eterno.

Quando chegamos ao chão corremos um pouco para que a lona não caia encima de nós e tudo que eu sinto é que queria mais – mas infelizmente nada é eterno nessa vida, principalmente os momentos felizes.

Encontro os outros perto da casinha azul uns dois minutos depois e nós nos abraçamos sentindo a mesma emoção, com as mãos geladas, os corações acelerados e respirando depressa.

—Isso foi... – Marcos começa á falar, mas não termina a frase.

—Maravilhoso! – Aline diz com um sorriso enorme.

—Espetacular! – João fala passando a mão na cabeça.

—Inesquecível! – Eu digo e eles concordam com a cabeça.

Minutos depois pegamos os DVDs com os nossos vídeos do salto e vamos embora só os quatro na parte de trás do caminhão.

—Isso tudo foi tão especial que fez eu me lembrar do melhor dia da minha vida – digo sorrindo.

—E como foi esse dia? – João pergunta.

—Conta Thomás – Marcos diz. – Nós amamos ouvir essa história. – Aline balança a cabeça concordando.

Abaixo a cabeça sorrindo antes de começar á falar.


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