A Inútil Capacidade de Ser Receoso escrita por Fabrício Fonseca


Capítulo 14
Treze




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—Não se esqueça de me chamar para a próxima festa, Thomás – Pedro, um colega meu que teve tipo um coma alcoólico fala ao passar sendo levado pelo paramédico na maca.

Nós tentamos acordá-lo de várias formas – até mesmo jogando água em seu rosto –, mas nada adiantou então decidimos ligar para o 192 e eles chegaram bem depressa e logo injetaram algo no braço do garoto e ele acordou, mas para garantir decidiram levá-lo para um hospital para ser observado por um tempo.

—Pode deixar Pedro – digo antes que a porta da ambulância seja fechada e então me viro para João, Aline e Marcos que estão ao meu lado: – todos já foram embora?

—Nós olhamos em todos os lugares – Aline começa á falar.

—Até mesmo debaixo da pia da cozinha – Marcos fala a interrompendo.

—E no meio das flores do jardim – João diz.

—E não encontramos mais ninguém. – Aline completa.

Começo á andar em direção da área da piscina e eles me seguem.

—Alguém se lembra de algo depois que nós começamos á beber tudo que a gente levava para Ícaro? – Digo enquanto começo á catar os copos descartáveis do chão. – Eu só me lembro de ter me deitado no escritório do meu pai.

—Não me lembro de nada! – Aline e Marcos falam juntos.

—Eu me lembro de cada detalhe sórdido – João fala de forma dramática e nós rimos. – Ao contrário de vocês eu não bebi. Nada alcoólico pelo menos. Uma vez eu fiz uma promessa á mim mesmo que nunca mais beberia nada com álcool.

—E como você acabou indo dormir no meio das margaridas da minha mãe? – Pergunto.

Ele ri e então começa á falar:

—Vou contar tudo para vocês entenderem – começamos á arrumar as coisas enquanto ele fala. – Depois que vocês começaram á beber loucamente uma garota loura e muito alta apareceu e Thomás e Marcos começaram á agarrar ela os dois juntos.

—Garota loura e alta? – Penso por um momento e então me lembro quem é. – Mariana. – Digo e Marcos imita minha cara de “eu não devia ter feito isso”, Mariana é uma garota da escola muito chata e grudenta que ele ficou uma vez.

—Eu acho que posso ter ouvido um de vocês chamarem ela assim – João continua. – Depois de alguns minutos Thomás deixou Marcos e a garota loura e foi atrás de outra garota de cabelo vermelho que eu não vi o rosto. Eu continuei dançando do lado de Aline e Ícaro que estavam quase fazendo sexo ali no meio da sala e eu falei para irem para algum lugar fechado antes que uma criança fosse concebida ali na minha frente.

—E para onde a gente foi? – Aline diz rindo.

—Em primeiro momento eu não soube e sinceramente não me importei porque depois vi que estranhamente todo mundo estava se pegando loucamente. – Ele para por um momento como se estivesse processando em sua mente a lembrança da festa. – Então eu vi Marcos discutindo com a tal da Mariana e depois que ela foi embora ele veio dançar ao meu lado.

—Acho que me lembro da discussão agora – Marcos fala segurando o saco preto que estamos jogando o lixo. – Como sempre Mariana não consegue entender que eu sou assexual.

—Bem, continuando – João fala. – Depois de algum tempo eu comecei á me sentir cansado e disse para o Marcos que ia dormir e ele me disse que ia nadar um pouco; eu fui para o quarto de hospedes, mas tinha umas seis pessoas ou mais se pegando lá então decidi olhar os outros quartos, e estavam todos ocupados. Eu até fui até o seu quarto Thomás, mas Aline e Ícaro estavam lá totalmente seminus.

Totalmente seminus— Aline diz rindo da expressão dele. – Me lembrei agora, Eric e Jorge estavam deitados na sua cama quando chegamos ao quarto e nós os expulsamos de lá.

—Então eu decidi que ia procurar algum lugar aqui fora para dormir. Enquanto atravessava a multidão vi o Thomás beijando um menino alto com a cabeça raspada – ele fala e olha para mim rindo. – Por Deus Thomás, você fica com toda a sua escola?

—Eu sou muito piranha, sim! – Digo rindo também.

—Então enquanto eu andava do lado das margaridas me desviando das pessoas bêbadas alguém esbarrou em mim e eu caí sobre as flores, mas toda vez que eu tentava me levantar alguém me empurrava de volta – ele joga com força um copo dentro do saco que Marcos segura enquanto andamos pelo gramado. – Alguns minutos depois, ainda sentado nas margaridas, eu vi Aline e Ícaro andando em direção á piscina, e vi que Marcos já estava lá deitado, e como estava muito confortável lá nas flores decidi me deitar e dormir.

—O garoto da cabeça raspada era o Eric, ele me agarrou – digo ao me lembrar um pouco mais do final da festa e Marcos e Aline riem porque Eric é namorado do Jorge. –A gente ficou um bom tempo se beijando, aí depois o Jorge apareceu e enquanto os dois brigavam eu fui me deitar no escritório do meu pai.

Continuamos á pegar tudo que as pessoas jogaram pelo chão até que meu pai chega e fica tão assustado com a bagunça que manda Márcia chamar uma empresa de limpeza para arrumar a casa e diz para irmos fazer outra coisa. Vamos os quatro para meu quarto e depois de tomarmos banho decidimos sair para a rua.

—O que vamos fazer agora? – Aline pergunta.

—Não sei – digo e levanto a cabeça olhando para cima e vejo um pássaro dando um rasante no céu. – Na verdade eu sei sim, nós vamos finalmente saltar de paraquedas.

—Super apóio essa ideia – João fala sorrindo.

—Você ta falando sério? – Marcos pergunta.

Desde que uma empresa de esportes radicais foi aberta aqui na cidade no final do ano passado eu tenho prometido que nós três vamos saltar de paraquedas e eu sempre acabo indo até lá e desistindo na última hora – eu tenho um pouco de medo de altura, então não queria que eles fossem mesmo que fosse sem mim –, mas agora decidi que não vou desistir dessa vez.

—Acho que nunca falei tão sério sobre isso – Digo sorrindo.  


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