A Inútil Capacidade de Ser Receoso escrita por Fabrício Fonseca


Capítulo 13
Doze




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Assim que Aline estaciona o carro na garagem de casa desço do carro e vou correndo para o escritório do meu pai, mas ele e Frederico não estão lá; vou à cozinha e os encontro almoçando.

—Vou fazer uma festa aqui em casa para me vingar do Frederico Batista que me encheu o saco na noite passada – digo para ele.

—Esse Frederico é o filho de Roger Batista? – Meu pai pergunta e eu sorrio ao confirmar balançando a cabeça; meu pai odeia o pai de Frederico porque uma vez Roger tentou sabotar uma construção dele, essa é uma história muito antiga, mas o meu pai nunca se esquece dela. – Márcia! – Meu pai chama pela ajudante do nosso cozinheiro. – Mande comprar tudo o que Thomás pedir e arrume algumas pessoas para ajudar hoje de noite. Vamos ter uma festa aqui em casa. 

Vou andando para perto da escada e Marcos, Aline e João me seguem.

—Vamos fazer assim – falo. – Aline e Marcos vão avisar á todos que conhecemos sobre a festa (principalmente aqueles que conhecem o Frederico); eu e João vamos decorar a casa.

—Eu não sou muito bom com decorações – João fala. – A não ser que você queira tudo em um padrão de verde-escuro e branco.

—Com toda certeza não, preferiria tudo preto. Você ajuda Aline á mandar mensagens, então – entrego meu telefone para ele. – Marcos você me ajuda na decoração.  

Aline e João sobem para a biblioteca já começando á mandar as mensagens, Marcos e eu vamos para o quartinho onde guardamos as decorações – fazer esse quarto foi ideia da minha mãe porque nós sempre produzimos festas demais aqui em casa, então é mais fácil simplesmente ter todo tipo de decoração para qualquer tipo de festa temática do que estar sempre comprando mais.

—Então, como acha que devemos montar a decoração? – Pergunto para Marcos enquanto abrimos algumas caixas.

—Vamos decorar tudo com as cores do arco-íris – ele fala. – Quando o Frederico ver as fotos dos convidados na internet, com uma decoração tão simbólica...

—Ele vai pirar pelas pessoas terem trocado a sua festa por uma de temática LGBT. – Completo seu raciocínio sorrindo de orelha á orelha, e então começamos a levar tudo que seja de uma das cores do arco-íris para o lado de fora.

Você pode pensar que talvez eu esteja sendo precipitado demais ao ter tanta certeza que as pessoas deixarão de ir para a festa do Frederico para vir a minha, mas o fato é que todos amam as festas que nós damos, todos adoram participar das festas dos Lavorini; mas nos últimos meses nós não temos feito nada em casa, por causa do cansaço constante da minha mãe causado pelo tratamento, então ao saberem que a nossa casa estará “agitada” novamente é meio que de se esperar que as pessoas irão querer estar aqui para a minha festa.

—Thomás – Márcia me chama da porta da cozinha quando coloco uma caixa grande no meio do hall. – O que você precisa que eu compre? 

Começo á listar para ela nome de bebidas e comidas que eu quero, enquanto falo rapidamente ela anota tudo em um caderno e quando eu termino de falar ela ri.

—Trarei tudo o mais rápido possível – ela diz e então volta para a cozinha.

—Vinte e uma horas é tarde demais? – Aline diz descendo a escada. – Você não nos disse que horas a festa será.

—Vinte e uma está perfeito, já terminaram?

—Não, o deixei sozinho por um momento; vou beber algo estou com sede– ela diz andando em direção á cozinha e antes de entrar fala: - garoto eficiente esse João. – Eu e Marcos rimos.

—Então, mãos á obra – digo e começamos á arrumar a decoração.

*

As 20hrs30min Aline termina de se arrumar – nós decidimos que cada um de nós deveria usar uma das roupas que escolhemos na seção de fotos hoje de manhã, então estamos os quatro vestindo roupas da moda – ela foi à última á ir tomar banho então nos sentamos na biblioteca e começamos á conversar enquanto esperávamos por ela.

—Ainda falta terminar algo? – Ela diz escorando na porta da biblioteca.

—A decoração está completa, as bebidas estão no congelador e os garçons estão á postos – eu falo. – acho que tudo já está pronto.

—Ah, os caras que vão fazer os coquetéis também já estão prontos – João fala e eu balanço a cabeça concordando.

—E eu já montei minha mesa de som – Marcos diz; mais cedo o pai de Aline trouxe toda a aparelhagem de som dele e 15 minutos depois tudo estava arrumado.

—Agora só precisamos esperar pelos convidados – João fala se levantando.

—Vamos tomar algo enquanto esperamos – digo.

Vamos os quatro lá para baixo e pedimos um dos barmans para fazer uns coquetéis e nos divertimos enquanto ele faz a bebida e dança. Quando já estamos cada um com uma bebida meu pai aparece com Frederico ao seu lado.

—Meninos, nós vamos sair para continuarmos á resolver nossos negócios e deixar vocês com sua festa – meu pai fala. – Thomás alguns de seus convidados já estão lá fora esperando... Por favor, comporte-se.

—Isso seria impossível – digo e saio andando indo em direção a saída.

Aline, Marcos e João param atrás de mim antes que eu abra o portão, viro e olho para eles sorrindo antes de destrancá-lo. Quando abro o portão tomo um susto ao ver que o “alguns de seus convidados” que meu pai falou são umas três dúzias de pessoas que estão aglomeradas na entrada de casa.

—Espero que estejam todos prontos para a festa – digo alguns segundos depois e todos a minha frente gritam e consequentemente mesmo os que estão muito longe para me ouvir gritam.  

Saio do caminho para que as pessoas entrem e quando me viro apenas Aline e João estão ali, Marcos já correu para dentro de casa e então ouço música começando a tocar alto.

Meia hora depois o número de pessoas espalhada por minha casa mais que dobrou, decido dar uma volta pelo jardim para dar uma olhada nos convidados e Aline e João me acompanham.

—Metade da escola já postou alguma foto da nossa festa – Aline fala com o telefone na mão direita. – Eles estão até usando a hashtag #OsLavoriniEstãoDeVolta. – Nós três rimos. – Mas até agora nada sobre a festa do Frederico.

Andamos um pouco mais pelo jardim até que encontramos um grupinho da escola, que eu sempre me recusei á participar, no lugar onde Marcos, Aline, João e eu acampamos na noite passada, todos sentados no chão e bebendo. 

—E aí Thomás – Bianca, a menina que senta em minha frente na escola, fala enquanto se levanta. – Essa com toda certeza vai ser a melhor festa que todos nós já fomos – todos do grupo gritam concordando. – Ainda bem que não fomos à festa do Frederico. – e então ela sussurra: - Nem os amigos dele foram. – Olho por cima de seu ombro e vejo os amigos de Frederico sentados com o grupo.

—Que bom que estão realmente gostando da festa – digo sorrindo e então me viro e vou andando em direção de casa.

—Bem, parece que o plano deu certo – João fala rindo.

—E como deu, agora sim podemos aproveitar a festa.

*

Duas horas depois Marcos coloca uma playlist só com músicas eletrônicas para tocar e nós quatro nos embrenhamos em meio às outras pessoas para dançar juntos no meio da multidão. Nós rimos e bebemos muito e mesmo depois de umas dez músicas ainda estamos completamente animados. De repente Ícaro, o namorado de Aline, aparece com seu cabelo preto todo penteado e nós tentamos fazê-lo beber, porque ele é sempre certinho demais, mas no fim somos nós que acabamos bebendo tudo.

Horas depois cambaleio pelas pessoas bêbadas que estão dormindo espalhadas pelo chão da minha casa, de repente sinto vontade de vomitar e solto tudo dentro de um vaso de samambaia na saída de casa. Caminho devagar pelo jardim, o sol já está nascendo e o brilho dele faz meus olhos arderem; encontro Aline dormindo ao lado da piscina agarrada á Ícaro, Marcos está do outro lado com as duas pernas dentro da piscina e sem camisa, João está perto de casa dormindo no meio das margaridas da minha mãe.

Pulo na piscina para tentar acabar com a ressaca que estou sentindo sem nem mesmo ter dormido – eu deitei no chão do escritório do meu pai, mas não consegui dormir, apenas fiquei me virando no chão e pensando – e cinco minutos depois saio e acordo Aline, Marcos e João para me ajudarem á mandar as pessoas que estão espalhadas pela minha casa irem embora.


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