Uma bela coincidência escrita por irritabiliz0u


Capítulo 4
4 - Ela




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Chris não se convenceu que eu consegui emprego. Não é difícil de entender né?

—Mas é sério! Vou ser empregada doméstica.

—Exatamente. Você faz faculdade de moda caramba! Onde já se viu trabalhar como empregada, e a sua faculdade? Como fica? – a enfermeira que passa ao nosso lado no corredor faz sinal para falarmos mais baixo.

—Vou guardar dinheiro e quando tiver suficiente volto para a faculdade. Não é vergonha nenhuma trabalhar em tal profissão seu hipócrita!

—Hipócrita? Eu? Ah, não cai nessa menina.

—Sua mãe, a mulher que te deu a vida foi empregada a vida toda, então nem vem me criticar, eu vou trabalhar e ponto.

Pego a bolsa e vou me despedir de Vivian. Onde já se viu alguém mandar em mim.

***

São 7h:30min, vou começar agora o meu trabalho. Estou indo com um vestidinho florido comum e uma sapatilha, sem maquiagem. Espero que não seja muito cedo para ir, penso que não. Chegando à casa, toco a campainha e o mesmo me recebe sem camisa e com cara de sonolência. Tento não me distrair com tal.

—Bom dia! – sorrio.

—Boa... Er... Entra Catherine. – faço o que manda.

A casa é simplesmente linda. Tem uma escada à direita que se divide em dois indo para o segundo andar. Debaixo da escada há um quartinho que fica as coisas de limpeza. Há tipo um home quando você desce da escada e só depois você vê a sala. Ela é enorme com sofá em formato de L que pega quase duas parede inteiras e na frente dele um móvel com videogames, DVDs e televisão de tela plana enorme, tapete aveludado, e o mais engraçado é que a cozinha e a sala são separadas por uma porta de correr de vidro e depois ela dá acesso à um outro cômodo, acho que para festas. É semelhante à sala anterior mas não é dada muita atenção, acho que é porque o dono da casa não está muito afim de correr risco dos aparelhos eletrônicos e bêbados.

A cozinha se mescla com a sala, e é linda. Adorarei me perder na culinária nesse ambiente. Há quartos com banheiros, todos bem neutros, e depois da divisão das portas. Acho que o Sr. Raphael não dá tanta atenção aqui como lá. E no fim da casa uma área de lazer com piscina, churrasqueira e essas coisas, estacionamento também.

—Bom é isso, o andar de cima é só meu e meus pais não moram aqui, – concordo com a cabeça, - O uniforme fica embaixo da escada e tal, você não precisa arrumar o andar de cima, esse é por mina conta.

 -Tudo bem Sr. Raphael. – ele passa os olhos pelo meu corpo mordendo o lábio novamente e me responde.

—Só Raphael por favor, tenho só 21. – sorri – Bom, agora irei sair para trabalhar, volto a noite. Pode fazer algo pra comer e tal, e quando terminar tudo pode ir embora. Se quiser. – pega as chaves e sai de casa.

Assim como cheguei aqui, ele foi embora. Rapidamente. Bom, vai ser um trabalho e tanto para limpar tudo isso aqui, até porque só parece que essa casa só parece que é limpa, estou vendo poeira em tudo quanto é canto.

***

Sala principal limpa, tirada todas as caixas de chiclete, e pizza, poeira limpa. Está impecável. Cozinha, tudo lavado, secado e guardado nos devidos lugares, lixo trocado. Todos os quatro quartos do andar de baixo, trocados os lençóis sujos, limpado os banheiros, varrido e passei pano em tudo. Só o que falta é varrer e passar pano em todo o andar de baixo, passar na sala secundário e ver se tenho que fazer alguma coisa na área de lazer. E lavar as roupas de Raphael.

Já são 15:00 e minha barriga ronca. Quando você abre a geladeira ou a dispensa dessa casa você se depara com MUITA comida, mas me alimento só de ovo mexido.

O uniforme parece aqueles de American Horror Story, da personagem Moira, quando jovem. Me pergunto se é pra eu parecer uma prostituta fantasiada de empregada, ou empregada mesmo. Estou sentada no banco da cozinha comendo quando ouço a porta batendo, no susto coloco lentamente a frigideira na bancada e pego uma faca do faqueiro e vou andando lentamente até o corredor de quartos.

Abaixo a faca e tento não rir quando vejo Raphael se amassando com uma platinada que ele trouxe. Ela está imprensada na parede contra ele e o mesmo lhe beijando ferozmente, decido que basta eu olhar aqui e volto para onde estava. A porta se fecha e em menos de dois minutos fico ouvindo os gritos estrondosos da menina.

Passa-se umas duas horas e aqueles dois ainda não saíram do quarto. Estou inquieta, não por ele, mas sim porque tinha acabado de limpar aquele cômodo.

Me troco e estou deixando um bilhete em cima do balcão quando alguém sai e dá sinal de vida. Recolho o papel.

—Oi – pronuncia com a voz rouca e apenas com uma toalha na cintura – Obrigado por... limpar tudo isso aqui.

—Que nada, deu muito trabalho mas foi normal. – disfarço sorrindo – preciso conversar com você a respeito do salário.

—Ah sim, um salário mínimo de R$1.500,00? – fico pasma.

—R$1.500,00? Rafael é muito não? – seu olhar duro se suaviza.

—Se você conseguir aguentar essas meninas aqui eu te dou é muita mais coisas Catherine – percebi o sentido duplo dessa frase.

—Tudo bem, de qualquer forma muito obrigado. Estava precisando desse dinheiro! – Baixo o olhar sorrindo e percebo que ele faz o mesmo tentando não demonstrar.

—Rafa você não vai voltar não amorzinho? – a menina aparece nua, apenas de calcinha de renda quase tudo transparente no batente da porta do quarto. Me viro tentando disfarçar, pegando minha bolsa. Rafael bate na pedra e é grosso com ela.

—Você não vai voltar pro seu ponto não menina? – em menos de cinco minutos ela está vestida e batendo a porta da casa, furiosa claro.

—Precisava ser tão grosso? – pergunto tentando não invadir seu espaço pessoal, entre ele e a preciosa maçã que come.

—Ela é uma vadia de quinta – dá de ombros – não merece respeito. - cruzo os braços e falo sério.

—Todos nós merecemos respeito, não é porque você tem muita grana que vale o chão que pisa – posso até ser demitida, no primeiro dia ainda, mas tenho que ser justa.

—Até quarta Catherine – ele finge que não me ouviu, e não preciso brigar pra saber que estou certa. Pego as minhas coisas e vou até a porta.

—Até quarta, Rafael – vou embora daquela casa, indo novamente até o hospital.

Uma coisa que eu aprendi durante minha vida é que não devemos levar problemas de trabalho para casa. Por mais que onde eu esteja não seja a minha casa, não tem cabimento perder tempo com isso. Se ele acha que pode agir assim, sem mais nem menos, vou mostrar pra ele como deve agir.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, beijos e até o próximo capítulo!



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