Uma bela coincidência escrita por irritabiliz0u


Capítulo 3
3 - Ela




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Agora, dois dias depois do acontecido, Vivian está estável. Se recuperando e bem.

Para não me sentir tão sozinha chamei Chris para me ajudar a arrumar a casa que estava um pouco bagunçada, como por exemplo caixas de pizzas e comida japonesa espalhadas por aí. Com certeza minha amiga não estava se dando bem com tudo isso, sozinha. Ainda não desisti de saber quem era aquela homem que a agredia.

Decido que está na hora de parar de me acomodar aqui sem fazer nada, até porque todos sabem que não gosto de ser dependente. Tento conversar com Chris mas ele não aceita que eu já vá procurar emprego.

—Mas já? Pensa mais, a Vivian precisa de você, de nós Cath.

—Isso mesmo, se eu ficar aqui vou comer a comida toda e depois ela não vai ter comida. – desculpa besta, eu sei.

—Nem vem.

—Eu já me decidi Christian, você fica com ela enquanto eu procuro emprego. Só tenho 19 anos, duvido que alguém vá querer me contratar se eu estou no meio da faculdade.

Sim, eu só tenho dezenove e estou no segundo ano da faculdade de moda, ou estava já que agora me mudei. Eram quatro anos e só completei a metade, e torço por achar logo algo para me ocupar. Quando estiver com dinheiro suficiente, volto a faculdade.

—Que saco Catherine! – passa as mãos pelo cabelo e depois as põe na cintura, não nos chamamos pelo nome inteiro apenas quando é seria a briga.

—Por favor Chris – o abraço – eu preciso disso.

—Vai logo antes que eu desista. – cede e bato palmas.

***

—Quantos anos você tem mesmo? – o dono do restaurante me pergunta novamente.

—19.

—Mas és muito nova para esse trabalho. Nesse ambiente temos que ter profissionais competentes e não uma adolescente.

—Passei 2 anos trabalhando em um local que era mais limpo que isso que você chama de estabelecimento. Tudo bem, não quer me contratar eu procuro em outro lugar. – me levanto da cadeira pegando a bolsa e meu currículo.

Aqui era a sétima opção e a última da minha lista, agora não tenho onde procurar. Hóteis, restaurantes... Como garçonete ou qualquer coisa, eles não me aceitaram. Sento na escada que tem quando você sai do restaurante, coloco os braços em volta das pernas e abaixo a cabeça bufando.

—Você está bem? – pergunta uma voz feminina colocando as mão em minha costa. Dou um pulo de susto -Desculpa – se retrai.

—Que nada, só não esperava que sabe alguém me perguntasse se estou bem – rio fraco.

—Não é normal? Ser educada?

—É, enfim.

—Dia ruim? – se arrisca.

—Semana ruim. – ela me analisa dos pés à cabeça. Estou vestindo uma calça jeans de cintura baixa e uma camiseta normal com um decote leve e uma sapatilha. - Algum problema?

—Não é que... Bom, se você se vestir assim esse pessoal não te contrata. Tenta trabalhar na região mais riquinha, acho que você consegue. – começo a rir.

—Se nem aqui me contrataram por que lá?

—Gostam de empregadas bonitas – dá de ombros e por um momento analiso a possibilidade.

—Ok. Obrigado. – me levanto e sorrio pra ela – Vou lá.

Se despede de mim e me dirijo ao carro. Estou com um ponto de interrogação na cabeça, será que vou? Nem que seja só pra tentar ou pra limpar o chão vomitado da ressaca de um velho, desde que eu tenha dinheiro para comer tudo bem. No jornal que tinha visto as vagas também tem da região de classe alta, então marco algumas casas em condomínios e dirijo para o mais próxima.

***

Era só o que me faltava. Marquei cinco lugares, quatro estavam fora de casa e essa quinta está tendo uma festa e se proclama como indisponível.

Dentro da caminhonete, recebo uma ligação de Chris.

Chris? Aconteceu alguma coisa?

—Não, não, relaxa! Estou ligando para saber como está indo seu progresso por São Paulo – relaxo mais e passo a mão pelo rosto.

—Ruim, na verdade está sendo péssimo. Daqui a pouco estou indo para o hospital encontrar com você aí. Me espera.

—Eu te falei...

—Cala a boca – rio. Nisso, ele começa a tagarelar sobre ter pego o número de uma menina no corredor e ela ser linda. Me distraio com o mesmo homem que vi a dois dias atrás brigando com a menina saindo de casa e trancando a porta. Muito bonito aliás, seu cabelo é negro mesclado com mechas castanhas, parece natural.

Não sei dizer ao certo se é algo errado ou correto. Sei que ele está sem... empregada? Espero que o “você está demitida” se refira à um cargo de secretária, empregada. Decido perguntar, não custa nada, antes que ele diga um grande “Não”, do que ficar com a minha consciência dizendo que eu poderia ter tentado.

Daqui a pouco te ligo Chris— Não o espero responder e desligo saindo da caminhonete e indo até ele.

—Ei – chamo-o chegando perto. Fica meio perdida olhando em volta e me acha.

—Oi?

—É que assim, eu estou o dia inteiro procurando um emprego e minha última opção era seu vizinho e como você pode perceber ele não está disponível agora – recupero o fôlego – Você estaria precisando de sei lá, uma empregada ou não sei?

Ficamos em silêncio. Observando melhor, ele não parece ser necessariamente velho, o mesmo tira os óculos escuros e seus olhos passeiam até chegar aos meus. Eles são verdes e em contraste com o pôr do sol ficam de um jeito incrível, como ele me encara bastante troco o peso entre as pernas tentando não parecer desconfortável.

—Tem quantos anos? – sua voz soa meio rouca.

—Dezenove.

—Nome?

—Catherine Earnshaw e o seu?

—Raphael Roche. Sabe limpar casas e resto de festas?

—Perfeitamente – esse nome me soa familiar.

—Pode vir em quais dias?

—No que você estimular. – ele morde os lábios e continua mascando o chiclete.

—Pode começar amanhã? É segunda, pode vir nesse dia, na quarta e na sexta?

—Sim, claro. – mexo as unhas.

—Bom, pode se vestir assim pra vir ou usar uniforme.

—Uniforme. – ele sorri de forma enigmática e concorda com a cabeça.

—Então até amanhã Catherine. – Ele se dirige até o carro.

—Sr. Roche, tens quantos anos?

—21 Catherine. – entra, liga o carro e vai embora.

Permaneço imóvel no mesmo lugar onde estávamos conversando. Só de olhar normalmente ele parece ser lindo, olhos verdes inebriantes, sem barba mas o formato do rosto se encaixa com o resto. Suas sobrancelhas e cabelo parece que combinam de tal maneira que você fica maravilhado, corpo aparentemente nem muito forte nem muito magro, parece perfeito. Mas ninguém é, deve ter algum defeito.

Ah, o que você está dizendo Catherine? Ele pode ter a idade que for, ser como for, ele é seu chefe e você tem que respeita-lo, e acabei nem perguntando que horas era pra chegar.


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Notas finais do capítulo

yees, terceiro capítulo ok, e o quarto já está em andamento. Quem gostar da história já sabe o que fazer né?
Beijo seus lindos.



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