Uma bela coincidência escrita por irritabiliz0u


Capítulo 20
20 - Ele




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—CATHERINE FALA COMIGO! – A sacudo no chão. Ouço a sua respiração de leve e então me dou conta de que claro ela está viva.

Corro para pegar o celular que estava no travesseiro e joguei na areia. Ligo para a ambulância, 192, que em alguns segundos atende.

—Boa noite qual sua emergência?

—M-minha namorada levou um tiro nas costas, e-ela tá inconsciente e sangrando muito. Pelo amor de Deus chama uma ambulância pra cá.

—Senhor, preciso do endereço e do nome da vítima. Deixe ela em uma posição confortável e coloque algo para estancar o sangue. – Apoio o celular no ombro e ouvido dando o endereço e coloco o lençol sobre o sangramento tentando diminuir a hemorragia.

—Catherine Earnshaw.

—O sangue está preto ou vermelho?

—Vermelho.

—A ambulância está a caminho. – Ela me diz com um tom de voz neutro, tento parar de chorar pois torna minha visão embaçada.

Algum tempo depois, toda hora ouvindo sua respiração para ver se está viva, ouço o som ensurdecedor da ambulância chegando. Vejo o corpo dela sendo colocado em uma maca, presa, sendo tocada pelos paramédicos.

Não posso surtar agora. Tudo está se repetindo, tudo minha culpa.

—Senhor, vem conosco? – O que me tira do meu olhar perdido é o toque do homem no meu braço.

—E-eu vou ligar para a sua família... – Ele concorda e rapidamente entra no automóvel correndo com minha menina em apuros.

Minha namorada. Minha menina. Ai meu Deus.

—Rafael o que aconteceu? – Minha irmã aparece por trás de camisola e toda descabelada.

—Catherine levou um tiro. – Assim que digo ela põe a mão na boca e começa a lagrimar.

—Vamos para o hospital agora né? Eles te disseram qual é o hospital?

—Sim disseram, mas eu não posso ir pra lá Alyssa.

—Ué? Por que? Vocês não são namorados?

—Não exatamente. Eu me... me...

—Você se apaixonou por ela?

—Não posso Alyssa.

—Você pode sim Rafa. – Ela me diz com ternura no olhar.

—Não! A Melanie, não posso traí-la. Nunca traí ninguém irmã.

—Mas acabou Rafael! Aquela menina que saiu daqui agora em uma ambulância é o teu agora. Eu vi o jeito que ela te olha caralho, e se fosse você ali com certeza ela estaria todos os momentos do teu lado!

—Mas a Melanie heim? – Pergunto confuso.

—Melanie está morta! – Minha irmã esbraveja. – Se você gosta, como acha que não pode, aquela garota vai atrás dela! Se não, pelo menos avisa a família.

Vivian

Acordo em um pulo, caindo do sofá. É como se fosse algo ruim prestes a acontecer, uma sensação que me dá medo. Mexo em Chris que está deitado no outro sofá caindo do mesmo.

—Amor, acorda. – Mexo em seu corpo que geme e se remexe antes de realmente acordar.

Estamos indo para o quarto quando ouço o barulho irritante de uma ligação do celular. Sonolenta, vou até a cozinha e apanho o mesmo atendendo de um número desconhecido.

—Quem foi que me acordou essa hora e para quê?

—Vivian? – uma voz rouca e com o tom desequilibrado chama meu nome do outro lado da linha.

—Quem é você e por que sabe meu nome. – Agora estou acordada.

—É o Rafael, não sei se Catherine falou de mim para você. – Ah sei quem é, por que esse caralho funga?

—Fomos vítimas de uma tentativa de roubo e Catherine levou um tiro, ela está em estado grave sendo levada para o pronto socorro.

Processo as palavras e começo a chorar. Meu rosto arde, as lágrimas o esquentam. Grito de dor e me ajoelho no chão até que Chris chega correndo e entende a situação.

Estou incapacitada de fazer alguma coisa a não se rezar e chorar, esperando que minha melhor amiga, irmã, sobreviva. Vejo de relance a reação de Chris com a notícia, ele põe a cabeça na parede impedindo as lágrimas

A morte simplesmente gosta de nos atormentar, ela levou minha família e a de Catherine também, ela não pode me tirar só o que me resta. Passa como um filme meus momentos bons e ruins com aquela vaca na cabeça sem saber o que fazer.

Uma hora depois estou um pouco mais recomposta e pronta para ir ao hospital. De moletom e calça jeans vou para o carro desesperada, cada minuto que se passa a dor e medo aumentando, Chris dirige já que não consigo digitar direito sem me tremer toda.

Rafael

Alyssa insistiu de vir comigo para o hospital e disse que não importa o que for, vai fazer de tudo por mim e por Catherine.

Estou em prantos ainda. Sei que ela precisa de mim e que não ia querer mais nada do que isso além de todos estarem juntos. A morte me ronda, esgueirada pelos cantos esperando dar o bote no período que eu ficar feliz. Foi Melanie, depois Alex. Catherine ainda não saiu da cirurgia e espero respostas do médico ansiosamente.

Alyssa está certa, Melanie está morta e agora uma menina que, provavelmente, está também apaixonada por mim, está numa mesa de cirurgia numa linha tênue entre vida e morte.

Espero que seja como aquele filme todo gay e idiota que Alyssa me obrigou a assistir "Se eu ficar", e ela lembre dos momentos que a fiz se sentir viva, quando sorriu genuinamente e prefira viver. Se ela morrer, o pouco de alma que me resta vai junto.

Ouço uma voz feminina e irritada da recepção e levanto a cabeça.

—MAS EU SOU DA FAMÍLIA CARALHO!

—Vivian? – digo me aproximando. Pouco me importo se de branco passei pra vermelho por causa das lágrimas.

—Você é o Rafael? – Seus olhos claros estão vermelhos e ela vem na minha direção

—SE ELA MORRER A CULPA É SUA, EU TE CASTRO! – ela xinga ao mesmo tempo me abraçando forte tentando dividir a dor.

Retribuo do mesmo modo, preciso que alguém também sinta a mesma coisa.

Algumas horas se passam até que o doutor aparece tirando a máscara. Geralmente nos filmes quando fazem isso é notícia ruim por aí.

Não suporto olhar nos seus olhos e saio correndo, procurando meu carro. Preciso correr, sentir a velocidade sobre meus pés e a adrenalina correndo no sangue sendo isso a única coisa que pode me neutralizar momentaneamente minha dor. Preciso me segurar para não ir correndo aos antigos homens que me vendiam drogas, resolvo então ir pra casa e acabar todas aquelas garrafas que mantenho guardada.

Estaciono na frente da enorme moradia e não sei o que estou fazendo. Sei que se fosse eu no lugar de Catherine ela estaria todos os momentos ao meu lado, e desse jeito me sinto um covarde por não estar do seu lado.

Bato no volante várias vezes expelindo as lágrimas que ninguém nunca saberá de sua existência. Catherine nem ser humano nenhum pode me ver fraco desse modo. Volto para o hospital depois de mais calmo e recebo as notícias de que ela sobreviveu, mesmo que tenha perdido muito sangue.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, o capítulo ficou mais diferente que o habitual pois a Vivian participou da narração, mas espero que tenham gostado.

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Beijos de luz.



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