Uma bela coincidência escrita por irritabiliz0u


Capítulo 19
19 - Ele




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Não vou fazer nada com Catherine hoje. Não porque não quero, estou doido para fazer isso, mas a partir do momento que o sexo fazer parte do nosso histórico vamos nos tornar mais íntimos. E com certeza eu quero ser o seu primeiro, se duvidar seu último também.

Agora ela dorme calma ao meu abraço e meu medo aumenta cada vez mais. Medo do encanto acabar a meia noite, medo do que Samuel pode fazer, medo do destino tira-la de mim. Não mereço esse ser comigo, não posso traze-la para a escuridão. Não posso.

—Já amanheceu? – Catherine me pergunta se espreguiçando, olho para o relógio ao meu braço e percebo que são uma da manhã.

—Não, dormimos cedo lembra? Já se passa um pouco da meia noite.

—Vamos fazer alguma coisa?

—Tipo o quê gata? – percebo que ela fica vermelha.

—Acampar. – começo a rir e percebo que ao mesmo tempo que Catherine gosta ela fica em dúvida.

—Por que está rindo?

—Acampar onde?

—Ah não sei. Na praia?

—O que levamos? Temos uma barraca tamanho família aqui.

—Fazemos uma fogueira lá e levamos água e marshmallows.

—Marshmallows e água, ok. O que mais?

—Travesseiros e cobertores. E seu violão que está guardado.

—Mas eu não toco faz um tempo.

—Vamos lá, me satisfaça.

—Ok. – Pego o violão e olho para ela.

—Vamos?

—Vamos. – Ela se levanta sorrindo, e aí percebe que está só com minha camisa e fica vermelha.

—Vira. – Ela ordena sorrindo me apontando o dedo.

—Por que? Você é tão linda, não devia se esconder de mim.

E aí que ela faz o que eu não esperava. Anda pelo quarto e se abaixa deixando as pernas retas e aparecendo seu bumbum a mostra me provocando, fico duro na hora. Pega um short na bolsa e de forma provocante coloca a peça de roupa.

—Você devia disfarçar um pouco Rafael. – Me diz olhando para o volume da calça. Logo coloco a mão sobre a calça tentando disfarçar.

—Você que me deixa doido mulher, e você nem me tocou. – Tento controlar o meu membro e só ouço o riso de Catherine.

***

—Aqui é perfeito. – Catherine diz pela milésima vez na praia.

—Aqui mesmo?

—Sim, agora tenho certeza. – Ela sorri docemente, me obrigando a retribuir o gesto. Impossível não retribuir.

Montamos a barraca depois de muitas tentativas. Faço a fogueira e ela arruma lá dentro.

—Como você fez isso tão rápido? – Me pergunta surpresa.

—Fui escoteiro na infância. – Ela ri. Pega duas toalhas e as abre ao redor da fogueira, se senta pegando um palito grande e colocando o doce.

—Vem pra cá. – Catherine bate na toalha me dizendo o que fazer e sou obrigado a fazer isso.

Ficamos alguns minutos em m silêncio constrangedor. Não faço ideia do que as engrenagens nessa cabeça pensa mas esses minutos me fazem refletir.

Melanie foi um grande amor meu, minha parceira e nunca me deixou pra baixo quando estávamos juntos. Mas ela se foi e deixou um grande vazio no meu coração. Aí chegou Catherine que iluminava tudo apenas com seu sorriso, mesmo que não genuíno. Digo, a dor ela não pode ser medida em qual é mais grave ou forte, as situações sim.

Mas a dor é a mesma, o vácuo. Ela me achou, meus sorrisos perdidos e tirou uma dor maior, e sei que fiz o mesmo. Mas não sei se está certo, gosto muito dela e queria te-la todos os dias da minha vida para me fazer alegre, porém, depois que disser aquelas três palavrinhas tudo muda. Eu vou mudar, ela vai mudar. E meu medo é que ela não retribua as três preciosas e formidáveis palavras.

Ela

—Quando eu tinha 9 anos roubei o cachorro da vizinha.

—O que sua criminosa? – Rafael volta para o presente saindo aparentemente de seus pensamentos.

—Ela deixava ele preso e passava o dia chorando e latindo. Então eu peguei e cuidei dele até morrer de insuficiência cardíaca.

—Sinto muito. – Ele ri e tenta demonstrar luto. Dou um soco em seu braço mordiscando o marshmallow.

—Houve um dia que eu quebrei o vaso preferido da minha mãe e coloquei toda a culpa em Alyssa. Foi hilário, pra minha velha ela estava se fazendo de idiota na verdade ela não fazia ideia do que estava acontecendo.

—Coitada Rafael. – Rio com ele.

—Tempo depois ela me encheu de porrada. – Agora ele gargalha alta lembrando do momento.

—Canta comigo?

—O quê? – Pergunto pra ver se ouvi certo.

—É. Qualquer música. – Ele não queria trazer o violão e agora quer que eu cante. Nem a pau.

—Não. Você canta.

—Tudo bem. – Graças que ele não insistiu. – Qual que você quer? – Ele faz a pergunta voltando depois de pegar o instrumento.

Olho para as estrelas e a lua cheia que ilumina a noite. Várias músicas me passam pela cabeça mas há uma que eu adoraria, Poison & Wine da banda The Civil Wars, mas melhor esperar pra essa música ser cantada no momento certo.

—The One That Got Away.

—Sério? Essa?

—Aff, Flor e Beija-Flor então. – Seus olhos sorriem antes da boca e ele começa a dedilhar, ajustar os acordes, até finalmente estar pronto.

"Essa é uma velha história de uma flor e um beija-flor

Que conheceram o amor numa noite fria de outono

E as folhas caídas no chão da estação que não tem cor

E a flor conhece o beija-flor

E ele lhe apresenta o amor

E diz que o frio é uma fase ruim

Que ela era a flor mais linda do jardim

E a única que suportou

Merece conhecer o amor e todo seu calor"

Ele para ao me ver estampar um sorriso cheio de dentes e balançar conforme ia esvaindo as letras de sua boca.

—O que está esperando? Continua Rafa.

"Ai que saudade de um beija-flor

Que me beijou, depois voou

Pra longe demais

Pra longe de nós

Saudade de um beija-flor

Lembranças de um antigo amor

O dia amanheceu tão lindo

Eu durmo e acordo sorrindo"

A música acaba e ele foi perfeitamente lindo. Sua voz meio rouca nos embala em cada verso. Ele não pula nem uma vez as estrofes, canta como a original porém melhor. Quando meus olhos param nos seus, seu olhar me pergunta. Me pergunta se vou ser esse beija-flor que vai embora depois do beijo, faço que não com a cabeça demonstrando que jamais irei. Ah se ele soubesse como jamais queria ir embora.

—Onde você gostaria de ir algum dia? – ele me pergunta de repente.

—Não sei, talvez pra Roma, Texas, Idaho, são tantas cidades que gostaria de visitar um dia.

Ele sorri, quando ia fazer uma pergunta ouço gritos vindos de longe. Rafael vira a cabeça para trás e eu estico o pescoço, um homem vem correndo desesperado em nossa direção.

Nos levantamos e Rafael vem para o meu lado.

—CORRAM. – O homem grita, barulho de tiro e ele cai. Seguro forte a mão de Rafael e chega um cara por trás de nós e sinto a boca de uma arma na minha cabeça. Olho de canto de olho para Rafael e lentamente vou me virando, torcendo para que ele fique quieto.

—Não atira por favor.

—O que vocês tem de valo aqui? – O cara me olha apreciando meu corpo. Merda. Nem de sutiã estou.

—O violão, apenas. – Lembro que escondi os celulares no travesseiro para Rafael desgrudar um pouco deles.

Quando ele olha de soslaio para o violão deixado no chão dou uma cotovelada no seu nariz, que o faz soltar a arma pondo as mãos onde sangra. Apanho a arma jogada no chão e aponto para ele.

—Você sabe mexer numa coisa dessas Catherine?

—Não sei porque você fica surpreso, eu tenho permissão estadual. Chama a polícia, travesseiro. – Tento controlar minha respiração e Rafael vai fazer o que mando. – E você fica quietinho aí.

O assaltante revira os olhos no chão e de repente é como se todas as minhas emoções tivessem ido para um local específico do meu corpo, minha costa. Meu olhar sai perdido para o cara que vejo sorrindo. Sinto algo escorrendo, caio primeiro de joelhos e a arma desliza da minha mão, já sem forças.

—CATHERINE. – Ouço a voz de Rafael cheia de dor, mas parece que está longe, tudo está distante. Todo o mundo parou e eu não sinto nada além de dor. Queria ter dito logo pra ele antes disso. Olho para ele que vem correndo, tudo em câmera lenta, caio de costas e meus olhos se fecham. Tudo em um escuro só.


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Notas finais do capítulo

Gente, espero que gostem do capítulo!!!
Continuem comentando, adoro lê-los, isso me motiva para continuar a escrever.
Favoritem tá? Indiquem, comentem. Beijoss



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