Uma bela coincidência escrita por irritabiliz0u


Capítulo 18
18 - Ela




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—Será que cortar a mesada não foi o suficiente? Você não trabalha, não faz algo da vida desde que aquela garota foi assassinada! – Ele continua tentando ferir Rafael que cada vez mais parece que vai explodir de tanta raiva. Juliana, por incrível que pareça, está com as mãos na boca chocada. Acho que eu não deveria ter julgado ela antes de conhece-la, parece ser uma boa pessoa.

Até o momento que sua mão desce e ela revela o sorriso, mesmo que pequeno, mostrando que está se divertindo.

Vaca.

—Você devia ficar na sua Samuel.

—Ficar na minha? Seja homem o suficiente e assume seus erros! E pare de trazer vadias para a casa de família.

Ah não. Esse homem vai se arrepender de ter dito isso.

—Antes de tudo, dono do mundo. Eu não sou uma vadia. Não a que você paga nas noites que mente para sua mulher falando que está no trabalho.

—Como ousa dizer isso? – Ele se aproxima de mim e segura forte no meu couro cabeludo.

—Solta ela. – Rafael rosna antes de vir em nossa direção. Meu rosto está completo de ódio, pouco me importo ao que ele diz ao meu respeito, mas Rafael é filho dele. Ambos as partes devem ter respeito. Samuel olha para o filho e me joga no chão, fazendo com que eu caia sobre meus ombros tentando me apoiar, Alyssa vem ao meu socorro.

—Você é um cretino! Manipulador que não dura nem 5 minutos na cama. Quer pagar de machão mas é um covarde batendo em mulher, e se você acha que pode fazer o que quiser com Catherine assim como fazia com Melanie está enganado.

—Vocês dois parem! – Alyssa grita.

—Melanie era uma puta seu moleque, e das boas. Era perfeita para mim, não sei nem como ela continuava com você. – Ele diz, mas logo se arrepende. Percebo pela sua expressão e como Elizabeth reagiu, mas como se quisesse acabar com o filho ele completa:

—Ficava de quatro em qualquer lugar, mesmo que você estivesse a metros de distância. Se você queria que isso ficasse em silêncio não deveria ter trago essa menina para cá.

E aí que Rafael parte para cima do pai. Ele logo derruba o homem, fica por cima e começa com vários socos como se estivesse esperando ansiosamente por esse dia. Tanto ódio acumulado e eu não sei nem a metade da história.

Cinco

Seis

Sete

—Rafael volta! – grito desesperada. Ele ouve. Cospe no homem quase inconsciente e volta furioso para a casa deixando todos atônitos e olhando para mim, como se fosse um milagre ter tirado Rafael daquele estado.

Corro atrás dele, com alguns minutos de atraso.

Chego na sala e ela está toda acabada. Os vidros quebrados espalhado pelo chão. E eu ainda estou descalça e de biquíni.

Já está escurecendo e mal percebi, mas pensando bem o tempo hoje foi rápido. Dormimos até umas 14:00 depois ainda fomos pra praia escondidos.

Quando consigo atravessar a sala sem cortar meu pé, acho, corro para o nosso quarto, torcendo para que lá ele esteja. Preciso traze-lo a realidade, necessito do calor de seu corpo ao contato do meu. E o choque eletrizante de quando nossa pele se toca.

Primeira vez que confesso isso, pois meio que me dou conta do que sinto, meio caminho andado.

—Rafael? – entro no quarto com tudo e tranco logo em seguida. Ele está na parede mais distante da porta, na mais escura. Suas mãos estão no rosto como se quisesse esconder que chora, porém, sua respiração lhe entrega. Rápida, descontrolada, descompassada. Ele soluça forte e isso me parte o coração.

—Ei – me sento ao seu lado – olha pra mim. – Peço mas ele faz que não com a cabeça. Levemente vou tirando as suas mãos do rosto e ele se acalmando.

É natural, quase como instinto. Ele se machuca, fica furioso, e eu apareço para lhe acalmar. Isso desgasta muito.

—Você não entende. – Rafael me diz, com os olhos vermelhos e a boca levemente inchada. – Isso tudo dói, quase como alguém te esfaqueando.

—Eu sei como é querido. – Seguro em seu rosto e enxugo as lágrimas.

—Não sabe Catherine.

—Se eu não sei me conta como é.

—Caralho tu me deixa louco mulher. – Sorrio, que bom.

—Vamos, me conta.

—Ele... Ele entregou Melanie para os traficantes.

Faço um barulho que deveria ser de susto. Agora entendo o seu ódio mortal.

—E não foi só isso. Sabe é muito difícil falar de só dos meus problemas, você não tem?

—Tenho, mas é difícil falar sobre tal.

—Me diz... Por favor. Você me conforta tanto e parece que eu não penso em ti.

—Não vou consegue dizer sem chorar Rafael. – Já sinto as lágrimas esquentarem meus olhos.

—Chora em mim. Vamos dividir a dor um com o outro. – Ele fala, de modo tão meio que cruel e melancólico. Agora não vejo um menino pegador, grosso e convencido. Vejo só uma pessoa machucada, bem machucada, e que precisa que sua dor precise ser sentida com outro alguém.

—Passei um tempo em Londres e fui com minha família para lá. Foi bom, mas depois de seis meses meu irmão foi diagnosticado com um tumor no cérebro, ele ia falecer logo, sabíamos disso, mas lhe prometi que não ia sair do seu lado.

Rafael funga mas continua a atenção em mim.

—Se passou mais alguns meses e certo dia quando estávamos voltando do hospital tarde da noite um caminhão bateu em nosso carro. Eu estava no banco de trás e foi tudo tão rápido, senti meu corpo sendo jogado contra a porta e minha cabeça batendo no vidro me fazendo desmaiar, mas naquele momento eu soube que tudo tinha ido para os ares. – Limpo as lágrimas e tento controlar minha voz.

 “Acordei em um cama no hospital e já tinham se passado cinco dias desde do acidente. Nunca pegaram o cara que matou minha família. A única coisa que me importava era meu irmão, durante dois meses seu estado piorou e ele faleceu.”

Agora estou em prantos, assim como estava Rafael quando aqui adentrei.

—Sinto muito Catherine.

—Eu sei que você sente muito, – solto o ar, - eu só queria ter alguém que se importasse comigo sabe? Não como Vivian se importa, pois sou sua melhor amiga, o que lhe restou de família, mas que me colocasse em primeiro lugar. Que me amasse e me admirasse como minha mãe fazia. Não exatamente como ela, mas que eu fosse amada mesmo.

Olho para ele e consigo entender a compreensão no seu olhar. Ele também quer o mesmo.

—Samuel estuprava Melanie quando eu não estava por perto. Descobri isso quando ela morreu e eu fui pela última vez em sua casa, no seu quarto. Encontrei seu diário escondido e mesmo que me sentisse um idiota por lê-lo, descobri a verdade.

“Nesse dia eu arranquei com o carro e quase sofri um acidente. Bom, você sabe o resto da história de eu amar uma corrida e principalmente participar de uma, também me drogava e bebia muito.”

Ambos estamos feridos, consumidos. Olho para ele triste com o que descobri e baixo a cabeça. Não demora muito e sua mão ergue meu rosto me levando em direção a sua boca. Mesmo que esteja tudo em meio a soluços e suspiros, é isso que torna o momento único.

Ele me pega no colo e me põe sobre a cama me olhando e depois voltando a me beijar.

Meu coração só falta sair pela boca e ainda não aconteceu nada. Mas não pode, não hoje. Não vou julgar Rafael por ele sentir raiva do pai nem de ter feito tudo aquilo com ele. E ele sabe disso, e que nada vai acontecer hoje, mas vai acontecer, por isso pega uma toalha, uma calcinha de algodão e uma blusa sua e me entrega. Sorrio por ele ir devagar e vou para o banheiro.

Depois de ambos tomados banhos deito na cama me aconchegando. O mesmo me pega desprevenida e sobe sobre o meu corpo, me beijando de forma desejada passa uma mão por dentro da minha blusa enquanto a outra se apoia.

—Tão linda. – Rafael sussurra no meu ouvido e meu corpo se arrepia ainda mais.

—Eu ainda vou te ter Catherine, te ter por completo. Cada pedacinho seu vai se entregar pra mim e vou te receber de braços abertos. Mas isso outro dia, em outro lugar.  

Por fim ele aperta um seio meu e se deita ao meu lado, dando o beijo final. Segura minha cintura como se eu fosse correr para longe mas mal sabe ele que sou incapacitada.

Depois de tudo isso, sou total dele. E tenho medo disso, muito medo.


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Notas finais do capítulo

hey girls and boys, espero que estejam gostando. Se quiserem conversar no particular podem chamar.
Votem, comentem e indiquem. Is important.



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