Uma bela coincidência escrita por irritabiliz0u


Capítulo 12
12 - Ela




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Rafael se senta ao meu lado no sofá e eu cruzo as pernas para me confortar. Seus olhos, a curvatura do seu corpo, tudo indicam que ele não quer me contar tudo, nem o começo quem me dirá o fim. E não tem problema, não preciso saber de       tudo agora, só ficar ciente no que estou me metendo.

—Eu tenho 21 anos, como você já sabe certo – ele trava.

—Certo. – receio.

—Quando eu tinha sua idade, 19, estava em uma época muito... Perigosa, por assim dizer. Eu literalmente não prestava, se você acha que frequento muitas festas hoje tinha que ver dois anos atrás, bebia e me drogava. Muito. Havia vezes que passava dias inconsciente. Durante um dia que estava sóbrio, que foi poucos na época, meus pais me puxaram para um jantar e aí conheci uma menina, tinha minha idade e era filha dos amigos dos meus pais. Também não prestava e por muito tempo foi só um rolo, mas depois ficou sério e nos apaixonamos.

—Sim... – Rafael nunca teve essa pedra de gelo que se chama de coração.

—Certo dia, fiquei tão louco e quase morri em um acidente de carro. Então meu pai cortou a minha mesada, que era como eu comprava as drogas sabe... – ele tem vergonha e receio de lembrar essa época. – Como eu era conhecido por ser o riquinho drogado, era tratado com muito “respeito” – faz aspas com os dedos – peguei Melanie beijando outro cara em uma festa, e foi nessa noite que fiquei muito louco.

Agora percebo, Rafael realmente tem sentimentos. Sem brincadeira, ele já amou alguém. Não posso imaginar o que pode ter acontecido já com ele, muito menos como está agora.

—Fiquei devendo pro traficante e ele sequestrou Melanie – ele fecha os olhos e cai uma lágrima. Junto as sobrancelhas e meu coração se aperta. Nunca vi Rafael chorando por nada nem se doendo tanto por algo – Quando cheguei para resgata-la já era tarde demais. Havia uma bala na sua cabeça. – fecho os olhos e abaixo a cabeça.

Ainda não entendo o motivo de estar me contando isso. Seu sofrimento é muito semelhante ao meu, e sei que cada mililitro de lágrimas são justificadas pelo vazio que sentimos no peito.

—Você tem que entender Catherine, eu nunca quis que isso acontecesse. Eu a amava, eu a amo. Só que eu amo um fantasma – ele chora compulsivamente e logo se levanta da cama. Enxuga as lágrimas correndo para o andar de baixo, nisso ele pega tudo que vê pela frente e joga na parede. Não é só o fato de ele amar algo, alguém e não pode toca-la, é ter consciência de que não tem maneira alguma de tê-la, e ele se culpa também por isso, o que já aumenta muito a cota de dor. E em meio a tudo isso, ele xinga tudo de vários nomes e quebra vidros e o que vê pela frente.

Desço as escadas e tento me aproximar mas de um momento para o outro procurando algo e não querendo ninguém perto de si, levanta o braço na direção do meu nariz, dando um soco nele gritando: EU NÃO PRECISO DE NINGUÉM, SAI. Caio no chão pelo impacto e meu rosto é coberto pelo cabelo, ele demora ainda alguns segundo para perceber o que fez e eu estou paralisada.

—Oh no, Catherine. – ele chega perto de mim tentando colocar a mão na minha costa mas me retraio. Sem olha-lo no rosto me encaminho para um dos quartos me trancando dentro deles enquanto Rafael implora para que eu abra e ele possa se explicar. Primeiro tenho que digerir o que acabou de acontecer.

Ele

Que caralho acabou de acontecer? Nunca em minha vida agredi uma mulher, não dessa forma. Digo tanto que ninguém pode tocar na Catherine mas eu sou o primeiro a bate-la.

O que me deu na hora que revelei uma parte do meu segredo a ela foi algo totalmente inesperado. Tive um ataque de pânico misturado com raiva e culpa que só tive de descontar em qualquer um, mas a intenção era em alguma coisa.

No momento que a vi jogada no chão me arrependi de tudo e voltei ao meu estado meio normal. E já faz 3 horas que ela não sai do quarto e eu implorando para ela abrir essa porta.

E se ela querer me denunciar por agressão domiciliar? O pior que sou seu patrão e ela a empregada. Mas o que eu estava pensando? Querer desabafar e me revelar a uma empregadinha?

Ela mexe comigo, e não é na cabeça de baixo. Sua incrível inteligência sobre as coisas e maneira de falar, como age e se mete é algo que nunca vi em alguém. Como já disse várias vezes, seu rosto inebriante com os olhos cinzas mexeriam com qualquer.

Mas é claro que é coisa das minhas cabeças, não posso ter sentimentos por ela, nem por ninguém, só me redimir por ter batido nela.

—Catherine... Por favor... – e quando menos espero ouço os movimentos das chaves abrindo a porta e me levanto do chão, ficando de frente para a porta.

Seus olhos cinzas combinam com as olheiras fundas, sua boca antes rosada está mais branca que as paredes dos quartos de hóspedes. O olhar perdido, assim como sua feição.

—Tudo voltou Raphael. – Só isso que ela me diz. Seus braços estão cruzados no corpo e agora percebo que a mesma se treme.  Não faço ideia do que ela fala, mas assim como essa menina me ajudou quando as memórias de Melanie voltaram, sei devo ajuda-la, seja no que voltou a sua mente.

—Vem comigo – lhe abraço levando-a para meu quarto, tenho paciência de quando ela demora pra subir alguns degraus, e depois deito-a na minha cama. Pego um lençol, acho que está com frio já que se treme não? Quando volto para lhe confortar lagrimas escorrem pelo lindo rosto e meu coração, não sei como, se parte por vê-la desse modo. Acho que assim como eu, essa mulher é muito machucada.

Passamos as últimas horas ali, ela imóvel que acaba adormecendo um tempo depois. Meu braço como já estava dormente, tento retira-lo, mas não sei como, ela segura meu braço para continuar naquele aspecto, isso não é muito bom. Ela está se apegando e gostando disso, e pior, eu também.

Não, não, não.


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Notas finais do capítulo

Gentyyyy tem tanta coisa boa vindo por aí que vai arrancar o coração de vocês.
Estou pensando, sinceramente, criar um shipper para Catherine e Rafael.
Espero que tenham gostado, não esqueçam de comentar o que vocês quiserem, votar e tal.
Beijos de luz.



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