Uma bela coincidência escrita por irritabiliz0u


Capítulo 11
11- Ela




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/688273/chapter/11

—Eu juro, foi divertido. Relaxa Rafael – caio na gargalhada. Esse menino não desiste.

Agora, ele conta histórias de quando aprontava criança com a sua babá Ilda.

—E aí ele entrou em casa e disse: QUE MERDA ACONTECEU AQUI? – ele ri, acho lindo. Admirável. O Rafael que eu conhecia era rabugento e mal educado mas comigo, ou aqui e agora, ele fica mais divertido e quando sorri parece que ilumina mais o meio onde habita.

Ele volta para sua casa porque minha caminhonete está aqui. A noite foi ótima e me despeço dele com o coração sorrindo em cada batida, creio que ele o mesmo.

Abro a porta do apartamento e ouço gemidos vindos do quarto de Vivian, tento não cair na risada e entro discretamente ao meu lindo quarto com várias roupas, sapatos e livros jogados com um colchão, travesseiro e um lençol.

Sei que ganho bem do trabalho da casa do Rafael, mas prefiro guardar dinheiro (o que já está sendo muito favorável), para comprar um apartamento. E no momento, minhas costas estão bem acomodadas.

Tiro a minha blusa, short e as sapatilhas, lingerie e entro embaixo do chuveiro e sinto as gotas rígidas, quentes tocarem a minha pele e acalmarem mais a alma. Finalmente eu tenho o que mais se chega ao conforto e paz, bem melhor do que limpar a sujeira do povo que fica com Rafael.

***

—Acho que a noite foi boa não é? – falo para Vivian que está apenas de calcinha e um blusão de homem.

—Cala a boca – ela brinca – mas e agora mana? O que vai ser da nossa amizade?

Olho para minha amiga e agora entendo a situação. De quem é o blusão masculino é de Chris e ela passou a noite com ele. Está feliz pelo que aconteceu, mas com medo de algo mudar, e claro, ela acha que não devia ter acontecido nada. Sento o seu lado e seguro sua fina mão branca como neve e digo o que acho.

—Agora você vai voltar lá, se for pra ser será. Mas se lembre, antes de tudo isso vocês eram melhores amigos. – balanço a cabeça pensativa – já sei, vamos visitar a dona Delza?

—A mãe de Chris? Nem pensar, vai ser pior.

—Vou comprar pão, você pensa aí e decide ok? – ela revira os olhos mas concorda com a cabeça. Sorrio pegando a chave e a bolsa e saio do apartamento entrando dentro do elevador.

—Tá de sacanagem comigo né. – Tento dar a partida novamente na ignição e o motor morre. Bufo, desistindo de tentar usar a caminhonete. Desço do banco e pego a bolsa, resolvo ir  andando. Nada melhor que o sol matinal.

Percebo que aqui, o termo ser simples, não se aplica
na maioria das pessoas, o que desfavorece a todos. Eu, agora andando em caminho para a padaria, muitos me olham de soslaio por não acharem normal, há até alguns que começam com a vagabundagem de ficar assobiando para mim á essa hora da manhã, 7:00.

Estou indo arrumar meu cabelo, finalmente chegando ao lugar desejado, quando uma mão grossa e grande me puxa pela cintura me apertando contra a parede de um beco. Penso que meu maior pesadelo está para acontecer e tento empurra-lo, que cede, mas fica em posição de aviso e aponta para meu rosto.

—Fique longe de Rafael Roche menina. – O homem é negro, se veste semelhante a um rapper americano, mas seus olhos são ocos e vermelhos. O estilo do cabelo são dreadlocks, o que lhe deixa mais atraente, porém ainda assim me dão medo.

—Quem é você?

—Não interessa, você tem que se manter longe. Aquele homem não é quem você pensa que é.

—Sei bem quem ele é, não é uma má pessoa. – Chega mais perto de mim, apertando com força meu pulso e com o rosto bem próximo do meu.

—Então você é muito inocente em pensar nisso, agora eu tô te avisando, depois não diz que não sabia. – Ele coloca o capuz e se perde ao fim do beco. Estou paralisada e agora que percebo que estava prendendo o ar, olho para meu pulso que dói e minha cintura também. Qualquer pessoa normal se demitiria e ficaria com medo de Rafael, mas sei que esse menino não é como esse cara diz. Tem um bom coração, por mais que a maior parte dele seja repleto da negritude da vida.

Então ao invés de terminar meu trajeto indo comprar pão, pego um táxi qualquer indo até em um dos condomínios mais ricos da cidade.

Ele

—Olha aqui, levei mais de uma hora pra chegar nessa merda de condomínio então eu vou entrar assim mesmo – Catherine chega e se dirige para dentro assim que abro a porta, ainda meio que estou dormindo.

—O que está fazendo aqui, seu dia de vir não é só amanhã? – coço os olhos e de uma hora pra outra começa a transbordar mil e umas palavras de sua boca.

—Eu estava indo comprar pão toda feliz, e aí um cara negro e com dreadlocks, aliás acho que ele estava drogado, me puxou e disse que era pra eu me afastar de você, que era perigoso e um monte de coisas, e ainda deixou duas marcas no meu corpo – arregalo os olhos. A pouca descrição é o suficiente para eu saber a quem ela se refere. Desgraçado, espero que ele não tenha tocado na imaculada Catherine.

—Que marca? – meu tom é ríspido e raivoso.

—Você ouviu o que eu disse antes?

—Catherine.

—Ele apertou meu pulso e minha cintura. – Ela mostra o pulso que está arroxeando, logo depois levanta a blusa que está vestindo e mostra uma marca roxa também. Tento não me distrair com a pele que parece ser tão macia e tão bem desenhada e sim no machucado.

—PORRA! – acabo pegando um cinzeiro de vidro que havia no móvel de entrada perto da porta da casa e jogo na parede. Catherine se sobressalta e depois se aproxima de mim. Não é uma boa ideia, sou capaz de explodir em tanta raiva que contenho e acabar machucando-a, mas pelo contrário, parece que me acalmo ainda quando ela toca minha costa nua e fica repetindo para eu manter a calma. Não sei se vai ficar tudo bem, na verdade nem faço ideia.

—Agora me conta, do que ele estava falando que eu deveria temer Rafael.

—Você... Você não pode saber Catherine. Não a inocente e modesta Catherine.

—Não posso mas tenho.

—Vai embora.

—Não.

—Vai. Embora. Agora. Catherine.

—Eu. Não. Vou. Embora.

—Você não pode ficar – tentando ignora-la subo as escadas do quarto, e sei que ela vem logo atrás, deito no sofá que há na frente de uma das janelas e a curiosa se senta ao meu lado.

—Fique sabendo que depois que embarca nessa história não tem como desfazer, nem esquecer. É uma viagem sem volta.

—Eu encaro as consequências sem problema.

—Tem certeza? Você é tão...

—Agora Rafael. – Ela ordena. Primeira mulher que entra no meu quarto e que tem a audácia e a teimosia de se meter na minha vida, pior, em algo que já aconteceu e não são boas lembranças.

Não digo que é ruim, mas sinto algo perto dessa mulher, e não é apenas tesão. E agora, a mesma insiste em meter o nariz no meu passado, mas será que tem como meter um anjo iluminado na escuridão perdida? Ela pode acabar de perdendo, ou pior.

Como disse, eu nem me importo mesmo com o que pode acontecer com as outras pessoas, então ela que arque com as consequências depois.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Pronto. Está tudo certinho.
Se vocês estiverem gostando, recomendem, comentem e favoritem por favor.
Beijos de luz nos corações de cada um.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Uma bela coincidência" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.