Uma bela coincidência escrita por irritabiliz0u


Capítulo 10
10 - Ele




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/688273/chapter/10

 

 

Admito que tentei sim beijar Catherine naquele dia. Não estava delirando nem nada, mas só queria sentir a textura, o gosto daqueles lábios rosados que adoram brigar comigo, me repreender.

Mas não foi dessa vez, e acho que nunca mais. Ela nunca que ficaria, nem que fosse só uma vez, comigo. Já faz dois meses que se passaram, até no carnaval, ela não me dirigiu palavras com frases completas, acho que isso é uma vingança por eu não ter falado com ela na época das memórias de Melanie.

Falando na Melanie, há vezes que tenho uma recaída por assim dizer, flashes daquele dia atormentam minha mente, fritando-a como cebolas. Já está chegando no fim da tarde e não espero a hora de chegar em casa e deitar na minha cama.

Por mais que o pessoal da minha família sejam todos colados em escritórios, e papéis, essas coisas trabalho como mecânico. Não que eu seja um moleque que desprezível e inútil, só sou apaixonado por carros. Eles são como mulher com suas curvas, segredos e jeitos de funcionar. Posso até ser rico, mas por causa da minha família, e de vez em quando nas madrugadas saio para correr em rachas.

Por fim, acho que Catherine pouco liga que horas vou chegar, mas sempre que ela sai antes de eu chegar deixa um jantar maravilhoso no fogão e um bilhete em cima da mesa de centro da sala, perfumado, falando qual o jantar. Tô começando a realmente gostar dessa mulher.

—O que você ainda está fazendo aqui? – pergunto a Catherine, que saía da casa fechando-a.

—Estou indo embora na verdade, não fiz jantar, você não fez as compras do mês.

—Ah sim... – ela abre a porta da antiga caminhonete – Amanhã eu faço as compras. Você está bem?

—Sim, sim. Er... Só com fome.

—E o que você vai fazer agora? – fico curioso.

—Vou pra casa obviamente. Mas na verdade sozinha, Chris e Vivian saíram pra jantar e disseram que tinha lasanha no forno, ou seja, já sabe né...

—Janta comigo!

—Não Rafael, você está vindo do trabalho deve estar cansado.

—Não estou. – Minto, ela morde os lábios olhando pra baixo. Meu deus, que rosto lindo é esse.

—Eu pago a minha parte.

—O que você quiser madame.

—Vagabundo... Vamos no Mc Donalds? – ela sorri feliz.

— Ok né – rio – Vem entra – Abro a porta do passageiro e a mesma entra com vergonha. Dou a volta no carro, entrando no banco do motorista e dando partida.

Devo admitir, com as mãos entre os joelhos, Catherine não é nada do que eu achava que era no primeiro dia que a conheci. E agora, ao meu lado no banco com as pernas mais tensas e juntas e seu corpo mostrando sinais de que está nervosa, mordendo os lábios e os olhos cinzas se perdendo na paisagem meio perdida, assim como ela no momento, de São Paulo, digo que ela é a mulher mais bonita que já vi.

A minha rotina de fazer festas diminuiu de cinco em todos os dias da semana, para pelo menos três ou duas. Caro universo, só porque falei que Catherine é a mulher mais bonita que já vi não quer dizer que não há outras. Qual foi o nome da de ontem mesmo? Juliana... ou era Letícia? Aquela tinha belos seios.

Ela

O carro está em um completo silêncio, e duvido que se eu não falar algo agora é capaz de desmaiar.

—Então Catherine, não sei tanto sobre você e nem você de mim – dirijo finalmente o olhar a ele – Vamos jogar um jogo?

—Qual?

—Eu falo uma coisa sobre mim e você fala também.

—Você começa.

—Tudo bem... Acho que um dos poucos amigos meus de verdade foi o Todd, um cachorro. – começo a rir.

—Ity, que lindo. Onde ele está agora?

—No céu, faleceu de depressão. – sei que ele fica triste e tento anima-lo.

— Uma coisa sobre mim... Acredito em sobrenatural.

—Ousada – ele sorri, que bom – Detesto brócolis.

—É muito bem, como assim? Nunca bebi.

—Já fiquei bêbado a ponto de não lembrar nada do que aconteceu mais de três vezes.

—Eita – tento fazer cara de assustada – Amo, adoro assistir séries.

—Quais? – ele fica curioso.

—Várias, não digo de nome, comecei assistir uma que se chama Dexter, muito bom.

—Sou mecânico. – explodo na risada. Impossível. O Rafael todo engomadinho, metido a merda por causa do dinheiro e de quantas mulheres transa não pode ser mecânico – O que foi? É sério.

—E eu sou a Rihanna. Conta outra.

—É sério Catherine, adoro carros, até saio para corridas ilegais de vez em quando... saía. – sei que não devo me intrometer, então fico quieta.

—Ok, humm... apoio todo tipo de relacionamento, seja homem com mulher, homem com homem ou mulher com mulher.

—Me drogo. – Dou um pulo no banco.

—Como assim você se droga? Do que estás falando Rafael?

—O que você ouviu... De vez em quando. Não é sempre eu juro. Só quando sabe, a situação não é boa. - entendo ele, por incrível que pareça. Muitas vezes quis dizer que não conseguia e desistir, mas ele se socorre nas drogas. – Mas vai, algo sobre você.

—Assim como apoio qualquer relacionamento, acredito em qualquer tipo de amor. Não o familiar, o que você conhece alguém, que pode ser semelhante a você ou ser totalmente o oposto, e vocês serem criados para ficar juntos. Sabe, como se uma alma não fosse completa até encontrar a outra e quando elas se completam uma vez, meu filho, ela ficam juntas pela eternidade.

—Entendi, e quando elas são separadas?

—Acho que um deles vive vazio, pois a outra levou tudo consigo – percebo que ele fica tenso, então faço descrença com as mãos – Eu sei que é bobagem. Uma coisa sobre você agora.

—Você é a melhor empregada – rio e depois fico vermelha – Estava brincando sobre não ter tido amigos, tenho alguns só que escolhi ficar em São Paulo do que fazer uma viagem por 5 meses pra Roma. Você tem que conhece-los, são muito gente boa.

—Qualquer dia quem sabe – seguro sua mão, impulso, ele percebe porque arregala os olhos – Oh, desculpe - Retraio ela para debaixo de minha pernas, novamente.

—Não tem problema Catherine – ele pega em meus braço e logo depois entrelaça os dedos nos meus e deixa lá. Dirige confiante e com um mini sorriso no rosto, fico imóvel.

Feliz claro, ou não, que seja. O incrível de como sua mão parece encaixar perfeitamente na minha, ainda que seja grande, seus anéis metálicos frios chocam contra minha pele quente e é a mistura perfeita. Relaxo mais e espero chegar até o Mc Donalds, trânsito de São Paulo não é fácil.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Sorry, sorry, sorry. Postei o capítulo 9 novamente e aí eu achava que era o 10. Mas agora está certo e postarei o 11 para recompensar.
Não esqueçam de favoritar e comentar.
Beijos de luz nos seus corações.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Uma bela coincidência" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.