Como viemos parar aqui? - Segunda Temporada escrita por Influenza


Capítulo 4
Talento


Notas iniciais do capítulo

AAAAHHHHH E NÃO É QUE EU CONSEGUI MESMO, GALERA?? ♥33 AI CARA EU TÔ TÃO FELIZ *-* Agora só é escrever toda a semana um capítulo que eu consigo tranquilamente fazer as atualizações ♥ Vou tentar ao máximo, gente. Vou tentar de tudo pra conciliar as fics com a escola, prometo! ♥

Mas, agora, sobre o capítulo: eu me emocionei muito escrevendo ele, galera! Me conectei muito com os personagens ♥ espero que sintam o mesmo que eu ao lerem! :3 Boa leitura, gente! ♥



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Como verdadeiros ninjas, Sarada e Dinossauro-san chegaram à sala de estar sem serem vistos – ou ouvidos. Esconderam-se confortavelmente atrás do sofá que Sakura estava sentada; esperariam o momento certo para entrar na conversa e BUM! Se revelariam para a família. Eles teriam uma surpresa! O plano seria um sucesso e Sarada finalmente mostraria o Gênio da Lâmpada para todo mundo. Não havia como falhar.

— Fico feliz que tenham gostado do chá – Disse Sakura, sorrindo, porém trocando logo depois para uma expressão mais urgente – Mas acho melhor irmos direto ao assunto. Naruto – ou melhor, o Sétimo Hokage – me deu total liberdade de agir no tocante à questão de sua chegada e eventual estadia aqui. Eu escolhi começar contando para vocês o básico que precisam saber para evitar eventuais... Hã... choques. Prefiro abrir o jogo com vocês antes do que descobrirem de uma forma pior depois. Assim, eu peço que sumarizem da melhor forma possível e em detalhes exatamente o que descobriram sobre... hã... ‘aqui’.

— Primeiramente, se isso aqui é realmente o que vocês dizem que é, – Fugaku começa – podemos tirar duas conclusões, diante do que vimos aqui: a primeira é que o nosso filho, Sasuke, é obviamente casado com você – de algum modo. – Sakura sentiu a reprovação na voz do Uchiha, e por um momento quis retrucar educadamente, mas somente assentiu – E a segunda é que...

Morremos. — Mikoto cortou, numa declaração definitiva e sombria.

 

Mikoto estava séria e, surpreendentemente, calma. Itachi estremeceu com o quanto aquela realidade estava perto. Fugaku ficou desconfortável. Sakura se compadeceu da situação dos Uchiha, e assentiu levemente. Sarada, tendo parte de sua euforia se dissipado, não estava gostando muito do rumo daquela conversa. Dino-san estava em silêncio, mesmo na imaginação da pequena Uchiha.

Reações adversamente compreensíveis.

— Pelo estado desolado em que se encontra o Distrito Uchiha, pelo fato de não termos avistado nenhum membro do nosso clã – além de vocês, claro – e pela reação de sua filha ao nos ver – ela é muito fofa, por sinal; parabéns. – Mikoto sorriu levemente, o que não amenizou o clima tenso que havia se instaurado – Por todos esses fatores, isto é inegável: Nós, junto com o resto do Clã Uchiha, estamos, na melhor das hipóteses, em um cemitério.

 

Sakura, perplexa com a calma estampada no rosto da Uchiha – que parecia, aos olhos dela, a mais preparada psicologicamente –, tentou escolher as palavras com cuidado. Entretanto, não havia o que fazer; a notícia já era ruim por si só, e não havia como piorar.

— Bem... Hã... Então, o mais difícil já passou. Meio caminho andado. Imagino como deve ser desesperador receber, assim, de repente, a notícia de que você e sua família estão... você sabe. – Sakura expressou sua solidariedade.

— Sim, é mesmo. E acho que todos nós merecemos saber como tudo aquilo aconteceu. O clã Uchiha é forte; não seria derrotado tão fácil. Seria interessante se nos contasse.

Sakura parecia analisar até onde deveria contar sobre o Massacre do Clã Uchiha. Revelar o autor dele estava completamente fora de questão; os detalhes mais secretos, como o que o ocasionou, também. Então, finalmente, falou:

— Ocorreu um genocídio. Na calada da noite, todo o clã Uchiha foi exterminado. O único que sobrou foi meu marido, Sasuke Uchiha.

Sarada, assim como Mikoto e Fugaku, arregalou os olhos em surpresa. Claro, ela tinha ciência de que, antes, tinha uma família bem grande, e agora não tem mais; entretanto, não sabia que um clã inteiro havia sido exterminado numa única noite.

Que sua família havia sido vítima de um genocídio.

— Numa única noite?! – Fugaku levantou-se violentamente, revoltado – O responsável foi devidamente punido? Quem é ele? Diga-me!

— Isso, assim como a identidade, os meios pelos quais ele conseguiu tal façanha e a data do acontecimento, é completamente confidencial.

— Querido, se acalme! – Mikoto levantou-se, tentando acalmar o marido.

— Me acalmar? Mikoto, fomos vítimas de um genocídio! Nós...

— NÓS assumimos o risco! – Ela declarou, definitiva, e o Uchiha se calou – Quando nos tornamos ninjas, quando assumimos a liderança, quando nascemos nesta família!

 

O silêncio era tenso. Sarada estava sem voz perante tudo aquilo que presenciara; porém, de alguma forma, se solidarizava com os avós. Se ela chegasse em casa e soubesse que sua mãe, seu pai e ela própria – embora não seja tecnicamente possível – haviam sido vítimas de um genocídio, ela se sentiria mal. E, com certeza, revoltada com tudo e com todos. Mas o modo conformista como sua avó falou sobre ter assumido o risco... Sarada teve a impressão de que, no tempo deles, aquilo tudo havia sido... NORMAL. Que sua vida estar ameaçada era parte do dia a dia. A pequena Uchiha já havia aprendido em História que, na juventude de seus pais, não havia paz; porém, ela nunca parara para pensar realmente naquilo. Se sentiu mal pelas gerações passadas.

— Não adianta descontar sua revolta em alguém que não tem nada a ver – Mikoto continuou, suspirando – Agora, sente-se. Sakura-san, continue, por favor.

Apesar de Sakura estar tão pasma com a atitude da mulher quanto o próprio Fugaku – que fez o que a esposa mandara, voltando a sentar-se –, a rosada pigarreou, recuperando a compostura de uma digna porta-voz do Hokage.

— Sim, obrigada, Mikoto-san. Para finalizar esse assunto, eu peço que não comentem ou perguntem nada sobre isso para outras pessoas, para seu próprio bem e saúde psicológica. Bem, podemos prosseguir, já que encerramos esse assunto. A nossa próxima pauta é – por favor, não se exaltem – a Quarta Guerra Mundial Ninja.

Os Uchiha estavam preparados para tudo, menos para uma Guerra Mundial. Itachi ficou estático e tremia; tudo o que decidiu fazer foi para evitar uma guerra, e Sakura estava lhe dizendo que, independente do que fizesse, uma guerra MAIOR aconteceria. Os mais velhos – até mesmo a controlada Mikoto – não puderam deixar de ficarem tensos com a notícia, incertos se participaram dela ou não.

E com a certeza de que Sasuke Uchiha havia participado dela.

— Eu não pretendo deixar vocês em cárcere privado. Vocês têm o direito de ir e vir. Porém, como sabem, as pessoas falam. Por serem de onde são, há uma tendência das pessoas mencionarem fatos desse tipo. Então acho que vocês merecem saber da existência dela, embora mais detalhes, além de ela ter sido ganha por nós, sejam confidenciais.

— Tudo é confidencial... – Fugaku resmungou baixinho para si mesmo, cruzando os braços.

— Sasuke... – Itachi sussurrou, como se uma luz houvesse clareado seus pensamentos. Porém, “Sasuke” era a única palavra que ela havia evidenciado. SASUKE SASUKE SASUKE. Seu irmãozinho havia presenciado aquela guerra. Participado dela. Era como se a infância de Itachi estivesse passando, como um filme, em sua cabeça, mas ao invés do próprio ali, era o pequeno Sasuke; aquelas imagens deixavam tudo ainda mais doloroso. – Sasuke participou dessa guerra?

— ... Sim. – Itachi teve sua confirmação.

Com ela, pôde perceber que Mikoto desviou o olhar e mordeu o lábio; a Uchiha já havia deduzido aquele fato, mas receber a confirmação em voz alta era como receber um tapa na cara. Ela nunca quis que seu filho presenciasse os horrores de uma guerra mundial. Apesar de seu discurso de mais cedo, ela, acima de ninja, acima de Uchiha, era mãe. Já com relação ao pai, era difícil decifrar sua expressão.

 

— Sasuke-kun participou daquela guerra, sim. Ela deixou cicatrizes em todos nós, isso não há como negar. Muitas vidas – amigos, parentes, colegas – foram ceifadas. Mas, pensando melhor, se não fosse por ela, não haveria paz: Todas as cinco grandes nações se ajudaram nessa guerra com um inimigo em comum, e estão em paz até hoje. – Para os Uchiha, era difícil imaginar um cenário exatamente pacífico, como Sakura estava descrevendo, mas decidiram não falar nada. A rosada continuou. –  Além disso, ele saiu vitorioso – Ela sorriu para acalmá-los – Claro, lhe custou um braço, mas...

 

— Sasuke perdeu um braço? – Agora foi a vez de Fugaku se manifestar, enquanto Mikoto colocava as mãos na boca num misto de surpresa e horror e Itachi arregalava os olhos com a notícia, e até mesmo Sarada estava surpresa. O líder do clã Uchiha sabia que ninjas eram mortos e mutilados todos os dias, mas saber que um filho seu havia perdido um braço para uma guerra era uma sensação... Horripilante. – Sério isso?

— S-sim, mas não se preocupem, ele vive muito bem! Eu garanto! Ele é até mais autossuficiente que muita gente com quatro membros por aí! – Ela garantiu, gesticulando desesperadamente com as mãos. Sakura, porém, percebeu que agia genuinamente como se acreditasse que aqueles à sua frente fossem realmente família de seu marido. Aquilo era perigoso; quem sabe, no clima do momento, desse com a língua nos dentes. Lembrou-se de suas dúvidas e desconfianças. Recuperou a compostura e limpou a garganta. – Eu contei isso a vocês para, caso se encontrem com o Sasuke-kun aqui, não se surpreendam tanto assim.

— “Caso” o encontremos? Essa não é a casa dele? Pensando melhor, onde ele está agora? – Mikoto encheu-a de perguntas.

— Bem... É difícil dizer isso, mas eu não o vejo há alguns anos. Ele está numa missão muito importante, e, por isso, não tem folgas ou férias. O conteúdo dela também é confidencial, então nem adianta perguntar. – Sakura revelou, suspirando, como se já tivesse passado por aquela situação várias vezes. – Porém, talvez ele possa voltar em sua estadia aqui.

O coração de Sarada palpitou com a possibilidade. Ela deu um sorriso de orelha a orelha e abraçou Dino-san mais forte. Seu sonho sempre fora conhecer seu pai; todas as crianças tinham um pai. Ela era a única que não tinha. Isso era injusto, apesar de sua mãe já ter lhe explicado sobre a missão ultra-mega-secreta que Sasuke estava participando. Ela sentia o seu pai tão... Tão...

Perto.

— Ah. Sinto muito, Sakura-san. – Mikoto desculpou-se, solidária. Sakura fez um sinal de “deixa para lá”.

— Espere, Sakura-san – Itachi chamou, preocupado – Acabei de pensar numa coisa. Já que você está nos contando tudo isso, não há perigo de alterarmos toda a linha temporal? Digo, se soubermos de tudo isso, nossas ações não mudariam de uma forma drástica tudo isso?

— O Itachi tem um ponto. – Mikoto concordou. Fugaku apenas observava.

— Ah, não há nenhum problema. O jutsu que levará vocês de volta tem uma garantia de segurança: não lembrarão de nada. Vai ser como se nada disso tivesse acontecido. Assim que Naru- Digo, o Hokage-sama encontrá-lo, vocês poderão voltar ao passado e nenhum dano à linha temporal será feito.

Passado. A palavra ressoava repetidamente na cabeça de Sarada. Voltar. A palavra ressoava repetidamente em seu coração. Já vira um filme como aquele: alguém ia para o futuro para resolver umas coisas, várias coisas aconteciam – entre elas, encontrar a si mesmo velho e sendo demitido do trabalho, evitar que seu filho vá para a cadeia, e deixar a máquina do tempo exposta para que seu arqui-inimigo volte no tempo, evite a desgraça que destruiu a vida dele (destruindo a sua) e massacrando a linha temporal original – e, no final, voltavam pra casa. No caso de sua família, o que estaria entre travessões seria ela. Ela era só uma coisa que acontecia no meio do filme, entre travessões. No final, os avós e o tio iriam embora, e nunca mais os veria vivos. Era semelhante ao filme, só que mais doloroso. E com ela.

Ela já não tinha um pai; perderia também seus avós e seu tio. Ela não aguentaria. Começou a chorar, abraçada ao dinossauro de pelúcia.

— Sarada? – A mãe disse, surpresa, seguindo seus soluços e encontrando uma menininha aos prantos atrás de um sofá, abraçada a uma pelúcia. – Querida! O que faz aqui? – Sakura pegou-a no colo e afagou seus cabelos, enquanto a levava para o sofá em que anteriormente estava sentada.

— Mãe, o vovô, a vovó e o tio Itachi vão embora mesmo?? – Sarada perguntou, entre soluços.

O silêncio e o olhar de tristeza da mãe foram sua resposta.

— Eu não quero que eles façam isso! – A menina se desvencilhou dos braços da mãe e foi correndo abraçar bem forte o tio, que estava estático, desesperada – O papai já não tá aqui, por que eles têm que ir embora também? Por que eles não podem ficar pra sempre?

— Eu não queria que tivesse escutado... – Sakura estava se sentindo extremamente culpada. Mal Sarada havia conhecido seus avós e tio, já havia recebido a notícia de que iriam embora – para nunca mais voltar – o quanto antes. Com certeza foi um baque muito forte para uma criança de oito anos, o que ainda se somava à falta que um pai fazia na vida dela. – Mas tente entender, isso é para o bem de todos...

— Mas não é justo, mamãe... – Ela sussurrou, com voz chorosa e aos soluços – Todo mundo tem vovôs, tem vovós, tem tios, tem pai... Por que só eu não posso ter?

— Sarada-chan... – Itachi disse, abraçando-a de volta. Sakura e Mikoto estavam com o coração partido vendo aquela cena, de uma menina desesperada por descobrir que perderá sua família outra vez. Mesmo Fugaku estava tocado.

— Mamãe, a gente encontra um jeito! – Sarada, assim que se desvencilhou dos braços do tio, ainda chorando, correu para a mãe, ajoelhando-se e apoiando os braços nos joelhos de Sakura. – Aladdin! A gente encontra uma Lâmpada e faz um pedido ao Gênio! Ele vai consertar tudo! Mas por favor, mãe, deixa eles ficarem para sempre... – Ela praticamente implorava, com os olhos vermelhos e cheios de água.

— Sarada, eu... Eu sinto muito... – Sakura tinha lágrimas em seus olhos. Era raro um cenário daqueles acontecer, mas nunca gostara de ver sua filha chorar daquela forma, principalmente por causa de um assunto como aquele, sobre o qual ela não tem controle algum. Ela não tinha como consertar a tristeza de Sarada, pois ela não tinha controle sobre aquela situação: o pai, os avós, o tio, a própria família Uchiha. Era frustrante. — Mas eu não... Não posso fazer nada...

Sarada parou de soluçar. Ela olhou fixamente para a mãe, com aqueles grandes olhos de ônix, e procurou entender o lado dela. Sempre procurou esconder a falta que sentia do pai em respeito aos sentimentos de Sakura; Sarada sabia como a mãe se sentia em relação a essa situação: impotente e culpada – embora não tivesse realmente culpa alguma. Sabia que odiava vê-la chorar.

E, agora, estava escancarando seus sentimentos, numa situação mais delicada ainda.

Sarada sentiu Sakura pegá-la nos braços e colocá-la em seu colo, afagando seus cabelos e sussurrando vários “desculpe” sofridos. A pequena Uchiha se sentia muito culpada por ter feito a mãe se sentir daquela forma. Porém, ela não podia evitar; tudo o que conseguia pensar era que queria que o pai, Sasuke, estivesse lá, com ela e com Sakura, consolando-as. Voltou a soluçar, baixinho, ao pegar um retrato que repousava, esquecido, no sofá – aquele que Sakura havia pegado antes de sentar-se.

— Eu quero meu pai... Eu quero meu pai aqui, comigo... – Abraçou o retrato, soluçando, como se fosse o próprio Dino-san.

Itachi, que assistia tudo em silêncio, queria falar alguma coisa para acalmar a criança. Qualquer coisa. Era sua sobrinha, afinal. Porém, não sabia o que poderia falar naquela situação específica. Sasuke, obviamente, nunca havia passado por situação semelhante, portanto, Itachi não tinha esse tipo de experiência. “Vai ficar tudo bem”? “Seu pai vai voltar logo”? Itachi não tinha certeza de nada; prometer incertezas não era uma boa ideia. Aquela cena de quebrar o coração que seus olhos viam não o ajudava a se concentrar. Fugaku, por incrível que pareça, estava em situação semelhante. Já Mikoto, com a mão no coração, parecia se compadecer da situação da pequena. Também teve um pai muito ausente e cresceu sem avós – sejam maternos ou paternos –, e sabia como Sarada se sentia. Poderia imaginar como seria ter todos com você por um momento e, no outro, PUF!, saber que seriam tirados de você para sempre.

A Uchiha, saindo de seus devaneios sobre o passado, percebeu que os dois homens ao seu lado estavam, surpreendentemente, refletindo. Refletindo sobre o que pensar? Sobre o que dizer? Ela não sabia precisar ao certo o que as expressões deles revelavam. Porém, sabia que o cenário em que do nada foram inseridos, cujo controle eles não detinham em mãos, era uma bomba relógio. Sarada e Sakura pareciam ter reprimido seus sentimentos em relação ao assunto por um longo tempo – anos, talvez –, acumulando-os; agora, estavam colocando tudo para fora através das lágrimas. Era, decididamente, uma bomba relógio. Qualquer coisinha, BUM! – ela explode. Qualquer palavra errada, BUM! – ela também explode. Caso o filho e, principalmente, o marido, cuja experiência na resolução de problemas familiares era basicamente nula, estivessem verdadeiramente pensando em dizer algo para amenizar o clima tenso, o efeito poderia ser o total oposto.

Foi assim que, por fim, Mikoto, mãe de dois filhos e com grande experiência em contratempos familiares, decidiu tomar as rédeas da situação.

— Sarada-chan, – Chamou, com uma voz doce e relaxante. Sarada olhou para a avó, mostrando olhos vermelhos, cheios de lágrimas e uma expressão triste – Posso me sentar aí com vocês? Para conversar?

Sarada assentiu, ainda segurando o retrato do pai. Já Sakura, com olhos marejados, estava confusa quanto ao que a Uchiha poderia querer falar.

— Posso ver? – Ao sentar-se ao lado de Sarada, Mikoto estendeu a mão para o retrato ao qual ela estava agarrada. Hesitante, a menina permitiu e deu nas mãos da avó, em meio a alguns soluços e lágrimas. A Uchiha mais velha analisou o retrato, e seus olhos negros brilharam.

Pela primeira vez, desde que chegara ali, viu Sasuke, seu pequeno menino, seu filho viciado em tomate, crescido. Um adolescente, praticamente um adulto. Obviamente, aquela foto não era recente – e, mais que isso, não era nem mesmo a pessoa física –, mas somente aquilo serviu para dar um dos sorrisos mais brilhantes e sinceros que já dera. Seu menino, que naquela manhã não tinha nem dois dígitos de idade, já era um homem. Sempre imaginara como seus filhos ficariam na adolescência, na vida adulta... Agora, a resposta de um deles estava diante dos seus olhos. Seu coração se aqueceu.

— Sabia que ele está esperando por nós, Sarada-chan? – Mikoto disse, passando carinhosamente seus dedos pela foto do filho. A saudade era imensa, ela não poderia negar nem se quisesse.

— Ele quem? – Ela perguntou, limpando as lágrimas, porém ainda soluçando um pouco.

— Sasuke, seu pai – Revelou, finalmente olhando para Sarada, que parecia confusa – Um Sasuke de 7 anos, mas ainda assim, uma versão mais nova do seu pai. Ele está lá, no passado, voltando da Academia, esperando nos encontrar em casa. Se a gente ficar, ele vai ficar... Sozinho. — Aquela palavra ecoou pelo cômodo silencioso. A pequena Sarada arregalou os olhos e olhou para a fotografia; limpou as lágrimas, parando de soluçar, finalmente.

— Eu... Eu não pensei por esse lado... – Parecia pensativa – Então, se vocês ficarem pra sempre, o papai criança vai ficar sem vocês... Pra sempre, não é?

 

Mikoto sorriu, compreensiva.

— Mesmo que voltemos, você não vai estar sozinha, querida – Garantiu a Uchiha, brincando com uma mecha do cabelo negro e curto de Sarada – Você tem uma mãe presente, que te ama muito e se esforça muito pra te fazer o mais feliz possível. – Desta vez, Mikoto sorriu diretamente para Sakura, que retribuiu o sorriso, agradecida – Você tem seu pai, que, apesar de não estar aqui, te ama muito e faz de tudo para proteger todos, principalmente você e sua mãe, nessa missão – Direcionou o olhar para o retrato uma última vez, dando-o nas mãos de Sarada logo em seguida – Se a gente ficar, Sasuke não terá ninguém. E eu me sentiria muito mal por deixar meu filho desse jeito. Você entende, Sarada-chan?

— Eu... Eu entendo, vó. – Afirmou a menina, triste, mas compreensiva – É que... É que eu sinto tanta falta do meu pai. – Ela levou os dedos pequenos pela fotografia do pai, e retornou a soluçar – Eu não sei q-quase nada dele, e-

— Ei, calma. – Mikoto puxou a neta mais para perto de si, envolvendo seus braços ao redor de uma chorosa Sarada – Não é proibido chorar, mas não acha que é melhor aproveitar enquanto ainda dá tempo? Eu, seu avô e seu tio não vamos embora agora; e, ainda, tem a possibilidade de Sasuke aparecer aqui nesse meio tempo. Pense nisso. No tempo que vai passar com ele. Você quer receber o seu pai com lágrimas ou com um sorriso?

— So... sniff... S-Sorriso... sniff... – A criança soluçou, com lágrimas rolando por suas bochechas – M-Mas, vó, e v-vocês? A gente nunca mais vai poder se ver, n-nunca mais... Eu vou ficar... Vou f-ficar sem vocês... Pra sempre.

— Ora, quem te disse uma inverdade dessa? – Mikoto se desvencilhou do abraço a fim de olhar diretamente para Sarada, logo em seguida limpando suas lágrimas – Nós vamos sempre estar com você. Aqui. — Ela apontou para o coração de Sarada. Assim, a menina pressionou com curiosidade o local indicado com as duas mãos, e voltou seus grandes e brilhantes olhos para a avó – E você, querida, vai estar sempre aqui. — Por fim, a mulher declarou, apontando para seu próprio coração. – Assim como você sempre esteve e estará no coração de seu pai.

 

— Como... C-Como a senhora pode saber disso, vovó?

— Porque sou mãe dele. E sou sua avó. Mães e avós sabem tudo. Essa pequena distância não vai mudar isso.

Foi aí que as lágrimas voltaram a escorrer pelas bochechas de Sarada. Porém, ao contrário das anteriores, essas não pareciam ser lágrimas de tristeza; pareciam ser mais de... Alívio.  Em meio aos soluços, Sarada falava palavras desconexas e incompreensíveis, mas as palavras “estou feliz” e “desculpe” eram claras.

— Calma... Vai ficar tudo bem, Sarada-chan. Shh... –  Mikoto falava num tom calmante, quase sonífero – Você fica muito mais fofa sorrindo. Que tal ir tomar uma água para acalmar esse coração?

A criança, levemente mais calma, sorriu de orelha a orelha para a avó, desta vez ela mesma tomando a iniciativa para um abraço bem forte. Ao sussurrar um “obrigada, vó”, Sarada levantou-se e se direcionou até a cozinha, e Sakura sabia que, logo após beber água, sua filha iria até os varais do quintal a fim de pegar o cobertorzinho com estampa de dinossauro que uma vez pertencera a seu pai, só para depois agarrá-lo como se fosse o objeto mais importante do mundo - como sempre fazia quando a tristeza lhe batia a porta. Sentiu-se mal pela filha e por sua completa incapacidade de lidar com a situação de forma adequada e efetiva.

Enquanto isso, Sakura apenas observava a maestria com que – a suposta – Mikoto Uchiha contornou aquela situação que a própria Sakura, também com maestria, por anos sempre tentara evitar. Itachi e Fugaku não pareciam nem um pouco surpresos, mas a rosada, com certeza, estava. Anteriormente, já havia constatado a facilidade daquela mulher de lidar com crianças, mas Mikoto conseguiu levar aquela constatação a um patamar completamente diferente.

Naquele momento, a de cabelos rosados e olhos de esmeraldas não pôde evitar sentir um enorme respeito, pois aquela mulher, fosse ela a mãe de Sasuke ou não, tinha um talento peculiar, o qual dominava perfeitamente. Um talento muito difícil de se desenvolver. Um talento que a própria Sakura rigidamente julgava não dominar com perfeição.

O talento de ser mãe.


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Notas finais do capítulo

AAAHHHHH tadinhas da Sarada-chan e da Sakura 3 A Sakura é muito rígida consigo mesma, imagina ser ninja, médica, mãe e pai ao mesmo tempo e se cobrar 100% em tudo isso?? Acho que ela devia relaxar quanto a isso, pois ela é uma ótima mãe :3 vamos ver se a tia Mikoto pode ajudar ela com isso? Haha.
E eu senti tanta dó da Sarada nesse cap... Meu coração se partiu 3 Se o drama tiver ficado ruim, me desculpem meeesmo, eu não tenho experiência nessa parte :')

Obrigada por terem lido, e até o próximo!! ♥



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