Como viemos parar aqui? - Segunda Temporada escrita por Influenza


Capítulo 10
Circunstâncias: Parte II


Notas iniciais do capítulo

Yay! ♥



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— Minha mãe faleceu quando eu tinha quatro anos. – A primeira-dama iniciou, logo após um longo suspiro de preparação – Hoje, eu tenho vinte e oito, e a falta que eu sinto dela continua a mesma. – Hinata limpou uma lágrima que ameaçava cair de seus olhos, enquanto detinha um ar nostálgico ao lembrar da falecida mãe. – Semana passada, quando os pais de Naruto-kun foram trazidos para cá, ele ficou tão feliz. E eu fiquei feliz por ele. Mas eu não poderia perguntar a ele o que perguntei a você porque nossas situações são completamente diferentes. Naruto-kun nunca tinha os visto em vida. Para ele, foi um encontro, e não um reencontro. Entende, Sasuke-kun? O motivo pelo qual tem que ser você?

Sasuke não respondeu. Nem sequer um aceno de cabeça. Porém, obviamente, ele entendia, e Hinata podia ver isso nos olhos ônix impenetráveis que pareciam, surpreendentemente, ceder e considerar as palavras da Uzumaki, apesar de sua expressão não ter se alterado. Ela sorriu de forma gentil, dando continuidade ao que seu coração lhe ordenava transmitir:

— Você não sabe o que eu faria para estar no seu lugar agora, Sasuke-kun. Não só eu, como muitas outras pessoas que perderam aqueles que lhes eram queridos. Acho que você deveria entender a sorte que tem por ter seus pais de volta, e abraçá-la, porque ela não vai voltar.

 

— Então, está me dizendo tudo isso porque quer sentir como é, é isso?

— Não é só isso. – Respondeu Hinata, sorrindo singelamente. –  Sabe, Sasuke-kun, faz um tempo que eu venho pensando que, caso nossas personalidades tivessem sido um pouquinho mais abertas naquela época, podíamos até ter sido amigos. Você sempre se sentiu... Muito sozinho, não é? Carregando nas costas, sozinho, a herança de um dos clãs mais poderosos que já existiram, e cada dia se esforçando mais para ser digno do nome de seu clã.

O olhar da Uzumaki estava vago e sem foco, nostálgico, como se se lembrasse de algo que aconteceu muito tempo atrás – Sasuke não pôde concluir se aquela era uma lembrança boa ou ruim. O Uchiha sentia em seu sangue que aquelas palavras continham mais do que uma simples suposição. Era como se Hinata não estivesse projetando somente ele naquelas palavras.

Como se, talvez, ela o entendesse num nível completamente legítimo.

— Mas eu nunca me aproximei de você; sinto muito por isso. Então, para consertar meu erro, eu estou te dando este conselho: Não perca esta chance. Faça isso não por mim, mas por você, por Sakura e, principalmente, por Sarada-chan. Ela sente tanto a sua falta. Numa das vezes em que ela veio nos visitar, eu a peguei olhando boba para os nossos retratos de família. Quando perguntei o motivo, ela me respondeu exatamente isto:

“Eu também quero ter um retrato de família junto com o papai!”

Parecia até que Sasuke, de fato, podia ouvir a voz de Sarada. Naquelas palavras, sentia a presença da filha tão perto. Tão perto, que pareciam impiedosamente perfurar o que restava de sua vontade de cumprir seu dever. Ele também adoraria ter um retrato de família. Com toda a família.

Adoraria abraçar seu irmão.

 

Adoraria beijar sua mãe.

 

Adoraria dar orgulho a seu pai.

 

Adoraria se desculpar com sua esposa e filha por todos os anos de ausência, e compensá-las por isso.

 

Adoraria, mesmo que por alguns dias, redescobrir o que é ser feliz.

 

Porém, as circunstâncias sempre foram muito cruéis. E absolutas.

— Eu não posso, Hinata. Sinto muito te decepcionar. Você bem sabe que as circunstâncias não me permitem me dar ao luxo de–

— Se as circunstâncias não permitem, mude-as. Enxergue-as de uma forma diferente. Dê a elas um novo significado. Eu te desafio.— Hinata declarou, resoluta, enquanto segurava firmemente os ombros de Sasuke ao tentar transmitir confiança a ele. – Você passou tanto tempo longe; acho que deve ter esquecido do que Naruto-kun nos ensinou. Mas eu vou te lembrar agora, para nunca mais esquecer: As circunstâncias não são – nem nunca foram – absolutas.   

Por um longo instante, não se falou nada naquela sala. Era como se o tempo houvesse simplesmente parado. Hinata não conseguia, por mais que tentasse, descobrir o que Sasuke estava pensando. O olhar, a expressão e a linguagem corporal do Uchiha eram vagos, impossíveis de serem lidos.

Como se o próprio Sasuke não fizesse a mínima ideia do que deveria pensar.

Então, o silêncio foi quebrado por algo se estilhaçando. O barulho da xícara de porcelana caindo no chão de madeira e quebrando-se em milhões de pedacinhos ecoou por toda a sala, e Hinata deu um sobressalto em susto. Sasuke continuou neutro, mas não pôde deixar de achar estranho o ocorrido, dado que ninguém sequer havia tocado naquela xícara desde que a Uzumaki a pousara na mesa de centro.

Porém, mais interessante que isso era o fato de que, com os cacos de porcelana espalhados numa poça de chá de erva cidreira, a atmosfera da casa, simplesmente, mudou. Aquele ambiente lembrava ao Uchiha uma mistura caótica de coisas que estavam fora do lugar:

Uma xícara caíra e quebrara onde não havia motivos para tal;

Havia uma pena dourada onde não deveria haver pena alguma;

Pessoas que não deveriam estar ali estavam espiando por trás das paredes.

— Você, realmente, pode estar certa, Hinata – Concluiu Sasuke. A Uzumaki abriu um enorme sorriso de alívio, apesar de não saber até onde Sasuke estava sendo verdadeiro naquelas palavras – Algumas circunstâncias talvez possam ser alteradas. Porém, há uma coisa que eu não consigo mudar: eu não sei ser um pai para minha filha. Eu nunca aprendi a ser o pai que ela merece. Eu só sei ser um pai distante e ocupado, assim como meu pai era. Essas circunstâncias, nem você nem eu podemos mudar. Por isso, eu... Não me sinto merecedor da atenção dela. E, neste momento, eu adoraria me desculpar com Sarada por tudo se eu tivesse a chance. – Declarou, ofegante.

Quando finalmente ficou sem palavras para se expressar, Sasuke sentiu-se inacreditavelmente cansado. Desabafar era inexplicavelmente cansativo. Talvez, em tantos anos com o coração trancado à sete chaves, abrir todos os cadeados de uma vez tirou de seus ombros parte do peso que ele já estava acostumado e se conformado a ter consigo.

E Sasuke espera que suas palavras tenham alcançado o coração da garotinha que inexplicavelmente espiava por trás das paredes.

— Dito isso, já está na hora de eu ir embora. Obrigado pela breve conversa.

Num sobressalto, Sasuke levantou-se do sofá e andou a passos largos até a porta da frente, mas não sem antes olhar de esguelha para a parede na qual, tinha certeza, uma pequena garota de olhos ônix se escondia. Com Hinata ainda em seu encalço, o Uchiha girou a maçaneta por conta própria, mergulhando na luz natural que se espalhava pelo casarão Uzumaki.

— Cuide de Sarada, Hinata. – Pediu Sasuke ao sair da casa e parar a um metro da porta. – E, se possível, descubra como ela chegou aí.

— Eu cuidarei dela, sim, Sasuke-kun. – Garantiu a Uzumaki, encostando-se à porta. – Porém, prometa-me que vai pensar melhor no que eu disse.

As costas de Sasuke eram inexpressivas. Ele não virou-se para encarar Hinata, também. Linguagem corporal: nula. Não havia como ela ter uma resposta para sua pergunta, visto que ela não viera de maneira alguma. Porém, no fundo de seu coração, Hinata sabia que Sasuke levaria suas palavras em consideração. Uma leve esperança cresceu em seu peito, deixando-a extremamente feliz.

E a Uzumaki-Hyuuga não ficou surpresa ao constatar que sentia-se feliz por Sasuke, não por si.

Um singelo sorriso de orgulho tomou os lábios da azulada.

— Me escreva para contar como foi, Sasuke-kun.

Sasuke ouviu o som da porta batendo levemente. Sentiu-se, finalmente, relaxar. Era incrível o quanto uma simples visita oficial virara completamente de cabeça para baixo; e a culpa era todinha da Uzumaki-Hyuuga. Fugiram completamente do assunto devido a sua irritante mania de se intrometer onde ninguém a chamou...

E de ajudar pessoas que nunca acharam que precisavam ser ajudadas.

Aquela troca de pontos de vista, mesmo não querendo admitir, o mostrou horizontes que, talvez, nem mesmo o Discurso no Jutsu de Naruto poderia, visto que Sasuke chegara à residência do loiro blindado contra qualquer baboseira que o Hokage poderia falar. Jamais passara pela sua cabeça que a esposa de Naruto fosse capaz de falar baboseiras ainda mais absurdas.

Baboseiras que podem mudar a visão de qualquer um sobre qualquer coisa.

Sasuke concluiu, enquanto visualizava um falcão de invocação vindo em direção a si na imensidão azul do céu, que aquele casal de idiotas é exatamente o que a Vila da Folha precisa na liderança.

“Pois bem, eu aceitarei seu desafio. Veremos até onde o que Hinata me disse é aplicável na prática. Veremos até onde eu consigo ressignificar as circunstâncias.”

~O~O~

Enquanto seguia a resplandecente Águia Dourada até a residência Uzumaki – para onde viera muitas vezes brincar com Boruto e Himawari – e, para adentrar a casa, usava a secreta e, ironicamente, famosa “Rota de Fuga de Boruto-sama” – uma escada de caixas encostada num dos lados da casa que convenientemente dava no quarto do Uzumaki, no primeiro andar –, Sarada jamais pensou que ouviria aquelas palavras.

A pequena Uchiha sentia que cada palavra estava gravada em sua mente, e que dificilmente sairia. Talvez, Sasuke tivesse mandado a bela águia para levar Sarada até lá, justamente porque ele não sabia como falar tudo aquilo cara a cara.  Seu pai estava desculpando-se com ela – tendo a percebido ali ou não. Sasuke estava se desculpando não apenas por todos os anos de ausência, mas, também, por não saber, como pai, agir. E isso quebrou o coração de Sarada.

As lágrimas que rolavam por suas bochechas tentavam desesperadamente dizer que Sasuke não precisava se desculpar por nada.

Porque Sasuke Uchiha já é o melhor pai do mundo para ela.

— Sarada-chan, o que foi? – A vozinha infantil de Himawari Uzumaki foi ouvida por Sarada, em sussurros preocupados. A pequena girassol foi a única pessoa a encontrar a Uchiha invasora, e acabou juntando-se a ela na aventura. – Por que está chorando?

Sarada abraçou com mais força o Sr. Tri, o seu mais novo dinossauro de pelúcia que trouxera consigo. As lágrimas caíam no pelo laranja do brinquedo, e embaçavam seus óculos. Ela queria, naquele momento, estar abraçando seu pai. Dizer a ele que estava tudo bem. Que ele não devia se preocupar. Porém, ela não poderia; não poderia, porque Sasuke estava angustiado por nunca ter aprendido o ofício de ser ‘pai’, e não se achava merecedor.

Não importava o que ela dissesse.

— E-Está tudo bem, Hima. – Mentiu Sarada, limpando as lágrimas por baixo dos óculos com o dorso da mão. Suspirou, triste, encolhendo-se na parede cor de creme e fechando os olhos.

Sarada não queria falar. Não queria abrir a boca para dizer coisa alguma. Porque nada que ela dissesse faria alguma diferença para o estado emocional de seu pai. Aquele pensamento, provavelmente, enraizara-se por tantos anos no subconsciente de Sasuke, que seria difícil tirá-lo de lá com simples palavras vindas de uma criança que sequer completara dois dígitos de idade.

Palavras não eram suficientes.

Ele precisava verdadeiramente sentir que superou suas limitações como pai.

Sarada abriu os olhos e levantou-se num sobressalto. O mundo parecia mais claro sendo visto através do brilho travesso e revelador que tomava seus olhos negros. A ideia ainda estava fresca em sua mente, e, a cada segundo que passava, evoluía.

— O que foi, Sarada-chan? – Himawari perguntou aos sussurros, confusa, enquanto também se levantava.

— Vem comigo, Hima! – A Uchiha segurou a mão da Uzumaki, a guiando para as escadas. Himawari, com certa dificuldade devido à rapidez com que era conduzida ao quarto do irmão mais velho no primeiro andar, acompanhou o ritmo de Sarada o melhor que pôde.

Dentro do quarto, Boruto permanecia desacordado. Estava tão espalhado na cama, que chegava a ser ridículo aos olhos de Sarada. O loiro roncava, também. Sarada chamou baixinho o nome de Boruto várias vezes, entretanto, o Uzumaki sequer se mexeu.

“Que idiota.”, pensou a Uchiha. Himawari somente olhava, curiosa para saber o que Sarada tinha em mente.

Como último recurso, ela ergueu o seu mais novo dinossauro de pelúcia e olhou fixamente nos olhos de plástico. Ela sussurrou palavras de encorajamento – “Vá acordá-lo, sr. Tri! Sei que você consegue.” – e o beijou na testa, para logo em seguida jogar o brinquedo de pelúcia com toda a força que tinha na direção do corpo inconsciente do Uzumaki.

Ele, obviamente, acordou, embora não com o melhor dos humores.

— O QUE É ISSO?? – Exclamou Boruto, preparado para matar alguém. Sarada imediatamente tapou a boca do seu amigo idiota, enquanto Himawari dava pulinhos e batia palmas sussurrando coisas como “Boa jogada, Sarada-chan!”.

— Quieto, idiota! Quer que sua mãe me encontre aqui?! – Murmurou, irada. Boruto teve a sensação de que, antes de matar alguém por seu sono interrompido, talvez ele próprio fosse morto por Sarada, dado o olhar tempestuoso da Uchiha.

— Sarada? O que está fazendo aqui? – Perguntou, desta vez aos murmúrios.

— Preciso da sua ajuda. E tem que ser agora.

 

~O~O~

 

Quando Mikoto aceitou ficar em casa – para o caso de Sarada voltar por conta própria – enquanto Sakura e Itachi saiam para procurá-la, a única coisa que ela tinha em mente era a consideração que sentia por Sakura e seu direito de, como mãe, determinar a melhor opção no momento. Do contrário, a primeira-dama do clã Uchiha iria para a linha de frente sem sequer hesitar.

Afinal, ter que esperar dentro de casa por notícias incertas era angustiante.

O silêncio era incrivelmente pesado. A ansiedade por esclarecimentos era completamente esmagadora, e tornava o clima da casa quase insuportável. Mikoto não conseguia nem ficar parada; os dedos batiam freneticamente em qualquer superfície maciça com a qual tinha contato e, quando sentava-se, as pernas não paravam de chacoalhar. Às vezes, até analisava aquela estranha foto rabiscada de giz no verso.

Quando a Uchiha escutou a porta da frente abrir e, logo depois, bater, teve certeza de que seu coração pulou uma batida.

— Sakura? Itachi? Encontraram ela? – Questionou à pessoa que entrou, girando nos calcanhares e ficando de frente para a entrada da casa.

Porém, a pessoa em questão não era nenhum dos dois Uchiha citados.

Quem se encontrava imóvel em frente à porta era ninguém mais, ninguém menos que Fugaku Uchiha.

— ‘Encontraram’ quem? – Perguntou o líder Uchiha, perfeitamente calmo enquanto se aproximava da esposa. Ela correu em direção a ele.

— Querido! Graças a Deus! – Exclamou Mikoto, reprimindo o impulso de pular em cima do marido de tanta felicidade por vê-lo. – Onde esteve? Ah, depois você me conta! Olha, Sarada-chan desapareceu e Sakura e Itachi foram procurá-la. Você tem que nos ajudar a encontrá-la.

— Antes disso, – Iniciou, segurando a mão da esposa e a conduzindo até um dos sofás. Quando sentaram, Fugaku pegou uma estranha fotografia completamente remendada do bolso e a estendeu para Mikoto. – preciso que me ajude com algo. O que você acha que isto pode significar?

A Uchiha agarrou levemente a fotografia, analisando-a atentamente. Era seu retrato de família, fotografado anos antes na linha temporal. Porém, parecia ter sido rasgado em quatro partes e, depois, remendado com fita adesiva. Mikoto direcionou o olhar confuso para o marido, que gesticulou com os dedos, indicando que ela visse o verso. Lá, encontrou vários rabiscos, assim como os desenhos de uma rosa dos ventos e uma folha, feitos à giz de cera amarelo.

E o que mais a surpreendeu foi o fato de ela conhecer aquele giz.

— Um mapa... Então era isso... – Comentou para si mesma, com um brilho esclarecedor nos olhos negros. – Onde conseguiu isto?

— Se eu dissesse, você não acreditaria. – Fugaku suspirou em descrença. – Ou talvez até acreditaria. Você sabe de alguma coisa, não é, Mikoto? Conte-me.

A primeira-dama rapidamente levantou-se e andou até o grande gaveteiro em que todos os porta-retratos descansavam. Pegou uma fotografia que estava fora de seu próprio porta-retrato e, quando retornou ao sofá, entregou-a ao marido, com uma expressão firme e determinada. Fugaku analisou a foto que fora entregue a ele, mas somente o que viu foram seu filho mais novo e três indivíduos desconhecidos.

Mikoto sequer precisou dar sinal algum para que olhasse o verso. Quando Fugaku virou a imagem, ele não se surpreendeu ao encontrar linhas extremamente semelhantes rabiscadas ali. Contudo, não esperava encontrar o símbolo de uma cobra – que fora desenhado com demasiado capricho – ilustrado na lateral esquerda do papel. E aquele símbolo, com certeza, não lhe era estranho.

Muito pelo contrário.

— Eu encontrei isso dentro de um dos porta-retratos. Só que eu não conheço essas três pessoas.

— As circunstâncias em que o encontrou foram estranhas?

— Estranhas? Não, nem tanto. Porém, eu encontrei uma pena bem diferente no chão. Acho que o vento a trouxe.

— Era dourada?

— Hã, sim... – Mikoto confirmou, com um olhar indagador. – Como sabe?

— Então eu, realmente, não fiquei louco. – Concluiu o Uchiha, dando um sorriso de canto enquanto juntava as duas partes do mapa. – Se este mapa for verdadeiro, a localização fica aproximadamente 20 quilômetros a oeste. Eu te explico tudo no caminho. – Declarou, levantando-se, preparado para ir embora.

— C-Como assim “no caminho”? No caminho de que? – Questionou a esposa, segurando-o no lugar pela manga de sua camisa.

— Esta cobra – Fugaku apontou para o desenho no verso da foto do ainda desconhecido por eles time Taka – é o símbolo de Orochimaru. Esta deve ser a localização dele. Talvez, ele tenha as respostas de que precisamos.

— Orochimaru? O sennin?! – Mikoto exclamou, boquiaberta. – Você quer procurar um sennin criminoso porque um mapa feito de giz de cera te disse para fazer isso? Isso é irracional, Fugaku! Orochimaru é perigoso...!

— Eu sei, Mikoto. Eu sei. Mas eu estou disposto a correr o risco por qualquer pista que seja para esclarecer o que realmente aconteceu na noite do... – Sua voz falhou. A palavra não saiu de sua boca, e talvez nunca saísse, tamanho era seu peso. – Sei que você quer saber tanto quanto eu o que aconteceu ao nosso clã, Mikoto. O que ninguém nesta vila quer que saibamos.

A mulher Uchiha mordeu o lábio, e desviou o olhar para o chão. Mikoto, de fato, queria entender completamente o que aconteceu com o clã que tanto amava. Queria entender o que seu filho mais novo passou.

E, principalmente, entender por quê.

Era incrível o quanto seu marido a conhecia. Bem, não era como se ela sempre tentasse esconder algo dele. Desde a morte dos irmãos mais velhos de Mikoto, Fugaku acabou sendo seu porto seguro em tudo. De um simples casamento arranjado, nasceu o mais genuíno amor que ela poderia pedir. E, desse amor genuíno, a família que ela sempre quisera.

E ela não tem palavras suficientes para agradecer ao marido que ela tanto ama e admira.

— Mas e quanto a Sarada-chan? Ela ainda está desaparecida! Temos que encontrá-la antes.

— Aquela mulher e Itachi estão procurando por ela agora, não estão? A garota, provavelmente, só foi na casa de algum amigo e esqueceu de avisar. Tenho certeza de que não aconteceu nada.

— Como pode falar isso de uma maneira tão calma? Ela é nossa família!

— As pessoas enterradas naquelas covas também eram nossa família, Mikoto.

A primeira-dama arregalou os olhos, e se calou. Olhava para o marido com solidariedade e uma compaixão que raramente eram direcionadas ao “inabalável líder do poderoso clã Uchiha”, porém o eram com certa frequência ao “ser humano Fugaku Uchiha” em seus momentos à sós.

— Oh, Fugaku. Você realmente foi lá, não foi?

— Isso não importa agora. – Disse, estendendo delicadamente uma das mãos para Mikoto enquanto olhava fixamente em seus lindos olhos negros. – Você está comigo, querida?

Mikoto olhou em volta. Seu olhar fixou-se em um dos retratos; Uma Sarada de uns 5 anos olhava para ela, assim como ela olhava para Sarada. “Você vai ficar bem, não é?”, indagou mentalmente, porém não obteve resposta alguma. Queria acreditar que aquele era um sinal positivo. Ela acreditava em Sakura, em Itachi e em Sarada. Mikoto não seria de nenhuma ajuda parada dentro daquela casa, não é?

Com pesar, a Uchiha desviou o olhar do retrato.

Por fim, agarrou a mão que o marido estendia, e sorriu.

Sempre.


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Notas finais do capítulo

Gente, eu VIVO pela amizade SasuHina ♥ Adoro fics em que eles são amigos. Eu até tenho uma assim (em hiatus, óbvio KKKKKKKK). Acho que eles são muito compatíveis, e poderiam ser bons amigos se os roteiristas dessem chance a eles. Enfim, ora ora ora, parece que a Hina teve êxito em colocar juízo na cabeça do nosso Sasuke-kun, não é mesmo?! ♥ Que bom, né? Vamos ver o que ele vai fazer agora.

GENTE, O FUGAKU E A TIA MIKOTO TÃO QUERENDO ENCONTRAR O OROCHI! E AGORA?? KKKKKKK.

E foi isso por hoje, gente! ♥ Espero que tenham gostado. Vamos ver se o reencontro sai no próximo cap :v Lembrando que o próximo capítulo só vai sair daqui a duas semaninhas.

Beijinhos ♥



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