Como viemos parar aqui? - Segunda Temporada escrita por Influenza


Capítulo 9
Circunstâncias: Parte I


Notas iniciais do capítulo

Yay! Voltei, gente ♥ Este capítulo era para ter sido postado ontem, porém eu estava em viagem e voltei para minha cidade tarde da noite. Infelizmente, não deu tempo postar ontem, então decidi postar hoje ^-^

Eu tenho um aviso para dar para vocês: Semana que vem, por ocasião do feriadão do Carnaval, eu estarei novamente em viagem, então não haverá capítulo no final de semana que vem. Porém, para compensar, eu estarei lançando DOIS CAPÍTULOS hoje, yay! ♥ É até melhor assim, porque esses dois são mais capítulos de transição. Acho que lançar os dois juntos é melhor :3 Assim que eu postar esse, eu posto a parte II ♥

Espero que gostem, galera! ♥



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Naquela manhã, Sarada Uchiha acordou com batidas na janela. Ela nunca havia acordado nessas circunstâncias, até porque dormia num quarto do primeiro andar. Primeiramente, ela recusou-se a abrir os olhos e tentou voltar a dormir, sem sequer considerar, pela sonolência, o quão anormais eram aquelas batidas. Contudo, à medida que os barulhos tornaram-se mais insistentes, a criança foi, aos poucos, despertando.

Sarada abriu completamente os curiosos olhos ônix, e levantou num salto, esfregando a sonolência dos olhos. A janela em questão, naquele momento, tinha toda a sua sonolenta atenção. Através do vidro, a Uchiha conseguia ver um pássaro enorme de penas marrons e postura majestosa, que segurava no bico – com o qual ainda não havia parado de bater na superfície transparente – uma sacola vinda de, ela notou, uma loja de presentes.

Visto que ela assistia muito Animal Planet, sabia exatamente que tipo de ave era aquela: um falcão. Curiosa, Sarada abriu o tranco que impedia o vidro de deslizar e escancarou a janela. O pássaro fez uma reverência respeitosa, para logo depois fazer menção de entregar a sacola para a garota; parecia uma ave muito simpática. Apesar disso, a Uchiha foi hesitante ao segurar a sacola.

Entretanto, a hesitação não durou muito; ela logo se alegrou ao ver o que havia dentro da bolsa. Era um tricerátops de pelúcia, da mesma linha de Di-chan. Colado à etiqueta, havia um bilhete, no qual estava escrito, em letras caprichadas:

“Sua mãe me contou por carta uma vez que

você adora dinossauros, Sarada. Espero que

goste. Nessa mesma sacola, há também um

 presente para sua mãe. 

 

Ass.: Sasuke Uchiha” 

Os olhinhos de Sarada brilhavam. Ignorando a formalidade desnecessária daquela escolha de palavras – principalmente no nome completo da assinatura –, virou-se para procurar a mãe (que, na noite anterior, viera dormir no quarto da pequena Uchiha), porém Sakura já não estava mais lá. “Já deve ter descido”, pensou a garota.

Desse modo, girou nos calcanhares novamente, torcendo para que o pássaro majestoso ainda estivesse lá. Para sua felicidade, o falcão ainda se apoiava confortavelmente – apesar do pouco espaço – na sacada de sua janela, e olhava Sarada com curiosidade e, de alguma forma, também afeto. Algo semelhante a um sorriso simpático tentava ser desenhado no bico.

“Será que o falcão é a ‘invocação’ do papai?”, indagou-se a Uchiha. Nas aulas da Academia, havia estudado sobre a teoria do Jutsu de Invocação, mas jamais vira uma em carne e osso. Bem, ao menos até aquele momento. Na verdade, ela nunca havia parado para pensar com quais tipos de animais seus pais teriam feito contratos. Ela concluiu que falcões eram realmente a cara de Sasuke, e ficou curiosa para saber que bichinho fofinho sua mãe invocava.

Então, logo depois de guardar a sacola dentro do armário, sorriu alegremente, retribuindo o – suposto – sorriso do falcão.

— Obrigada, passarinho. – Agradeceu, abraçando fortemente o novo dinossauro de pelúcia. Depois, abaixou o tom, aproximando-se do falcão para que pudesse ouvi-la – Você sabe onde o papai está?

Sons alegres e intraduzíveis foram emitidos pelas cordas vocais do falcão. Ele parecia tentar verdadeiramente se comunicar com ela. Porém, caso o pássaro tenha dito a localização de Sasuke Uchiha, Sarada provavelmente jamais saberia.

Reconhecendo o esforço do animal, Sarada riu, acariciando as penas dele com a mão livre. O falcão aceitou o carinho de bom grado, encorajando a Uchiha a continuar. Alguns segundos depois, ele de repente arregalou os olhos – que, naquele momento, ganharam um brilho nostálgico que não existia ali antes – e movia freneticamente a cabeça de penas, para lá e para cá, olhando para, basicamente, todo lugar, quase como se procurasse algo – ou alguém.

Sarada, de início, ficou confusa com a atitude, porém compreensão logo tomou seu rosto: aves de rapina, num geral, têm excelente audição. O falcão deve ter ouvido algum som ou voz conhecida e ficou curioso, dado o ar nostálgico da ave. Quando ele olhou para ela num ar pidão, quase como se pedisse permissão, ela sorriu e disse:

— Pode ir, passarinho. Vá encontrar seja lá o que estiver ouvindo.

Logo que os olhos do falcão começaram a brilhar de alegria e agradecimento, ele fez outra reverência educada, abrindo as grandes asas para alçar um voo que, aparentemente, havia esperado quase uma vida inteira.

E saiu das vistas de Sarada, em direção ao seu passado.

Contudo, Sarada percebeu, a quantidade de aves de rapina do lado de fora da janela estranhamente não caiu para zero. Uma águia de penas familiarmente douradas descansava tranquilamente num dos galhos de uma árvore enorme perto dali. “Talvez seja o mesmo passarinho que eu vi ontem”, pensa Sarada, encantada com a beleza e luminosidade da ave. Suas penas brilhavam excessivamente ao toque dos raios de sol, de modo que o brilho dos olhos – os quais Sarada, primeiramente, sempre tenta avaliar – da águia fosse quase que completamente ofuscado. Ela parecia ainda não ter percebido a garota, pois ainda olhava curiosa para a direção para a qual o falcão havia seguido.

A Uchiha, então, debruça-se na janela para ver mais de perto. O movimento repentino, provavelmente, chamou a atenção da águia, pois ela imediatamente voltou sua atenção para Sarada. A despeito do pássaro não demonstrar expressão alguma – afinal, era uma ave –, o leve brilho curioso dos olhos, Sarada notou com dificuldade, fora substituído por uma luz entusiasmada – embora jamais tão brilhante quanto suas penas cor de ouro. “É tão linda!”, concluiu, encantada, em pensamento.

Entretanto, alguns segundos depois, o fulgor dos globos oculares ou das penas perdeu a atenção da garota para um fato particular. O bico forte, curvo e afiado daquela águia carregava consigo, inusitadamente, um laço de fita vermelho. E, pensando melhor, aquele objeto não lhe era nem um pouco estranho. Di-chan tinha um igual amarrado ao pescoço, assim como todos os outros dinossauros têm. O Sr. Tri – como decidira chamar seu mais novo amigo – também tinha um–

Oh.

Agora que olhava direito para o tricerátops de pelúcia, ele, em fatos, não tinha nenhum laço de fita. Então aquele era o dele?... Que estranho. Teoricamente, a única pessoa a ter acesso ao brinquedo seria seu pai e, por extensão, sua invocação. Será que a águia também era uma invocação de Sasuke? Sarada não diria exatamente que aquele animal combinava com ele, mas se viagem no tempo é possível, todo o resto é, não é?

Pois bem, assumindo que ela é, de fato, a invocação de Sasuke, Sarada não entendia o que o pai pretendia comunicar com aquilo. “Ninjas são realmente complicados”, concluiu, desistindo de tentar entender por si própria. Ficou parada, olhando diretamente nos olhos da águia, esperando por seu próximo passo.

Assim, a águia se moveu, e Sarada deu um sobressalto. A ave exótica virou-se, ficando de costas para a garota, porém claramente ainda olhava de esguelha para ela com uma expectativa que a Uchiha não conseguia entender. Então, a criatura cor de ouro simplesmente saiu voando, levando consigo a mensagem que Sasuke teoricamente queria lhe transmitir.

E, se dependesse de Sarada, a águia também a levaria consigo – para mais perto do pai.

— Ei, espere!

E, dessa forma, ignorando as circunstâncias e passando pela escada, pela sala de estar e pela porta de entrada sem sequer, curiosamente, fazer barulho algum, Sarada seguiu a Águia Dourada rumo ao seu objetivo.

~O~O~

Logo que julgou ser tarde o suficiente para o Hokage já ter chegado ao escritório e começado a exercer seu ofício, Sasuke Uchiha imediatamente seguiu rumo ao Prédio do Fogo. Sua intenção era, primeiramente, discutir a possibilidade de o Uchiha executar sua própria investigação pessoal sobre aquela inusitada situação na qual se encontrava – e, portanto, suspender uma das cláusulas da aposta até encontrar seja lá o que estiver incomodando-o nisso tudo.

Contudo, o Hokage não estava em lugar algum.

Shikamaru informou ao Uchiha sobre a forte gripe que Naruto contraíra no dia anterior devido à imunidade fraca. Foi encontrado vermelho de febre e praticamente não conseguia manter-se acordado – e Sasuke sentiu-se mal por ter pensado que o Uzumaki estava sob efeito de álcool – , então foi mandado à contragosto para casa.

Embora se recusasse a crer que o Sétimo Hokage tinha sido derrotado por uma gripe, Sasuke somente assentiu e, teimosamente, seguiu em direção à mansão Uzumaki, repassando todos os argumentos favoráveis a sua solicitação e reafirmando mentalmente sua convicção de que era o mais correto a se fazer.

E agora, de pé, em frente à porta do casarão de Naruto Uzumaki, Sasuke se questionava se deveria realmente fazer aquilo.

Quero dizer, Naruto com certeza estava muito mal – o Uchiha vira com seus próprios olhos o estado deplorável no qual o Hokage se encontrava no dia anterior. Será que seria tão ruim assim começar a investigar por conta própria – sem precisar dar nenhum tipo de satisfação a ninguém? Afinal, até onde tinha conhecimento, não estaria quebrando nenhuma lei. Só estaria parcialmente indo contra uma das cláusulas de uma aposta que, pensando bem, não deveria nem valer, dado que o Uzumaki provavelmente estava fora de si devido à gripe quando pensou em fazer a aposta. Ademais, não é como se ele nunca fosse honrar sua palavra.

Devido às circunstâncias, garantir que todo este questionável incidente temporal não apresente perigo à família Uchiha deve estar acima de qualquer um de seus desejos.

Entretanto, Sasuke ficou impressionado com o número surpreendente de desculpas ridículas que conseguira inventar só para não ser obrigado a ouvir um sermão – vindo do maior idiota que já conhecera – sobre “eu nunca volto atrás na minha palavra” e “esse é o meu jeito ninja” e et cetera.

Suspirou envergonhado diante de sua covardia inconsequente e bateu na porta, hesitante.

A espera não durou nem cinco segundos quando uma sorridente Hyuuga de olhos perolados e cabelos azuis abriu delicadamente a porta de madeira. Hinata não fez esforço para esconder sua surpresa ao ver Sasuke Uchiha casualmente parado em frente a sua porta, porém, logo em seguida, ela sorriu gentilmente para ele, abrindo espaço para que o Uchiha pudesse adentrar a casa.

— Não esperava você aqui, Sasuke-kun. Pode entrar.

— O Naruto está? – Questionou, curto e grosso, ignorando completamente o convite da Uzumaki. Depois, concluiu que a resposta positiva era óbvia diante das circunstâncias e, por isso, aquela era uma pergunta idiota – logo, uma pergunta que Naruto certamente faria. Sasuke com certeza não estava em seu juízo perfeito naquele dia, até porque várias ações idiotas seguidamente não eram do seu feitio.

— Naruto-kun está, sim, mas ele está descansando. Você provavelmente soube que ele caiu doente noite passada devido à fatiga, a qual acabou afetando a imunidade dele; o trabalho estava consumindo muito do meu marido.

Enquanto Hinata contraía as sobrancelhas em preocupação – da qual Sasuke também compartilhava –, o Uchiha suspirou com conformismo. Ninguém podia dizer que não tentara; foram as circunstâncias que o impediram de pedir uma permissão da qual ele nem precisaria, visto que de qualquer forma faria o que precisava fazer – com o aval do Hokage ou não, visto que o aval das circunstâncias Sasuke já tinha.

E as circunstâncias são absolutas.

— O que queria com ele, Sasuke-kun? – A Uzumaki-Hyuuga o tirou de seus devaneios numa voz gentil e doce.

— Nada de tão importante. Desculpe incomodar. – Disse, objetivo, enquanto virava-se bruscamente para ir embora. Porém, sentiu um pequeno puxão em sua manga direita – a única que poderia possivelmente esconder seu único pulso –, o que o fez olhar de esguelha para trás.

Os frios ônix, surpreendentemente, encontraram pérolas angustiadas que não queriam deixá-lo ir.

— E-Espere, Sasuke-kun! Não vá ainda. – Pediu, gaguejando, porém imprevisivelmente firme. Sasuke ficou mais que surpreso pela atitude da tímida e contida Hyuuga (agora, Uzumaki), contudo não o suficiente para abandonar a expressão neutra de sempre. – Insisto que fique para tomar um chá. Você aproveita e me conta o que “não é tão importante”, e prometo que eu passo o recado a Naruto-kun. Eu só... Quero conversar um pouco com você, sim?

“Hinata Uzumaki quer conversar? Comigo?”, questionou-se mentalmente, sentindo-se completamente atordoado por não conseguir compreender o que diabos aquela mulher – Hinata Hyuuga, alguém com a qual ele tinha certeza absoluta de que nunca havia trocado palavra alguma – teria para conversar consigo. Sasuke tinha certeza de que, pela primeira vez em anos, sua expressão mudara de neutra para completamente abismada.

Com a leve sensação de que ela não o deixaria ir embora, não importava o que dissesse, decidiu não partir para a grosseria e simplesmente entrou na casa sem sequer responder com palavras. No caminho para a sala, ele concluiu que o sermão, então, viria da tímida e gentil Uzumaki-Hyuuga. Ótimo, pelo menos não seria obrigado a usar argumento algum.

 

~O~O~

 

Desde que cursava a Academia, Sasuke já tinha uma visão formada de Hinata Hyuuga – mesmo que não prestasse muita atenção nela. Um dos adjetivos o qual ele já usara para descrevê-la é “calada”. Portanto, o Uchiha não sabia em que ela tinha batido a cabeça para ter mudado tanto, visto que a azulada não parou de tentar puxar assunto consigo até se retirar para fazer um chá – o qual Sasuke categoricamente recusou, para logo em seguida Hinata irritantemente insistir.

Estava quase se arrependendo de não ter feito uso da grosseria quando teve a chance.

— Obrigada por esperar, Sasuke-kun. – Disse a primeira-dama, equilibrando sem titubear um tabuleiro com um bule de chá, duas xícaras e uma tigela com biscoitos organizados com desnecessário rigor às regras de etiqueta. Quando pousou a bandeja na mesa de centro, não hesitou em juntar-se a Sasuke no sofá em frente à mesinha. – Naruto-kun me contou sobre o que aconteceu antes de desmaiar. Não deveria estar com sua família, Sasuke-kun?

— Você me trouxe aqui para falar sobre o motivo pelo qual eu não deveria estar aqui?

As bochechas de Hinata passaram de brancas para vermelhas tão rapidamente – parecia um tomate! – que Sasuke ficou com receio de que ela estivesse tão doente quanto o marido.

— N-Não é isso! – Ela garantiu, gesticulando desesperadamente com as mãos. Agora, sim, aquela era a Hyuuga que Sasuke lembrava e que desconhecia porque, claro, eram completos desconhecidos e toda aquela situação era ilógica. — Hã... Então, como está o chá?

É, o chá que estava na xícara na qual ele nem havia tocado. A coloração das bochechas de Hinata, surpreendentemente, passou para um vermelho mais vivo – era pimenta, com certeza –, e a azulada deu alguns goles em seu próprio chá para disfarçar.

O embaraço da Uzumaki era claro, assim como seu inexplicável nervosismo; afinal, foi a própria Hinata que o obrigara a entrar para “tomar um chá”. Concluiu, então, que as circunstâncias não eram ilógicas; a azulada era ilógica.

Sasuke não havia dito uma palavra sequer sobre o assunto em pauta e já queria sumir.

— Sobre o que queria falar comigo?

— Ah! C-Claro. Você deve estar com pressa, desculpe. – Hinata colocou a xícara de volta no pires que segurava. Incerta, olhava para todos os lugares, menos para Sasuke – como se toda a confiança que a fizera ser capaz de trazer o Uchiha ali houvesse se esvaído –, e agarrou fortemente o tecido do vestido lilás em nervosismo – Hã... Posso te perguntar uma coisa um pouquinho pessoal, Sasuke-kun?

O homem suspirou, completamente entediado. Não entendia a falta de objetividade da Uzumaki.

— Vá direto ao ponto.

Logo após um suspiro tranquilizante, Hinata apoiou o queixo nas palmas das mãos, enquanto repousava os cotovelos nas coxas e o rubor voltava a tomar suas bochechas. O olhar dela continha uma expectativa infantil; lembrava a Sasuke uma criança pronta para ouvir uma história para dormir.

— C-Como é, Sasuke-kun? Como é... Ter sua família de volta? – Perguntou, pegando outra vez o pires junto à xícara e voltando a bebericar o chá de erva cidreira.

“Ter sua família de volta.”. Era uma coisa que Sasuke também adoraria saber. Porém, o destino jamais deixaria de puni-lo; o Uchiha já se conformou com esse fato. Ele sempre teve a impressão de que, quando finalmente alcançava o que julgava ser importante, essa ‘coisa’, em todas as vezes, era drástica e impiedosamente tirada dele:

Quando, finalmente, Fugaku reconhece seu valor como membro do clã Uchiha, ele e todo o resto do clã são brutalmente assassinados por alguém que Sasuke considerava um ídolo;

Quando, finalmente, tira a vida do seu irmão e conquista a tão esperada vingança pela qual dedicou quase dez anos, a triste história de Itachi Uchiha quebra sua alma em pedaços ao revelar que matara a pessoa que mais amou a si;

Quando, finalmente, ganha uma esposa maravilhosa e um anjo como filha – a família que Sasuke duramente julgava que não merecia –, uma missão urgente os separa por anos, anos que fizeram Sakura sentir-se sozinha e Sarada só se lembrar de ter um pai devido a fotografias.

Quando, finalmente, pode ter outra vez tudo o que lhe foi tirado, as circunstâncias o acorrentam às sombras.

 

E Sasuke conformou-se tão facilmente desta vez que chegava a ser triste.

— É sobre isso que eu vim falar com Naruto. – Sasuke fechou os olhos, desinteressado, porém não antes de perceber a expectativa nos olhos perolados. – Eu não interagi, nem interagirei com eles até que todas as suspeitas em relação ao caso sejam sanadas. Na verdade, eu vim solicitar participação absoluta nas investigações a respeito do ocorrido.

O Uchiha ouviu o tilintar de porcelana batendo em porcelana, e concluiu que esse deve ser o soar da completa aniquilação de expectativas.

Quando abriu os olhos, não se surpreendeu ao encontrar uma Uzumaki estupefata, com olhos tão arregalados que suas íris lembravam a lua cheia. A xícara de porcelana já não estava mais erguida; se encontrava repousando no pires que Hinata segurava – o que explica o som. Ela, claramente, tentava falar algo, porém o que saia de sua boca era nada além de ruídos incompreensíveis e atônitos. Assim, Sasuke tomou a frente, definitivo em suas palavras:

— Desse modo, já que Naruto não está disponível e já terminamos de ‘conversar’, eu vou embora. 

O Uchiha levantou-se, pronto para ir embora e acabar com aquela tortura. Entretanto, na fração de segundo em que naturalmente equilibrava-se de pé, sentiu sua capa ser abruptamente puxada, e caiu novamente no sofá fofo. Sasuke piscou várias vezes, tentando compreender exatamente o que acontecera. Encontrou Hinata com a mesma expressão perplexa e questionadora; suas mãos, que já haviam pousado a xícara e o pires na mesa de centro, seguravam fortemente o tecido escuro que compunha as vestes do Uchiha. Assim que se deu conta do que inconscientemente fez, a mulher juntou as mãos em sinal de respeito e pediu desculpas repetidas vezes desesperadamente.

Certo, era verdade que ele estava com a guarda compreensivelmente baixa. Certo, era verdade que aquele foi um movimento muito simples, repentino e inesperado. Porém, apesar disso, Sasuke sabia que, se estivesse em condições normais, se sua mente não estivesse tão aprisionada às circunstâncias, ele com certeza seria capaz de evitá-lo.

O tempo condicional o irritou profundamente nessa última frase.

E estava verdadeiramente tentando não descontar toda essa irritação numa Uzumaki-Hyuuga inocente.

— O que está acontecendo com você, Hinata?! – Exclamou Sasuke, tentando soar o menos grosseiro possível, e a Uzumaki se calou. – Primeiro, você me traz aqui arbitrariamente para conversar sobre um assunto sobre o qual você podia muito bem falar com Naruto; e, agora, você sequer está agindo como uma pessoa normalmente deveria agir...

— É q-que e-eu preciso saber de você. Tem que ser de você, Sasuke-kun! – A azulada insistiu, e parecia urgente. O que não convenceu nem um pouco Sasuke.

— Mas nós nunca sequer nos falamos!

— C-Claro que já nos falamos! Uma vez!

O Uchiha arqueou as sobrancelhas com desdém, dada a inexistência de tal lembrança em sua mente e sua completa falta de paciência com os caprichos incompreensíveis de Hinata.

— Ah, é? Prove, então.

— Na missão da Vila Flutuante, eu disse “Sasuke-kun!” e você respondeu “cala a boca” [1]. – Respondeu a Uzumaki-Hyuuga, confiante.

“... Opa.”. Apesar de ter duvidado das palavras de Hinata nos primeiros segundos que se seguiram, Sasuke concluiu, por fim, que não era inviável que esse “diálogo” tenha realmente acontecido – visto que já havia mandado MUITAS pessoas calarem a boca.

Relembrando-se mentalmente e repetidas vezes que era uma nova pessoa e havia mudado, decidiu desculpar-se. Fechou os olhos em conformismo, e recuperou a expressão neutra corriqueira.

— Se for verdade, me desculpe por ter sido grosso naquela época.

— Você pode se desculpar me ouvindo, tudo bem? – Hinata percebeu um brilho desacreditado e entediado nos olhos do colega. Isso não a abalou; somente a recompensou com encorajamento. – Só... Me escute, ok? Eu prometo que, depois, eu não vou tentar te impedir de ir.

Um silêncio desconfortável tomou o cômodo enquanto pérolas e ônix se encaravam ferozmente, incapazes de desistir. E, quanto mais tempo se passava, mais Sasuke via o quanto aquela situação era improdutiva. Com o tamanho da determinação daquela azulada, aquele cenário não acabaria nunca. Assim, se ouvi-la for a maneira mais rápida de sumir dali, que assim fosse, pensou Sasuke. Ele assentiu objetivamente com a cabeça, permitindo que Hinata retomasse a palavra.

Um singelo sorriso tomou forma nos lábios da azulada.


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Notas finais do capítulo

[1] Se eu não me engano, isso aconteceu no segundo filme de Naruto Shippuden, chamado "Kizuna". Tenho 99% de certeza que essa "conversa" entre o Sasuke e a Hinata existe mesmo nesse filme. Porém, faz muitos anos que eu assisti AHSUAHSUAHSUA.

Eu pretendo colocar outros personagens além da família Uchiha na fic ♥ Eu acho a primeira temporada bem restrita nesse sentido (O Kakashi só apareceu no final porque eu lembrei da existência dele e disse "Eita, ele podia ter um momento com o sensei dele, né?" ASHAUHSUAHSUAH.), como se só existisse a família Uzumaki na vila KKKKKKKK. Então, podem esperar aparições de personagens diferentes ♥ A personagem da vez foi a Hinata. Veremos se ela vai colocar juízo na cabeça do nosso Sasuke-kun ASHUAHSASUA.

(Desculpem se as personalidades deles estiverem muito OOC :'( )

E descobrimos quem foi que "sequestrou" a Sarada-chan, olha só KKKKKKKK. O que será que é essa Águia Dourada?

Já já eu posto o próximo ♥



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