Como viemos parar aqui? - Segunda Temporada escrita por Influenza


Capítulo 11
Cerejeiras Frágeis e Efêmeras


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente! ♥ Peço mil desculpas por não ter postado este capítulo semana passada. Minha professora da faculdade resolveu mandar todas as vídeo-aulas, roteiros de prática, estudos dirigidos e atividades atrasadas na sexta-feira. PARA SEREM ENTREGUES SEGUNDA. Então, não é incorreto afirmar que eu basicamente não VIVI fim de semana passado :v KKKKKKK.

Peço desculpas outras vez ♥ Acho que até muita gente pensou que eu ia demorar um ano outra vez, já que minha reputação me precede hahaha. Enfim, espero que gostem do capítulo ♥ Boa leitura.

LEIAM AS NOTAS FINAIS!



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“Sarada.”

Essa era a única palavra que ecoava pela mente de Sakura, bem como era a única que importava. Conforme os segundos passavam num tic-tac insistente, sua urgência somente aumentava, assim como o ritmo desesperado dos batimentos cardíacos da Uchiha.

Quando se separou de Itachi para cobrirem uma área maior, seu coração não batia de maneira normal.

Quando comunicou a todos os seus amigos sobre o desaparecimento, numa tentativa de conseguir toda a ajuda possível, podia jurar que estava com taquicardia.

Quando seus olhos avistaram uma estranha águia dourada levando no bico um laço de fita familiar, Sakura temeu ter um ataque cardíaco.

A águia voava despreocupadamente pelo céu azul sem nuvens. As penas brilhavam lindamente sob os raios de sol, e os olhos opacos refletiam Sakura – e nada mais. O laço de fita vermelho – que poderia pertencer a qualquer criança, se não fosse o nome de Sarada bordado em dourado – oscilava em seu bico devido ao vento.

“Uma invocação inimiga”, a mente de Sakura disparou, meio segundo antes de, numa velocidade surpreendente até para ninjas extremamente habilidosos, transportar-se de forma instantânea para o céu, próximo à ave de rapina, na intenção de capturá-la.

Contudo, quando a rosada tentou agarrar a águia dourada, suas mãos simplesmente a atravessaram. Isso mesmo: atravessaram. Como se aquele pássaro não fosse uma invocação, e sequer fosse físico. Sakura tinha absoluta certeza de que o que ela via não era uma ilusão e tampouco estava ficando louca.

A águia dourada estava lá. Tinha, de fato, presença; porém, era uma presença incomum e enigmática. Uma presença fantasmagórica, como se sua existência não pudesse ser efetivamente provada por meios científicos racionais. E isso lhe deu arrepios.

Como se aquela águia dourada fosse de fato um fantasma.

— O que é você? – Perguntou Sakura em voz alta, retribuindo o olhar enigmático do pássaro logo que pousou em segurança no sobrado.

A águia não respondeu, e permaneceu voando em círculos perfeitos no céu, em volta da rosada.

Algumas pessoas deveriam estar direcionando olhares tortos para si devido a suas ações inusitadas e impolidas, porém a Uchiha não se importava. Naquele momento, somente lhe interessava a estranha ave de penas douradas, pois, aparentemente, Sarada Uchiha também interessava a ela.

Apesar dos arrepios que aquela presença lhe causara, sentia a adrenalina tomar suas veias. Os instintos de Sakura foram categóricos: aquela águia dourada sabia onde Sarada estava. E queria lhe dizer alguma coisa através daqueles olhos opacos e enigmáticos. Sua intuição não errava.

Assim que a águia subitamente transformou seu caminho de círculos numa linha reta em direção a norte e se afastou, os instintos de Sakura vociferavam que a ave de rapina a levaria exatamente para onde deveria ir.

~O~O~

 

Sakura seguiu a águia dourada desesperadamente e com uma determinação jamais vista por entre as árvores do bosque que circundava a Vila da Folha. O animal se movimentava não mais em linha reta, mas de forma irregular; parecia que estava propositalmente “andando em círculos”, atrasando a si mesmo na intenção exclusiva de provocar aflição e angústia no coração de Sakura – sabendo que ela não deixaria de segui-lo enquanto estivesse minimamente relacionado ao paradeiro de Sarada.

Aquela ave com certeza gosta de drama.

Contudo, ao que tudo indica, a estranha ave estava começando o ceder – ou, simplesmente, perdera o interesse. O caminho parecia estar, a cada momento que passava, se tornando mais estável e ordenado, numa harmonia que aquecia o coração desesperado de Sakura. Seus instintos declaravam com convicção que as respostas das quais necessitava se aproximavam a cada passo que dava – como se a águia houvesse decidido lhe recompensar por todo o divertimento que Sakura a ela proporcionara.

A mente da ninja médica não conseguia raciocinar. Ela não conseguia categorizar toda a estranheza e excentricidade da situação como sendo minimamente importantes naquele momento em específico. Não era de seu interesse que uma águia estivesse se divertindo a suas custas, ou mesmo a origem daquele animal que, provavelmente, tinha uma capacidade de raciocínio superior à de Sakura no momento. Nada importava.

Nada além de sua filha, que desde que nasceu está acima de tudo para Sakura: Acima do trabalho, acima da casa hipotecada, acima do Clã Uchiha e acima de sua própria vida. Tudo o que podia fazer era seguir. Seguir aquela ave sádica e debochada que era inexplicavelmente a única pista com a qual Sakura ficou cara a cara.

Seguiria sua única pista até o fim, independentemente das origens dela.

Bem, pelo menos, esse era o intuito de Sakura.

Pois, assim que piscou, a águia dourada desapareceu, deixando para trás, como única evidência de sua existência fantasmagórica, uma pena dourada que voou no céu até chegar à grama.

A Uchiha freou com dificuldade, quase tropeçando. Olhando ao redor, logo após pegar a pena do chão e analisa-la, pôde concluir que estava completamente sozinha; nem uma única alma viva, humana ou animal, se fazia presente em seu campo de visão. Nem sinal da águia dourada...

E nem de Sarada.

Tudo fora em vão. No final, não conseguiu encontrá-la.

Enquanto sentia as pernas bambas e deixava seu corpo desabar no chão, reconhecendo a sensação das lágrimas rolando por suas bochechas, Sakura se perguntou se a única pista que tinha havia desaparecido para sempre.

A Uchiha tentou limpar as lágrimas, que não paravam de cair. Soluçava. Tremia. Abraçava a pena como se fosse a última luz do mundo. De repente, se sentia completamente vulnerável, insuficiente e só. Sentia como se fosse uma boneca feita de porcelana, e alguém – não sabia dizer ainda quem — a jogara violentamente no chão enquanto brincava consigo. Em todos esses anos, nunca esteve tão quebrada.

Sakura somente cobriu o rosto com as mãos, e chorou tudo o que não chorara nos anos em que se construiu como uma mãe forte demais.

Sentia falta de Sarada. Sentia falta de abraçá-la como se fosse – e de fato era – a coisa mais fofa e preciosa do mundo inteiro. Sentia falta de seu sorriso radiante e do brilho nos olhos ônix por trás dos peculiares óculos vermelhos, que eram sua única luz nos dias em que Sakura cogitou desmoronar. Sentia falta de dizer “eu te amo” para Sarada, pois, com o vislumbre de um futuro sem a presença da filha, Sakura julgava que não havia dito o suficiente – apesar de dizê-lo todos os dias – em comparação ao tamanho de seu amor.

Sentia falta de Sasuke. Sentia falta de sua presença, a qual transformara-se em seu porto-seguro mais confiável. Sentia falta do “poke” na testa, que era uma declaração de amor mais simbólica e significativa do que qualquer “eu te amo”, e o quanto isso a fazia sentir-se especial e amada. Sentia falta de ver uma expressão de felicidade naquela face que já transmitiu tanto ódio e sofrimento, pois isso a fazia sorrir.

Sentia falta de não se sentir completamente .

Sentia falta da filha e do marido.

E nenhum dos dois gostaria de vê-la sucumbindo à tristeza daquele jeito.

Se houvesse alguém próximo àquele lugar, ouviria o som rápido e certeiro de uma tapa. “Não fique desse jeito agora, Sakura! Shannarooooo!”, ouviu a exaltação de sua consciência, enquanto massageava a bochecha direita, que estava levemente avermelhada onde estapeou a si mesma. Afinal, estava sendo boba. Mesmo com os sentimentos à flor da pele, uma onda de determinação a dominou; levantou-se e limpou a água que caíra de seus olhos cor de esmeralda.

Sakura sorriu espontaneamente, inabalável e enérgica, ignorando o pulso cardíaco ainda aflito. Tinha absoluta certeza de que aquela águia a havia trazido exatamente para onde desejava trazê-la. Com certeza, encontraria o que quer que aquela ave tinha a dizer sobre Sarada. A rosada só precisava ampliar seus horizontes.

Dessa forma, Sakura tentou esvaziar a mente o máximo que pôde. Tentou esquecer por um momento tudo o que a afligia: o desaparecimento de Sarada, a ausência de Sasuke, a aparição dos já falecidos membros da antiga família Uchiha...

Seus pensamentos aleatórios ficavam cada vez mais lentos, até que desapareceram. A mente de Sakura estava limpa. Era só ela e sua concentração, na ausência de preocupações para distrai-la.

Um chakra. Um chakra enorme podia ser detectado a alguns metros dali, e aparentemente não fazia nenhum esforço para se ocultar. Sakura não fazia ideia do porquê de seus sentidos aguçados terem deixado passar uma presença tão forte...

E tão familiar.

Tão familiar que Sakura pôde sentir as lágrimas caindo de seus olhos outra vez.

~O~O~

— Oi, nii-san. Faz muito tempo que não venho te visitar, não é? – Sasuke perguntou, sentado no meio da floresta, em frente a um túmulo improvisado, sabendo que não teria resposta.

O túmulo improvisado consistia em uma rocha comum presa à terra, com o símbolo do clã Uchiha grafado manualmente na pedra com uma kunai. Abaixo dela, estavam enterrados os restos mortais de Itachi Uchiha. Sasuke retirou as margaridas murchas – que pareciam ter sido postas ali no máximo há uma ou duas semanas, fato de intrigou Sasuke, visto que ele não pisava ali há anos – de um vaso amarelo que pusera e fixara ali anos atrás, e colocou outras flores no lugar. Desta vez, eram flores de cerejeira.

O desabrochar das flores de cerejeira marca o fim do inverno e a chegada da primavera na Vila da Folha. Esse tipo de flor tem diversos significados, porém um em especial sempre chamou a atenção de Sasuke, principalmente em momentos como aquele: A fragilidade da vida. O Uchiha lembrava-se de observar a floração junto a sua mãe e notar que as cerejeiras passam pouquíssimo tempo floridas. Mikoto lhe dizia que esse fato trazia uma lição consigo:

“Todos deveriam aproveitar ao máximo cada momento, por menor que seja, porque o tempo não espera ninguém; na verdade, ele passa inexoravelmente rápido. Num momento você pode estar vivo e, no outro, não estar mais. Porque a vida é curta. Lembre-se disso, Sasuke. No futuro, talvez, você sentirá o quanto essas palavras são verdadeiras. Elas o ajudarão a evitar o arrependimento.”

 

Como sempre, certa, pensou Sasuke, sorrindo de canto. Era assustador o quanto aquelas declarações adequavam-se ao cenário no qual se encontrava.

— Desculpe pela demora, nii-san. – Disse, pegando um dos ramos de cerejeira que havia acabado de colocar no vaso amarelo. – Sei que eu trouxe as flores para você, mas... Hã... Você não se importa de eu pegar uma, não é?

Sasuke suspirou, cansado, como se houvesse sido esgotado por um esforço enorme. Esforço mental, talvez. Desde que tirara os pés do casarão Uzumaki e deixara Sarada aos cuidados de Hinata, se encontrava no meio de um conflito mental de proporções inacreditáveis. O Uchiha, de fato, queria ver sua família; queria esquecer de suas suspeitas; queria ressignificar as circunstâncias, como a Uzumaki-Hyuuga o tinha desafiado.

Porém, ele não fazia ideia de como fazer isso.

Não era mais uma questão de circunstâncias, era – e talvez, em parte, sempre fora, de algum modo – uma questão relacionada a sua própria incapacidade. Seu corpo simplesmente não conseguia o guiar até sua casa; ao invés disso, o guiara até o túmulo de seu irmão. E isso destruiu sem piedade todo o seu entusiasmo, pois o lembrou de que, depois que forem embora, os antigos membros de sua família não passarão disto: Túmulos.

De novo.

 

E, pensando bem, Sasuke não achava que aguentaria uma segunda vez.

Sasuke girava continuamente o ramo de cerejeira entre os dedos num ato ansioso, enquanto o avaliava atentamente. Ele sentia como se houvesse abandonado o inverno, mas não conseguisse encontrar a primavera; estava em cima do muro que separava as duas estações, e não podia passar para o lado que não via há anos e décadas porque era incapaz.

Não conseguia enxergar realidade naquelas flores de cerejeira.

Apesar de estarem em suas mãos, pareciam incrivelmente distantes.

E, ao olhar para elas, só conseguia enxergar o quanto a vida era delicada e efêmera.

— Meu irmão, você soube das novidades? Nossos pais retornaram. E seu “eu” do passado veio junto. – Sasuke declarou, com seu olhar fixo no túmulo improvisado, sorrindo torto como se ele próprio ainda tivesse dificuldade de acreditar que aquelas palavras realmente saíram de sua boca. – Sabe, eu não acreditei no início. Achei que Naruto estivesse bêbado quando me disse isso. Duvidei até o fim. Você pode imaginar a minha surpresa quando constatei que eram, de fato, eles, não é mesmo?

Sasuke podia imaginar exatamente o que Itachi responderia. Cada palavra banhada com todos os traços da personalidade do irmão, que ainda estavam vivos em seu subconsciente. Contudo, a voz do falecido Uchiha em sua mente estava abafada e reprimida, quase indistinta. Não conseguia ouvila com clareza e nitidez. Quase como se estivesse esquecendo da voz de seu irmão.

E isso o deixou triste.

Porque o tempo, além da vida, também lhe tira até mesmo as lembranças insubstituíveis.

— Aposto que você não duvidaria. Acreditaria do início ao fim. Porque você é alguém que se agarra à esperança mesmo quando não há nenhum motivo para ela sobreviver, não é? – Sasuke suspirou, e encolheu-se ali mesmo, apoiando a cabeça no braço que, por sua vez, apoiava-se nos joelhos posicionados na vertical – Deve ser animador se sentir assim. Não sentir medo. Somente ir, sabe? Hoje, falei com uma pessoa que, nesse aspecto, é igualzinha a você. Ela é meio doidinha. O nome dela é Hinata.

As lembranças daquele diálogo inesperado preencheram a mente de Sasuke. Ele sentia a cabeça latejar só de lembrar da insistência da azulada. Na verdade, estava quase desejando não ter batido na porta dos Uzumaki quando teve a chance. Afinal, se as palavras de Hinata não tivessem afetado seu emocional da forma que afetaram, o Uchiha teria continuado firme em sua decisão.

Não hesitaria, como estava fazendo.

E teria ignorado com sucesso o desejo avassalador de reencontrar as famílias que o esperavam, sem cogitar de fato passar por tudo o que passara outra vez.                                                                                                                                                                                                                                                                                        

Também, devido às suas investigações, não teria tempo de vir visitar o túmulo do seu irmão mais velho. Então, no final, não foi de todo ruim.

— Você não conhece. Eu também jurava que não conhecia. Mas o que ela me disse... Me fez pensar muito. Sobre tudo o que está acontecendo. E, agora, estou lutando comigo mesmo para decidir o que e como fazer. Eu adoraria que você me desse alguma luz, meu irmão.

Novamente, nenhuma resposta. Sasuke suspirou e tomou fôlego, preparando-se para falar:

— Eu quero tanto encontrá-los. Tanto. Eu sinto uma falta tão gigantesca deles, que chega a doer. Mas eu não quero vê-los indo embora; não outra vez. Eu, inclusive, já deveria estar lá, participando de um reencontro bem emocionante. Mas meus instintos me trouxeram para cá, primeiro. Eu acho que eu... – O Uchiha silenciou sua voz por alguns segundos. Não era fácil para ele admitir, mesmo estando sozinho (sem contar, é claro, a companhia de Itachi). – Estou com medo. Porque eu não sei até onde eu conseguiria aguentar sentir tudo de novo. Mas eu imagino que você me faria ver o quanto vale a pena, não é? Depois, você diria que, já que eu já tenho a motivação, eu só tenho que me livrar desse medo bobo. Ahhh, gostaria que fosse fácil assim. Além disso, caso eu apareça por lá, do nada, o que supostamente eu deveria dizer? “Oi, família, cheguei! Qual é o rango de hoje”? Hunf, até parece.

Sasuke suspirou, fechando os olhos, sereno, como se estivesse dormindo. No entanto, o Uchiha só ouvia os sons naturais, que ficaram mais perceptíveis na ausência da visão, no completo escuro. Talvez, a voz de Itachi em suas lembranças até ficasse mais clara e, quem sabe, lhe esclarecesse o rumo que deveria tomar para acabar com o antagonismo de seus desejos.

O silêncio era sufocante.

Sasuke não sabia quanto tempo havia passado de olhos fechados; para ele, era como se o tempo houvesse parado. Ele somente começou a andar outra vez quando sentiu uma leve pressão em sua cabeça: algo deveria ter caído. Uma folha, talvez. Porém, quando levou a mão ao objeto em questão, surpreendeu-se ao perceber que tinha uma textura completamente diferente das folhas daquela região – e, talvez, de todos os lugares. Não demorou muito para constatar que era um pedaço de tecido.

Abrindo os olhos, viu o objeto em sua palma: um laço de fita vermelho. Entretanto, aquele não era qualquer laço; era uma fita que pertencia a Sarada Uchiha, com seu nome caprichosamente bordado em dourado no tecido macio. Sasuke arqueou as sobrancelhas, franzindo o cenho. Olhando para o céu, não encontrou nada que pudesse tê-lo jogado ali.

Contudo, se tivesse olhado para os galhos parcialmente escondidos pelas folhas verdes das árvores, poderia ter visto a sombra de um pássaro grande escondido por lá.

Uma águia, talvez.

Porém, não se incomodou em olhar. Sasuke preferia pensar que a coisa que deixou aquele laço de fita cair exatamente naquele lugar fosse, quiçá, um corvo. Um corvo que já havia servido a Itachi Uchiha, quem sabe? Sasuke realmente não sabia. Talvez, seu irmão, mesmo na morte, quisesse lhe dar alguma luz.

Esse pensamento aquecia seu coração, e queria mantê-lo assim para variar.

— Tem visitado Sarada e Sakura, Itachi? – Perguntou o Uchiha, amarrando a fita na base do ramo de cerejeira. Parecia um buquê de flores cor-de-rosa. Quando olhava para o objeto, sentia as presenças de suas duas flores mais próximas e, de fato, consigo; não apenas sendo observadas de longe. Sasuke sorriu, terno. – Ontem, eu fui lá em casa. Eu vi Sakura de longe. Não pude ver seu rosto por causa do ângulo, mas ela com certeza estava, como sempre, linda.

Sasuke sentiu as bochechas arderem levemente quando notou que havia falado aquelas palavras embaraçosas em voz alta.

— Ah, esqueça essa última parte. Enfim, também vi Sarada. Ela, surpreendentemente, foi a única que me encontrou. Embora tenha sido completamente por acaso, eu nem tenho palavras para descrever a minha surpresa. Ela está tão grande, Itachi. Quando a deixei, ela cabia na minha mão, e agora olha só para ela. – Sasuke podia estar exagerando em relação ao tamanho da pequena Uchiha de anos atrás, porém seu raciocínio era completamente válido. – Queria ter visto ela crescer.

O Uchiha sentiu um gosto amargo de remorso na boca. Sempre que pensava no desejo de ter visto a filha crescer, se sentia mal, porque ele jamais se realizaria. Porém a partir do momento em que, de fato, viu uma Sarada crescida de 8 anos, o remorso tomou conta de si. Suspirou, derrotado. Já havia perdido a conta de quantas vezes suspirara só naquela manhã.

— Falando sobre Sarada, eu a encontrei ouvindo por trás das paredes da casa do Naruto, hoje. Estranho, não? E não faço ideia de como ela foi parar lá ou porquê ela estava lá. Deixei isso a cargo da Hinata descobrir. Bem, independentemente disso, espero que minha mensagem tenha chegado a ela.

Apesar do momento calmo e pacífico com o espírito de seu irmão tê-lo distraído, Sasuke não baixou a guarda em momento algum. Por isso, quando sentiu a fagulha de um chakra aproximando-se de si, imediatamente levantou-se num pulo, preparado para o que quer que fosse. Analisando a presença, o Uchiha pôde perceber dois pontos fundamentais em relação a ela:

Primeiro, o chakra aparecia e desaparecia em seu radar, como se houvesse alguma interferência – o que Sasuke achou estranho.

E, por último, uma constatação ainda mais mirabolante: Ele conhecia aquela presença. Uma presença que, em todas as vezes que se aproximava de si, o Uchiha sentia como se a primavera estivesse mais perto.

É uma flor de cerejeira tão especial para si que chega a ser irritante.


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Notas finais do capítulo

Fiquem aí com esse cliffhanger galera :v KKKKKKKKKK. Foi esse o capítulo gente, espero que tenham gostado! ♥ Eu vejo a Sakura como uma mãe guerreira que se construiu o mais forte possível para evitar a solidão e insegurança da filha, mas, no fundo, ela se sente tão insegura e solitária quanto. E, naquele momento, com os nervos à flor da pele em meio ao desaparecimento de Sarada e a ausência de Sasuke, a intensidade desses sentimentos se multiplicaram de tal forma que ela não conseguia mais guardar para si. E ela ficou mais que emocionada quando percebeu que as respostas que ela precisava sobre Sarada, aparentemente, estavam com o próprio Sasuke.
E, sabe, eu acho que o personagem do Sasuke tem várias camadas pertinentes de serem analisadas. Nessa situação eu imagino que ele, inconscientemente, usasse as circunstâncias, em parte, para mascarar o próprio medo dele. E ele só poderia reconhecer isso se se livrasse das amarras das circunstâncias, o que ele fez no capítulo anterior. Além disso, estamos falando da pessoa que, para reconhecer em voz alta a amizade do Naruto, precisou cair na porrada com ele e perder um braço KKKKKKK Não acho que ele seja uma das pessoas menos teimosas do mundo. Bem, esse é o meu ponto de vista (e vamos lembrar que não tem ninguém em casa KKKKK IMAGINA A DECEPÇÃO).

AVISO IMPORTANTE: Olha, gente, eu fico triste em dizer que a partir deste capítulo, talvez, as atualizações fiquem menos regulares. Isso porque eu estou tentando terminar o capítulo 12 há umas duas semaninhas, mas nada que eu escrevo fica tão bom quanto esse capítulo merece pra mim. Não esperava que meu mais antigo inimigo, o bloqueio criativo, retornaria tão cedo :v Além disso, eu não estou mais de férias, obviamente. Juro que eu farei o possível para terminar essa semana e postar normalmente no sábado. Porém, infelizmente, não posso prometer nada T-T Espero que entendam! ♥ Pra compensar, vou adiantar pra vocês o título do próximo capítulo: "Cerejeiras Fortes e Eternas" ♥

(E não se preocupem que eu não vou demorar um ano de novo não AHSUSHSUSHSUAH)

Até o próximo, gente! ♥



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