Sento ao lado de Tempestade deitando apoiando a minha cabeça na mão, meio chateada. Estava exausta, não havia dormido a noite toda, mas não vou desistir de melhorar, sou uma Hofferson! Você nunca vai ver um Hofferson abaixar a cabeça.

                Agora somos poucos... Mas os que restam são os melhores...

                Que saudade deles...
— Tudo bem Astrid? 
Dei um sorriso tranquilizador a Tempestade.
— Estou sim, Temp. - Me levantei. - Vamos logo achar algo para fazer esse tal arco. Mas antes...

Pensei um pouco, peguei meu celular e procurei um jeito de fazer um arco e flecha, achei algumas dicas e tutoriais, mas estava receosa por dentro. Entretanto, não posso desistir agora, tem pessoas que precisam da Nadder...
Tenho que concentrar meus problemas em encontrar uma madeira específica por causa de sua elasticidade.
Alguns amigos do Tio Finn poderiam me ajudar, com certeza. Agora só preciso de uma boa desculpa para falar com eles sem parecer que estou construindo uma arma. Ou coisa assim...
— Hum... - Suspirei cansada – Vamos encontrar com a Tia Anne agora, Tempestade. Ela me pediu para passar no ateliê hoje, é melhor irmos...

*****

            Indo para casa me deparei com uma cena triste, uma mulher ruiva gritava desesperava com um policial, ela parecia bem fora de si, chorando e se debatendo enquanto ele tentava acalmá-la.

— THOMAS! CADÊ VOCÊ? – Ela dizia — Eu não estou achando ele! 
— Mantenha a calma, senhora - Perguntou paciente o homem – Faremos o possível, não é o primeiro caso essas semanas, mas precisamos que ajuda explicando tudo e para isso a senhora tem de se acalmar.
— Meu filho! Ele estava no balanço e de repente sumiu! – Ela chorava – Depois eu ouvi risadas e vi so,Brás se afastando... E-eu não sei...
— Nossa... - Temp suspirou.
— Faremos o possível para achar seu filho – Disse o policial – Venha, me acompanhe...
Então eles partiram, Tia Anna também parecia envolvida, pois estava ali presente também, porém muito quieta dando apoio para a moça que chorava.

Tenho ouvido sobre sequestro de crianças frequentemente nos jornais, na verdade até demais... Sinto que algo de muito errado está acontecendo. Melhor terminar logo esse arco.

***

POV Soluço
Sabe aquele lugar onde você pode descansar, ficar refletindo ou simplesmente fazer nada? Para mim são poucos esses, mas um deles passou a ser biblioteca da escola, com uma vida tão agitada era bom um lugar tranquilo como aquele. Asgard inclusive me apelidara de “rato de biblioteca” quando acabo passando tempo demais com a cara nos livros.
É um lugar calmo e silencioso onde eu posso ficar a vontade. Nesse momento eu estava lendo um livro aleatório que achei em meio as tantas prateleiras. Havia escolhido uma das mesas isoladas no fundo do lugar, então Banguela não precisava se esconder. Ele comia mais um dos muitos sushis que eu trouxe, os quais já estavam acabando.
— Não entendo o por que de você gostar de ler - Banguela disse de boca cheia. - Qual é a graça?
— Você não entenderia. Só pensa em sushi.
— Ei! Eu também penso em outras coisas, Espinha de peixe! 
— Me dê um exemplo. - Pedi erguendo as sobrancelhas.
Banguela não deu nenhuma desculpa, apenas se escondeu rapidamente na gola da minha blusa. 
— Lá está ele... - Escutei a voz de Asgard as minha costas. - Em seu hábitat natural. Não podemos nos aproximar, seria muito perigoso enquanto ele está executando seu momento de reflexão habitual, ou seja, lendo esses livros aí. O que será que se passa na cabeça desse adolescente? Ele nunca foi para uma festa, nem sequer já beijou uma garota. Sua espécie? Soluço Haddock. Do que ele se alimenta? Livros? Dever de casa? (Veja mais detalhes amanhã, no *Globo Repórter)
Ouvi sua risada junto com a de Heather e me virei. Os dois estavam de mãos dadas, eles se aproximaram e se juntaram a mim na mesa.
— Hahaha, muito engraçado. - Disse sarcástico. - Dá onde veio isso? Animal Planet? 
— Bem que poderia - Heather riu - Mas é sério essa parte de você nunca ter beijado?
Meu rosto esquentou e fingi voltar a ler o livro.
— É verdade. - Asgard, infelizmente, confirmou. - Tecnicamente você foi a primeira garota com quem ele conversou. 
— Eu acabei de começar a poder sair de casa!
Asgard cruzou os braços.
— Isso não justifica nada. 
— Me lembrei da Astrid. - Heather riu. 
— Por quê? - Perguntei de repente interessado.
Heather fez uma cara de "Você sabe do que eu estou falando". Arregalei os olhos entendendo o que ela quis dizer.
Me surpreendi de verdade. A Astrid é uma garota muito legal e boni... O que é que eu estou falando?
— Sério? - Asgard perguntou. Heather assentiu apoiando os braços em cima da mesa. - Você não vê isso Soluço?
— O quê?
— É a chance perfeita! Afinal, vocês vivem juntos mesmo.

— Claro – Digo – Quando vocês saem nós precisamos fazer alguma coisa, sabe?

Asgard faz um biquinho como se dissesse “beijo”, empurro sua cara contra um livro e ele acaba realmente beijando um livro e todos nós rimos.
Mas eu estava corado mais forte do que antes, fingindo não ter escutado Asgard e afundei em minha cadeira após isso. Esse assunto foi realmente necessário...